quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Epidemia de sífilis no Brasil

O Ministério da Saúde informou na  terça-feira (31) que o número de casos de sífilis em adultos aumentou 27,9% em 2016, em comparação com o ano anterior. Em gestantes, cresceu 14,7%, e a congênita, 4,7%. Diante dos dados, a diretora do Departamento de Vigilância Prevenção e Controle das DSTs, Adele Benzaken, afirmou que Brasil ainda vive em situação de epidemia.

CRESCIMENTO
Em 2016, foram notificados 87.593 casos de sífilis em adulto, sendo 37.436 casos em gestantes e 20.474 casos de sífilis congênita - quando a mãe é infectada e passa para o bebê. As notificações representam um aumento de 27,9% para adultos, 14,7% para gestantes e 4,7% para bebês se comparados a 2015. Para 2017, a projeção do Ministério de Saúde é de 94.460 registros. Este crescimento ocorre desde 2010 (3.822 casos)

O governo federal afirma que as taxas ascendentes dos últimos anos estão relacionadas à melhora dos diagnósticos e à ampliação da oferta de testes do que a um aumento real no número de infecções.
"Subir números não significa piora do diagnóstico, mas a melhora da expertise. Fora isso, há toda a questão do investimento na transmissão vertical, da gestante com o parceiro. Da garantia do sexo seguro, do acompanhamento e tratamento [dos dois]", explicou o secretário executivo do ministério, Antônio Carlos Nardi.

REMÉDIOS GARANTIDOS
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que o tratamento da doença sexualmente transmissível por uso de penicilina está garantido em todo o país. A ação será intensificada em 100 municípios do país que concentram 60% dos casos de sífilis. Segundo a pasta, a carência do antibiótico foi detectada pela primeira vez no Brasil em 2014 e, até pelo menos 2016, um outro medicamento estava sendo usado em alguns casos.
Para garantir a cobertura nacional do tratamento, Barros disse que investiu R$ 13,5 milhões na compra de 2,5 milhões de frascos de penicilina benzatina e 450 mil do tipo cristalina – de uso infantil. Segundo ele, a quantidade será suficiente para abastecer todos os municípios do país até março de 2019.

Ao todo, o governo vai destinar R$ 200 milhões aos municípios para reforçar as ações de combate a controle da doença. O montante será provenientes de emendas parlamentares.
Nos últimos anos, o aumento no número de casos de sífilis esteve relacionado não apenas à falta do medicamento, mas também à redução das campanhas de prevenção e combate, assim como pela redução no uso de preservativos durante as relações sexuais e pela resistência de gestantes a fazer o tratamento por conta dos efeitos colaterais.

"Todas as gestantes deveriam ser testadas, mas temos dificuldades ou com as equipes que estão lá na ponta ou com as gestantes que têm alguma resistência", disse Barros.
Apesar do país ainda viver uma situação de epidemia, o ministro disse a situação está controlada. "Os números não são os que gostaríamos, mas estamos com todas as condições de reduzir os índices."

Barros atribui o aumento de casos especialmente à falta de medicamento. "Houve um crescimento desproporcional relacionado à falta de penicilina".
Em 2016, o governo precisou importar o fármaco para suprir as necessidades de tratamento em todo o país por dois anos. "Agora, nós já temos produção nacional e resolvemos esse problema."
Devido ao problema, a obrigatoriedade do registro de casos de sífilis em adultos começou a valer em 2011.

SÍFILIS EM GESTANTES
Os casos de sífilis na gestação têm taxas de crescimento menores, mas também estão em ascendência desde 2010. Segundo dados do Ministério da Saúde, no ano passado 37.436 mil gestantes foram infectadas. Destas, em 20.474 casos a doença foi transmitida para o bebê – a chamada sífilis congênita.
O governo espera reduzir a incidência da doença em gestantes para 30.470 mil e em bebês para 17.818 mil até o fim do ano. Para isso, Barros afirmou que vai dobrar o número de testes realizados por ano até 2018. Segundo ele, neste ano já houve aumento de 35% na distribuição em todo o país.
A recomendação médica é que as gestantes façam o teste dentro do primeiro trimestre de gravidez e um outro no terceiro. "A gestante está chegando depois do 5º mês, mas o diagnóstico precisa ser precoce para garantir que este bebê não vá nascer com a sífilis congênita", diretora do Departamento de Vigilância Prevenção e Controle das DSTs Adele Benzaken.

