domingo, 18 de junho de 2017

Há 200 anos era inventada a bicicleta



Draisiana: modelo criado por alemão não tinha pedais
Durante período de crise, alemão construiu modelo que antecedeu biciclos modernos como alternativa econômica ao cavalo. Projeto ganhou pedais e pneus só décadas mais tarde. Hoje, é símbolo da mobilidade sustentável.

Em 12 de junho de 1817, o funcionário público e inventor Karl von Drais se sentou no selim de sua máquina de correr de madeira e foi embora. O test-drive foi bem-sucedido: nascia a precursora da bicicleta moderna.

O momento não poderia ser melhor: a região era fustigada por um desastre climático, desencadeado por uma enorme nuvem de cinzas que uma erupção vulcânica na Indonésia tinha jogado no mundo inteiro. O resultado: frio, seca, perda de colheitas, fome. A situação também vitimou muitos cavalos – que foram simplesmente para a panela.

Drais vinha pensando há tempos sobre uma alternativa sensata para o cavalo – e assim foi inventada a chamada "draisiana". Provavelmente, ao experimentar sua invenção pela primeira vez, ele não chegou a pensar que, com ela, alteraria para sempre a mobilidade da humanidade. Na verdade, ele só queria ganhar dinheiro com ela.

A viagem inaugural começou na cidade de Mannheim e seguiu por cerca de 14 quilômetros em direção ao sul, rumo a Schwetzingen. A imprensa em toda a Europa comentou a invenção vinda da Alemanha. O aspecto financeiro foi o mais celebrado: o custo de uma draisiana era de 20 libras, enquanto o de um cavalo, 1.900 libras. Imbatível também foi considerado o fato de que o dispositivo não tinha custos adicionais – afinal, não precisava receber ração.

Mas, para decepção de Drais, o novo meio de transporte não entusiasmou a todos. Afinal, não era todo mundo que gostava de se movimentar caso não fosse necessário. As pessoas comuns do campo costumavam permanecer por toda a vida no mesmo lugar onde nasceram e achavam estranha a ideia de se afastar voluntariamente de suas casas. Foi então que essa nova máquina se tornou mais um brinquedo de alguns esportistas ricos.

Mas o invento não passou sem ser notado por outros inventores. Drais patenteou sua máquina, mas a patente só tinha validade na sua região, Baden. Além das fronteiras daquela área, seu veículo foi copiado e aperfeiçoado.
Foto-Em 1870, o inglês James Starley inventou a "Hochrad" (roda alta) Ariel. Graças ao mecanismo de impulsão da enorme roda dianteira, ela andava muito mais rápido, mas também era extremamente instável. Sozinho, não se podia subir nela. E, em caso de acidente, o condutor podia sofrer graves ferimentos.


Até aparecer a bicicleta em sua forma atual, se passaram muitas décadas. Inventores na França e na Inglaterra melhoraram o projeto de duas rodas continuamente, indo desde o primeiro velocípede movido a pedal até o modelo com a roda dianteira aumentada, que apresentava risco de vida aos ciclistas. Então, no final do século 19, a bicicleta clássica apareceu, com os elementos conhecidos até hoje: duas rodas de tamanho igual, com dois pneus e uma corrente entre os pedais e roda traseira.

A tecnologia da bicicleta foi, aliás, também aproveitada na indústria automobilística, como, por exemplo, no caso dos pneus. Muitas formas foram criadas em 200 anos – e muito foi modificado até que o veículo se tornasse um meio prático de transporte para todos. A bicicleta foi ridicularizada, considerada imprópria por associações conservadoras de mulheres e mais tarde foi considerada um brinquedo exclusivo para ricos. Então, chegaram a motocicleta e o carro como concorrentes.

 Foto-Primeira Volta da França

Em 1870, a bicicleta alta foi superada pela "normal", mais baixa, com correia dentada e pneu com câmera de ar. A famosa corrida ciclística Volta da França aconteceu pela primeira vez em Paris em 1º de julho de 1903, com 60 participantes. Entre as etapas estavam Lyon, Marselha, Toulouse, Bordeaux e Nantes. A competição, de 2.428 quilômetros, foi vencida pelo francês Maurice Garin (camisa clara).


