sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Por um punhado de reais ou por um punhado do Brasil

Pancadaria entre Dilma e Aécio em debate surpreende tucanos e petistas

O nível da pancadaria entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) no debate do SBT surpreendeu petistas e tucanos. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), achou o tom muito mais pesado que o de seus confrontos com Lula em 2006.

Na saída, os dois candidatos se acusavam pelo nível do debate. “Ele começou o conflito”, afirmou Dilma, recuperando-se da crise de pressão baixa. “Ela está desesperada”, disse Aécio.

Comentário: Lembra muito,  o que acontece nas redes sociais. Não tem nada sociável.

O Brasil tem o seu maior castigo é o Zé Povinho. O que é o Zé Povinho? O Zé Povinho olha para um lado e para o outro e... fica como sempre... na mesma. Ele é paciente, crédulo, submisso, humilde, manso, apático, indiferente, abúlico, cético, desconfiado, descrente e solitário, também não deixa por isso de aparecer, em constante contradição, simultaneamente capaz de se mostrar incrédulo, revoltado, resmungão, insolente, furioso, sensível, compassivo, arisco, ativo, solidário, convivente..." .

O Zé Povinho também lembra muito a estratégia do caranguejo, anda para trás quando os outros andam para frente, recua enquanto outros avançam, vai para esquerda mas não sabe voltar para o centro..

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Mapa da eleição para presidente



NO NORDESTE, Dilma obteve 16,3 milhões de votos, enquanto Marina recebeu 6,4 milhões e Aécio, 4,2 milhões.

NO NORTE, a petista teve 4 milhões de votos, ante 2,3 milhões de Aécio e 1,5 milhão de Marina. NO

TOTAL NORTE-NORDESTE: Dilma teve 20,3 milhões de votos; Marina teve 7,9 milhões de votos; Aécio teve 6,7 milhões de votos

NO SUDESTE, Aécio recebeu 17,5 milhões de votos, enquanto Dilma recebeu 14,3 milhões e Marina, 10,4 milhões. Na região Sul, o tucano obteve 7,6 milhões, ante 5,8 milhões de Dilma e 2 milhões de Marina.

NO TOTAL SUL-SUDESTE Aécio teve 25,1 milhões de votos, Dilma teve 20,1 milhões de votos, Marina teve 12,4 milhões de votos

NO CENTRO-OESTE, Aécio teve 3,1 milhões de votos, Dilma teve 2,5 milhões e Marina, 1,8 milhão.

Comentário:
A Bolsa Família faz a diferença. É coronelismo eletrônico. A Bolsa Família é o maior colégio eleitoral do Brasil.
Por exemplo; Maranhão recebe o programa Bolsa Família para quase 50% da população do Estado. O Piauí, 48% da população recebe recurso do programa.  Alagoas cerca de 47% da população é beneficiada pelo programa.

Nordeste  tem a maior concentração do Bolsa-Família, com mais de 40% da população recebendo a ajuda mensal do governo.  Em Minas Gerais 20% da população recebe o benefício.

Contraste: O Distrito Federal recebe o benefício apenas 6% da população total. Santa Catarina apenas 9% da população. São Paulo, o estado mais rico do país, apenas 10% da população total é beneficiada.  No total, quase 22% da população brasileira é beneficiada pelo Bolsa Família.

O Eduardo Campos disse uma verdade; Vemos as filhas do Bolsa Família serem mães do Bolsa Família. Vamos assistir a elas serem avós do Bolsa Família?, indagou com uma coragem incomum entre os políticos. O "ciclo da pobreza", explicou, só será ultrapassado pela qualificação dos serviços universais de educação e saúde.
A pobreza é o rebanho político do PT. É o plano Marshall para os pobres. É a arca de Noé do PT.A próxima geração pagará a conta política do fracasso do desenvolvimento do país.

sábado, 4 de outubro de 2014

A casa do brasileiro

A Pnad 2013 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), fez um raio-x dos principais itens encontrados na casa do brasileiro