Transmissão: Bactéria  Treponema pallidum
Grávidas: aborto, parto prematuro
Bebês: doenças graves com malformação congênita
Adultos: sequelas graves com lesões ósseas, problemas cardíacos e neurológicos
Fonte: G1, Brasília-31/10/2017,  Correio Braziliense - 31/10/2017

Comentário:
SOBRE
Infecção bacteriana geralmente transmitida pelo contato sexual que começa como uma ferida indolor.
■Propaga-se por contato sexual
■O tratamento é feito com auxílio médico
■Curto prazo: resolve-se em dias ou semanas
■Requer um diagnóstico médico
■Sempre requer exames laboratoriais ou de imagem
■A sífilis desenvolve-se em estágios, e os sintomas variam conforme cada estágio.
■A primeira etapa envolve uma ferida indolor na genitália, no reto ou na boca. Após a cura da ferida inicial, a segunda fase é caracterizada por uma erupção cutânea. Depois, não há sintomas até a fase final, que pode ocorrer anos mais tarde. Essa fase final pode resultar em danos para cérebro, nervos, olhos ou coração.
■A sífilis é tratada com penicilina. Os parceiros sexuais também devem ser tratados.

COMO É A PROPAGAÇÃO
Por produtos sanguíneos (agulhas sujas ou sangue não testado).
De mãe para bebê durante a gravidez, parto ou amamentação.
Por sexo vaginal, anal ou oral sem proteção.
Consulte um médico para receber orientação

SINTOMAS
Requer um diagnóstico médico
A primeira etapa envolve uma ferida indolor na genitália, no reto ou na boca. Após a cura da ferida inicial, a segunda fase é caracterizada por uma erupção cutânea. Depois, não há sintomas até a fase final, que pode ocorrer anos mais tarde. Essa fase final pode resultar em danos para cérebro, nervos, olhos ou coração.

As pessoas podem ter:
Dores locais: nos músculos
No corpo: fadiga, febre, mal-estar ou perda de apetite
Na região genital: protuberâncias como verrugas nos genitais, úlceras ou úlceras indolores
Também é comum: dor de cabeça, dor de garganta, erupção nos pés e nas mãos, inchaço dos gânglios ou perda de peso

O TRATAMENTO CONSISTE NO USO DE PENICILINAS
■A sífilis é tratada com penicilina. Os parceiros sexuais também devem ser tratados.
Medicamentos
■Penicilina e Antibiótico
■Especialistas
■Infectologista, Clínico geral e Ginecologista e obstetra

Fonte: Hospital Israelita A. Einstein

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Brasil é vice-campeão mundial de profissões técnicas

EXCELÊNCIA TÉCNICA
Confirmando a qualidade do ensino, estudantes brasileiros conquistaram 7 medalhas de ouro, 5 de prata e 3 de bronze, além de 26 certificados de excelência, na WorldSkills 2017, a maior competição de modalidades que correspondem às profissões técnicas da indústria e do setor de serviço.

As vitórias garantiram o segundo lugar no torneio realizado na semana passada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

Os brasileiros ganharam ouro em Mecatrônica, Eletricidade Industrial, Manufatura Integrada, Tornearia CNC, Polimecânica e Automação, Escultura em Pedra e Tecnologia de Mídia Impressa.

Competidores das modalidades Tecnologia da Moda, Joalheria, Construção de Estruturas Metálicas, Manutenção Industrial e Desenho Mecânico - CAD levaram a prata.

Já as quatro medalhas de bronze foram obtidas nas seguintes modalidades: Marcenaria de Estruturas, Movelaria e Construção de Estruturas para Concreto.

HABILIDADES TÉCNICAS
A WorldSkills reuniu 1.256 jovens de 68 países em 52 ocupações técnicas. A delegação brasileira contou com 56 pessoas, sendo 50 vinculadas ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e seis ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Os competidores são estudantes de cursos de educação profissional de até 23 anos de idade no ano em que se realiza o torneio. Em Abu Dhabi, eles formaram a equipe que ganhou o nome Top One, que concorreu em 50 modalidades.

Nas provas, eles tiveram que completar desafios propostos pela organização da competição, dentro de padrões internacionais de qualidade. A pontuação levou em conta habilidades técnicas individuais e coletivas, bem como o tempo de execução das tarefas. Ao todo, o Brasil acumulou 34.901 pontos.

