Em 27 de novembro de 1961 o sedativo Contergan foi retirado
do mercado depois de serem divulgadas suspeitas de que causava deformações em
fetos quando ingerido por gestantes.
Em pouco tempo, o caso Contergan transformou-se no maior
escândalo envolvendo medicamentos na Alemanha, com mais de 2.600 vítimas.
Em meados da década de 1950, a empresa alemã Chemie
Grünenthal começou a produzir, perto da cidade de Aachen, a substância chamada
talidomida. Mais tarde, o produto serviu de base para a fabricação do
medicamento sedativo Contergan. Na época, foi indicado principalmente para
mulheres grávidas, já que "não provocava efeitos colaterais nem se
ingerido em doses excessivas".
A partir de 1959, entretanto, começaram a se levantar vozes
críticas que relacionavam o prolongado uso de Contergan por gestantes com o
nascimento de crianças portadoras de problemas neurológicos e deficiências
físicas, principalmente nos braços e nas pernas. Nos Estados Unidos, por
exemplo, já em 1960 foi engavetado o pedido de licença para a fabricação da
talidomida. Porém em muitos outros países o produto foi vendido sob os mais
variados nomes.
As acusações foram apresentadas numa conferência médica na
Alemanha em 1961 pelo professor Widukind Lenz e confirmadas por outro médico,
pai de um portador de deficiência. A reação da fábrica restringiu-se à inclusão
de uma frase de advertência para gestantes no pacote do medicamento. A retirada
do mercado só aconteceu alguns dias depois do simpósio médico, quando a imprensa
começou a publicar reportagens sobre o assunto.
Retirada de circulação
Em 27 de novembro de 1961, a Chemie Grünenthal retirou todos
os medicamentos do mercado, e ao mesmo tempo o governo alemão iniciou testes
com o princípio ativo. Cada vez mais pais de crianças portadoras de deformações
abriram processo contra a fábrica, até que cinco anos mais tarde sua diretoria
foi obrigada a assumir responsabilidades.
Em 1968, na abertura do inquérito, a Promotoria Pública
destacou que, já nos testes com cobaias, as macacas grávidas geraram filhotes
deficientes. A fábrica, entretanto, tentou ganhar tempo. Só dois anos mais
tarde ofereceu um auxílio no valor de 100 milhões de marcos às famílias
atingidas, sob a condição de que desistissem de novos processos.
Temendo que o caso ainda se arrastasse por diversas
instâncias e por tempo indeterminado, os pais aceitaram a indenização e o
processo foi encerrado em dezembro de 1970. Deutsche Welle-27.11.1961
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