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domingo, 12 de janeiro de 2020

Brasil precisa de mais reformas para crescer

Nos últimos três anos, muitos economistas erraram de forma vergonhosa em suas previsões econômicas para o Brasil. Em viradas do ano passadas, com frequência previram taxas de crescimento altas demais. Desta vez, os bancos de investimento optaram pela cautela. Segundo o consenso do setor, a economia do Brasil crescerá no máximo de 2 a 2,5% em 2020. Mas alguns economistas conhecidos avisam, cautelosos: o risco de um crescimento mais rápido do que previsto é maior do que o de uma retração.

No curto prazo, isso é verdade – no médio prazo, no entanto, o potencial de crescimento do Brasil permanece limitado. Há muitas indicações de que o Brasil crescerá duas vezes mais rápido em 2020 do que em 2019. Existem várias razões para isso: as últimas estatísticas econômicas mostram que o consumo e os investimentos aumentaram significativamente.
Por outro lado, os gastos do governo diminuíram, afetando, assim, a parcela com que o Estado contribui, como consumidor e investidor, para o crescimento do PIB.

TAXA DE JUROS BAIXA
Um dos motivos pelos quais os brasileiros consomem mais e as empresas (principalmente na indústria da construção civil) investem mais é a baixa taxa de juros, que agora é de 4,5%. Isso torna os empréstimos e investimentos mais baratos. Dificilmente algo mudará em 2020. A taxa de juros permanecerá baixa.

AGÊNCIAS DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
A confiança no exterior no Brasil também melhorou significativamente da perspectiva dos investidores: os credit default swaps (CDS) caíram para o nível mais baixo em nove anos. Isso mostra que quase nenhum investidor teme que o Brasil deixe de honrar suas dívidas. As agências de classificação de risco melhoraram ligeiramente as perspectivas para o Brasil. Isso se deve principalmente à aprovação da reforma previdenciária do governo, que aliviará o orçamento estatal.

Além disso, os outros planos de reforma do governo também são vistos de maneira positiva pelo setor econômico: com quase uma dúzia de planos de reforma, o governo quer limitar os gastos no setor estatal e, ao mesmo tempo, criar espaço para investidores privados. Isso se aplica, por exemplo, à nova lei do saneamento, às privatizações no setor de energia e às planejadas licitações na área de infraestrutura.

O Brasil, por outro lado, dificilmente poderá esperar impulsos positivos do comércio mundial: a China, o comprador mais importante de produtos agrícolas brasileiros, está crescendo menos e terá que importar mais soja dos EUA no futuro. A Argentina, o comprador mais importante de produtos industriais no Brasil, atravessa uma profunda crise. Europa e EUA também importam menos do Brasil. No entanto, são boas as chances de o Brasil crescer em 2020 e também em 2021.

DÉCADA PERDIDA
Mas isso não significa que o Brasil alcançará agora um crescimento médio mais alto do que na década perdida que chegou ao fim. Se for adicionado o crescimento esperado para 2020 (2,25%), o Brasil terá crescido menos de 1% ao ano na primeira década do milênio. Isso é muito pouco para reduzir os altos níveis de pobreza e desemprego no país.

BAIXA TAXA DE POUPANÇA
E é exatamente nesse ponto que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe, estão focando seu trabalho: com suas reformas estruturais, eles querem aumentar a baixa taxa de poupança (12% do PIB) e a taxa de investimento (12% do PIB). Elas sempre foram menor do que na maioria das economias em desenvolvimento mundiais, mas desde 2014, as parcelas relativas a poupança e investimentos no PIB literalmente despencaram.

As reformas de Guedes miram na direção certa, mas são reformas difíceis, que muitas vezes só podem ser alcançadas com mudanças constitucionais, ou seja, com apoio com uma maioria de dois terços do Congresso. A reforma previdenciária, sobre a qual havia um amplo acordo, precisou de dez meses para ser aprovada pelo Congresso. Em 2020, o Legislativo só contará com real poder decisório até o meio do ano, no máximo. Porque em outubro são realizadas eleições municipais. Elas são importantes para o governo como eleições de meio de mandato. E os deputados vão querer evitar votações difíceis.

