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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

História: A ditadura faz 50 anos

Para os jovens, 50 anos é um considerável período de tempo. Aos velhos, que já viveram mais de meio século, parece um ponto no passado. Para a disciplina de história, uma data redonda, suscitando reflexões, debates e a possibilidade de encontrar hipóteses e ângulos de análise inovadores e construtivos.

Considerando os limites deste artigo, escolhi um tema a respeito do qual tem havido muitas controvérsias. Refiro-me ao caráter da ditadura.
Desde a vitória do golpe de 1964, as forças políticas de esquerda, derrotadas, não hesitaram em caracterizar a ditadura como militar

Desde a vitória do golpe de 1964, as forças políticas de esquerda, derrotadas, não hesitaram em caracterizar a ditadura como militar. Tratava-se de isolar os mais importantes protagonistas, os chefes militares, ridicularizados como truculentos, pouco inteligentes. Não passavam de ‘gorilas’, como se dizia. Era um recurso – legítimo – da luta política, quando se pretende menos compreender o que se passa do que isolar e derrotar os adversários ou os inimigos.

DITADURA MILITAR
A expressão consolidou-se entre as várias correntes que se opunham ao regime. Consagrou-se como verdade indiscutível à medida que as oposições cresciam, reforçando-se inclusive com adeptos da ditadura que dela se afastavam e não queriam pensar ou falar de suas cumplicidades com a mesma. Houve um momento, em meados dos anos 1980, em que a imensa maioria da sociedade brasileira professava um horror sagrado à ditadura.

MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma operação de memória. Mas memória não é história. Esta se constrói com evidências, obtidas em fontes disponíveis, compartilhadas pelos pesquisadores.

Essas evidências mostram que diferentes – e amplos – segmentos civis participaram ativamente da preparação do golpe, de sua sustentação e do apoio aos governos ditatoriais. Não foi algo limitado às elites empresariais e eclesiásticas, como René Dreifuss mostrou pioneiramente nos anos 1980.

O golpe de 1964 não foi um movimento exclusivamente militar. Diversos setores civis participaram de sua preparação e de sua sustentação.  

O processo teve caráter social, popular: milhões de pessoas participaram das Marchas da Família com Deus pela Liberdade, que, iniciadas em 19 de março, prolongaram-se festivamente até setembro de 1964. Em todas as capitais dos estados e em muitas cidades médias e pequenas, pessoas marcharam saudando e se congratulando com a vitória do golpe, segundo trabalho de Aline Presot até hoje não publicado.

A participação civil também envolveu instituições políticas, econômicas e culturais. Um estudo sobre a Aliança Renovadora Nacional, a Arena, partido da ditadura, mostrou suas extensas ramificações em todo o território nacional: em 1978, quando já era imenso o desgaste do regime, esse partido teve ainda cerca de 40% dos votos. Outros estudos revelaram o que pouca gente sabe: a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tidas com justiça como atores importantes das lutas democráticas, saudaram o golpe. Só mais tarde, migraram para o campo das oposições, denunciando os abusos de um regime que tinha a tortura como política de Estado.

Outras pesquisas, envolvendo o futebol, a música sertaneja, a multiplicação dos sindicatos e outros temas, vêm acumulando evidências quanto à participação civil, direta ou indireta, na construção da ditadura e das complexas relações que se estabeleceram entre diferentes setores da sociedade e os governos ditatoriais.

Nunca houve unanimidade em favor da ditadura. Sempre houve oposições, moderadas e radicais, que adotavam diferentes formas de luta

Cabe enfatizar que nunca houve unanimidade em favor da ditadura. Sempre houve oposições, moderadas e radicais, que adotavam diferentes formas de luta. Entretanto, só a partir de 1974 as oposições moderadas, cada vez mais reforçadas por ex-apoiadores do regime, conseguiram maior audiência social.