No quadro geral, o Brasil, que havia sido campeão na última edição, realizada em São Paulo, em 2015, perdeu apenas para a Rússia. O feito inédito dos russos também contou com uma mãozinha brasileira: profissionais que competiram em sete ocupações foram treinados pelo Senai. A contratação objetivou ampliar a preparação e também a divulgação de carreiras técnicas naquele país, que sediará a próxima edição da WorldSkills, em 2019, na cidade de Kazan. O empenho também levou a Rússia a apresentar a maior delegação na edição deste ano. técnico e psicológico. Fonte: Agência Brasil -  24/10/2017

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Presidente destituído da Catalunha se refugia na Bélgica

O ex-presidente da Generalitat (como é intitulado o Governo da Catalunha) Carles Puigdemont viajou para Bruxelas (Bélgica) a partir de Marselha (França) acompanhado de cinco ex‑secretários de seu Governo, informou a agência de notícias EFE. Puigdemont e os ex‑membros de seu Executivo foram de carro da Catalunha até Marselha e, nessa cidade, pegaram um avião até a capital belga. O episódio ocorre poucos dias após o Governo da Espanha destituir as autoridades da Catalunha, que haviam aprovado no Parlamento catalão uma resolução que dava início ao processo de independência unilateral da região.

Puigdemont e os cinco ex-secretários se deslocaram para Bruxelas um dia após o ministro de Asilo e Migração belga, Theo Francken (do partido nacionalista flamenco N-VA), ter provocado ampla polêmica ao abrir a possibilidade de concessão de asilo ao ex-presidente, oferta logo depois negada pelo primeiro-ministro, Charles Michel.

A viagem veio a público poucas horas depois de o procurador-geral do Estado, José Manuel Maza, ter anunciado a existência de uma ação judicial formal contra Puigdemont e todos os ex‑membros do Governo catalão por crime de rebelião, sedição e desvio de dinheiro público.

O ex-presidente da Generalitat catalã divulgou na manhã desta segunda-feira no Instagram uma fotografia na qual sugeria que estava dentro do Palau de la Generalitat (sede do Governo). Junto à imagem, ele escreveu um breve “bom dia”. O aspecto do céu de Barcelona nesta segunda-feira cedo, porém, não correspondia ao exibido nessa imagem por Puigdemont. Poucas horas depois, soube-se que o ex-presidente já estava em Bruxelas.

O partido nacionalista flamenco N-VA se negou a confirmar ou a desmentir se representantes seus se reuniram com o ex-presidente da Generalitat. Fontes desse partido informaram à agência Efe que, “por enquanto”, não serão feitos comentários sobre a questão. Fonte: El País - Madri 30 OUT 2017

domingo, 29 de outubro de 2017

Robô que faz saladas promete eliminar germes

Os bufês de saladas são ímãs para bactérias e vírus. Mesmo que os brotos e o molho para saladas não estejam contaminados, os talheres usados para servir as saladas podem estar.

A Chowbotics, start-up do Vale do Silício, desenvolveu o que descreve como uma solução para o problema. Seu aparelho, chamado Sally the Salad Robot, tem por objetivo reduzir o risco de doenças transmitidas por alimentos, ao preparar saladas com legumes e verduras pré-cortados e armazenados em cartuchos refrigerados.

Os fregueses fazem seus pedidos usando uma tela de toque, escolhendo saladas do cardápio ou criando variações pessoais. A máquina calcula o número de calorias de cada salada e a serve em menos de um minuto.

O contato humano com os alimentos é reduzido.

DESEMPREGO
Mas à medida que mais e mais robôs começam a interagir com os fregueses de restaurantes e bares da região de San Francisco (EUA), servindo bebidas e saladas, Deepak Sekar, inventor do robô, vem enfrentando questões sobre o efeito de sua máquina sobre os empregos humanos.

Ele nega que seu invento possa causar demissões.

Sekar insiste em que o foco de sua companhia significa que Sally não destruirá empregos. Ele diz que os funcionários do bufê de saladas teriam a tarefa de reabastecer o robô, que tem espaço para armazenar ingredientes para cerca de 50 saladas antes de precisar de reposição.

E, ele diz, os restaurantes podem manter seus métodos de preparação de alimentos –dependendo do pessoal de cozinha para cortar os ingredientes ou adquirindo legumes e verduras pré-cortados.

Em escritórios, o aparelho seria fonte de novos empregos, disse Sekar. "Se você vai oferecer comida fresca no escritório, estará criando empregos para as pessoas que reabastecem os cartuchos."