Conclusão: o Brasil crescerá mais rápido nos próximos 24 meses. No entanto, para crescer de forma sustentável nos próximos dez anos após a década perdida, para reduzir a pobreza e o desemprego, são necessárias mais reformas estruturais, especialmente na máquina estatal. E 2020 mostrará se governo e Congresso avançarão com a agenda de reformas. Fonte: Deutsche Welle- 02.01.2020 - Alexander Busch é correspondente de América do Sul do grupo editorial Handelsblatt  

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Qual a relação entre salário, produtividade e desigualdade?

É comum que, em economia, as perguntas mais básicas se revelem as mais difíceis de responder.
A pergunta mais relevante da atualidade, recorrente entre os economistas, mas com destaque renovado depois da publicação de "O Capital no Século 21", de Thomas Piketty, é: qual a relação entre salários, produtividade e desigualdade? Como a evolução dessa tríade ao longo do tempo, para países diversos, pode elucidar as dúvidas sobre a sustentabilidade do crescimento?

Como documentou Piketty em sua extensa obra, a desigualdade de renda e riqueza no mundo aumentou muito nos últimos 30 anos. Nos EUA, vários estudos têm tentado destrinchar os motivos para a elevação brutal da desigualdade, sobretudo a proveniente das disparidades observadas na renda do trabalho.
A estagnação salarial que sobreveio da crise de 2008, a ausência de ganhos reais significativos ao longo dos últimos sete anos, contribuiu para acentuar a crescente divergência entre os mais ricos e os mais pobres, tornando-a mais evidente.

Ao analisar os dados para a economia americana, observa-se algo surpreendente: os salários não apenas estão parados como não têm acompanhado a produtividade ascendente da economia nas últimas décadas.
Ou seja, enquanto a produtividade sobe, o trabalhador americano está deixando de desfrutar dos ganhos de renda do aumento da eficiência produtiva.

DILEMA AMERICANO
Diz o recém-divulgado relatório da Commission for Inclusive Prosperity: "À medida que o crescimento se desacelerou, grande parte das economias desenvolvidas observou bifurcação entre o aumento da produtividade e a elevação da renda do trabalho. Nos EUA, a lucratividade das empresas se traduziu em maior renda para os acionistas e os altos executivos, mas não para os empregados".
O dilema americano, além de ressuscitar a complexa questão das relações entre desigualdade e crescimento econômico, tem gerado debate aguerrido sobre o que fazer para combater a crescente disparidade da renda.

No seu mais recente discurso sobre o Estado da União, o presidente Barack Obama delineou medidas para conter a escalada da desigualdade, como o controvertido aumento dos impostos sobre os ganhos de capital para que se possam reduzir os tributos que incidem sobre a classe média e sobre os mais pobres.
Entre diversos economistas prevalece a noção de que, nos EUA, a quebra da relação entre salários e produtividade explica o aumento da desigualdade. Quando os trabalhadores são crescentemente excluídos dos ganhos de eficiência embolsados por acionistas e executivos, elevando a desigualdade, uma solução seria implantar política de redistribuição por meio de um tributo sobre os ganhos de capital.

No Brasil, ocorre o oposto do que se observa nos EUA: há pelo menos uma década, os salários crescem acima da produtividade. Nesse mesmo período, a desigualdade caiu substancialmente.
Nos últimos anos, entretanto, há evidências de que a desigualdade parou de cair, ou, ao menos, começou a se estabilizar em patamar ainda demasiado alto.

Há quem credite aos salários que subiram acima da produtividade boa parte da queda da desigualdade nos últimos anos: devido às políticas de elevação da renda do trabalhador implantadas pelo governo brasileiro -como as regras de indexação do salário mínimo-, houve redistribuição da renda, dos empresários para a mão de obra.
Isso, entretanto, nada diz sobre a sustentabilidade da redução da desigualdade. Como observa estudo recente do FMI, às vezes a desigualdade é obstáculo ao crescimento econômico simplesmente porque motiva a adoção de determinadas políticas redistributivas que têm efeito perverso sobre a atividade.

Exemplo disso são políticas que estimulam o descolamento entre salários e produtividade: rendimentos que crescem acima do valor que o trabalhador é capaz de gerar acabam por onerar excessivamente as empresas, que poderão repassar esse aumento de custos para os preços, demitir trabalhadores ou deixar de investir.
A inflação corrói a renda dos mais pobres; o desemprego e a queda do investimento reduzem o crescimento; sem crescimento, não há diminuição contínua da desigualdade. Sobretudo se a regressividade da estrutura tributária punir a classe média e os mais pobres, como ocorre no Brasil.

