segunda-feira, 19 de maio de 2014

De onde vem o dinheiro da Copa?

1) Quanto custará a Copa no Brasil?
A previsão atual do comitê organizador é que sejam investidos em obras relacionadas a Copa um total de R$ 28,1 bilhões.

Aí estão incluídos os projetos que vão desde obras de infraestrutura básica, como aeroportos e corredores exclusivos para ônibus, até gastos diretamente ligados ao torneio de futebol.

Do total, R$ 7,5 bilhões serão gastos em estádios; R$ 8,9 bilhões em obras de mobilidade urbana; R$ 8,4 bilhões em aeroportos e R$ 1,9 bilhão em segurança. O restante será investido em desenvolvimento turístico, portos e telecomunicações.

Tais obras fazem parte do que o governo chamou de "Matriz de Responsabilidade" da Copa.

2) Foi a Copa mais cara da história?
A comparação entre países é complicada por uma série de razões, como explicou para a BBC Brasil Holger Preuss, Professor de Economia do Esporte na Universidade Johannes Gutenberg-University, na Alemanha, que estudou o impacto econômico das duas últimas Copas.

Para começar, nem sempre os governos realizadores dos eventos disponibilizam seus gastos. "E mesmo que o façam, a prestação de contas não é padronizada, o que dificulta a comparação", diz Preuss.

Recentemente, a Rússia anunciou que seus gastos para o evento de 2018 devem ficar em mais de R$ 35 bilhões, por exemplo – e no caso russo, a lista de projetos também inclui obras de infraestrutura básica e mobilidade urbana.

"De fato, é preciso muito cuidado para evitar uma comparação entre maçãs e bananas", concorda o especialista em Gestão, Marketing e Direito no Esporte Pedro Trengrouse, da FGV. "Muitas dessas obras só foram catalisadas pela Copa. Não há dúvida de que precisávamos de mais aeroportos, por exemplo. Só o aeroporto de Atlanta, nos EUA, tem mais fingers (passarelas móveis usadas para o embarque de passageiros) do que todos os aeroportos do Brasil juntos".

É claro que isso não quer dizer que os custos de algumas obras específicas não possam ser contestados – nem que não haja exageros de gastos, irregularidades ou superfaturamento em algumas, ou muitas, delas.

3) Quem paga pelas obras da Copa?
bligo-CopaMundoBrasil1.jpgCerca de um terço do valor das obras (R$ 8,7 bilhões) está sendo financiado por bancos federais – Caixa Econômica Federal, BNDES e BNB (Banco do Nordeste do Brasil).

Boa parte desses empréstimos é tomada pelos próprios governos estaduais, sozinhos ou em parcerias com o setor privado (PPPs), embora alguns empréstimos também sejam contraídos por entes privados (como os R$ 400 liberados pelo BNDES para o Corinthians construir o Itaquerão).

Além disso, as obras da Matriz de Responsabilidade da Copa também consumirão R$ 6,5 bilhões do orçamento federal e R$ 7,3 bilhões de governos locais (estaduais e municipais). Dos R$ 28,1 bilhões, apenas R$ 5,6 bilhões serão recursos privados (que se concentram principalmente nos aeroportos).

4) E pelos estádios?
Os bancos federais financiaram cerca de metade dos R$ 7,5 bilhões gastos em arenas para a Copa. Apenas R$ 820 milhões foram financiados com recursos privados (segundo valores da CGU, que diferem um pouco de um levantamento do Tribunal de Contas da União). O restante dos recursos foi aportado por governos locais, principalmente estaduais. Na Alemanha, Preuss conta que os recursos públicos financiaram apenas um terço dos 1,5 bilhão de euros gastos em estádios.

Segundo o secretário federal de Controle Interno da Controladoria-Geral da União, Valdir Agapito, dos 12 estádios, 4 são públicos e foram, ou estão sendo construídos ou reformados pelos governos estaduais (Brasília, Manaus, Rio de Janeiro e Cuiabá – apesar de o Maracanã, no Rio, estar prestes a ser entregue para exploração pelo setor privado), 5 estão a encargo de esquemas de Parcerias Publico Privadas, ou PPPs, (Salvador, Natal, Fortaleza, Recife e Belo Horizonte) e 3 são privados (Curitiba, Porto Alegre e São Paulo).