Por outro lado, no campo contraditório e heterogêneo dos que apoiavam a ditadura, o processo não foi simples nem linear. Houve idas e vindas, deserções, mudanças de lado, sem contar as expectativas frustradas de lideranças civis de direita como Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Adhemar de Barros, e mesmo de políticos centristas, como Juscelino Kubitschek e Ulysses Guimarães: apoiaram o golpe, esperando uma intervenção brutal, mas rápida, cujos resultados os beneficiariam. Não foi o caso. Muitos acabaram marginalizados, condenados a papéis secundários, ou foram cassados, expulsos da vida política, como Lacerda, Ademar e JK.

Também não é possível esquecer que muita gente ficou em cima do muro, ou subiu nele quando julgou conveniente. Outros tantos, por alegado medo, cruzavam os braços, ou nem cogitavam a existência do regime político. Queriam trabalhar, constituir família, ter sucesso. Alguns lamentavam os ‘excessos’ dos agentes da ordem pública, mas aquilo lhes parecia uma contingência quase inevitável. Mais importante é que o país crescia, progredia – quem não gostasse que se retirasse.

Toda essa história precisa ser conhecida, estudada. Não para crucificar os apoiadores da ditadura, algo inviável e inútil, mas para compreender melhor as bases sociais e históricas de um regime ditatorial que se instaurou quase sem resistência e se retirou em boa ordem, sem levar nenhuma pedrada. O mesmo já acontecera com o Estado Novo, entre 1937 e 1945, coberto pelo manto da memória conciliadora.

Fazer dos ‘milicos’ bodes expiatórios pode ser uma operação simples e fácil: um outro manto. Economiza pesquisa e reflexão, mas não prepara a sociedade brasileira para lidar, no futuro, com novos surtos de autoritarismo. Fonte: Revista Ciência Hoje / Edição 313- Daniel Aarão Reis - Departamento de História
Universidade Federal Fluminense

sábado, 19 de agosto de 2017

Meta fiscal de 2017 e de 2018 será de rombo de R$ 159 bilhões

O governo alterou a meta fiscal de 2017 e de 2018 para rombos de R$ 159 bilhões e R$ 159 bilhões, respectivamente. O objetivo fiscal permitido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) era de um deficit de R$ 139 bilhões, neste ano, e de R$ 129 bilhões, no próximo. “O que houve foi uma substancial queda da receita”, resumiu o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Com alteração, o déficit primário – resultado negativo nas contas do governo, desconsiderando os juros da dívida pública – foi elevado em 20 bilhões de reais, em relação ao valor estipulado incialmente para 2017, e em 30 bilhões de reais, em 2018.

O Ministério da Fazenda bem que tentou resistir ao inevitável, mas, desde o mês passado, admitiu essa possibilidade dado o aumento das frustrações de receita. A arrecadação com a segunda edição da repatriação, por exemplo, foi de apenas R$ 1,6 bilhão, bem abaixo dos R$ 13 bilhões estimados pelo governo no início do ano.
Refis

Também em relação à reforma da Previdência, considerada vital para sanar as contas públicas, o governo fez concessões. Estas devem diminuir a poupança fiscal planejada em 25% em dez anos e quase 30% em 30 anos, segundo Meirelles.

A Medida Provisória do Novo Refis, que garantiria outros R$ 13 bilhões para os cofres da União, mas a Comissão Especial que aprecia a matéria no Congresso Nacional concedeu perdões para multas e juros que reduziram essa estimativa para menos de R$ 500 milhões.
Nem mesmo o anúncio do imposto sobre os combustíveis, anunciado no mês passado, e que renderia uma receita extra de R$ 9,9 bilhões neste ano, foi suficiente para garantir o cumprimento da meta de 2017. O governo conta com R$ 60 bilhões de receitas extraordinárias, mas boa parte desse montante ainda corre o risco de não se concretizar. O Tribunal de Contas da União (TCU) alertou que R$ 19,3 bilhões com concessões podem ser frustradas.
Para o ano que vem, o desafio para o cumprimento da nova meta ainda será grande se a frustração de receitas continuar crescente. A população não aceitará novo reajuste de tributo e os parlamentares não devem apoiar uma medida impopular em um ano de eleições.
Fonte: Deutsche Welle, Correio Braziliense - 15/08/2017

Comentário:
O QUE É META FISCAL?
É a economia que o governo promete fazer todos os anos para quitar o pagamento da dívida pública. A meta é resultado da subtração de dois valores: a expectativa de receita arrecadada e a expectativa de gastos. Desta conta, é possível obter um superávit (saldo positivo) ou déficit (saldo negativo).

