segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Catalunha: Líder deixa Madri sem resposta

O chefe do governo regional catalão, Carles Puigdemont, deixou nesta segunda-feira (16/10) sem resposta o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, que havia fixado a data como limite para ele esclarecesse se declarou a independência da Catalunha ou não.

Na carta de resposta a Rajoy, Puidgemont propõe um período de dois meses de diálogo diante de uma situação que seria a "transcendência que exige respostas e soluções políticas à altura". "São as [soluções] que nos pede a sociedade e as que se esperam na Europa", afirmou Puigdemont no documento.

O ministro espanhol da Justiça, Rafael Catalá, disse imediatamente depois da divulgação da resposta que o governo espanhol não considera o texto de Puigdemont válido, por falta de clareza.
Catalá lembrou que, além de perguntar sobre a independência, Rajoy havia dado um segundo prazo ao líder catalão – até esta quinta-feira – para que explicasse as medidas que vai adotar para cumprir as leis espanholas.

O texto tem tom conciliador e contém dois pedidos. O primeiro é que cesse "a repressão contra o povo e o governo da Catalunha", em alusão à atuação da Justiça contra os organizadores do polêmico referendo independentista de 1º de outubro e aos incidentes violentos daquele dia entre eleitores e policiais que tinham ordens de impedir a votação.

"Nossa intenção é percorrer o caminho em comum acordo tanto em relação ao tempo quanto em relação à forma. Nossa proposta de diálogo é sincera e honesta", sinaliza Puigdemont, dirigindo-se a Rajoy. "Nossa proposta é sincera apesar de todo o ocorrido, mas logicamente é incompatível com o atual clima de crescente repressão e ameaça."

O segundo pedido é concretizar "o quanto antes" uma reunião para discutir "os primeiros acordos". "Não deixemos que se deteriore mais a situação", conclui a carta. "Com boa vontade, reconhecendo o problema e olhando-o de frente, estou seguro de que podemos encontrar o caminho para a solução."

O vice-presidenta do Governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, também lamentou a resposta ambígua dada por Puigdemont nesta segunda-feira e exigiu que ele volte à legalidade antes do próximo prazo dado pelo Governo, previsto para quinta-feira, para implementar o artigo 155 da Constituição, que permite ao Governo central intervir nos poderes autônomos. "Não é difícil responder ao questionamento que fizemos. Não é difícil voltar ao bom senso", disse Sáenz de Santamaría, que lembrou que o 155 não serve para suspender o Governo autônomo, mas para que "o Governo autônomo seja executado de acordo com a legalidade ". Fonte: Deutsche Welle – 16.10.2017; El País - Barcelona 16 OUT 2017

domingo, 15 de outubro de 2017

Programado para estragar

Projetar aparelhos com defeitos e peças pouco duráveis para que o consumidor tenha de comprar novamente. É a obsolescência programada, uma prática que nos leva a um beco sem saída

A frase foi publicada em 1928 na Printer’s Ink, revista do setor publicitário norte-americano: “Um artigo que não estraga é uma tragédia para os negócios.” Para que vender menos se você pode vender mais projetando produtos com um defeito incorporado? Por que não abandonar esse afã romântico de fabricar produtos bem feitos, consistentes, duradouros, e ser logo prático? Não será melhor para o business fazer com que o cliente tenha de abrir a carteira mais vezes?
Essa é história de uma ideia que ganhou força como salvação dinamizadora nos anos da Grande Depressão, transformou-se num mantra da sociedade de consumo – comprar, usar, jogar fora, voltar a comprar – e se tornou, já na atualidade, uma séria ameaça ao meio ambiente. É uma história escrita aos poucos, capítulo por capítulo. El Pais - 14 OUT 2017

Comentário: Nos últimos dez anos, de junho de 2007 a março de 2017, a Apple vendeu 1,2 bilhão de Iphones no mundo.
Todos os fabricantes de smartphones venderam de 2007 a 2016, 7 bilhões de aparelhos.

De acordo com o Greenpeace, os  smartphones são produzidos seguindo um modelo de fabricação linear, com base em uma perspectiva de lucro a curto prazo. As questões relacionadas com a extração de recursos, a exposição a produtos químicos na fase de fabricação, o consumo de energia e um crescente fluxo de resíduos eletrônicos persistem.

