sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Escândalo da Talidomida

Em 27 de novembro de 1961 o sedativo Contergan foi retirado do mercado depois de serem divulgadas suspeitas de que causava deformações em fetos quando ingerido por gestantes.
   
Em pouco tempo, o caso Contergan transformou-se no maior escândalo envolvendo medicamentos na Alemanha, com mais de 2.600 vítimas.

Em meados da década de 1950, a empresa alemã Chemie Grünenthal começou a produzir, perto da cidade de Aachen, a substância chamada talidomida. Mais tarde, o produto serviu de base para a fabricação do medicamento sedativo Contergan. Na época, foi indicado principalmente para mulheres grávidas, já que "não provocava efeitos colaterais nem se ingerido em doses excessivas".

A partir de 1959, entretanto, começaram a se levantar vozes críticas que relacionavam o prolongado uso de Contergan por gestantes com o nascimento de crianças portadoras de problemas neurológicos e deficiências físicas, principalmente nos braços e nas pernas. Nos Estados Unidos, por exemplo, já em 1960 foi engavetado o pedido de licença para a fabricação da talidomida. Porém em muitos outros países o produto foi vendido sob os mais variados nomes.

As acusações foram apresentadas numa conferência médica na Alemanha em 1961 pelo professor Widukind Lenz e confirmadas por outro médico, pai de um portador de deficiência. A reação da fábrica restringiu-se à inclusão de uma frase de advertência para gestantes no pacote do medicamento. A retirada do mercado só aconteceu alguns dias depois do simpósio médico, quando a imprensa começou a publicar reportagens sobre o assunto.

Retirada de circulação
Em 27 de novembro de 1961, a Chemie Grünenthal retirou todos os medicamentos do mercado, e ao mesmo tempo o governo alemão iniciou testes com o princípio ativo. Cada vez mais pais de crianças portadoras de deformações abriram processo contra a fábrica, até que cinco anos mais tarde sua diretoria foi obrigada a assumir responsabilidades.
Em 1968, na abertura do inquérito, a Promotoria Pública destacou que, já nos testes com cobaias, as macacas grávidas geraram filhotes deficientes. A fábrica, entretanto, tentou ganhar tempo. Só dois anos mais tarde ofereceu um auxílio no valor de 100 milhões de marcos às famílias atingidas, sob a condição de que desistissem de novos processos.
Temendo que o caso ainda se arrastasse por diversas instâncias e por tempo indeterminado, os pais aceitaram a indenização e o processo foi encerrado em dezembro de 1970. Deutsche Welle-27.11.1961

domingo, 15 de setembro de 2019

Internet das Coisas

Embora mais conhecido entre técnicos, empresas e pesquisadores, o termo Internet das Coisas vem ganhando visibilidade na sociedade. As coisas, neste caso, são todo tipo de equipamento, que pode ser conectado de distintas formas, de um caminhão para acompanhamento do deslocamento de frotas de transporte de produtos a microssensores que monitoram o estado de pacientes à distância em hospitais ou fora deles.

Na Internet das Coisas (IdC) - também tratada pela sigla em inglês IoT (Internet of Things) - novas aplicações permitem o uso coordenado e inteligente de aparelhos para controlar diversas atividades, do monitoramento com câmeras e sensores até a gestão de espaços e de processos produtivos. As regras para este ambiente tratam tanto da conexão como da coleta e processamento inteligente de dados.

O ecossistema da IdC envolve diferentes agentes e processos, como módulos inteligentes (processadores, memórias), objetos inteligentes (eletrodomésticos, carros, equipamentos de automação em fábricas), serviços de conectividade (prestação do acesso à Internet ou redes privadas que conectam esses dispositivos), habilitadores (sistemas de controle, coleta e processamento dos dados e comandos envolvendo os objetos), integradores (sistemas que combinam aplicações, processos e dispositivos) e provedores dos serviços de IdC.

CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA
A IdC pode ser entendida como uma "convergência" de tecnologias já existentes, mas gerando "um salto qualitativo", diz Eduardo Kaplan, economista do setor de tecnologias da informação do BNDES.
"A IdC traz mudanças tanto no desenvolvimento de uma conectividade mais pervasiva, quanto no aumento do processamento dos dados e barateamento e refinamento dos sensores que permitem a coleta de dados em diversos ambientes e com diferentes atuadores. Tudo isso associado a alguma solução prática, algum uso que permite aumento de eficiência, redução de intervenção humana, novos produtos ou novos modelos de negócios," explicou.

A conectividade em diversas atividades já ocorre há vários anos, como é o caso de processos de automação, mas a diferença da IdC está na quantidade de dispositivos conectados e nas transformações que esse tipo de recurso pode gerar em diversas áreas.
Um exemplo é o uso de sensores em tratores que medem a situação do solo e enviam dados para sistemas responsáveis por processar essas informações e fazer sugestões das melhores áreas ou momentos para o plantio. Outro é a adoção de dispositivos em casa, como termômetros, reguladores de consumo de energia ou gestores de eletrodomésticos, que permitem ao morador da residência controlar esses equipamentos à distância.

O OUTRO LADO
Para a professora Fernanda Bruno, coordenadora do Medialab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, esse novo ecossistema traz uma ampliação da vigilância da vida das pessoas, que hoje já existente nos celulares, mas com potencial de crescimento por meio da disseminação de sensores em todo tipo de equipamento, como veículos, eletrodomésticos, postes e edifícios.
Esse processo, continua a professora, não é apenas um aumento quantitativo desse monitoramento do cotidiano, mas também qualitativo, uma vez que a captura dos dados é mais sutil e silenciosa, muitas vezes sem a consciência por parte dos indivíduos de que estão sendo objeto de tal monitoramento.

"Enquanto a Internet 'tradicional' foi marcada pela interatividade, a IdC está incorporada aos objetos e captura os nossos dados enquanto usamos tais objetos ou frequentamos certos espaços e ambientes. Mas é preocupante pensarmos que quantidades imensas de dados extremamente relevantes e sensíveis sobre nossos hábitos e comportamentos estão sendo coletados de forma contínua sem que seja necessária a nossa percepção e consciência deliberada disso," observa Fernanda Bruno. Fonte: Agência Brasil - 09/09/2019 

sábado, 14 de setembro de 2019

A evolução do trabalho ao longo da história

ÓCIO COMO IDEAL
Entre os pensadores da Grécia Antiga, trabalhar era malvisto. Aristóteles colocava o trabalho em oposição à liberdade e Homero via na ociosidade da antiga nobreza grega um objetivo desejável. O trabalho pesado era para mulheres, servos e escravos.

QUEM FAZ FESTA NÃO TRABALHA
Na Idade Média, trabalhar na agricultura era uma tarefa árdua. Quem era obrigado a trabalhos forçados por seus patrões, não tinha escolha. Mas, quem a tinha, preferia fazer festa e não se preocupar com o amanhã. Pensar em algum tipo de lucro era considerado vício. Uma cota de até cem dias livres por ano servia para garantir que o trabalho não ficasse em primeiro plano.

TRABALHO COMO ORDEM DIVINA
No século 16, Martinho Lutero declarou a ociosidade um pecado. O homem nasce para trabalhar, escreveu Lutero. Segundo ele, o trabalho é um "serviço divino" e ao mesmo tempo "vocação". No puritanismo anglo-americano, o trabalho é visto como um sinal de que quem o executa foi escolhido por Deus. Isso acelerou o desenvolvimento do capitalismo.

A SERVIÇO DAS MÁQUINAS
No século 18, começou a industrialização na Europa. Enquanto a população crescia, diminuía o espaço cultivável. As pessoas migraram para as cidades em busca de trabalho em fábricas e fundições. Em 1850, muitos ingleses trabalhavam 14 horas por dia, seis dias por semana. Os salários mal davam para sobreviver. Descobertas como a máquina a vapor e o tear mecânico triplicaram a produção.