5) Como os governos pretendem recuperar esse dinheiro?
No caso das PPPs, os estádios serão entregues para exploração pelo setor privado, e o retorno que obtiverem com jogos e uso dessas estruturas em shows e grandes eventos seria usado para ajudar a pagar os empréstimos aos bancos federais.

Os três estádios públicos serão administrados pelos próprios Estados. Ainda há dúvidas sobre a rentabilidade de algumas arenas em capitais menos populosas no longo prazo. O medo é que elas se tornem "elefantes brancos". A rentabilidade das concessões ao setor privado para os Estados também é contestada por alguns movimentos da sociedade civil.

6) Como a Fifa lucra com o evento?
A Fifa lucra com os contratos de transmissão dos jogos, de marketing e com os patrocinadores. Ela tem seis patrocinadores fixos (Adidas, Coca-Cola, Emirates, Hyundai, Sony e Visa) e contratos exclusivos para a Copa (no caso do Brasil, já são 14).

Além disso, a entidade não precisa pagar impostos no Brasil - privilégio também garantido em outros Mundiais.

"A Fifa faz uma festa privada e se você quiser que essa festa seja na sua casa, precisa aceitar as condições da entidade", diz Preuss. "A verdade é que ela não está comprometida com o desenvolvimento econômico dos países que sediam as Copas. A princípio é uma entidade sem fins lucrativos, mas cujo compromisso é com a promoção do esporte – e particularmente do futebol - no mundo."

7) Quanto foi comprometido em isenção fiscal?
Aprovado em 2010, o Regime Especial de Tributação para Construção e Reforma de Estádios da Copa, programa conhecido como Recopa, garante a desoneração de impostos como IPI, PIS/ Pasep e Cofins, além de tarifas de importação, na aquisição de equipamentos e contratação de serviços para a construção de estádios do mundial.

De acordo com uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União), porém, as isenções de impostos federais concedidas às construtoras responsáveis pelos estádios da Copa somariam R$ 329 milhões.

No caso das isenções para a Fifa, estima-se que o total desonerado ficaria em torno de R$1 bilhão. Fonte: BBC Brasil- 27 de junho, 2013

Comentário: Segundo dados da Folha de S.Paulo,  o país não cumpriu nem metade daquilo que se comprometeu a fazer para o Mundial em relação a Matriz de Responsabilidade (obras de infraestrutura e mobilidade urbana). Das 167 intervenções anunciadas, apenas 68 estão prontas, ou 41%. Outras 88 (53%) ainda estão incompletas ou ficarão para depois da Copa. Onze obras foram abandonadas e não sairão do papel. Apenas 10% das obras estão concluídas – a maior parte está incompleta. O Brasil foi escolhido em 30 de outubro de 2007 para ser a sede da Copa do Mundo. Teve tempo suficiente para executar o projeto, mas é um país de apenas de festa, carnaval e futebol. Não leva nada a sério.É o país festeiro, arroz de festa.

domingo, 18 de maio de 2014

O Chile e a armadilha dos países de renda média



A armadilha na qual o Chile pode estar caindo é a de querer replicar um Estado de bem-estar ao estilo europeu em um país que ainda não é rico

Por muitos anos os economistas estudaram se existe uma “armadilha dos países de renda média” que explicaria por que algumas nações parecem ficar a meio caminho entre a pobreza e a prosperidade. A análise é pertinente considerando que na América Latina temos um país que, estando às vésperas do desenvolvimento, parece começar a renegar o próprio êxito.

Segundo a teoria, os países de renda média podem ver-se enredados no subdesenvolvimento ao não poder competir com as nações mais pobres em abundância de mão de obra barata nem com as mais ricas em desenvolvimento tecnológico. A ausência dessas vantagens competitivas explicaria por que as nações parecem experimentar uma queda em suas taxas de crescimento econômico quando a renda per capita nacional se encontra entre os US$ 11.000 e US$ 16.000, aproximadamente (medido em paridade de poder aquisitivo, PPA).

No entanto, como afirmara a revista The Economist em um artigo esclarecedor há um ano, a evidência empírica não parece sustentar tal tese. Embora um país possa sofrer uma desaceleração em seu ritmo de crescimento à medida que se aproxima de nações desenvolvidas, em nenhum sentido isso implica um estancamento econômico. Isso parece explicar o caso do país mais avançado da América Latina.