Hoje, a bicicleta é objeto de consumo, de culto, meio para esporte e diversão, usado por bilhões de pessoas ao redor do mundo. Tornou-se símbolo da mobilidade sustentável. Quem deixa o carro em casa e vai para o trabalho de bicicleta não faz algo de bom só para o meio ambiente, mas também para si mesmo. Pois quem pedala muito permanece mais tempo saudável. Fonte: Deutsche Welle - Data 12.06.2017

O Brasil está próximo da lanterna da competitividade global

O Brasil está próximo da lanterna da competitividade global, aponta um relatório divulgado nesta quarta-feira pelo instituto de pós-educação suíço IMD em parceria com a Fundação Dom Cabral.

Segundo o levantamento anual, apenas Venezuela e Mongólia estão em situação pior do que o Brasil. O país está na 61ª posição dentre as 63 economias avaliadas. De acordo com o diretor do estudo, o professor Arturo Bris, a má performance se deve à crise política no país.

No topo do ranking estão Hong Kong e Suíça, já haviam garantido o primeiro e segundo lugar na edição passada, seguidos por Cingapura e Estados Unidos, respectivamente, que trocaram de posição em relação à análise anterior.

Em 2016 o Brasil figurava na 57ª posição, mas caiu quatro pontos porque seus indicadores políticos e econômicos pioraram.

O ranking, que é publicado desde 1989, avalia o perfil dos países com base em quatro pilares: performance econômica, eficiência de governo, eficiência empresarial e infraestrutura.

Por meio de uma estimativa baseada em estatísticas compiladas sobre essas categorias, um país é comparado com o outro. Os dados utilizados para a edição atual são referentes ao período de janeiro a abril deste ano.

Na performance econômica, o Brasil recuou de 55 para 59, na eficiência do governo piorou de 61 para 62, na eficiência empresarial foi de 51 para 49 e na infraestrutura, caiu de 46 para 51.

A intenção do estudo é servir de referência para a criação de políticas públicas que gerem prosperidade para os indivíduos do país. No caso do Brasil, o país está falhando porque a crise de desgoverno não estão levando em consideração o interesse da sociedade, explica Bris.

"O Brasil é o caso clássico em que o setor público é um obstáculo à competitividade do país", avaliou Bris em entrevista à BBC Brasil.

Apesar de defender a necessidade de reformas no país, o professor avalia que não é sustentável nem eficiente tentar se levar adiante a pauta sem resolver a questão da corrupção primeiramente.

"A percepção do mercado (sobre o Brasil) é muito negativa, o país está entre os dez piores para se fazer negócios. O setor privado não acredita no governo. Eles não podem tomar a tarefa de investir e criar empregos para deixar o país mais competitivo. Isso não vai funcionar", pondera.

O estudo avalia que os objetivos brasileiros devem ser: acelerar a retomada econômica, modernizar e facilitar as leis, aprovar reformas-chave e reconquistar a confiança internacional. Para isso, é necessário desenvolver e implementar uma estratégia de competitividade digital, além de aumentar a eficiência e qualidade do sistema educacional.

"Competitividade é sobre criar empregos, estimular a prosperidade de uma nação", resume Bris.

De acordo com a perspectiva do estudo da IMD, a maior vulnerabilidade do Brasil é a falta de visão de longo prazo, como políticas de melhora da qualidade da educação pública e de inserção na economia digital. Fonte: BBC Brasil -     31 maio 2017

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Brasil comemora sozinho o Dia dos Namorados

Diferente de outras partes do mundo onde o Dia dos Namorados é comemorado em 14 de fevereiro, no dia de São Valentim, o Brasil celebra a união amorosa em 12 de junho, véspera do dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro da Igreja Católica.

Além da proximidade com o dia de Santo Antônio, invocado por quem quer achar coisas perdidas, ter filhos ou conseguir um amor, há outra hipótese para a escolha da data no Brasil: uma ação de marketing. Segundo essa versão, o pai do atual prefeito de São Paulo, cujo nome também era João Doria, teria criado a data para incrementar as vendas de uma rede de lojas quando era diretor de uma agência de publicidade, em 1949.
No Brasil, a data tem relevância para comércio, já que é comemorada com troca de presentes, flores e cartas entre casais, além de jantares românticos. Se essa versão é verdadeira ou não, o fato é que o Brasil comemora a data sozinho.

SÃO VALENTIM
A origem do Dia de São Valentim, celebrado nos Estados Unidos e na Europa, é muito anterior ao Dia dos Namorados no Brasil.
O chamado Valentine's Day começou a ser celebrado no século 5 - o primeiro dia oficial do santo foi declarado em 14 de fevereiro de 496 pelo papa Gelásio, em homenagem a um mártir que tinha esse nome.