Fogão-99%; Geladeira-97,3%; Maquina de lavar roupa-58,3%; Freezer- 16,9%

Filtro de água-53,5%; Televisão-97,2%; Rádio-75,8%; DVD-72,4%

Motocicleta-19,9%; Carro-43,6%

Telefone em geral (fixo e celular) – 92,7%

Somente celular – 53,1%; Somente fixo – 2,7%; Celular e fixo – 36,8%

Computador – 49,5%; Com acesso a internet – 43,1% - 86,7 milhões de pessoas

Percentual de pessoas que utilizam a internet

10 a 14 anos – 65,5%; 15 a 17 anos – 76%; 18 ou 19 anos -74,2%; 20 a 24 anos – 71%

25 a 29 anos – 65,8%; 30 a 39 anos – 58,1%; 40 a 49 anos – 44,4%; 50 ou mais anos – 21,6%

Rede de abastecimento de água- 85,3%; Rede coletora de esgoto-64,3%

Coleta de lixo – 89,8%; Iluminação elétrica – 99,6%

Comentário: A única coisa que não se encontra na maioria das casas dos brasileiros é a educação. Está na moda com a nova educação brasileira, que educação é consumo. É de difícil digestão, dá azia, gastrite, úlcera, etc. Sempre está em tratamento, não há cura.

No Brasil temos analfabetos ou pessoas sem instrução ou com menos de 1 ano de instrução – 28 milhões de pessoas. Ainda temos o analfabetismo funcional  com 30 milhões de pessoas, dados do IBGE. Número médio de anos de estudo – 7,6 anos. Pesquisa realizada pela Universidade Católica de Brasília,50% dos estudantes do ensino superior são analfabetos funcionais, ou seja, não entendem o que leem.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Ranking de Universidades THE

1412293804031-bligo-THE.jpgA avaliação britânica analisa cinco grandes critérios de 400 universidades de todo o mundo: ensino, pesquisa, número de citações em publicações científicas, inovação e internacionalização (presença de estudantes e professores estrangeiros).

1 - Caltech (EUA)

2 - Universidade Harvard (EUA)

3 - Universidade de Oxford (Reino Unido)

4 - Universidade Stanford (EUA)

5 - Universidade de Cambridge (Reino Unido)

6 - MIT (EUA)

7 - Universidade Princeton (EUA)

8 - Universidade da Califórnia, Berkeley (EUA)

9 * - Imperial College de Londres (Reino Unido)

9 * - Universidade Yale (EUA)

* Empatadas

LIDERANÇA: No THE, os Estados Unidos classificaram 74 universidades entre as 200 melhores.  Entre as 10 melhores universidades 7 são americanas.

Entre  as 200; Principais: Estados Unidos (74); Reino Unido (29); Alemanha (12); Holanda (11) Canadá (8), etc.

Entre 201 a 225: Principais: Estados Unidos (4); Reino Unido (4); Brasil (USP, 215º )

Entre 226 a 250: Principais: Canadá (7); Alemanha (4)

Entre 251 a 275: Principais: Itália (4); Estados Unidos (3); Alemanha (3), Colômbia (Universidade dos Andes, 252º); Chile (Universidade Tecnica Federico Santa Maria, 255º)

Entre 276 a 300: Principais: Estados Unidos (6); Austrália (3)

Entre 301 a 350: Principais: Estados Unidos (14); Reino Unido (4); Itália (4); Brasil (Unicamp, 338º)

Entre 351 a 400: Principais: Estados Unidos (5); Reino Unido (4); Itália (4);

POR REGIÃO

America do Sul: População: 388 milhões: 4 universidades: Brasil (2); Chile (1); Colômbia (1)

América do Norte: População: 529 milhões: 126 universidades: Estados Unidos (108); Canadá (18)

África: População: 1,11 bilhões: 4 universidades: África do Sul (3); Marrocos (1)