OTIMIZAÇÃO DA LINHA DE MONTAGEM
No início do século 20, Henry Ford aperfeiçoou o trabalho na linha de montagem da indústria automobilística, estabelecendo padrões para a indústria em geral. Com isso, a produção do Ford modelo T foi facilitada em oito vezes, o que baixou o preço do veículo e possibilitou salários mais altos aos funcionários.

SURGE UMA NOVA CLASSE
Com as fábricas surge uma nova classe: o proletariado. Para Karl Marx, que cunhou este termo, o trabalho é a essência do homem. O genro de Marx, o socialista Paul Lafargue, constatou em 1880: "Um estranho vício domina a classe trabalhadora em todos os países (...) é o amor ao trabalho, um vício frenético, que leva à exaustão dos indivíduos". O cartaz acima diz: "Proletários do mundo, uni-vos"

PRODUÇÃO BARATEADA
Ao longo do século 20, aumentaram significativamente os custos sociais com os trabalhadores nas nações mais ricas do mundo. Como resultado, as empresas transferiram a produção para onde a mão de obra é mais barata. Em muitos países pobres prevalecem até hoje circunstâncias que lembram o início da industrialização na Europa: trabalho infantil, salários baixos e falta de segurança social.

NOVAS ÁREAS DE TRABALHO
Enquanto isso, são criados na Europa mais empregos no setor de prestação de serviços. Cuidadores de idosos são procurados desesperadamente. Novos campos de trabalho estão se abrindo como resultado das transformações sociais e dos avanços tecnológicos. Com o passar do tempo, a jornada de trabalho foi reduzida e o volume de trabalho per capita diminuiu 30% entre 1960 e 2010.

TRABALHAR, NUNCA MAIS?
Eles não fazem greve, não exigem aumento salarial e são extremamente precisos: os robôs industriais estão revolucionando o mundo do trabalho. O economista americano Jeremy Rifkin fala até de uma "terceira revolução industrial" que irá acabar com salário assalariado.

ROBÔS VÃO NOS SUBSTITUIR?
Esta pergunta já é feita há 40 anos, desde que a automação chegou às fábricas, mas agora a situação parece se acirrar. Com o avanço da digitalização, da Internet das Coisas e da Indústria 4.0, muitas ocupações estão se tornando obsoletas – e não só na indústria.

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO (DO TRABALHO)
As máquinas fazem o trabalho e as pessoas têm tempo para o essencial, segundo a utopia. A proteção ambiental, o atendimento de idosos e doentes e o apoio aos necessitados são tarefas no momento executadas primordialmente por voluntários. No mercado de trabalho do futuro, a vocação pode voltar a se transformar em carreira. Fonte: Deutsche Welle – 07.08.2019


quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Brasil atinge 210 milhões de habitantes

População residente segundo as unidades da federação, com data de referência em 1º de julho de 2019, de acordo com a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

Principais destaques
·  A população brasileira total cresceu 0,79% entre 2018 e 2019. Entre 2017 e 2018, havia crescido 0,82%;
·  A população de Roraima cresceu 5,1%, a maior alta entre todos os estados. Continua sendo a unidade federativa menos populosa do país;
·  São Paulo é o estado mais populoso, com 45,91 milhões de pessoas, seguido por Minas Gerais (21,16 milhões), Rio de Janeiro (17,26 milhões) e Bahia (14,87 milhões);
·  Entre os municípios, São Paulo segue como o mais populoso, com 12,25 milhões de habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro (6,72 milhões), Brasília (3,0 milhões) e Salvador (2,9 milhões);
·  Serra da Saudade (MG) é a cidade com a menor população, 781 habitantes, seguida de Borá (SP), com 837 pessoas, e Araguainha (MT), com 935;
·  Mais da metade da população (57,4% ou 120,7 milhões de habitantes) vive em 324 cidades com mais de 100 mil habitantes;
·  48 cidades possuem mais de 500 mil habitantes e concentram 31,7% da população (66,5 milhões);
·  Boa Vista foi a capital com maior taxa de crescimento no último ano (6,35%), e, Porto Alegre, a com o menor de aumento populacional (0,32%);
·  Dos 5.570 municípios do país, metade (49,6%) tiveram crescimento entre zero e 1% e apenas 4,8% (266 cidades) apresentaram crescimento igual ou superior a 2%.