As principais conclusões do relatório são:
■ 7 bilhões de smartphones foram produzidos desde 2007.
■ Mais de 60 elementos diferentes são comumente usados na fabricação de smartphones. Embora a quantidade de cada elemento em um único dispositivo possa parecer pequena, os impactos combinados da mineração e processamento destes materiais preciosos para 7 bilhões de dispositivos são significativos.
■ Desde 2007, cerca de 968 TWh  de energia foram usados para fabricar smartphones, que é quase o mesmo que o fornecimento de energia de um ano para a Índia (973 TWh em 2014).
■ Apenas dois smartphones (Fairphone e LG G5) de 13 modelos analisados tinham baterias facilmente substituíveis. Isso significa que os consumidores são forçados a substituir seus dispositivos inteiros quando a duração da bateria começa a diminuir.
■ Somente em 2014, os resíduos eletrônicos de pequenos produtos de TI, como smartphones, foram estimados em 3 milhões de toneladas métricas. Menos 16% dos resíduos eletrônicos globais são reciclados.
■ No final da vida, o design atual dificulta a desmontagem, incluindo o uso de parafusos especiais e colados em baterias; portanto, os smartphones são muitas vezes triturados e enviados para a fusão quando "reciclado". Dadas as pequenas quantidades de uma grande diversidade de materiais e substâncias em pequenos dispositivos, a fundição é ineficaz ou ineficaz na recuperação de muitos dos materiais.



Jovens, novos mártires do trabalho no Japão

Agência foi multada pelo suicídio de funcionária que entrou em depressão por excesso de trabalho
 A agência de publicidade japonesa Dentsu, quinta do mundo em receita, foi multada em 13.700 reais pelo suicídio de Matsuri Takahashi, uma jovem funcionária que entrou em depressão como resultado do karoshi, excesso de trabalho, um fenômeno originado a meados do século passado naquele país.
Nos tuites deixados depois de seu suicídio, Takahashi, de 24 anos, mostra a pesada carga de trabalho do mês anterior à sua morte, ocorrida quando saltou do quarto de sua empresa em 25 de dezembro de 2015.

EXCESSO DE TRABALHO
“Mais uma vez tenho que trabalhar no fim de semana. Quero morrer “, dizia um dos textos publicados depois que sua mãe processou a Dentsu. No mês anterior à sua morte, a jovem chegou a trabalhar 105 horas extras, 25 horas a mais do que as 80 a partir das quais um caso de fadiga pode ser considerado “acidente de trabalho”.

A sentença contra a Dentsu saiu dois dias depois que a rede de rádio e televisão pública japonesa NHK anunciou que uma de suas jornalistas de 31 anos falecida em 2013 de complicações cardiovasculares tinha morrido de karoshi. Em sua agenda lotada durante a cobertura de campanhas eleitorais, chegou a completar 159 horas extras por mês.

Em março deste ano um operário de 23 anos que participava da construção do Estádio Nacional, a sede dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, cometeu suicídio por causa da fadiga do trabalho. Em seu bilhete de despedida, afirmou: “minhas condições físicas e mentais chegaram ao limite”. Suas horas extras mensais excederam as 211.

KAROSHI
Criado na década de 80, na véspera do estouro da bolha econômica, o termo karoshi volta a estar na moda graças às demandas dos parentes das vítimas que morrem subitamente pela fadiga acumulada ou que, pressionados pela carga de trabalho interminável e o assédio de colegas e superiores, entram em depressão e tiram a própria vida.

Os primeiros mártires do trabalho eram principalmente pais de família curtidos na titânica reconstrução que aconteceu após a derrota da Segunda Guerra Mundial. Incentivados pelo emprego vitalício passavam horas intermináveis nas empresas até que caíam fulminados por ataques cardíacos súbitos e acidentes vasculares cerebrais que só começaram a ser classificados como karoshi na década de oitenta.

Os últimos números oficiais estimam que houve mais de 2.000 suicídios em 2015 por karoshi. Mas advogados como Kazunari Tamaki, que representa famílias de mortos por excesso de trabalho, asseguram que muitos casos não são denunciados.

Tamaki, que conseguiu importantes vitórias legais em casos de karoshi e tem como objetivo obrigar o Governo a estabelecer um limite legal de 45 horas extras mensais, explica que no Japão os sindicatos não servem para inspecionar ou defender e a única opção é tentar a mudanças das leis.