Europa: População: 743 milhões: 178 universidades: Reino Unido (45); Itália (17); Holanda (13); França (11); Suécia (10); Suiça (8); Finlândia (8)

Ásia: População: 4,4 bilhões: 64 universidades: Japão (12); China (12); Coréia do Sul (9); Hong Kong (6); Turquia (6); Taiwan (6); Índia (4)

Oceania: População: 37 milhões: 25 universidades: Austrália (20); Nova Zelândia (5)

Ranking:

http://www.timeshighereducation.co.uk/world-university-rankings/2014-15/world-ranking

Fonte: THE – Times Higher Education

Comentário:  A América do Sul com uma população de 388 milhões tem apenas 4 universidades no ranking, idêntico a África, enquanto Oceania com uma população de apenas 37 milhões  possui 25 universidades classificadas. No Brasil temos; Universidades: 190; Faculdades: 2020

Os Tigres asiáticos: Universidades: Coreia do Sul (9); Hong Kong (6); República da China Taiwan (6); Singapura (2)

Os Brics: Universidades: China (12); Índia (4); África do Sul (3) Brasil (2); Rússia (1)

Mercosul: Universidades: Brasil (2); Argentina (0); Paraguai (0); Uruguai (0); Venezuela (0)

Países Andinos: Universidades: Chile (1); Colômbia (1); Bolívia (0); Equador (0); Peru (0);Venezuela (0).

Analisando os dados  das classificações das universidades, podemos considerar que a região Ibero-América, que tem a maioria católica, prefere glorificar a pobreza no sentido mais amplo da palavra, enquanto as regiões protestantes glorificam a riqueza.

sábado, 20 de setembro de 2014

Universidade britânica reclama da falta de dedicação de estudantes doCsF

A Universidade de Southampton, no Reino Unido, reclamou da falta de dedicação de estudantes brasileiros bolsistas do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF). No último fim de semana, os bolsistas na instituição receberam um e-mail da Science without Borders UK (SWB UK), parceira internacional do programa no Reino Unido. A mensagem, à qual a Agência Brasil teve acesso, dizia que a instituição cogitou "deixar de oferecer estágios para estudantes no futuro". O estágio é um componente central da bolsa e também um elemento obrigatório.

O e-mail, enviado sábado (13) a todos os bolsistas na instituição, diz que o SWB UK foi "contactado pela Universidade de Southampton devido ao número considerável de reclamações das faculdades em relação ao comparecimento e à aplicação nos estudos". Outro trecho diz: "é muito decepcionante, para nós, ouvir da universidade que os resultados têm sido bastante baixos e que [os estudantes] não têm se esforçado. Eu entendo que isso não se aplica a todos vocês, no entanto, para aqueles [que estão nessa situação], gostaria de pedir que se esforcem mais e que cumpram todos os compromissos firmados, incluindo reuniões com o supervisor do projeto para monitorar o progresso."

Na mensagem, o SWB UK informa ter pedido à universidade os nomes dos bolsistas que não estão se dedicando o suficiente. Existe a possibilidade de eles terem que devolver o que receberam do programa. A universidade, localizada na cidade de Southampton, na costa sul do Reino Unido está no topo de rankings de instituições voltadas para a pesquisa. No ano passado, recebeu 38 estudantes brasileiros pelo CsF – a mensagem foi endereçada a eles. No final deste mês, a instituição recebe, por mais um ano, 33 alunos brasileiros.

OPINIÕES  DOS BOLSISTAS

1-Denise Leal foi uma das bolsistas que receberam o recado. "Eu achei ofensivo ter recebido [a mensagem] porque realmente tive comprometimento com o programa, mas entendi a intenção deles. A maioria dos estudantes que estão participando do programa não se engaja muito porque o governo [brasileiro] não exige nada em troca. Não cobra nada!", disse Denise, que cursa engenharia civil. "A gente foi meio que solto aqui. Quer estudar, estuda. Não quer estudar, viaja, porque o governo paga e não cobra resultado. O dinheiro dá e sobra, então eles preferem viajar e faltar às aulas porque não tem presença, chamada", acrescentou.