Com US$ 19.067 (PPA) em 2013, o Chile tem a renda per capita mais alta da América Latina. Seu êxito econômico foi acompanhado de grandes avanços sociais e institucionais: a CEPAL indica que conta com o desempenho mais impressionante em redução do nível de pobreza nos últimos 20 anos na região (de 45% em 1990 para 11% em 2011). O Chile está na frente na América Latina em desenvolvimento humano, segundo as Nações Unidas. E o World Justice Project o situa como o país com as instituições democráticas mais fortes da região – um fato destacável, pois foi a última nação da América do Sul a abandonar a ditadura militar.

O Chile alcançou o status de país de renda média em 2003. Nos 10 anos anteriores a esse marco histórico teve uma taxa média de crescimento anual de 4,6% enquanto na década seguinte a média foi de 4,7% ao ano. Não houve desaceleração. Ao contrário, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional, para 2008 o país andino superaria o limite de US$23.000 que qualifica uma nação como “desenvolvida”.

O contínuo êxito econômico chileno se assenta em sua decidida aposta em um modelo de livre mercado. Em 1975 essa nação tinha a economia mais fechada da América Latina, de acordo com a medição dos países pelo índice de Liberdade Econômica no Mundo, publicado anualmente pelo Fraser Institute. Depois de anos de profundas reformas estruturais durante o regime de Augusto Pinochet, que posteriormente foram consolidadas e até ampliadas pelos governos democráticos de centro-esquerda, o Chile conta hoje com a economia mais aberta e moderna da região.

No entanto, o Chile bem poderia estar sofrendo de outro tipo de armadilha do desenvolvimento. A chegada ao poder de um novo governo de esquerda ocorre depois de vários anos de descontentamento social e de protestos, principalmente estudantis, que, no fundo, exigem acabar com o modelo econômico que deu origem a tanto progresso. O historiador chileno Mauricio Rojas descreve a ironia como “o mal-estar do sucesso”: uma classe média frustrada não por suas carências materiais, mas por aspirações desproporcionais de desenvolvimento. Esse inconformismo, que provocou uma radicalização da outrora pragmática esquerda chilena, se traduziu em maiores demandas redistribuitivas.

As primeiras medidas anunciadas pela presidenta Michelle Bachelet indicam que seu governo efetivamente procurará maior intervenção do Estado na economia, iniciando com uma reforma no sistema de impostos que pretende elevar a carga tributária em três pontos porcentuais do PIB. A isso se somam promessas de educação superior gratuita e subsídios a medicamentos.

A armadilha na qual o Chile poderia estar caindo é a de querer reproduzir um Estado de bem-estar social à europeia em um país que ainda não é rico. Não foi mediante altos impostos e um elevado gasto público que a Europa conseguiu o desenvolvimento. Ao contrário, como demonstra o atrofiado desempenho econômico do Velho Continente nos últimos 15 anos, até economias industrializadas como as europeias podem cair sob o peso de onerosas estruturas estatais.

 Desse modo, pelo menos no caso particular do Chile, a verdadeira armadilha do desenvolvimento não se assentaria na ausência de vantagens competitivas vis-à-vis outras nações, mas sim nas expectativas desmesuradas de uma classe média que se sentiu rica antes do tempo. É muito cedo ainda para determinar se o Chile verá seu caminho em direção à prosperidade descarrilar, mas certamente sua experiência nos próximos anos servirá de lição para o restante da América Latina. Fonte: El Pais - 15 Mai 2014 - Juan Carlos Hidalgo 

sábado, 17 de maio de 2014

Bachelet impõe às empresas sua radical reforma tributária

A presidente do Chile Michelle Bachelet aprovou na Câmara a reforma tributária que impõe um significativo aumento dos impostos sobre o capital. Empresas que hoje pagam 20% sobre lucros devem pagar 35% em tributos a partir do próximo ano.

O projeto de lei agora vai à votação no Senado, onde a oposição admite que não têm votos suficientes para derrubá-lo. O governo e partidos aliados intensificam a campanha explicativa na televisão e na internet.