Entre os setores mais afetados pelo karoshi estão empresas de serviços, hospitais, meios de comunicação, produtoras de animação e videogames.

O Governo do primeiro-ministro Shinzo Abe, criador de uma política de crescimento apelidada de “abenomics”, propôs colocar limites obrigatórios de horas extras. Mas muitas empresas questionam tais medidas pela escassez de mão de obra causada pelo envelhecimento da população e a forte rejeição à imigração estrangeira.
A leveza da sanção imposta à Dentsu é considerada por muitos ativistas como um sinal da dificuldade de acabar com o karoshi em uma cultura onde a resistência e o estoicismo são valores tradicionais inculcados desde a infância. Fonte: El País - Tóquio 7 OUT 2017 

sábado, 14 de outubro de 2017

Nova geração chega mal-educada às empresas

O filósofo e escritor Mario Sergio Cortella  explica como a combinação de um cenário imediatista, anos de bonança e pais protetores fez com que a "busca por propósito" dos jovens seja muitas vezes incompatível com a realidade.
"No dia a dia, eles se colocam como alguém que vai ter um grande legado, mas ficam imaginando o legado como algo imediato."
Essa visão "idílica", afirma, transforma escritórios e salas de aula em palcos de confronto entre gerações.
"Parte da nova geração chega nas empresas mal-educada. Ela não chega mal-escolarizada, chega mal-educada. Não tem noção de hierarquia, de metas e prazos e acha que você é o pai dela."
Leia os principais trechos da entrevista abaixo:

BBC BRASIL - O QUE DESENCADEOU A VOLTA DA BUSCA PELO PROPÓSITO?
Mario Sergio Cortella - A primeira coisa que desencadeou foi um tsunami tecnológico, que nos colocou tantas variáveis de convivência que a gente fica atordoado.
A lógica para minha geração foi mais fácil. Qual era a lógica? Crescer, estudar. Era escola, e dependendo da tua condição, faculdade. Não era comunicação em artes do corpo. Era direito, engenharia, tinha uma restrição.
Essa overdose de variáveis gerou dificuldade de fazer escolhas. Isso produz angústia em relação a esse polo do propósito. Por que faço o que estou fazendo? Faço por que me mandam ou por que desejo fazer? Tem uma série de questões que não existiam num mundo menos complexo.
Não foi à toa que a filosofia veio com força nos últimos vinte anos. Ela voltou porque grandes questões do tipo "para onde eu vou?", "quem sou eu?", vieram à tona.
 
BBC BRASIL - PODEMOS DIZER QUE NESSE CONTEXTO VAI SER CADA VEZ MENOR O NÚMERO DE PESSOAS QUE NÃO TEM ESSES QUESTIONAMENTOS?
Mario Sergio Cortella - Cada vez menor será o número de pessoas que não se incomoda com isso. O próprio mundo digital traz o tempo todo, nas redes sociais, a pergunta: "por que faço o que faço?", "por que tomo essa posição?". E aquilo que os blogs e os youtubers estão fazendo é uma provocação: seja inteiro, autêntico. É a expressão "seja você mesmo", evite a vida de gado.

BBC BRASIL - NO SEU LIVRO, VOCÊ FALA DA IMPORTÂNCIA DO RECONHECIMENTO NO TRABALHO. QUAL É ELA?
Mario Sergio Cortella - O sentir-se reconhecido é sentir-se gostado. Esse reconhecimento é decisivo. A gente não pode imaginar que as pessoas se satisfaçam com a ideia de um sucesso avaliado pela conquista material. O reconhecimento faz com que você perca o anonimato em meio à vida em multidão.
No fundo, cada um de nós não deseja ser exclusivo, único, mas não quer ser apenas um. Eu sou um que importa. E sou assim porque é importante fazer o que faço e as pessoas gostam.