ATIVIDADE EMPERRADA
Eis, portanto, um dos desafios da tríade salários-produtividade-desigualdade: quando os salários se descolam da produtividade, seja para cima, como no Brasil, seja para baixo, como nos Estados Unidos, a desigualdade pode aumentar.

Se a desigualdade aumentar, parte crescente da renda produzida haverá de ser embolsada pelos mais ricos, em detrimento da classe média e dos mais pobres -a desigualdade é processo que se retroalimenta, a não ser que seja impedida por políticas redistributivas. Mas certas políticas redistributivas podem emperrar o crescimento, sobretudo quando combinadas com a má gestão da política macroeconômica. Isso é o que parece ter ocorrido, em parte, no Brasil.

Como sair do torvelinho nefasto em que políticas redistributivas emperram o crescimento e a falta de crescimento impede que a desigualdade continue a cair de forma sustentada? Pergunta básica, resposta difícil.

BRASIL – EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
No caso do Brasil, talvez a forma mais óbvia de atacar o problema da desigualdade não seja nova, tampouco desconhecida, embora requeira muito esforço.
Relatório recente da OCDE sobre a desigualdade diz que, para reduzi-la, é preciso que a população tenha acesso a educação de qualidade -não basta ter crianças e adolescentes nas escolas, é preciso que aprendam a ler, que desenvolvam o gosto pela leitura, que tenham intimidade com os números e com as operações matemáticas. É preciso, ainda, que desfrutem de rede de apoio, sobretudo quando o nível educacional de pais e parentes for insuficiente para mantê-los engajados no aprendizado.

É preciso que tenham acesso aos serviços públicos básicos, como saúde e saneamento. O relatório da OCDE afirma que a redução sistemática da desigualdade só é possível se essas condições estiverem presentes e beneficiarem os 40% mais pobres, ou seja, tanto as pessoas de baixa renda quanto a classe média mais vulnerável.
O problema é que o Brasil pouco avançou nessas áreas nos últimos 15 anos, não soube usar a bonança externa -a alta dos preços internacionais das matérias-primas, os ingressos de recursos externos entre 2004 e 2010- para avançar.

A má gestão da economia, hoje, nos obriga a adotar políticas de ajuste que haverão de adiar a redução contínua da desigualdade e a ampliação do processo de inclusão social. O adiamento inevitável já suscita críticas daqueles que, em vez de perceber os erros do passado recente, preferem chamar de fracasso a correção de rumos que acaba de se iniciar.

A tríade dos múltiplos dilemas ganha, pois, faceta adicional: como fazer com que os órfãos da heterodoxia falida sintam-se incluídos no debate sobre a redução da desigualdade? Eis um problema unicamente brasileiro.

Afinal, nos EUA como em outros países, todos já compreenderam que a redução da desigualdade é um valor universal, não pertence aos partidos políticos ou aos intelectuais de ocasião. Fonte: Folha de São Paulo - 08/03/2015  02h00- MONICA DE BOLLE é economista, sócia-diretora da Galanto/MBB Consultoria e pesquisadora do instituto Wilson Center

sábado, 28 de dezembro de 2019

Despreparada para a era digital, a democracia está sendo destruída

Quando Martin Hilbert calcula o volume de informação que há no mundo, causa espanto. Quando explica as mudanças no conceito de privacidade, abala. E quando reflete sobre o impacto disso tudo sobre os regimes democráticos, preocupa.
"Isso vai muito mal", adverte Hilbert, alemão de 39 anos, doutor em Comunicação, Economia e Ciências Sociais, e que investiga a disponibilidade de informação no mundo contemporâneo.
Segundo o professor da Universidade da Califórnia e assessor de tecnologia da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, o fluxo de dados entre cidadãos e governantes pode nos levar a uma "ditadura da informação", algo imaginado pelo escritor George Orwell no livro 1984.

Vivemos em um mundo onde políticos podem usar a tecnología para mudar mentes, operadoras de telefonia celular podem prever nossa localização e algoritmos das redes sociais conseguem decifrar nossa personalidade melhor do que nossos parceiros, afirma.

Com 250 'likes'; o algoritmo do Facebook pode prever sua personalidade melhor que seu parceiro

Hilbert conversou com a BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, sobre a eliminação de proteções à privacidade online nos EUA, onde uma decisão recente do Congresso, aprovada pelo presidente Donald Trump, facilitará a venda de informação de clientes por empresas provedoras de internet.