2- A falta de um controle rígido das atividades do programa foi constatada também pelo estudante de medicina Mário Henrique Vasconcelos. "Eu fazia as provas das matérias que queria. Se não quisesse fazer prova de uma determinada disciplina, era só comunicar. Não tinha nenhuma cobrança por parte do Brasil. No retorno, só precisei provar que voltei", contou Mário Henrique, que estudou na Universidade de Munique, na Alemanha. Ele disse que conhece "gente que não foi a uma aula sequer".

3-"Eu diria que mais de 50% dos bolsistas não levavam aquela oportunidade a sério. Tanto que eu saí da Austrália com vergonha de dizer que fazia parte do programa", lembrou Carolina Del Lama Marques, que estudou ciências biológicas na Universidade de Queensland, em Brisbane, na Austrália. "Acabei até evitando estar no meio dos brasileiros do programa, pois muitos deles falavam abertamente que estavam ali para viajar e aproveitar o dinheiro da bolsa. Eu também viajei e acho que isso é uma parte muito importante do intercâmbio, mas não me impediu de pegar matérias puxadas, que só teria oportunidade de fazer lá, de trabalhar em laboratórios de pesquisa reconhecidos no mundo todo e de fazer contatos importantes."

Ciência sem Fronteiras - O CsF foi lançado em 2011, com o objetivo de promover a mobilidade internacional de estudantes e pesquisadores e incentivar a visita de jovens pesquisadores altamente qualificados e professores seniores ao Brasil. Oferece bolsas, prioritariamente, nas áreas de ciências exatas, matemática, química e biologia, engenharias, áreas tecnológicas e da saúde. A meta é oferecer 101 mil bolsas até o final deste ano. A partir do ano que vem, começa uma nova segunda etapa, com mais 100 mil bolsas, que devem ser implementadas até 2018.

O governo foi procurado, e a resposta coube ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que controla as bolsas oferecidas no Reino Unido. Segundo a autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o programa trabalha no exterior com "parceiros internacionais capacitados", aos quais cabe "fazer o acompanhamento dos estudantes quanto a problemas de relacionamento com a universidade, de adaptação à cultura, problemas de saúde e de desempenho acadêmico". Isso ocorre em todos os países conveniados ao CsF. Fonte: Agencia Brasil-16/09/2014 

Comentário: É o trem da alegria educacional. E até melhorou, pois inicialmente poderia escolher Portugal para estudar língua estrangeira? Alguns bolsistas disseram que o português de Portugal já é quase uma segunda língua????

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A nostalgia das ossadas

Um  artigo da década de 90 é tão atual para analisar os paleontólogos da esquerda da Comissão da Verdade. Ou  Coxinha da Esquerda, a verdade está apenas com a Comissão da Verdade

Artigo: "Uma revolução não é o mesmo que convidar alguém para jantar, escrever um ensaio, ou pintar um quadro... Uma revolução é uma insurreição, um ato de violência pelo qual uma classe derruba a outra" Mao Tsé-Tung

Dizia-me um amigo argentino, nos anos 60, que seu país, rico antes da Segunda Guerra, optara no pós-guerra pelo subdesenvolvimento e pelo terceiro mundismo. E não se livraria dessa neurose enquanto não se livrasse de três complexos: o complexo da madona, o fascínio das ossadas e a hipóstase da personalidade. Duas madonas se tinham convertido em líderes políticos - Evita e Isabelita. As ossadas de Evita foram alternativamente sequestradas e adoradas, exercendo absurdo magnetismo sobre a população. E a identidade nacional era prejudicada pelo fato de o argentino ser um italiano que fala espanhol e gostaria de ser inglês...

A Argentina parece ter hoje superado esses complexos. Agora, é o Brasil que importa (sem direitos aduaneiros como convêm ao Mercosul) um desses complexos.