POR QUE O DÉFICIT É RUIM?
O déficit de um país é o reflexo de que ele gasta mais do que arrecada. Para quitar o saldo negativo, o Governo precisa tomar uma série de medidas, como cortar de despesas, elevar a carga tributária e até emitir títulos públicos, que são comprados por investidores do mercado – uma espécie de “empréstimo” para o Governo, em troca de elevados juros. Esses títulos compõem a chamada “dívida pública”.

Quando as despesas do Governo superam as suas receitas, não sobra dinheiro para fazer investimentos nem para programas de fomento à economia. Além disso, manter as contas públicas em ordem é um indicador para o mercado de que o Governo tem condições de quitar as suas dívidas. Foi justamente o elevado grau de endividamento público que tirou do Brasil o selo de bom pagador, conhecido como “grau de investimento”, concedido pelas agências de classificação de risco internacionais.

Existem dois tipos de déficit fiscal: o primário e o nominal. O déficit primário ocorre quando confrontamos apenas as receitas e as despesas do Governo (como gastos com pessoal, o pagamento de benefícios previdenciários, saúde, educação e programas assistenciais). Já o déficit nominal inclui na conta o pagamento de juros da dívida pública. Historicamente, o Brasil sempre apresentou déficit nominal. Entretanto, em 2015 foi a primeira vez que o país registrou também um déficit primário.

sábado, 10 de junho de 2017

TSE rejeita cassação da chapa Dilma-Temer na eleição de 2014

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolveu nesta sexta-feira (9), por 4 votos a 3, a ex-presidente Dilma Rousseff e o presidente Michel Temer da acusação de abuso de poder político e econômico na campanha de 2014.

A maioria dos ministros considerou que não houve lesão ao equilíbrio da disputa e, com isso, livrou Temer da perda do atual mandato e Dilma da inegibilidade por 8 anos. O voto que desempatou o julgamento foi o do ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, o último a se manifestar.

A ação julgada pelo TSE foi apresentada pelo PSDB após a eleição de 2014 e apontava mais de 20 infrações supostamente cometidas pela coligação “Com a Força do Povo”, encabeçada por PT e PMDB.

A principal era a suspeita de que empreiteiras fizeram doações oficiais com o pagamento de propina por contratos obtidos na Petrobras, além de desvio de dinheiro pago a gráficas pela não prestação dos serviços contratados.

RELEMBRE: AS PRINCIPAIS FASES DO JULGAMENTO
Além da perda do mandato e da inegibilidade de Dilma e Temer, o PSDB reivindicava na ação que os candidatos derrotados Aécio Neves e Aloysio Nunes fossem empossados presidente e vice.
O julgamento da chapa, que começou em abril deste ano, foi retomado nesta semana com os votos do relator, Herman Benjamin, e dos demais ministros da Corte. Também se manifestaram os advogados das partes (defesa e acusação) e o Ministério Público Eleitoral.

VOTO A VOTO
Como votaram os ministros do TSE:

CONTRA A CASSAÇÃO
A FAVOR DA CASSAÇÃO
Napoleão Nunes Maia
Herman Benjamin (relator)
Admar Gonzaga
Luiz Fux
Tarcísio Vieira
Rosa Weber
Gilmar Mendes