Unidades da Federação
2018
2019
Acre
869.265
881.935
Alagoas
3.322.820
3.337.357
Amapá
829.494
845.731
Amazonas
4.080.611
4.144.597
Bahia
14.812.617
14.873.064
Ceará
9.075.649
9.132.078
Distrito Federal
2.974.703
3.015.268
Espírito Santo
3.972.388
4.018.650
Goiás
6.921.161
7.018.354
Maranhão
7.035.055
7.075.181
Mato Grosso
3.441.998
3.484.466
Mato Grosso do Sul
2.748.023
2.778.986
Minas Gerais
21.040.662
21.168.791
Pará
8.513.497
8.602.865
Paraíba
3.996.496
4.018.127
Paraná
11.348.937
11.433.957
Pernambuco
9.496.294
9.557.071
Piauí
3.264.531
3.273.227
Rio de Janeiro
17.159.960
17.264.943
Rio Grande do Norte
3.479.010
3.506.853
Rio Grande do Sul
11.329.605
11.377.239
Rondônia
1.757.589
1.777.225
Roraima
576.568
605.761
Santa Catarina
7.075.494
7.164.788
São Paulo
45.538.936
45.919.049
Sergipe
2.278.308
2.298.696
Tocantins
1.555.229
1.572.866
Brasil
208.494.900
210.147.125

Fonte: Diário Oficial da União, Publicado em: 28/08/2019 | Edição: 166 | Seção: 1 | Página: 374
e  G1-28/08/2019 07h10  Atualizado há 5 horas

Comentário:
População do Brasil em 1970 - 95,33 milhões – 2018 – 208,5 milhões – crescimento  de quase 119%
População dos EUA em 1970 – 205,1 milhões – 2018 – 327,2 milhões – crescimento de quase 60%

Hipoteticamente se o Brasil tivesse crescido com a taxa dos EUA estaríamos  bem melhor.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

As oito verdades inconvenientes sobre a Amazônia

O que é preciso saber para escapar dos mitos e pensar de forma realista no desenvolvimento sustentável para a região

1. A AMAZÔNIA NÃO É O PULMÃO DO MUNDO
Árvores fazem fotossíntese, consumindo gás carbônico e liberando oxigênio – o gás que respiramos para viver. A floresta exuberante da Amazônia nos faz pensar, então, que está ali uma grande fonte de ar limpo. Só que as árvores respiram e consomem quase tanto oxigênio quanto produzem. A maior parte do ar que entra em nossos pulmões vem, na verdade, das algas marinhas, que fazem processos químicos para reverter gás carbônico em oxigênio. Por isso, os oceanos são um dos primeiros ecossistemas afetados pelas mudanças climáticas. Muito gás carbônico no ar altera a capacidade de absorção das algas e torna os oceanos mais ácidos. Isso afeta a biodiversidade marina. Como desmatar árvores da Amazônia aumenta a concentração de CO2 na atmosfera, afeta também a qualidade dos mares. Tudo está conectado.