Os estrangeiros que abrem nossos jornais não podem deixar de se impressionar com o espaço ocupado pelas ossadas: as ossadas sexuais de PC Farias, as ossadas ideológicas dos guerrilheiros do Araguaia e as perfurações do esqueleto do capitão Lamarca! Em vez de importarmos da Argentina a tecnologia de laticínios, estamos importando peritos em "arqueologia moderna", para cavoucar as ossadas do cemitério da Xambioá. Há ainda quem queira exumar cadáveres e ressuscitar frangalhos do desastre automobilístico que matou Juscelino, à procura de um assassino secreto. Em suma, estamos caminhando com olhos fixos no retrovisor. E o retrovisor exibe cemitérios.

Na olimpíada mundial de violência, os militares brasileiros da revolução de 1964 não passariam na mais rudimentar das eliminatórias. Perderiam feio para os campeões socialistas, como Lênin, Stálin e Mao Tsé-Tung. Seriam insignificantes mesmo face a atletas menores, como Fidel Castro, Pol Pot, do Camboja, ou Mengistu, da Etiópia.

Os 136 mortos ou desaparecidos em poder do Estado, ao longo das duas décadas de militarismo brasileiro, pareceriam inexpressivos a Fidel, que só na primeira noite pós-revolucionária fuzilou 50 pessoas num estádio. Nas semanas seguintes, na Fortaleza La Cabaña, em Havana, despachou mais 700 (dos quais 400 membros do anterior governo). E ao longo de seus 37 anos de ditadura, estima-se ter fuzilado 10 mil pessoas. Isso em termos da população brasileira equivaleria a 150 mil vítimas. Tiveram de fugir da ilha, perecendo muitos afogados no Caribe, 10% da população, o que, nas dimensões brasileiras, seria equivalente à população da Grande São Paulo.

Definitivamente, na ginástica do extermínio, os militares brasileiros se revelaram singularmente incompetentes. Também em matéria de tortura nossa tecnologia é primitiva, se comparada aos experimentos fidelistas no Combinado del Este, na Fortaleza La Cabaña e nos campos de Aguica e Holguín. Em La Cabaña havia uma forma de tortura que escapou à imaginação dos alcaguetes da ditadura Vargas ou dos "gorilas" do período militar: prisioneiros políticos no andar de baixo recebiam a descarga das latrinas das celas do andar superior.

O debate na mídia sobre os guerrilheiros do Araguaia precisa ser devidamente "contextualizado" (como dizem nossos sociólogos de esquerda). Sobretudo em benefício dos jovens que não viveram aquela época conturbada. A década dos 60 e o começo dos 70 foram marcados mundialmente por duas características: uma guinada mundial para o autoritarismo e o apogeu da Guerra Fria. Basta notar que um terço das democracias que funcionavam em 1956 foram suplantadas por regimes autoritários nos principais países da América Latina, estendendo-se o fenômeno à Grécia, Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e à própria Índia, onde Indira Ghandi criou um período de exceção.

Na América Latina, alastrou-se o que o sociólogo O'Donnell chamou de "autoritarismo burocrático". O refluxo da onda democrática só viria nos anos 80, que assistiria também à implosão das ditaduras socialistas.

Uma segunda característica daqueles anos foi a agudização do conflito ideológico. Na era Kennedy (1961-63), que eu vivenciei como embaixador em Washington, houve nada menos que duas ameaças de conflito nuclear. Uma, em virtude do ultimato de Kruschov sobre Berlim, e outra, a crise dos mísseis em Cuba. Em meados da década, viria a tragédia do Vietnã.

É nesse contexto que deve ser analisado o episódio dos guerrilheiros do Araguaia e da morte de Lamarca. Não se tratavam de escoteiros, fazendo piqueniques na selva com canivetes suíços. Eram ideólogos enraivecidos, cuja doutrina era o "foquismo" de Che Guevara: criar focos de insurreição, visando a implantar um regime radical de esquerda. Felizmente fracassaram, e isso nos preservou do enorme potencial de violência acima descrito.