VOTO DO RELATOR
Condutor do processo e relator do caso, o ministro Herman Benjamin apontou sete fatos que, sob sua análise, demonstram o abuso de poder na campanha:
A coligação foi abastecida com recursos de propina acumulada ao longo do tempo doada por empreiteiras em troca de contratos na Petrobras;
Os marqueteiros João Santana e Mônica Moura receberam pagamentos do estaleiro Keppel Fels por contrato para construção de navios-sonda;
A empresa Sete Brasil repassou propina para o PT, que usou os recursos para abastecer a campanha de 2014;
 A Odebrecht disponibilizou para a campanha R$ 150 milhões, acumulados desde 2009 numa conta mantida a pedido dos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega;
A coligação comprou, por cerca de R$ 25 milhões, apoio de quatro partidos para aumentar o tempo de TV na propaganda eleitoral;
Pagamentos da Odebrecht para o casal de marqueteiros em conta na Suíça e em espécie de forma não declarada;
Pagamento de R$ 56 milhões a três gráficas que não teriam comprovado a prestação de todos os serviços contratados, indicando desvio de parte do dinheiro.

Benjamin desconsiderou em seu voto outras cinco infrações que não estavam no pedido inicial do PSDB, mas que, para ele, foram comprovadas ao longo da apuração.

TAIS IRREGULARIDADES INCLUÍAM:
repasses da cervejaria Petrópolis à campanha a pedido da Odebrecht, chamado “caixa 3”;
propina na campanha oriundo de desvios nas obras da Usina Angra 3;
propina na campanha a partir de desvios na Usina Belo Monte direcionada ao PMDB;
pagamento via caixa 2 a Mônica Moura e João Santana pelo empresário Eike Batista, a pedido de Mantega;
pagamento da Gráfica Atitude pela Setal.

Durante o voto, que durou quase 14 horas ao longo de quatro dias, o ministro insistiu que limitou a investigação às suspeitas levantadas pelo PSDB na ação inicial, inclusive ao tomar depoimentos de executivos da Odebrecht que fizeram delação premiada. Argumentou ainda que, como juiz eleitoral, tinha poderes para ir além, mas não usou dessa prerrogativa.

VOTO DE DESEMPATE
O placar favorável a Temer e Dilma só foi confirmado no voto do presidente do TSE, Gilmar Mendes, a quem coube desempatar o julgamento.
No voto, o ministro disse que cassação de mandato só deve ocorrer em “situações inequívocas” e que o tribunal não existe para resolver crise política, argumentando em favor da “estabilidade”.
 “Não se substitui um presidente da República a toda hora. A Constituição valoriza a soberania popular, a despeito dos valores das nossas decisões. Mas é muito relevante. A cassação de mandato deve ocorrer em situações inequívocas”, afirmou.
O ministro disse que os fatos apurados no processo poderiam contaminar disputas realizadas desde 2006, que elegeram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e depois deram a Dilma seu primeiro mandato.
O ministro disse querer o combate à corrupção, mas defendeu para isso uma reforma no sistema político.
Quanto às acusações, Gilmar Mendes considerou que o processo extrapolou o que havia inicialmente na ação do PSDB, com a inclusão de depoimentos de executivos da Odebrecht.

A AÇÃO JULGADA
A sentença do TSE põe fim à novela política que se transformou a ação apresentada pelo PSDB, em 2014, que pedia a cassação do mandato de Dilma e de Temer.
O processo foi protocolado dois meses depois de os senadores tucanos Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes (SP) terem sido derrotados na eleição.
Principal partido da oposição ao governo Dilma, o PSDB se tornou o principal aliado de Temer, ao lado do PMDB.
Os tucanos, que há três anos pediram a cassação da chapa, comandam atualmente os ministérios das Relações Exteriores (Aloysio Nunes), das Cidades (Bruno Araújo), da Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy) e dos Direitos Humanos (Luislinda Valois).

NÚMEROS DO PROCESSO

Primeira ação julgada pelo TSE para analisar a cassação de um presidente da República, o processo acumulou mais de 8,5 mil páginas.
Da apresentação das ações, em 2014, até o sentença final se passaram quase dois anos e meio.
Nesse período, o tribunal eleitoral ouviu 62 testemunhas em cinco estados e no Distrito Federal e realizou duas acareações para tentar esclarecer contradições em fatos relatados por delatores.

REMEMORE O JULGAMENTO
A análise da ação que pedia a cassação do mandato de Temer e a inelegibilidade de Dilma teve início em 4 de abril. Na ocasião, o julgamento foi adiado, logo no primeiro dia de atividades.