Confira os principais trechos da entrevista:

BBC: QUAL É SUA OPINIÃO SOBRE A DECISÃO DO CONGRESSO DOS EUA DE DERRUBAR REGRAS DE PRIVACIDADE NA INTERNET?
Martin Hilbert: Os provedores de internet buscam permissão para coletar dados privados dos clientes há muito tempo - incluindo o histórico de navegação na web - e compartilhar com terceiros, como anunciantes e empresas de marketing.
Um provedor de internet pode ver suas buscas na internet - se, por exemplo, você assiste Netflix ou Hulu. Essa informação é valiosa, porque poderiam orientar sua publicidade a residências que usam seus serviços.
Enquanto isso parece ser um ato grave, liberado pelo novo governo dos EUA, há que reconhecer que nos últimos 30 anos os órgãos reguladores das telecomunicações nos EUA se afastaram de uma de suas metas originais: o benefício da sociedade. E se moveram no sentido de favorecer as empresas.

BBC: OS PROVEDORES DE INTERNET DIZIAM QUE AS REGRAS NÃO SE APLICARAM A GRANDES COLETORES DE DADOS COMO FACEBOOK OU GOOGLE. COMO VÊ ESSE ARGUMENTO?
Hilbert: Tem certa razão. Mas há uma diferença: para o Facebook, seu negócio são os dados que tem, trata-se de uma empresa de dados. A questão é se classificamos ou não os provedores de internet como provedores de dados.
Muitos provedores de telecomunicações inclusive estão começando a vender dados. Por exemplo: uma operadora de telefonia celular sabe onde você está em cada segundo. Então também podem vender essa informação? É preciso redefinir esses diferentes âmbitos. O órgão regulador precisa estar preparado e encontrar um equilíbrio em cada país.

BBC: ISSO MOSTRA A DIFICULDADE DE PROTEGER A PRIVACIDADE HOJE?
Hilbert: A pergunta certa é que privacidade as pessoas querem. E a verdade é que as pessoas não estão tão preocupadas. O que ocorreu depois de todas as revelações de Edward Snowden? Nada. Disseram: "Não é bom que vejam minhas fotos íntimas". E no dia seguinte continuaram. Ninguém foi protestar.

BBC: CONSIDEREMOS UMA PESSOA ADULTA QUE HOJE USA UM CELULAR, UM COMPUTADOR. QUANTA INFORMAÇÃO PODE SER COLETADA SOBRE ESSA PESSOA?
Hilbert: No passado, a referência de maior coleção de informação era a biblioteca do Congresso americano. E hoje em dia a informação disponível no mundo chegou a tal nível que equivale à coleção dessa biblioteca por cada 15 pessoas.
Há um monte de informação por aí, e ela cresce rapidamente: se duplica a cada dois anos e meio. A última fez que fiz essa estimativa foi em 2014. Agora deve haver uma biblioteca do Congresso dos EUA por cada sete pessoas. E em cinco anos haverá uma por cada indivíduo.

Há uma nova avaliação sobre como interpretar a privacidade. E as gerações jovens têm um conceito totalmente diferente do que é privacidade ou não.

Se colocássemos toda essa informação em formato de livros e os empilhássemos, teríamos 4,5 mil pilhas de livros que chegariam até o Sol. Novamente, isso era há dois anos e meio. Agora seriam 8 ou 9 mil pilhas chegando ao Sol.
E a informação que você produz cresce basicamente no mesmo ritmo: estima-se que haja 5 mil pontos de dados disponíveis para análise por morador dos EUA. São coisas que deixamos no Facebook, por exemplo. O volume de dados que deixamos de verdade é difícil de estimar, porque é quase um contínuo: você tem o celular consigo a cada segundo e deixa uma pegada digital. Então cada segundo está registrado por diversas empresas.

BBC: PODE DAR EXEMPLOS?
Hilbert: Sua operadora de celular sabe onde você está graças a seu celular. O Google também sabe, porque você tem Google Maps e Gmail no seu telefone. E cada transação que faz com seu cartão de crédito é um ponto de dados, cada curtida no Facebook. Inclusive pode haver registros de como você movimenta o mouse ao usar a internet.