Durante nossos "anos de chumbo", não só os guerrilheiros sofreram; 104 militares, policiais e civis, obedecendo a ordens de combate ou executados por terroristas, perderam a vida. Sobre esses, há uma conspiração de silêncio e, obviamente, nenhuma proposta de indenização. Qualquer balanço objetivo do decênio 1965-75 revelará que no Brasil houve repressão e desenvolvimento econômico (foi a era do "milagre brasileiro"), enquanto nos socialismos terceiromundistas e no leste europeu houve repressão e estagnação.

É também coisa de politólogos românticos pensar que a revolução de 1964 nada fez senão interromper um processo normal de sucessão democrática. A opção, na época, não era entre duas formas de democracia: a social e a liberal. Era entre dois autoritarismos: o de esquerda, ideológico e raivoso, e o de direita, encabulado e biodegradável.

Hoje se sabe, à luz da abertura de arquivos, que a CIA e o KGB (que em tudo discordam) tinham surpreendente concordância na análise do fenômeno brasileiro: o Brasil experimentaria uma interrupção no processo democrático de substituição de lideranças. Reproduzindo o paradigma varguista, Jango Goulart, pressionado por Brizola, queria também seu "Estado Novo". Apenas com sinais trocados: uma república sindicalista.

As embaixadas estrangeiras em Washington, com as quais eu mantinha relações como embaixador brasileiro, admitiam, nos informes aos respectivos governos, três cenários para a conjuntura brasileira: autoritarismo de esquerda, prosseguimento da anarquia peleguista com subsequente radicalização, ou guerra civil de motivação ideológica. Ninguém apostava num desenlace democrático...

Parece-me também surrealista a atual romantização pela mídia (com repercussões no Judiciário) da figura do capitão Lamarca, que as Forças Armadas consideram um desertor e terrorista. Ele faz muito melhor o perfil de executor do que de executado. Versátil nos instrumentos, ele matou a coronhadas o tenente Paulo Alberto, aprisionado no vale da Ribeira, fuzilou o capitão americano Charles Chandler, matou com uma bomba o sargento Mário Kozell Filho, abateu com um tiro na nuca o guarda-civil Mário Orlando Pinto, com um tiro nas costas o segurança Delmo de Carvalho Araujo e procedeu ao "justiçamento" de Mário Leito Toledo, militante do Partido Comunista que resolvera arrepender-se.

Aliás, foram dez os "justiçados" pelos seus próprios companheiros de esquerda. Se o executor acabou executado nos sertões da Bahia, é matéria controvertida. Os laudos periciais revelam vários ferimentos, mas nenhum deles oriundo de técnicas eficientes de execução que o próprio Lamarca usara no passado: tiro na nuca (metodologia chinesa), tiro na cabeça (opção stalinista) ou fuzilamento no coração (método cubano). As Forças Armadas têm razão em considerar uma profanação incluir-se Lamarca na galeria de heróis.

As décadas de 60 e 70, no auge da Guerra Fria, foram épocas de imensa brutalidade. Merecem ser esquecidas, e esse foi o objeto da Lei de Anistia, que permitiu nossa transição civilizada do autoritarismo para a democracia. Deixemos em paz as ossadas. Nada tenho contra a monetização da saudade, representada pela indenização às famílias das vítimas. Essa indenização é economicamente factível no nosso caso. Os democratas cubanos, quando cair a ditadura de Fidel Castro, é que enfrentariam um problema insolúvel se quisessem criar uma "comissão especial" para arbitrar indenizações aos desaparecidos. Isso consumiria uma boa parte do minguado PIB cubano!

Nosso problema é saber se a monetização da saudade deve ser unilateral, beneficiando apenas as famílias dos que se opunham à revolução de 1964. Há saudades, famílias e ossadas de ambos os lados. Fonte: Roberto Campos - 4/8/96