Para atender a solicitações do Ministério Público e dos advogados das partes, os ministros do TSE decidiram reabrir a etapa de coleta de provas, ouvir novas testemunhas e dar prazo adicional para as defesas entregarem as alegações finais (documento com as últimas manifestações sobre o caso).

O julgamento foi retomado na última terça (6), depois de um intervalo de dois meses – período em que terminaram os mandatos de dois integrantes do tribunal (Henrique Neves e Luciana Lóssio), substituídos por magistrados indicados pelo presidente Michel Temer (Admar Gonzaga e Tarcisio Vieira), conforme determina a Constituição.

A análise da ação foi encerrada nesta sexta, em uma sessão na qual o relator concluiu a leitura de uma versão resumida de seu voto de 1.080 páginas.

Após a leitura, os outros seis ministros do tribunal apresentaram os votos e, então, o presidente do TSE, Gilmar Mendes, proclamou o resultado, absolvendo a ex-presidente e o atual presidente da República. Fonte: G1, Brasília-09/06/2017

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Em diálogo gravado, Aécio pede 2 milhões de reais à JBS

O senador Aécio Neves (PSDB- MG), que já se encontrava em uma posição delicada após executivos da Odebrecht relatarem o pagamento a ele de propinas milionárias, viu sua situação se complicar ainda mais nesta quarta-feira. Segundo o jornal O Globo, gravações em posse da Procuradoria Geral da República flagraram o senador pedindo dois milhões de reais a Joesley Batista, dono do grupo JBS, com a justificativa de que necessitava da quantia para pagar sua defesa na Operação Lava Jato.

Segundo o jornal, o diálogo, de cerca de 30 minutos, foi entregue pelo empresário como prova em sua delação premiada. Eles teriam se encontrado no dia 24 de março no hotel Unique, em São Paulo, depois que sua irmã, Andréa Neves, abordou o empresário para combinar o encontro via WhatsApp e telefone.

O primo de Neves encontrou o diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, que, segundo o jornal, é um dos sete delatores da empresa. O dinheiro foi entregue em quatro parcelas de 500.000 reais. Uma dessas entregas foi filmada pela Polícia Federal, disse O Globo. O dinheiro não teria sido entregue a qualquer advogado. E, sim, a Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zeze Perrella (PMDB-MG). Perrella é visto como um dos grandes aliados de Neves no Congresso.

A propina foi levada a Belo Horizonte de carro, diz o jornal. Nas três viagens feitas, Mendherson foi seguido pela Polícia Federal. O destino final do dinheiro seria a empresa do filho do senador Zeze Perrella . Não está claro, no entanto, os motivos que teriam levado o senador a pedir o dinheiro e por quais motivos.

Em nota, a assessoria de Aécio Neves afirmou que o senador está "absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos". "No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários", ressaltou o texto.

Neves é um dos campeões de inquéritos autorizados pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal no início de abril, ao lado do também senador Romero Jucá (PMDB). São cinco investigações contra o tucano, por suspeitas que vão de doações não contabilizadas a fraudes em licitações para beneficiar a construtora Odebrecht.  Fonte: El Pais - São Paulo 18 MAI 2017       

domingo, 2 de abril de 2017

Nacionalistas russos pedem devolução do Alasca


Gravura do século 19 relata a assinatura do tratado 
de compra do Alasca entre Rússia e Estados Unidos


As dificuldades de ocupar territórios distantes da Rússia, palcos de alguns dos protestos que abalaram o Kremlin no domingo (26), não impediram a ressurreição de um movimento popular entre nacionalistas mais radicais no país: aquele que pede a devolução do Alasca.
Há 150 anos, completados nesta quinta (30), o governo imperial de Moscou vendeu o território para a administração norte-americana por US$ 7,2 milhões, valor hoje equivalente a US$ 123 milhões.
Foi uma pechincha, especialmente se considerada a riqueza em petróleo e gás de seu subsolo que seria descoberta no século seguinte.
Nada disso era conhecido em 1867, contudo. A Rússia estava enfraquecida pela guerra contra os britânicos na Crimeia (1853-56) e temia perder seu território na América do Norte sem compensações adequadas.
Já os EUA queriam expandir as fronteiras após sua violenta guerra civil (1861-65).

