domingo, 1 de janeiro de 2017

Prefeitos e governadores fecham 2016 perto de colapso fiscal

Quase metade das 5.500 prefeituras deixará dívidas para os seus sucessores que tomam posse no próximo domingo

A última semana de 2016 termina com um cenário pouco animador para os prefeitos e governadores brasileiros.  
Quase a metade dos prefeitos (47,3%) deixará dívidas para os seus sucessores que tomam posse no próximo domingo. Os dados constam de um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios, uma entidade que congrega os prefeitos das 5.568 cidades brasileiras. O colapso fiscal nas prefeituras implicará em uma série de cortes de gastos, redução de secretarias municipais, assim como de funcionários terceirizados. Tudo isso dentro de um cenário em que a recuperação econômica não será tão rápida, após quase dois anos de recessão. O próprio presidente disse, nesta quinta-feira, que a melhora nas finanças deverá acontecer a partir do segundo semestre de 2017.

No caso dos governadores houve um jogo duplo pela parte deles. Em um primeiro momento, concordaram com todas as exigências rígidas da gestão Temer entre meados de junho e o fim de novembro para que tivesses suas dívidas negociadas. Depois tentaram e conseguiram usar de sua influência no Congresso Nacional, em dezembro, para retirar todas as contrapartidas das negociações da dívida que têm com a União. Entre elas, a obrigação de reduzir em 10% o número de comissionados, suspender concursos públicos e contratações, além de congelar os gastos públicos por dez anos em todas as 27 unidades da federação que aderissem ao programa de renegociação. Até conseguiram suspende essas medidas previstas no Regime de Recuperação Fiscal, mas Temer vetou a maior parte delas.

“A recuperação fiscal, da forma como veio ao Executivo, tornou-se mais ou menos inútil. Se não houver contrapartida, quando você entrega o dinheiro para o Estado, aquilo servirá para uma emergência, mas não para preparar o futuro”, afirmou o presidente em seu pronunciamento de fim de ano aos jornalistas.

No veto assinado pelo presidente e publicado no Diário Oficial da União de quarta-feira, Temer alegou que “houve um completo desvirtuamento do Regime, não sendo possível mais assegurar que sua finalidade maior, a retomada do equilíbrio fiscal pelos estados, seja assegurada”. Seguiu o presidente: “Não apenas a finalidade precípua do Regime foi alterada; em verdade, os dispositivos remanescentes trazem elevado risco fiscal para União”.

Com a decisão de fechar essa porta aos Estados, o Governo disse que ainda não encerrará as discussões. Prometeu que voltará a negociar com cada governador para tentar encontrar uma saída para a crise que atinge quase todas as unidades da federação.

Agora, o jogo volta praticamente à estaca zero, destacou uma fonte do Palácio do Planalto. As próximas semanas, antes do retorno do recesso legislativo serão de muita negociação para encontrar uma fórmula que agrade tanto aos Estados e, do ponto de vista fiscal, não comprometa tanto a União.


A dívida dos Estados brasileiros
União tem 591 bilhões de reais a receber
Acre
2.5
Alagoas
7.1
Amapá
1.7
Amazonas
3.1
Bahia
9.5
Ceará
5.5
Distrito Federal
3.5
Espírito Santo
5.2
Goiás
18.5
Maranhão
4
Mato Grosso
5.9
Mato Grosso do Sul
6.8
Minas Gerais
92.8
Pará
2.7
Paraíba
2.6
Paraná
16.2
Pernambuco
8
Piauí
1.8
Rio Grande do Norte
1.2
Rio Grande do Sul
54.3
Rio de Janeiro
78.4
Rondônia
2.8
Roraima
1.3
Santa Catarina
 15.1
São Paulo
 235.8
Sergipe
 2.2
Tocantins
1.5
Fonte: Banco Central do Brasil
El País - Brasília 29 Dez 2016       

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