BBC: MAS ESSA INFORMAÇÃO NÃO ESTÁ REUNIDA EM APENAS UM LUGAR OU POR UMA EMPRESA. ATÉ QUE PONTO PODEMOS SER PREVISÍVEIS PARA UMA EMPRESA QUE COLETA DADOS SOBRE NÓS?
Hilbert: Vou dar vários exemplos. Seu telefone te mostra quantas chamadas fez. A operadora deve coletar essas informações para processar sua conta. Eles não se preocupam com quem e o que falou. É apenas a frequência e duração de suas chamadas, algo conhecido como metadados. Com isso é possível fazer uma engenharia reversa e reconstruir um censo completo de um país com cerca de 80% de precisão: gênero, famílias, renda, educação.
Se tenho informação mais detalhada - por exemplo, se a operadora registra seus deslocamentos por meio das conexões às antenas. É possível prever com até 95% de precisão onde você estará em dois meses, e em que hora do dia.

Você tem o celular consigo a cada segundo e deixa uma pegada digital; cada segundo está registrado por diversas empresas

Passemos ao Facebook, que tem um pouco mais de informação, Há, por exemplo, as "curtidas", o que você gosta e quando. Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, fizeram testes de personalidade com pessoas que franquearam acesso a suas páginas pessoais no Facebook, e estimaram, com ajuda de um algoritmo de computador, com quantas curtidas é possível detectar sua personalidade.

Com cem curtidas poderiam prever sua personalidade com acuidade e até outras coisas: sua orientação sexual, origem étnica, opinião religiosa e política, nível de inteligência, se usa substâncias que causam vício ou se tem pais separados. E os pesquisadores detectaram que com 150 curtidas o algoritmo podia prever sua personalidade melhor que seu companheiro. Com 250 curtidas, o algoritmo tem elementos para conhecer sua personalidade melhor do que você.

BBC: PARA QUE ESSA INFORMAÇÃO É USADA?
Hilbert: Para uma empresa de marketing ou um político em busca de votos, é algo muito interessante. Com o chamado big data (análise de grandes volumes de dados oriundos do uso de internet) também elevamos muito o poder de previsão das Ciências Sociais. Desenvolver um algoritmo de inteligência artificial pode custar milhões de dólares. Mas uma vez criado pode ser aplicado a todos. Então é algo que está sendo empregado rapidamente em outros países.
A operadora de celular Telefônica, bastante ativa na América Latina, trabalhou muito em previsão de localização. E até já começou a vender esse tipo de informação. Então caso você queria abrir uma empresa em alguma capital da América Latina para vender gravatas. você paga e te dizem em que hora e onde os homens caminham. E você fica sabendo em qual saída do metrô deve instalar sua loja.

BBC: A questão é o quão perigoso é tudo isso, essa forma como estão coletando dados que permitem fazer previsões sobre os indivíduos e a sociedade em geral.
Hilbert: Uma tecnologia é apenas uma ferramenta. Pode-se usar um martelo para coisas boas, como erguer uma casa, mas também para matar alguém. Nenhuma tecnologia é tecnologicamente determinada, sempre é socialmente construída.
Não me preocupo tanto com o comércio ou com a economia. Quem não está preparada para esta transparência brutal entre cidadão e representante é a democracia representativa.

BBC: POR QUÊ?
Hilbert: Porque a democracia representativa, como a inventaram nos EUA, é um processo de filtrar informação. Há 250 anos era impossível consultar todas as pessoas e as pessoas tampouco estavam informadas. Então os "pais fundadores" da nação americana inventaram um filtro de informação que chamaram de representação: ter representantes que em seu nome deliberam e definem o que serve à sociedade. Rompemos isso completamente.

Os representantes hoje podem ter acesso a tudo o que os cidadãos fazem. E os cidadãos podem ditar a vida dos representantes, com tuítes e outros recursos. A democracia representativa não está preparada para isso.

É o que vemos agora, com a última eleição nos EUA e como o novo presidente usa as mídias sociais - é parte dessa confusão em que estamos.

É preciso refletir e reinventar a democracia representativa. Caso contrário, ela pode facilmente se converter em ditadura da informação. E atentem que a visão mais antiga da sociedade da informação é de 1948, quando George Orwell publicou seu livro 1984. A visão era de uma ditadura da informação.

Se alguém dissesse isso há dez anos, certamente seria contestado pela maioria que acreditava que a internet era democracia pura e liberdade. Mas hoje pessoas começam a entender a necessidade de atuação rápida. A democracia não está preparada para a era digital e está sendo destruída.