RAIO-X
ÁREA 1,71 milhão de km2 (pouco maior que o Amazonas)
POPULAÇÃO 740 mil (equivalente ao Amapá)
DENSIDADE 0,49 habitante/km2
ECONOMIA 80% petróleo e gás, pesca e outros

CRONOLOGIA
Século 17
Primeiras expedições russas

1799-Estabelecimento da Companhia Russo-Americana
1804-Estabelecimento da América Russa
1867-Venda para os EUA
1959-Território vira Estado
1968-Descoberta de petróleo

O então Aliaska, nome russo retirado da designação nativa da região para a península junto às ilhas Aleutas, fornecia retaguarda contra tentativas britânicas ou francesas de recolonização da América do Norte.

Isso não impediu forte resistência doméstica ao negócio, considerado pela imprensa e por congressistas como uma proverbial "fria". O principal proponente do negócios nos EUA, o secretário de Estado William Seward, virou personagem clássico de cartuns satíricos nos quais o czar Alexandre 2º tirava vantagens da venda de um "pedaço de terra gelada".

TEORIA CONSPIRATÓRIA
Isso é o que a historiografia clássica diz. Para alguns nacionalistas russos, o que ocorreu foi um golpe palaciano dado pelo irmão mais novo do czar, o grão-duque Konstantin, que teria então embolsado o pagamento com alguns comparsas.
Não existe, contudo, muita produção acadêmica a tentar sustentar a ideia. Um livro foi lançado em 2014 alinhavando os pontos da teoria, "A traição e o roubo do Alasca", do historiador Ivan Mironov.
Lá estão a ideia da conspiração palaciana e argumentos contrários à ideia de que a Rússia estava fraca: ela tinha ajudado o governo de Abraham Lincoln (1861-1865) durante a guerra civil, e os gastos no Alasca eram exclusivos dos investidores da Companhia Russo-Americana.

A empresa administrava a região e explorava o comércio de peles desde 1799, tendo 2.500 russos e 8.000 locais sob seu comando —havia também cerca de 50 mil nativos no território.
Para o historiador, os descendentes de acionistas, que não ganharam nada com a venda, deveriam buscar reparação judicial.

Mironov é um nacionalista amalucado que ficou dois anos preso por tentar matar o pai do programa de privatizações pós-soviéticas, Anatoli Tchubais, em 2005.
Mas um leitor em especial comprou sua ideia e até escreveu o prefácio do livro: Dmitri Rogozin. Líder de um partido nacionalista, o Rodina, ele foi alçado por Putin ao poderoso cargo de vice-premiê responsável pela indústria de defesa do país.
É um radical, mas não um qualquer, com acesso ao centro do poder. O que o chefe dele acha da ideia? Há três anos, Putin ouviu uma piada durante uma entrevista coletiva sobre o Alasca ser um "ice cream", palavra inglesa para sorvete que, numa mistura fonética com o russo, soa como "Crimeia gelada".  Fonte: Folha de São Paulo - 30/03/2017  

domingo, 11 de dezembro de 2016

Codinomes dos políticos beneficiários dos pagamentos da Odebrecht




Alguns dos citados em delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-executivo da empreiteira



Citado
             


Posição atual

Apelido
Quanto a Odebrecht diz que pagou (R$)
Michel Temer (PMDB-SP) 
Presidente da República

10.000.000
Eliseu Padilha (PMDB-RS) 
Ministro da Casa Civil
Primo
4.000.000
José Yunes (PMDB-SP) 
Assessor especial da Presidência da República e amigo de Michel Temer