Há algumas explicações para a história, mas a mais famosa é a de que São Valentim era um padre de Roma que foi condenado à pena de morte no século 3.
Segundo esse relato, o imperador Claudio 2 baniu os casamentos naquele século por acreditar que homens casados se tornavam soldados piores - a ideia dele era de que solteiros, sem qualquer responsabilidade familiar, poderiam render melhor no Exército.

Valetim, porém, defendeu que o casamento era parte do plano de Deus e dava sentido ao mundo. Por isso, ele passou a quebrar a lei e organizar cerimônias em segredo.

Quando Claudius descobriu, ele foi preso e sentenciado à morte no ano 270. Mas, durante o período em que ficou preso, o agora santo se apaixonou pela filha de um carcereiro. No dia do cumprimento da sentença, ele enviou uma carta de amor à moça assinando: "do seu Valentim" - o que originou a prática moderna de enviar cartões para a pessoa amada no 14 de fevereiro.
Mas foi apenas dois séculos depois que a data passou a ser efetivamente comemorada, quando o papa Gelásio instituiu o Dia de São Valentim, classificando-o como símbolo dos namorados.

A comemoração foi criada como uma resposta a uma tradição antiga que teria se originado em um festival romano de três dias chamado Lupercalia.
O evento, ocorrido no meio de fevereiro, celebrava a fertilidade. Seu objetivo era marcar o início oficial da primavera. Fonte: El Pais - São Paulo 12 JUN 2017  e BBC Brasil

sábado, 10 de junho de 2017

TSE rejeita cassação da chapa Dilma-Temer na eleição de 2014

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolveu nesta sexta-feira (9), por 4 votos a 3, a ex-presidente Dilma Rousseff e o presidente Michel Temer da acusação de abuso de poder político e econômico na campanha de 2014.

A maioria dos ministros considerou que não houve lesão ao equilíbrio da disputa e, com isso, livrou Temer da perda do atual mandato e Dilma da inegibilidade por 8 anos. O voto que desempatou o julgamento foi o do ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, o último a se manifestar.

A ação julgada pelo TSE foi apresentada pelo PSDB após a eleição de 2014 e apontava mais de 20 infrações supostamente cometidas pela coligação “Com a Força do Povo”, encabeçada por PT e PMDB.

A principal era a suspeita de que empreiteiras fizeram doações oficiais com o pagamento de propina por contratos obtidos na Petrobras, além de desvio de dinheiro pago a gráficas pela não prestação dos serviços contratados.

RELEMBRE: AS PRINCIPAIS FASES DO JULGAMENTO
Além da perda do mandato e da inegibilidade de Dilma e Temer, o PSDB reivindicava na ação que os candidatos derrotados Aécio Neves e Aloysio Nunes fossem empossados presidente e vice.
O julgamento da chapa, que começou em abril deste ano, foi retomado nesta semana com os votos do relator, Herman Benjamin, e dos demais ministros da Corte. Também se manifestaram os advogados das partes (defesa e acusação) e o Ministério Público Eleitoral.

VOTO A VOTO
Como votaram os ministros do TSE:

CONTRA A CASSAÇÃO
A FAVOR DA CASSAÇÃO
Napoleão Nunes Maia
Herman Benjamin (relator)
Admar Gonzaga
Luiz Fux
Tarcísio Vieira
Rosa Weber
Gilmar Mendes


VOTO DO RELATOR
Condutor do processo e relator do caso, o ministro Herman Benjamin apontou sete fatos que, sob sua análise, demonstram o abuso de poder na campanha:
A coligação foi abastecida com recursos de propina acumulada ao longo do tempo doada por empreiteiras em troca de contratos na Petrobras;
Os marqueteiros João Santana e Mônica Moura receberam pagamentos do estaleiro Keppel Fels por contrato para construção de navios-sonda;
A empresa Sete Brasil repassou propina para o PT, que usou os recursos para abastecer a campanha de 2014;
 A Odebrecht disponibilizou para a campanha R$ 150 milhões, acumulados desde 2009 numa conta mantida a pedido dos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega;
A coligação comprou, por cerca de R$ 25 milhões, apoio de quatro partidos para aumentar o tempo de TV na propaganda eleitoral;
Pagamentos da Odebrecht para o casal de marqueteiros em conta na Suíça e em espécie de forma não declarada;
Pagamento de R$ 56 milhões a três gráficas que não teriam comprovado a prestação de todos os serviços contratados, indicando desvio de parte do dinheiro.