2. VENDA DA MADEIRA NÃO É A PRINCIPAL CAUSA DO DESMATAMENTO
Derrubar árvores preciosas para vender sua madeira é uma das etapas do sistema de desmatamento da Amazônia, mas o que acontece em seguida é pior: a floresta é queimada e vira carvão. Isso libera grandes quantidades de gás carbônico na atmosfera e destrói de tal forma a floresta, que ela não consegue se recuperar naturalmente.
Se um madeireiro entrar na floresta e retirar tudo que tiver valor comercial, ainda restará uma boa cobertura florestal ali, capaz de se regenerar com o tempo. O problema da busca pela madeira é estar associada às pastagens. Para abrir novas frentes de ocupação para o gado, o desmatador retira da floresta as árvores com maior apelo comercial, como jatobás e mogno. Depois, queima o terreno que sobrou, vende o carvão e planta capim para o gado comer. E a pecuária sim é a maior vilã do desmatamento atualmente, porque impulsiona novas ocupações. É responsável por 59% dos desmates.

3. A AMAZONIA NÃO É DO BRASIL
Brasileiros gostam muito de bradar “a Amazônia é nossa” e esquecem que dividimos o bioma com outros 8 países vizinhos: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Um alinhamento sobre as políticas de preservação e cuidados com a floresta é importante. O que acontece nos outros países afeta o Brasil. Como boa parte dos rios amazônicos nasce na Bolívia e no Peru, a construção de hidrelétricas  nesses países pode afetar o curso dos rios aqui. O aumento do desmatamento na Colômbia reduz o ciclo de chuvas e também pode nos afetar.
Da mesma forma, podemos aprender com nossos vizinhos. O Peru incentiva o ecoturismo em áreas protegidas, por exemplo. As terras com aptidão florestal são geridas pelo serviço florestal podem ser cedidas para empresas ou cooperativas que queiram promover o ecoturismo.

4. O DESMATAMENTO NÃO ESTÁ CAINDO
Desde o pico de derrubadas da Amazônia em 2004, quando 27 mil quilômetros quadrados foram devastados, o governo brasileiro se esforça para conte-las. Isso funcionou bem por muitos anos com base na estratégia chamada de comando e controle: monitorar o desmatamento por satélite, fiscalizar a derrubada de árvores e punir os responsáveis. Dez anos mais tarde, o desmatamento tinha caído para 5 mil quilômetros quadrados.
Governantes gostam de se gabar desses números. Só que esse ritmo de queda perdeu a força. Os últimos dados mostram que o desmatamento voltou a crescer – e muito. Entre agosto de 2014 e julho de 2015, as derrubadas foram 68% maiores que no período anterior. É o maior desmatamento verificado pelo sistema do Inpe, o Deter, nos últimos seis anos. Entre as causas apontadas estão: a alta do dólar que impulsiona o desmatamento porque supervaloriza a soja e o gado, a baixa eficácia do Cadastro Ambiental Rural (CAR) em impedir derrubadas ilegais e o fato de que as unidades de conservação, que na teoria seriam áreas com controle de preservação, estão repletas de focos de exploração ilegal da madeira.

5. A AMAZÔNIA NÃO É NOSSO ECOSSISTEMA MAIS AMEAÇADO
Enquanto holofotes destacam crimes ambientais na Amazônia, há muita devastação acontecendo no bioma vizinho sem que haja tanto alarde. Entre 2011 e 2012, o desmatamento do Cerrado chegou a superar o da Amazônia e as taxas não param de crescer. O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, se espalha por oito estados e desempenha um papel crucial para os recursos hídricos. É nele que nascem vários rios importantes para o país e onde está a maior parte da agricultura nacional. Apesar disso, está desprotegido. Há poucas unidades de conservação e a legislação é muito mais permissiva do que na Amazônia, permitindo muito mais desmatamentos mesmo dentro da legalidade.

6. A AMAZÔNIA NÃO É SÓ FLORESTA
Quando falamos “Amazônia”, muitas vezes estamos nos referindo à região denominada Amazônia Legal, e não apenas à região em que está o bioma Amazônia. A Amazônia Legal é uma demarcação administrativa (e não baseada em conceitos ambientais) que abrange nove estados brasileiros com alguma parcela do bioma. O mapeamento foi feito nos anos 1950, para orientar subsídios ao desenvolvimento da região norte. Por uma questão geográfica, inclui-se nessa área 38% do que é bioma Cerrado  e está sob leis específicas. Propriedades com vegetação de Cerrado dentro da Amazônia Legal podem desmatar até 65% de suas terras. As que estão fora podem desmatar 80%.