Valor não determinado
Moreira Franco (PMDB-RJ) 
Secretário do Programa de Parcerias em Investimentos do governo de Michel Temer
Angorá
Valor não determinado
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) 
Ex-ministro dos governos Temer e Lula
Babel
5.880.000
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) 
Ex-deputado federal
Caranguejo
11.500.000
Renan Calheiros (PMDB-AL) 
Presidente do Senado
Justiça
6.020.000
Romero Jucá (PMDB-RR) 
Senador
Caju
19.150.000
Eunicio Oliveira (PMDB-CE) 
Senador
Índio
2.100.000
Jaques Wagner (PT-BA) 
Ex-ministro do governo Dilma e ex-governador da Bahia
Polo
20.500.000
Adolfo Viana (PSDB-BA)
Deputado estadual
Jovem
50.000
Anderson Dornelles (PT-RS)
Ex-assessor da presidente Dilma Rousseff
Las Vegas
350.000
Antonio Brito (PSD-BA)
Deputado federal
Misericórdia
230.000
Antônio Imbassahy (PSDB-BA)
Deputado federal

299.700
Arthur Maia (SD-BA)
Deputado federal
Tuca
600.000
Arthur Virgílio (PSDB-AM)
Prefeito de Manaus
Kimono
300.000
Benito Gama (PTB-BA)
Ex-deputado federal

30.000
Carlinhos Almeida (PT-SP)
Prefeito de São José dos Campos

50.000
Ciro Nogueira (PP-PI)
Senador
Cerrado, Piqui
1.600.000
Claudio Cajado (DEM-BA)
Deputado federal

305.000
Colbert Martins (PMDB-BA)
Suplente de deputado federal, eleito vice-prefeito de Feira de Santana (BA)
Médico
591.443
Daniel Almeida (PC do B-BA)
Deputado federal, líder do PCdoB na Câmara
Comuna
100.000
Delcidio do Amaral (PT-MT)
Ex-senador
Ferrari
500.000
Duarte Nogueira (PSDB-SP)
Deputado federal, eleito prefeito de Ribeirão Preto
Corredor
750.000
Edvaldo Brito (PSD-BA)
Vereador
Candomblé
300.000
Flávio Dolabella (-)
Funcionário público
Fazendeiro
45.000
Francisco Dornelles (PP-RJ)
Vice-governador do Rio
Velhinho
200.000
Gim Argello (PTB-DF)
Ex-senador
Campari
2.800.000
Heráclito Fortes (PSB-PI)
Deputado federal
Boca Mole
250.000
Hugo Napoleão (DEM-PI)
Ex-governador, ex-deputado e ex-senador pelo Piauí
Diplomata
200.000
Inaldo Leitão (PR-PI)
Deputado federal
Todo Feio, Cunhado
100.000
Iracema Portella (PP-PI)
Ex-deputada federal

500.000
João Almeida (PSDB-BA)
Ex-deputado federal

500.000
José Agripino Maia (DEM-RN)
Senador
Pino, Gripado
1.000.000
José Carlos Aleluia (DEM-BA)
Deputado federal
Missa
580.000
Jutahy Magalhães (PSDB-BA)
Deputado federal
Moleza
850.000
Kátia Abreu (PMDB-TO)
Senadora


Leur Lomanto Junior (PMDB-BA)
Deputado estadual

250.000
Lídice da Mata (PSB-BA)
Senadora
Feia
200.000
Lucio Vieira Lima (PMDB-BA)
Deputado federal
Bitelo
1.900.000
Marco Maia (PT-RS)
Deputado federal
Gremista
1.350.000
Orlando Silva (PC do B-SP)
Deputado federal

100.000
Paes Landim (PTB-PI)
Deputado federal
Decrépito
180.000
Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE)
Deputado federal
Educador
200.000
Paulo Magalhães Junior (DEM-BA)
Vereador
Goleiro
50.000
Paulo Skaf  (PMDB-SP)
Presidente da Fiesp

6.000.000
Robério Negreiros (PMDB-DF)
Deputado distrital

50.000
Rodrigo Maia (DEM-RJ)
Presidente da Câmara dos Deputados
Botafogo
600.000
Fonte: Folha de São Paulo - 10/12/2016