Estamos num processo que (o economista austro-americano Joseph) Schumpeter chamou de destruição criativa. E não teremos nenhuma criatividade, porque não há proposta de como fazê‑la de modo diferente. Não há uma saída, e isso preocupa.

BBC: PODE DAR EXEMPLOS PRÁTICOS DESSA DESTRUIÇÃO?
Hilbert: (O ex-presidente americano Barack) Obama entende muito bem de big data. Depois do caso Snowden muitos perguntaram porque Obama nada fez. Bom, porque ele também o usou muito.
A maior despesa da campanha de Obama em 2012 não foi para comerciais de TV: criou-se um grupo de 40 engenheiros recrutados em empresas como Google, Facebook, Craigslist, e que incluiu até jogadores profissionais de pôquer. Pagou milhões de dólares para o desenvolvimento de uma base de dados de 16 milhões de eleitores indecisos: 16 milhões de perfis com diferentes dados: tuítes, posts do Facebook, onde vivem, o que assistiam na TV.

É preciso reinventar a democracia representativa. Caso contrário, ela facilmente se converte em ditadura da informação
Quando a campanha conhecia suas preferências, se um amigo seu no Facebook dava uma curtida na campanha de Obama, a equipe ganhava acesso à página desse amigo e passava e enviar mensagens.
E conseguiram mudar a opinião de 80% das pessoas alcançadas desta maneira. Com isso, Obama ganhou a eleição. È como uma lavagem cerebral: não mostra a informação, apenas o que querem escutar.

BBC: COMO O BIG DATA ESTÁ ALTERANDO AS FORMAS DE GOVERNAR?
Hilbert: O representante político tem muita informação sobre você, mas o inverso também é verdade. Veja o presidente Trump, que muitas vezes reage em tempo real ao que as pessoas dizem. É como alguém se convertesse em uma marionete do que recebe pela TV ou pelo Twitter.

A ideia do mandato representativo, como criado pelos "pais fundadores" dos eua, era: confiamos em você como pessoa e você lidera e toma decisões em nosso nome. Agora os políticos medem sua popularidade no facebook e mudam o discurso ao vivo para ajustá-lo aos comentários do twitter. Isso não é a ideia que foi desenhada. Os grandes presidentes não se guiaram por populismo: eles lideraram.

BBC: TERIA UMA PROPOSTA DE SOLUÇÃO PARA ESSE PROBLEMA?
Hilbert: A história mostra que é preciso mudar as instituições. Não é possível controlar quem tem dados e quem não tem. Pode-se criar instituições e determinar que algumas informações serão abertas ao público. Por exemplo: os partidos políticos devem declarar as doações que recebem. Mas vão abrir os dados das pessoas?
Abrir também não é a solução, Mas é preciso discutir muito esse assunto. E as pessoas não discutem.
Também é preciso mudar a tecnologia. A tecnologia não é algo que cai do céu. Há muitas oportunidades. Numa entrevista de emprego, por exemplo, a inteligência artificial poderia ser muito mais neutra do que um gerente de recursos humanos que possa discriminar alguém inconscientemente. Poderíamos abandonar padrões muito antigos e criar o futuro que queremos.
Fonte: BBC Mundo em Nova York-9 abril 2017

sábado, 21 de dezembro de 2019

Economia informal cresce pelo 5º ano seguido no país

A economia informal avançou pelo 5º ano consecutivo no Brasil, segundo o Índice de Economia Subterrânea (IES), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) e pelo Ibre/FGV. A chamada "economia subterrânea" movimentou R$ 1,12 trilhão ao longo do ano – o equivalente a 17,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, e semelhante ao PIB de países como Suécia e Suíça.
A alta, de acordo com as entidades, é reflexo da crise econômica, iniciada em meados de 2014 e que reduziu o mercado de trabalho e a participação do setor formal da economia. No mercado de trabalho, por exemplo, a informalidade bateu recorde, atingindo 41,2% em outubro.
O indicador foi criado em 2003 para medir a chamada economia subterrânea, que consiste na produção e comercialização de bens e serviços que não é reportada oficialmente ao governo, e leva em conta tanto a sonegação quanto o descumprimento de regulamentações trabalhistas e previdenciárias.


Com a nova alta registrada este ano, o indicador é o maior desde 2010, quando a economia informal equivalia a 17,6% do PIB.