Mesmo assim, a possibilidade de que equipamentos robotizados causem desemprego é uma preocupação cada vez mais forte.

Bill Gates recentemente propôs que empresas que operam robôs sejam tributadas, o que pode retardar a adoção das máquinas. Fonte: The New York Times -Folha de São Paulo - 15/10/2017  

Há 100 anos, o Brasil declarava guerra ao Império Alemão

"...E entramos na Guerra!", anunciou a manchete do jornal "Gazeta de Notícias" em 26 de outubro de 1917
Submarinos alemães afundam navios brasileiros. Movimentos populares exigem que o governo declare guerra. Ocorrem episódios de violência contra imigrantes. O presidente do Brasil, que já havia sido pressionado a abandonar a neutralidade alguns meses antes, decide enfim assinar a declaração de guerra.

Parece o enredo da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Mas o ano é 1917. O presidente, não é Getúlio Vargas, mas Venceslau Brás. O inimigo não é a Alemanha nazista de Adolf Hitler, mas o antigo Império Alemão do Kaiser Guilherme 2º.
Em 26 de outubro de 1917, o Brasil, que havia se mantido neutro por quase três anos da Primeira Guerra Mundial, decidiu se juntar aos poderes da Entente, a aliança militar contra a Alemanha que naquele momento incluía a Grã-Bretanha e a França e recentemente havia passado a contar com apoio dos EUA.
Parte da imprensa celebrou a decisão do presidente Brás. "...E entramos na Guerra!", anunciou a manchete do jornal Gazeta de Notícias.

O FIM DA NEUTRALIDADE
Brás resistiu o quanto pôde em se lançar no conflito. À época, o Brasil era um país atrasado. Seu Exército precário só tinha experiência em sufocar revoltas populares, como Canudos (1896-1897) e o Contestado (1912-1916). A Marinha ainda se recuperava do expurgo de milhares de homens que haviam se amotinado em 1910.
Sem uma base industrial relevante, o país também viu os investimentos externos sumirem quando os beligerantes redirecionaram recursos. A Alemanha, seu terceiro mercado exportador, ficou fora do alcance por causa do bloqueio aliado. Distante da Europa, o Brasil também não parecia ter qualquer interesse estratégico no conflito. Mas antes mesmo dos ataques a navios o clima no país já vinha sendo preparado para a entrada na guerra.

"O envolvimento emocional de intelectuais e políticos, a intensa participação da imprensa influenciando a opinião pública, as pressões diplomáticas e ingerências econômicas dos Aliados, bem como a intensificação das relações diplomáticas e o crescimentos dos interesses comerciais com os EUA, conduziram o Brasil a uma mudança gradual de posicionamento", disse o pesquisador Valterian Braga Mendonça, autor de A Experiência Estratégica Brasileira na Primeira Guerra Mundial.
Os submarinos alemães acabaram potencializando esses fatores. Em 1916, um navio brasileiro foi afundado, mas o governo não tomou nenhuma atitude. Em fevereiro de 1917, a Marinha alemã decidiu implementar uma política de guerra submarina irrestrita, sem levar em consideração se os alvos eram de países neutros. O resultado foi logo sentido no Brasil.

OS ATAQUES A NAVIOS
Em abril de 1917, o vapor Paraná foi afundado na região do canal da Mancha. Três brasileiros morreram. Em maio, mais dois navios, Tijuca e Lapa, foram torpedeados. Desta vez o país decidiu abandonar sua política de neutralidade.
A primeira represália foi o confisco de 44 navios de bandeira alemã atracados em portos brasileiros. Eles foram rebatizados e receberam bandeira brasileira. O então ministro das Relações Exteriores, Lauro Müller, defensor da neutralidade e alvo regular de ataques por causa da sua origem alemã, acabou pedindo demissão.
A gota d'água veio em 18 de outubro, quando o navio Macau, ironicamente uma das embarcações confiscadas dos alemães, foi afundado pelo submarino U-93 no litoral da Espanha. O comandante do navio, Saturnino Furtado de Mendonça, e um marinheiro, foram feitos prisioneiros. Nunca mais se ouviu falar deles.