O Chile arrisca-se numa radical mudança de rumo na política econômica, a partir de profundas alterações na estrutura tributária em vigor há quatro décadas — incluindo a criação de imposto sobre a emissão de gases de efeito estufa. O objetivo é aumentar a receita governamental em dois pontos percentuais do Produto Interno Bruto, um adicional estimado em US$ 8 bilhões em arrecadação.

Desde a ditadura do general Augusto Pinochet, nos anos 70, o país convive com um sistema pelo qual o ganho salarial pode ser tributado em até 40% e o lucro empresarial no máximo 20% (empresas estrangeiras têm isenção quase total). Essa política liberal teve resultados concretos — o mais destacável é o crescimento econômico acelerado em ambiente de inflação baixa, durante três décadas.

Algumas consequências sociais são perceptíveis. Uma delas é que o país se tornou o mais próspero da América do Sul. Sua renda per capita era de US$ 5 mil em 1990, saltou para US$ 19 mil. A pobreza caiu, de 45% da população em 1985, para 14% atualmente.

Outra é a desigualdade social produzida por uma economia que ficou muito mais concentrada, nesse período. Com uma carga tributária reduzida, os mais ricos (10% da população) têm ganhos 27 vezes superiores aos dos mais pobres.

Isso levou a uma situação na qual 84% dos gerentes das 100 maiores empresas instaladas no Chile foram educados em escolas privadas, cuja tabela de preços só permite acesso a apenas 7% da população em idade escolar. E metade dessa elite gerencial saiu de apenas cinco escolas particulares, todas mantidas pela Igreja Católica.

A oposição chilena acha que a socialista Michelle Bachelet, com essa reforma, conduz o país a um salto no escuro. "Quem vai pagar a conta é a classe média e as pequenas e médias empresas", argumenta o deputado oposicionista José Manuel Edwards. Oswaldo Andrade, presidente do Partido Socialista, retruca: "Os poderosos reagem quando se mexe no bolso deles".

Controvérsia à parte, o Chile está diante de uma proeza política. Com apenas 63 dias no poder, Michelle Bachelet colocou seus ministros para viajar pelo país, explicando os objetivos da mais ampla reforma tributária das últimas quatro décadas. Com o apoio conquistado, já conseguiu percorrer metade do caminho legislativo.

Ao mesmo tempo, avança na garantia de respaldo ao seu projeto de reforma educacional, que deve entrar em pauta no Senado na próxima semana. E o governo prevê, ainda, chegar ao final deste ano com a aprovação parcial de uma nova Constituição — a atual é de 1980, aprovada em plebiscito no ocaso da ditadura.

A socialista Bachelet, 57 anos, foi eleita em dezembro com 62% dos votos no segundo turno de uma disputa marcada pela ausência de 51% do eleitorado nas urnas. Está no segundo mandato, tem o hábito de falar pouco e trabalhar muito. Pode-se discordar do mérito das iniciativas, mas é inegável que ela está fazendo exatamente aquilo que, como candidata, havia previsto — por escrito — no seu detalhado programa de governo. Fonte: O Globo-16 de maio de 2014

Comentário: Essa é a visão clássica da esquerda na América Latina tirar dos ricos e dar para os pobres. Os governos querem copiar  o Estado de bem-estar ao estilo europeu, lá tem trabalhar muito e estudar muito e os países chegaram a uma estabilidade de riqueza,  e o Chile  ainda não é rico apesar de possuir a maior renda per capita da América do Sul. É a Arca de Noé da inclusão social. O tiro poderá sair pela culatra. No fundo quem deve pagar é a sociedade, através de produtos mais caros, perda de competitividade das empresas exportadoras, poderá aumentar o desemprego para que as empresas possam readequar a esses novos impostos. Será mais um país bolivariano?

sábado, 10 de maio de 2014

NY recebe 895 mil brasileiros em 2013

A alta do dólar no segundo semestre de 2013 parece não ter sido suficiente para superar a atração que Nova York exerce sobre o turista brasileiro. O número de visitantes do país na cidade cresceu 11% no último ano, chegando a 895 mil pessoas em 2013, um recorde. Em uma década, o volume de turistas brasileiros cresceu quase 11 vezes.

O aumento do último ano superou os 4,6% de crescimento do total de visitantes estrangeiros e foi o segundo maior entre as dez principais origens internacionais (países e regiões), perdendo apenas para a China (19%).