BBC BRASIL - PELO QUE VEMOS NAS REDES SOCIAIS, OS JOVENS ESTÃO TRAZENDO ESSA DISCUSSÃO DE FORMA MAIS INTENSA. VOCÊ PERCEBEU ISSO?
Mario Sergio Cortella - Há algum tempo tenho tido leitores cada vez mais jovens. Como me tornei meio pop, é comum estar andando num shopping e um grupo de adolescentes pedir para tirar foto.
Uma parcela dessa nova geração tem uma perturbação muito forte, em relação a não seguir uma rota. E não é uma recuperação do movimento hippie, que era a recusa à massificação e à destruição, ao mundo industrial.
Hoje é (a busca por) uma vida que não seja banal, em que eu faça sentido. É o que muitos falam de 'deixar a minha marca na trajetória'. Isso é pré-renascentista. Aquela ideia do herói, de você deixar a sua marca, que antes, na idade média, era pelo combate.
O destaque agora é fazer bem a si e aos outros. Não é uma lógica franciscana, o "vamos sofrer sem reclamar". É o contrário. Não sofrer, se não for necessário.
Uma das coisas que coloco no livro é que não há possibilidade de se conseguir algumas coisas sem esforço. Mas uma das frases que mais ouço dos jovens, e que para mim é muito estranha, é: quero fazer o que eu gosto.

BBC BRASIL - ESSE É UM PENSAMENTO COMUM ENTRE OS JOVENS QUANDO SE FALA EM CARREIRA?
Mario Sergio Cortella - Muito comum, mas está equivocado. Para fazer o que se gosta é necessário fazer várias coisas das quais não se gosta. Faz parte do processo.
Adoro dar aulas, sou professor há 42 anos, mas detesto corrigir provas. Não posso terceirizar a correção, porque a prova me mostra como estou ensinando.
Não é nem a retomada do 'no pain, no gain' ('sem dor, não há ganho'). Mas é a lógica de que não dá para ter essa visão hedonista, idílica, do puro prazer. Isso é ilusório e gera sofrimento.

BBC BRASIL - O SOFRIMENTO SERIA O CHOQUE DA VISÃO IDÍLICA COM O QUE O MUNDO OFERECE?
Mario Sergio Cortella - A perturbação vem de um sonho que se distancia no cotidiano. No dia a dia, a pessoa se coloca como alguém que vai ter um grande legado, mas fica imaginando o legado como algo imediato.
Gosto de lembrar uma história com o Arthur Moreira Lima, o grande pianista. Ao terminar uma apresentação, um jovem chegou a ele e disse 'adorei o concerto, daria a vida para tocar piano como você'. Ele respondeu: 'eu dei'.
Há uma rarefação da ideia de esforço na nova geração. E falo no geral, não só da classe média. Tivemos uma facilitação da vida no país nos últimos 50 anos - nos tornamos muito mais ricos. Isso gerou nas crianças e jovens uma percepção imediatizada da satisfação das necessidades. Nas classes B e C têm menino de 20 anos que nunca lavou uma louça.

BBC BRASIL - QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DESSA VISÃO IDEALIZADA?
Mario Sergio Cortella - Uma parte da nova geração perde uma visão histórica desse processo. É tudo 'já, ao mesmo tempo'. De nada adianta, numa segunda-feira, castigar uma criança de cinco anos dizendo: sábado você não vai ao cinema. A noção de tempo exige maturidade.
Vejo na convivência que essa geração tem uma visão mais imediatista. Vou mochilar e daí chego, me hospedo, consigo, e uma parte disso é possível pelo modo que a tecnologia favorece, mas não se sustenta por muito tempo.
Quando alguns colocam para si um objetivo que está muito abstrato, sofrem muito. Eu faço uma distinção sempre entre sonho e delírio. O sonho é um desejo factível. O delírio é um desejo que não tem factibilidade.

BBC BRASIL - MUITOS DELIRAM NAS SUAS ASPIRAÇÕES?
Mario Sergio Cortella - Uma parte das pessoas delira. Ela delira imaginando o que pode ser sem construir os passos para que isso seja possível. Por que no campo do empreendedorismo existe um nível de fracasso muito forte? Porque se colocou mais o delírio do que a ideia de um sonho.
O sonho é aquilo que você constrói como um lugar onde quer chegar e que exige etapas para chegar até lá, ferramentas, condições estruturais. O delírio enfeitiça.