Benjamin desconsiderou em seu voto outras cinco infrações que não estavam no pedido inicial do PSDB, mas que, para ele, foram comprovadas ao longo da apuração.

TAIS IRREGULARIDADES INCLUÍAM:
repasses da cervejaria Petrópolis à campanha a pedido da Odebrecht, chamado “caixa 3”;
propina na campanha oriundo de desvios nas obras da Usina Angra 3;
propina na campanha a partir de desvios na Usina Belo Monte direcionada ao PMDB;
pagamento via caixa 2 a Mônica Moura e João Santana pelo empresário Eike Batista, a pedido de Mantega;
pagamento da Gráfica Atitude pela Setal.

Durante o voto, que durou quase 14 horas ao longo de quatro dias, o ministro insistiu que limitou a investigação às suspeitas levantadas pelo PSDB na ação inicial, inclusive ao tomar depoimentos de executivos da Odebrecht que fizeram delação premiada. Argumentou ainda que, como juiz eleitoral, tinha poderes para ir além, mas não usou dessa prerrogativa.

VOTO DE DESEMPATE
O placar favorável a Temer e Dilma só foi confirmado no voto do presidente do TSE, Gilmar Mendes, a quem coube desempatar o julgamento.
No voto, o ministro disse que cassação de mandato só deve ocorrer em “situações inequívocas” e que o tribunal não existe para resolver crise política, argumentando em favor da “estabilidade”.
 “Não se substitui um presidente da República a toda hora. A Constituição valoriza a soberania popular, a despeito dos valores das nossas decisões. Mas é muito relevante. A cassação de mandato deve ocorrer em situações inequívocas”, afirmou.
O ministro disse que os fatos apurados no processo poderiam contaminar disputas realizadas desde 2006, que elegeram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e depois deram a Dilma seu primeiro mandato.
O ministro disse querer o combate à corrupção, mas defendeu para isso uma reforma no sistema político.
Quanto às acusações, Gilmar Mendes considerou que o processo extrapolou o que havia inicialmente na ação do PSDB, com a inclusão de depoimentos de executivos da Odebrecht.

A AÇÃO JULGADA
A sentença do TSE põe fim à novela política que se transformou a ação apresentada pelo PSDB, em 2014, que pedia a cassação do mandato de Dilma e de Temer.
O processo foi protocolado dois meses depois de os senadores tucanos Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes (SP) terem sido derrotados na eleição.
Principal partido da oposição ao governo Dilma, o PSDB se tornou o principal aliado de Temer, ao lado do PMDB.
Os tucanos, que há três anos pediram a cassação da chapa, comandam atualmente os ministérios das Relações Exteriores (Aloysio Nunes), das Cidades (Bruno Araújo), da Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy) e dos Direitos Humanos (Luislinda Valois).

NÚMEROS DO PROCESSO

Primeira ação julgada pelo TSE para analisar a cassação de um presidente da República, o processo acumulou mais de 8,5 mil páginas.
Da apresentação das ações, em 2014, até o sentença final se passaram quase dois anos e meio.
Nesse período, o tribunal eleitoral ouviu 62 testemunhas em cinco estados e no Distrito Federal e realizou duas acareações para tentar esclarecer contradições em fatos relatados por delatores.

REMEMORE O JULGAMENTO
A análise da ação que pedia a cassação do mandato de Temer e a inelegibilidade de Dilma teve início em 4 de abril. Na ocasião, o julgamento foi adiado, logo no primeiro dia de atividades.

Para atender a solicitações do Ministério Público e dos advogados das partes, os ministros do TSE decidiram reabrir a etapa de coleta de provas, ouvir novas testemunhas e dar prazo adicional para as defesas entregarem as alegações finais (documento com as últimas manifestações sobre o caso).

O julgamento foi retomado na última terça (6), depois de um intervalo de dois meses – período em que terminaram os mandatos de dois integrantes do tribunal (Henrique Neves e Luciana Lóssio), substituídos por magistrados indicados pelo presidente Michel Temer (Admar Gonzaga e Tarcisio Vieira), conforme determina a Constituição.

A análise da ação foi encerrada nesta sexta, em uma sessão na qual o relator concluiu a leitura de uma versão resumida de seu voto de 1.080 páginas.

Após a leitura, os outros seis ministros do tribunal apresentaram os votos e, então, o presidente do TSE, Gilmar Mendes, proclamou o resultado, absolvendo a ex-presidente e o atual presidente da República. Fonte: G1, Brasília-09/06/2017