Os brasileiros, no entanto, são mais numerosos que os chineses e ocupam o terceiro lugar no ranking, atrás do Canadá e do Reino Unido.

Na cidade, cada brasileiro gasta, em média, US$ 3.000 por viagem, de acordo com a NYC & Company. Segundo essa conta, teriam deixado, no mínimo, US$ 2,7 bilhões para o turismo e o comércio de Nova York em 2013. Fonte: Folha de São Paulo-9 de maio de 2014

Comentário:O gasto dos brasileiros em Miami em 2013 superou US$ 1,68 bilhões. Segundo o levantamento, cada turista gastou, em média, US$ 285,32 por dia de viagem, e um total de US$ 2.225,50 na viagem como um todo. Foram 755,5 mil turistas. Pelo jeito,  Nova York e Miami são o novo Paraguai para as sacoleiras. 

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Pessoas dentro da farda

A 13 de março último, o aspirante a oficial da PM, Leidson Alves, 27 anos, foi morto com um tiro na cabeça por traficantes durante um patrulhamento no morro do Alemão. Foi o 19º PM morto neste ano no Rio, sendo 13 em emboscadas parecidas --alguns quando estavam de folga. A 7 de abril, ao voltar para casa, outro PM, Lucas Barreto, 23, foi capturado em São Gonçalo e levado para uma favela. Deram-lhe oito tiros, a maioria nas pernas, e o jogaram num matagal.

Desde então, não sei a quantas anda a estatística de PMs cariocas mortos ou feridos --não em combate, como de praxe no ofício, mas pelas costas, à traição. Nem sempre os jornais registram que o policial assassinado era jovem, recém-casado, filho exemplar ou pai de filhos. Artistas da Globo não vão a seus enterros. Não se sabe de missas por suas almas e, na verdade, ninguém está interessado. É como se não houvesse uma pessoa dentro da farda.

Nas últimas "manifestações" no Rio, elementos brandiram cartazes dizendo "Fora UPP" e "UPP assassina". É fácil protestar contra as Unidades de Polícia Pacificadora. Quando um policial comete um excesso ou mata alguém, pode enfrentar processo, ser expulso da polícia ou ir preso. Mas ainda não se viu nenhum cartaz dizendo "Fora traficantes". E, no entanto, contra a violência destes, não há recurso --a comunidade tem de aceitar calada os tapas na cara, o estupro de suas filhas e as execuções sumárias de quem eles considerem suspeitos.

É difícil acreditar que essa hostilidade à polícia parta de gente de bem nas comunidades. Os números mostram que, com as UPPs, as mortes diminuíram, os serviços aumentaram e sua economia cresceu.

Tais dados são lesivos, isto, sim, aos traficantes, às milícias, aos que vivem das migalhas do crime e a políticos que, para sobreviver, precisam que as UPPs fracassem. Fonte: Folha de São Paulo - 30 de abril de 2014

Comentário: Artigo muito bem escrito pelo jornalista Ruy Castro. O policial não é uma celebridade. Não tem os 15 minutos de fama. Ele salva a vida ou protege a vida. Mas a sociedade não reconhece esse valor do serviço.

No Brasil quando morre um policial, parece, um fantasma, ninguém vê, principalmente a sociedade, a mídia, as autoridades públicas, apenas comparecem no funeral os familiares, amigos ou colegas. É uma farda sem corpo. Todos esquecem os serviços prestados a sociedade.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Ecossistema, cadeia alimentar e os lobos

Em 1800, a expansão para oeste, trouxe os colonos e seus animais que entraram em contato direto com os lobos. Grande parte deles foram caçados ou domesticados, por causa da introdução da agricultura e de pastagem para gados. Na década de 1900,  os lobos tinham sido quase totalmente eliminados em 48 estados.

Em 1991 o congresso americano forneceu fundos para  agencia de Pesca e Vida Selvagem americana para reintroduzir em forma experimental os lobos no parque.

Essa reintrodução fazia parte da política de restauração da agencia de Parque Nacional  quanto às espécies nativas.

Essa política consiste;

(a) existe habitat suficiente para sustentabilidade da população nativa

(b) a administração pode evitar graves ameaças aos interesses externos,

(c) a subespécie restaurada quase se assemelha a subespécie extirpadas, e

(d) a extirpação resultou de atividades humanas.