BBC BRASIL - QUAL É O PAPEL DOS PAIS PARA QUE A BUSCA PELO PROPÓSITO DOS JOVENS SEJA MAIS REALISTA?
Mario Sergio Cortella - Alguns pais e mães usam uma expressão que é "quero poupar meus filhos daquilo que eu passei". Sempre fico pensando: mas o que você passou? Você teve que lavar louça? Ou está falando de cortar lenha? Você está poupando ou está enfraquecendo? Há uma diferença. Quando você poupa alguém é de algo que não é necessário que ele faça.
Tem coisas que não são obrigatórias, mas são necessárias. Parte das crianças hoje considera a tarefa escolar uma ofensa, porque é um trabalho a ser feito. Ela se sente agredida que você passe uma tarefa.
Parte das famílias quer poupar e, em vez de poupar, enfraquece. Estamos formando uma geração um pouco mais fraca, que pega menos no serviço. Não estou usando a rabugice dos idosos, 'ah, porque no meu tempo'. Não é isso, é o meu temor de uma geração que, ao ser colocada nessa condição, está sendo fragilizada.

BBC BRASIL - SEMPRE LEMOS E OUVIMOS RELATOS DE CONFLITOS ENTRE CHEFES E SUBORDINADOS, ALUNOS E PROFESSORES. COMO SE EXPLICAM ESSES CHOQUES?
Mario Sergio Cortella - Criou-se um fosso pelo seguinte: crianças e jovens são criados por adultos, que são seus pais e mantêm com eles uma relação estranha de subordinação. A geração anterior sempre teve que cuidar da geração subsequente e essa vivia sob suas ordens.
A atual geração de pais e mães que têm filhos na faixa dos dez, doze anos, é extremamente subordinada. Como há por parte dos pais uma ausência grande de convivência, no tempo de convivência eles querem agradar. É a inversão da lógica. Eu queria ir bem na escola para os meus pais gostarem, não era só uma obrigação.
Essa lógica faz com que, quando o jovem vai conviver com um adulto que sobre ele terá uma tarefa de subordinação, na escola ou trabalho, haja um choque. Parte da nova geração chega nas empresas mal-educada. Ela não chega mal-escolarizada, chega mal-educada.

Não tem noção de hierarquia, de metas e prazos e acha que você é o pai dela. Obviamente que ela também chega com uma condição magnífica, que é percepção digital, um preparo maior em relação à tecnologia. Fonte: BBC Brasil-25 agosto 2016

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O FMI aumenta a previsão de crescimento da China

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou na terça-feira sua previsão para o crescimento econômico da China em 2017 e 2018, citando o desempenho mais forte do que o esperado no primeiro semestre do ano e o apoio contínuo à política .

Na última Perspectiva Econômica Mundial, o FMI esperava que a economia chinesa crescesse 6,8 por cento este ano e 6,5 por cento no próximo ano, ambos 0,1 pontos percentuais acima do previsto em julho.

A revisão para cima da previsão de 2017 reflete "o resultado mais forte do que o esperado na primeira metade do ano, sustentado por políticas anteriores de flexibilização das políticas e reformas do lado da oferta", disse o FMI.
A economia chinesa cresceu 6,9% no primeiro semestre deste ano, muito acima do objetivo anual do governo de 6,5%.

A revisão para cima da previsão de 2018 reflete principalmente a expectativa de que as autoridades manterão um mix de política suficientemente expansiva para atingir o objetivo de duplicar o produto interno bruto real (PIB) entre 2010 e 2020, de acordo com o FMI.

Enquanto as taxas de crescimento da China para 2019 a 2022 também foram revistas em alta em 0,2 ponto percentual em média, o FMI recomendou as autoridades chinesas a intensificar seus esforços recentes para controlar a expansão do crédito e fortalecer a resiliência financeira.
"Seria aconselhável enfatizar metas de crescimento a curto prazo e focar mais em reformas que aumentariam a sustentabilidade do crescimento", afirmou o FMI.
James Daniel, diretor-assistente do Departamento de Ásia e Pacífico do FMI e seu chefe de missão para a China, em entrevista recente que o forte impulso de crescimento deste ano abriu caminho para que os formuladores de políticas acelerassem as reformas necessárias e conseguissem um crescimento mais seguro e sustentável no médio e longo prazo.
"Agora é hora de fazê-lo ... isso exige reformas para tornar o crescimento menos dependente do crédito, menos dependente da dívida, menos dependente do investimento", disse ele.Fonte: Xinhua- 2017-10-10


Comentário: Enquanto isso no país de faz-de-conta, o Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou seus prognósticos de crescimento do PIB do Brasil para 0,7% este ano e 1,5% para 2018. As novas previsões representam, respectivamente, alta de 0,4 ponto porcentual e 0,2 ponto porcentual acima do estimado em julho, graças ao impulso da despesa dos consumidores e à safra agrícola recorde.