Para Edson Vismona, presidente do Etco, para reverter esse quadro é necessária uma sólida recuperação do ambiente econômico e a melhora do relacionamento do fisco com o contribuinte, "simplificando procedimentos para os cidadãos que querem pagar seus impostos e autuando duramente os que estruturam sua atividade para sonegar impostos".

Alta do PIB
No terceiro trimestre deste ano, o PIB brasileiro cresceu 0,6% em comparação com o anterior, segundo dados divulgados no início do mês pelo IBGE – o equivalente a R$ 1,842 trilhão. Com isso, no acumulado em 12 meses a alta foi de 1%. Fonte: G1-18/12/2019

Comentário:
Segundo dados do trimestre encerrado em julho/2019,  divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),  o número de trabalhadores informais na população ocupada atingiu 38,683 milhões de brasileiros; número de desempregados  atingiu 12,4 milhões em outubro
Obs: Pessoas desalentadas - que desistiram de procurar emprego, não entra na estatística de desemprego e nem a população fora da força de trabalho.
Dados do INSS; 55 milhões de trabalhadores formais; 20,3 milhões de trabalhadores aposentados, 10,7 milhões de pensionistas do INSS. A conta futura não fechará.
Com esse dado o Balanço Previdenciário; trabalhador formal mais contribuições sociais, o resultado é um desiquilíbrio futuro da Previdência. Cada trabalhador na informalidade significa um contribuinte a menos para o sistema, fora os desempregados e desalentados.. Isso em escala produz consequências graves financeiros para o sistema previdenciário, provocando efeito dominó na sustentação do próprio programa. Existe um problema grave. Os próximos governos terão de descascar esse abacaxi.  É um vulcão social previdenciário.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Geração floco de neve: SnowFlake

O termo, que ganhou popularidade no meio político, se refere aos jovens adultos que não admitem ser contrariados e está até no dicionário
Não é fácil ouvir um não, receber críticas ou aceitar que o outro pense de modo diferente do seu. Mas tudo isso é essencial para que os relacionamentos cresçam de forma saudável. Parece conteúdo de um livro de autoajuda? Talvez.
Embora o tema esteja, de fato, se tornando cada vez mais frequente nos exemplares que chegam às livrarias de todo o mundo, o público ao qual eles tentam falar parece nem perceber que é com ele. No último ano, recebeu até nome: geração floco de neve — ou os jovens adultos que não aceitam ser contrariados.
A professora universitária Myrian del Vecchio tem percebido novos “integrantes” dessa população de poucos anos para cá na sala de aula. “Não devemos rotular uma geração, mas esta parece ter uma sensibilidade muito aflorada. Tenho alunos de 19, 20 anos, que não aceitam críticas, deixam de fazer trabalhos porque dizem estar deprimidos ou têm receio de enfrentar determinadas tarefas”, conta.

Um exemplo: na disciplina de redação, do curso de jornalismo da UFPR, Myrian costuma compartilhar leituras jornalísticas com a turma. São textos de autores renomados, como Eliane Brum (uma das mais premiadas jornalistas brasileiras) e Truman Capote, do clássico livro-reportagem “A Sangue Frio”.
Em geral, o conteúdo das obras é denso (tratam de temas como assassinatos, pobreza extrema, doenças mentais), mas essencial de ser abordado. E, segundo Myrian, muitos alunos não suportaram as leituras, ou se negaram a fazer os exercícios sobre as obras. “É claro que isso não se aplica à maioria, mas a realidade dura tem chocado bastante. Só que, querendo ou não, isso faz parte do jornalismo”, diz.
A psicanalista Juliane Kravetz explica que é comum algumas situações gerarem angústia, mas é importante tentar enfrentá-las. “Se torna um problema quando a pessoa passa a usar sua sensibilidade ou sintoma de depressão para mascarar algo que realmente pode ajudar em seu crescimento pessoal”, afirma.

ORIGEM DO TERMO É POLÍTICA
O termo ganhou popularidade há pouco mais de um ano no meio político, quando partidários da direita passaram a se referir à oposição como “pobres flocos de neve” durante as polêmicas acaloradas sobre o Brexit e as eleições norte-americanas (que tiveram como protagonistas Donald Trump e Hillary Clinton).
Mas bastou pouco tempo para que a crítica logo ultrapassasse as barreiras políticas e fosse adotada ao vocabulário dos cidadãos mundo afora.
O Dicionário Collins foi o primeiro a adotar o termo à lista de palavras do ano no início de novembro de 2016. Em seguida, o de Cambridge também acrescentou o significado de “geração floco de neve” em seu material.
Para Ulisses Natal, coordenador adjunto do curso de psicologia da PUCPR, estas são formas de traduzir as relações sociais e pessoais da modernidade. “É o espelho de como está a sociedade.”