Finalmente em 2000, após discussões e ações legais, os lobos permaneceram no parque.

Resultados da Restauração
Estudos indicam houve maior biodiversidade em todo o Grande Ecossistema de Yellowstone.  Os lobos estão no topo de predadores da cadeia alimentar. Os lobos caçam alces, bisões, coiotes, controlando sua população e suas carcaças fornecem alimentos para uma grande variedade de outros animais, predadores menores, roedores e aves de rapina. Fonte: National Park Service.

Comentário: Como é importante o equilíbrio  do ecossistema. A intervenção humana sempre rompe essa linha tênue desse equilíbrio . O ser humano não percebe, que  ele é o responsável para gerenciar esse equilíbrio. 

domingo, 4 de maio de 2014

Escassez em Cuba chega a preservativos

Os cubanos se acostumaram a conviver com escassez; sabonete, papel higiênico e até mesmo a cerveja nacional Cristal são alguns dos produtos básicos que, recentemente, sumiram das prateleiras.

Rumores tomam as ruas na busca por explicações - a fábrica está contaminada, o Estado não pode pagar seus fornecedores - até que os produtos, silenciosamente, reaparecem.

Mas ao menos você sabia que encontraria preservativos nas prateleiras. Até agora. Um pacote com três preservativos, fortemente subsidiado pelo serviço público de saúde, geralmente custa um peso cubano (US$ 0,04). Mas uma mulher que esperava um ônibus em Havana reclamou que tentou recentemente buscar o produto na farmácia e não o encontrou.

O problema parece ser generalizado. Há quase um mês, o jornal sindical Trabajadores noticiou a escassez de preservativos na província de Santiago de Cuba, no leste do país. Farmácias e cafés estatais que vendem preservativos estão há quase três meses sem tê-los.

"(A falta) gera grande preocupação, pelo nível de infecção de doenças sexualmente transmissíveis e Aids", disse o jornal, ao informar que as contaminações estavam aumentando.

Depois veio o jornal Vanguardia, de Villa Clara, que destacou "as ausências perigosas", citando o desabastecimento completo de preservativos. Segundo o jornal, houve um ligeiro aumento de casos de sífilis na região neste ano.

A explicação oficial

Ao contrário de papel higiênico, sabão ou cerveja, agora há pelo menos uma explicação oficial para a escassez. De acordo com a mídia estatal, um grande carregamento de preservativos chineses "Momentos" chegou com data de validade de 2012.

No entanto, de acordo com o fabricante, os produtos eram, na verdade, válidos até 2014, o que foi confirmado pelos controladores de qualidade de Cuba.

Uma operação foi iniciada para alterar a data de cada pacote – um processo lento e responsável pela falta dos produtos nas prateleiras. O que não foi explicado é por que levou-se tanto tempo para iniciar o processo de correção das embalagens, se, como o Vanguardia disse, o erro foi detectado em 2012.

E, agora, os problemas de abastecimento chegaram a Havana. No bairro central de Vedado, nenhuma das três farmácias ou dos três cafés estatais visitados pela BBC tinha preservativos à venda. Todos os estabelecimentos disseram que a falta já durava "algum tempo".

Educação sexual

A educação sexual nas escolas cubanas começa cedo, e cubanos não têm vergonha de abordar o tema. O fornecimento de preservativos em eventos públicos é bastante comum e consultórios médicos estão cobertos com cartazes anunciando mensagens de sexo seguro. Portanto, há grande demanda por preservativos.

"As campanhas de conscientização sobre o HIV tiveram um grande impacto em particular", disse Yadira Alvarez, especialista do Centro de Educação Sexual (Cenesex), que diz que a escassez de preservativos é "um grande motivo de preocupação". "Até agora a situação é estável. (Mas) esta situação (de escassez) gera um alarme".

A mídia estatal disse que o Ministério da Saúde ordenou que farmácias vendam os preservativos "Momentos" sem a mudança nas embalagens e que informem os clientes sobre o erro. Fonte: BBC News-25 de abril, 2014

Comentário: A Venezuela copiou tudo de Cuba até a escassez, mas a única coisa que não conseguiu foi um clone do Fidel. O Fidel venezuelano morreu prematuro. Qual seria longevidade do Fidel? Seria a procura do santo graal do socialismo?