Presidente do Governo espanhol pede que Catalunha explique se declarou a independência

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, pediu na manhã desta quarta-feira para que Carles Puigdemont, presidente do Governo da Catalunha, confirme se declarou ou não a independência da comunidade autônoma. O pedido acontece um dia depois de Puigdemont comparecer ao Parlamento regional da comunidade catalã para fazer uma declaração ambígua de independência, suspensa por ele mesmo em seguida, para buscar uma mediação com o Governo central espanhol. O requerimento é o primeiro passo para que se acione o artigo 155 da Constituição espanhola, que permite ao Governo central intervir para obrigar que as autoridades de uma comunidade autônoma cumpram as leis.

"Compareço para informá-los da nossa decisão. Já adianto a posição do Governo porque o compromisso de clareza é importante pela confusão gerada pelos acontecimentos de ontem (terça-feira) na Catalunha. O Governo espanhol vai requerer ao Governo da Catalunha que esclareça se declarou ou não a independência", afirmou o presidente. "Este requerimento é necessário para se ativar o artigo 155 da Constituição. Desta forma, queremos oferecer certezas aos cidadãos", completou ele. "Na resposta ao requerimento, o senhor Puigdemont tem a oportunidade de responder aos tantos pedidos, de tantos lugares, para que se recupere a legalidade."
O artigo 155, que nunca foi aplicado na Espanha, pode ser usado de maneira progressiva à medida que se aprofunda a desobediência do Governo autonomo, segundo especialistas ouvidos pelo EL PAÍS. Segundo eles, entretanto, ele não ampara o uso das Forças Armadas, embora o texto do artigo seja ambíguo ao falar das “medidas necessárias”. Fonte: El País - Madri 11 OUT 2017.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Catalunha:Presidente declara a independência, mas suspende seus efeitos

O presidente do Governo da Catalunha, Carles Puigdemont, declarou nesta terça-feira, 10 de outubro, a separação da comunidade autônoma da Espanha, mas, ao mesmo tempo, suspendeu os efeitos da declaração de independência para tentar uma mediação com o Governo espanhol. "Hoje se escuta a Catalunha e ela é respeitada fora das nossas fronteiras. O sim pela independência ganhou um referendo sob uma chuva de golpes. As urnas nos dizem sim à independência e é por este caminho que vou transitar", afirmou ele. "Assumo o mandato do povo para que a Catalunha se converta em um Estado independente em forma de República". Desta forma, o presidente da Generalitat, como é conhecido o Governo catalão, proclamou a independência da comunidade autônoma, mas pediu para que nas próximas semanas o Parlamento suspenda os efeitos da declaração para que se empreenda um diálogo para se "chegar a uma solução acordada" com o Governo espanhol.

O QUE É, AFINAL, A CATALUNHA?
A Catalunha é uma das 17 comunidades autônomas espanholas, unidades administrativas que repartem todo o país em regiões mais ou menos como os Estados no Brasil, mas com pouco mais de autonomia política, econômica e jurídica. A figura das comunidades autônomas surgiu na Constituição de 1978, após o final da ditadura franquista, onde o poder era extremamente centralizado. A ideia era, justamente, descentralizar o poder. Elas podem, portanto, aprovar leis e realizar as tarefas executivas que estejam estabelecidas em seu estatuto próprio. Têm, inclusive, um presidente, que no caso da Catalunha se chama Carles Puigdemont. O Governo que ele preside se chama Generalitat e há, ainda, um parlamento próprio, o Parlament.
A diferença entre a Catalunha e a comunidade autônoma de Madri, por exemplo, é que ela possui uma cultura e uma língua próprias (o catalão), assim como acontece, por exemplo, com o País Vasco e a Galícia. Ela está localizada no nordeste, na fronteira com a França, e é formada por quatro províncias: Girona, Lleida, Tarragona e Barcelona, que é a capital. E tem uma população aproximada de 7,5 milhões de habitantes (15% da população espanhola), o que a coloca como a segunda maior comunidade da Espanha (Andaluzia é a primeira). Fonte: El País - Madri 10 OUT 2017