7. A REFORMA AGRÁRIA NA AMAZÔNIA DESTRÓI E NÃO RESOLVE A POBREZA
Uma parte das terras da Amazônia foi destinada à reforma agrária e recebeu brasileiros com a esperança de ali melhorar de vida e sair da pobreza. A esperança foi em vão. Os assentamentos foram organizados sem preocupação ambiental e as famílias foram enviadas para a floresta sem orientação de como produzir e se sustentar por ali. Muitos assentamentos não têm escolas, estradas e postos de saúde. As famílias vivem abandonadas na mata e não recebem crédito do governo para investir no plantio.
Não é uma regra, mas a opção para muitos é o desmatamento. Eles vendem as árvores que valem dinheiro e depois o carvão, fruto da queima da floresta. Sem árvores e sem solo bom, esses colonos continuam na pobreza. Só quem ganha dinheiro é o madeireiro e o carvoeiro. Muitos colonos acabam recorrendo à ajuda do governo, como o Bolsa Família, ao invés de desenvolver sistemas de produção que aproveitem os recursos da floresta.

8. NÃO É PRECISO DESMATAR PARA DESENVOLVER
A ideia de que levar desenvolvimento para uma região significa acabar com a natureza e instalar em seu lugar uma cidade é ultrapassada. A região amazônica é rica em recursos florestais e biodiversidade que podem render ganhos econômicos aliados à preservação ambientais, ou ainda, ser um bom local para exploração do turismo ecológico. A vocação da Amazônia é justamente oferecer esses bens que não estão nas cidades. Já existem experiências que comprovam isso, como a produção de açaí, de essências e até o reflorestamento. As plantações de árvores em áreas desmatadas criam uma alternativa para produzir madeira e carvão e reduzem a pressão sobre a floresta nativa.
Os verdadeiros povos da floresta vivem em países ricos e desenvolvidos. Convivem razoavelmente bem com seus recursos naturais. Aprenderam há tempos a valorizar suas florestas. Fonte: Época -29/09/2015 

domingo, 18 de agosto de 2019

Bolsonaro é satirizado na TV alemã

Em horário nobre, programa humorístico da principal rede de televisão pública da Alemanha satiriza o governo brasileiro, criticando suas políticas ambientais e agrícolas e chama presidente de o "boçal de Ipanema'".

Borat, bobo da corte e protagonista do clássico de terror Massacre da serra elétrica – essas foram algumas das associações feitas ao presidente Jair Bolsonaro pelo programa humorístico alemão Extra 3, transmitido na noite de quinta-feira (15/08).

Atração de horário nobre da ARD, principal rede de televisão pública alemã, o programa satirizou por quase cinco minutos o governo do presidente brasileiro, criticando principalmente sua política ambiental e o desmatamento na Amazônia.

"Um sujeito que não pensa nem um pouco sobre sustentabilidade e emissão de CO2 é o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, o 'Trump do samba'. Mas alguns dizem também 'o boçal de Ipanema'", afirma o apresentador Christian Ehring, em frente a uma fotomontagem de

Bolsonaro vestindo a sunga do personagem Borat, criado pelo humorista britânico Sacha Baron Cohen.

"Bolsonaro deixa a floresta tropical ser destruída para que gado possa pastar e para que possa ser plantada soja para produzir ração para o gado", continua Ehring, após mencionar os mais recentes dados sobre desmatamento no Brasil e diante de outra montagem, dessa vez mostrando Bolsonaro com uma serra elétrica nas mãos.

"Desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, o desmatamento cresceu significativamente e pode continuar aumentando a longo prazo", diz uma voz em off, após aparecer uma foto do líder brasileiro como um "bobo da corte do agronegócio", segurando uma garrafa de pesticida.

O apresentador destaca ainda que o presidente "não se importa nem um pouco" com a suspensão de verbas para projetos ambientais anunciada pelo Ministério do Meio Ambiente alemão no fim de semana. "Pegue essa grana e refloreste a Alemanha, tá ok? Lá tá precisando muito mais do que aqui", afirmou Bolsonaro ao reagir com desprezo ao congelamento dos repasses.

Ehring também fala sobre o acordo comercial negociado entre a União Europeia e o Mercosul, chamando o pacto de um "romance destrutivo". Atrás dele aparece uma fotomontagem retratando o presidente e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, como uma dançarina sentada em seus braços.

"Bolsonaro ainda demitiu o chefe do próprio instituto que registrou o desmatamento na floresta tropical", ressalta o comediante, referindo-se à demissão de Ricardo Galvão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). "E também nomeou a principal lobista da indústria agropecuária como ministra da Agricultura", complementa.

Em seguida, ele apresenta um videoclipe da chamada Bolsonaro-Song, uma paródia da música Copacabana, sucesso nos anos 70 na voz do americano Barry Manilow. O vídeo intercala cenas de Bolsonaro com imagens de cortes de árvores e queimadas na Amazônia, além de atividade agrícola e pecuária.
  
O massacre da serra elétrica diz, em alemão, fotomontagem com Bolsonaro, atrás de apresentador
 "O massacre da serra elétrica": sátira associa líder brasileiro a filme de terror

Humorístico conhecido principalmente pela sátira política, o programa Extra 3 tem como alvos principais os dirigentes alemães. Mas líderes internacionais como o americano Donald Trump, o norte-coreano Kim Jong-un, o britânico Boris Johnson e o russo Vladimir Putin também são personagens recorrentes do programa. Fonte: Deutsche Welle -DW-16.08.2019


sábado, 17 de agosto de 2019

Morre Peter Fonda, ator de Easy Rider

Conhecido pelo clássico "Sem Destino", em que saiu varando as estradas de Los Angeles a Nova Orleans nos anos 1960, o ator Peter Fonda morreu na manhã de sexta (16), aos 79 anos.
Filho e irmão de outros grandes atores hollywoodianos, Henry Fonda (1905-1982) e Jane Fonda, o ator enfrentava um câncer no pulmão e teve uma falência respiratória, segundo informações da publicação especializada Hollywood Reporter.

Além de protagonizar "Sem Destino", Fonda também escreveu o longa ao lado de Terry Southern e Dennis Hopper— o último, além de contracenar com o ator, também assina a direção. Jack Nicholson se junta ao par em cena para narrar a viagem de dois motociclistas que arranjam um negócio de droga e cruzam o país para chegar ao Mardi Gras, espécie de Carnaval em Nova Orleans.
O filme foi produzido como pouco menos de US$ 400 mil dólares, e foi rodado em sete semanas entre Los Angeles e rendeu indicação de melhor roteiro roteiro original. Fonda também foi indicado ao Oscar de melhor ator pelo filme "O Ouro de Ulisses", de 1997. Fonte: Folha de São Paulo - 16.ago.2019.

Comentário:
O filme “Easy Rider" (no Brasil, Sem Destino) foi um marco na contracultura do final dos anos 1960, e também teve no elenco Dennis Hopper e Jack Nicholson, que concorreu a melhor ator coadjuvante no Oscar. A trilha sonora tinha a clássica "Born to be wild", da banda Stephenwolf.
Foi um marco na filmografia de contracultura, e a "pedra-de-toque" de uma geração que "capturou a imaginação nacional", Easy Rider explora as paisagens sociais, assuntos e tensões na América da década de 1960, tal como a ascensão e queda do movimento hippie, o uso de drogas e estilo de vida comunal. Fonte: Wikipédia