A REAÇÃO NO PAÍS
Os jornais brasileiros cobriram o episódio à exaustão. O A Época veio com a manchete "A infâmia allemã". Já a Gazeta de Notícias estampou o título "Crime feroz da pirataria 'boche'", usando o termo pejorativo francês para se referir aos alemães.
Não eram só os jornais que tentavam influenciar a opinião pública a pressionar o governo. Desde 1915, antes mesmos dos ataques, um grupo de intelectuais e personalidades vinha agindo para que o país se juntasse aos Aliados. Eles formaram a Liga Brasileira pelos Aliados, e também passaram a denunciar o que classificavam de "perigo alemão" das colônias germânicas no sul do Brasil.

O grupo reunia pesos pesados da vida pública brasileira, como Ruy Barbosa e o escritor Graça Aranha. Quando Müller deixou o Itamaraty, o ex-presidente Nilo Peçanha assumiu a vaga. O novo ministro tinha justamente Ruy Barbosa como um de seus modelos e tratou de aproximar o Brasil dos EUA, que já estavam em guerra com a Alemanha e haviam se tornado o principal destino das exportações brasileiras.
Os alemães não tinha uma máquina comparável para influenciar a opinião. A marinha britânica havia cortado o cabo telegráfico submarino que ligava a Alemanha ao Brasil, diminuindo o fluxo de notícias vindas do país. Embora os alemães tivessem influenciado o Exército brasileiro por meio de missões militares, as elites simpatizam com os Aliados, especialmente os franceses. "Desde o período imperial, as elites brasileiras eram educadas segundo o modelo educacional francês", disse Mendonça.
Os ataques a navios também provocaram reações do público contra imigrantes alemães. Incidentes foram registrados em Porto Alegre. Em Curitiba, jornais e estabelecimentos comerciais de alemães foram depredados. Sobrou até mesmo para a comunidade polonesa local, erroneamente identificada como pró-germânica porque a Alemanha tinha então milhões de poloneses vivendo em seu território.

O PAPEL DO BRASIL NA GUERRA
Na história do conflito, o Brasil foi o único país sul-americano que se juntou aos Aliados, mas seu papel foi bastante modesto.
"A participação do Brasil ao lado da Entente foi extremamente limitada, senão inexpressiva para considerar o resultado final da guerra", afirmou o historiador Carlos Daróz, autor do livro O Brasil na Primeira Guerra Mundial: a longa travessia. Segundo ele, apenas 2 mil brasileiros se envolveram diretamente no conflito.
Sem um Exército moderno, o país se limitou a enviar 24 oficiais para treinamento com as forças francesas. Alguns chegaram a participar de combates. Treze aviadores também foram incorporados aos corpos de aviação do Reino Unido. Uma missão com 138 médicos e enfermeiras foi enviada à França em agosto de 1918.
Também foi criada uma Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), com oito navios. O plano era caçar submarinos alemães em uma faixa entre o litoral de Serra Leoa, na África, e o estreito de Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo. Mas as coisas não ocorreram conforme o planejado.

A partida só aconteceu em agosto de 1918. Os velhos navios movidos à carvão enguiçaram várias vezes no caminho. Quando finalmente aportaram em Freetown, na Serra Leoa, os brasileiros sofreram um grande número de baixas, não pelas mãos dos alemães, mas por causa da malária e da gripe espanhola.
Dos 1.515 tripulantes, 156 morreram. Eles foram sepultados em Dacar, no Senegal. Outros 140 outros ficaram tão doentes que tiveram que ser enviados de volta ao Brasil.
A divisão naval, que a essa altura contava com quatro navios, só conseguiu alcançar Gibraltar em 10 de novembro de 1918, um dia antes da assinatura do armísticio que marcou o fim do conflito. No caminho, os marinheiros confundiram um cardume de golfinhos com um submarino alemão e abriram fogo. Dezenas de cetáceos morreram.

A MEMÓRIA DA GUERRA
A memória da participação brasileira no conflito resiste em alguns monumentos e nomes de logradouros. Nos anos 1920, os corpos dos 156 marinheiros da DNOG foram exumados em Dacar e levados ao Rio de Janeiro. Hoje eles repousam discretamente em um mausoléu no cemitério São João Batista. Uma rua foi batizada em homenagem ao Tenente Eugênio Possolo, um aviador que morreu durante treinamento na Europa.
O U-93, o submarino que responsável pela ação que marcou a virada final na posição brasileira no conflito, desapareceu com toda a tripulação no norte do Atlântico em 18 de janeiro de 1918, três meses depois do afundamento do Macau. Em julho de 2014, mergulhadores afirmaram ter encontrado seus destroços no litoral da Bretanha, oeste da França. Deutsche Welle – 26.10.2017