O CULPADO É SEMPRE O OUTRO
Não é fácil admitir o próprio erro ou aceitar uma opinião contrária porque essas são questões que afetam o ego. Basta surgir uma situação que desperte um conflito de crenças (ou mesmo que desafie as potencialidades do indivíduo) para que os dedos em riste tomem o lugar da autoavaliação.
 “É muito fácil colocar a culpa no outro, mas é essencial refletir sobre as próprias frustrações de forma racional. A nota baixa que você recebeu é mesmo culpa do professor? Tem problema se alguém não concorda com o que você diz?”, questiona Natal.
Para ele, a raiz do problema está na falta de frustrações sofridas durante a infância. “As crianças precisam se frustrar. Quando os pais dizem sim para tudo, elas crescem achando que ninguém deve lhes impor limites”, diz.
Mas há esperança. Os dois especialistas são unânimes sobre como lidar com a frustração na vida adulta: o único modo é entender mais de si mesmo. “É preciso entender que a satisfação não precisa ser completa. Quando se tem a plenitude, não há mais nada a ser buscado”, afirma Kravetz.

NARCISIMO?
A dificuldade em admitir o próprio erro ou aceitar críticas construtivas, segundo a psicanalista, é uma forma de narcisismo exacerbado. “As pessoas falam muito de diversidade [de opiniões], mas caem em um discurso vazio, porque não aceitam ser contestadas”, comenta.
Já a professora não enxerga essa mudança como um sintoma do personagem do mito grego, que morreu ao ficar obcecado com a própria beleza. “Vejo como um receio, uma autodefesa. A gente tem que ir quebrando aos poucos essa capa protetora em que esses jovens se envolveram. Pode levar um tempo, mas acredito no amadurecimento durante o processo. Fonte: Gazeta do Povo -alterado em: 6 de dezembro de 2017.

COMENTÁRIO:

Geração floco de neve (do inglês Generation Snowflake) é um neologismo do idioma inglês usado para caracterizar os jovens adultos da década de 2010 como sendo mais propensas a se ofenderem e menos resistentes do que as gerações anteriores, ou como sendo emocionalmente muito vulneráveis para lidar com pontos de vista discordantes dos seus. O termo é considerado depreciativo. A expressão provavelmente se originou nos Estados Unidos  e entrou em uso mais amplo no Reino Unido em 2016. Fonte: Wikipédia

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Reino Unido: Partido Conservador ganha com ampla maioria

Com a maioria, os conservadores aumentaram significativamente seu poder, o que deve, inclusive, facilitar a aprovação do projeto de Johnson para o Brexit e garantir que o Reino Unido deixe a União Europeia em 31 de janeiro de 2020.

Para obter a maioria, um partido precisa de 326 assentos. Antes de ser dissolvido no dia 6 de novembro, o Parlamento tinha 298 conservadores e 243 trabalhistas.

O resultado foi considerado devastador para o Partido Trabalhista, que perdeu em uma série de locais historicamente ligados aos trabalhistas e só manteve alguns assentos graças a vitórias bastante apertadas.

Por outro lado, o Partido Nacional Escocês (SNP) comemorou um número de cadeiras acima do previsto em pesquisas. Das 59 vagas disponíveis na Escócia, o SNP obtinha, até às 5 horas locais, 48 vagas, superando as 35 que ocupava antes destas eleições.

O bom desempenho do partido da primeira-ministra Nicola Sturgeon - que tem entre suas propostas a realização de um novo plebiscito para independência do país - custou inclusive a cadeira de Jo Swinson, líder do Partido Liberal Democrata.

"A Escócia enviou uma mensagem muito clara - não queremos um governo Boris Johnson, não queremos deixar a UE", afirmou Sturgeon. "Os resultados no resto do Reino Unido são sombrios, mas sublinham a importância da Escócia ter uma escolha. Boris Johnson tem um mandato para tirar a Inglaterra da UE, mas ele deve aceitar que eu tenho um mandato para dar à Escócia uma escolha para um futuro alternativo", acrescentou.

BREXIT
Com a ampla maioria conquistada por seu partido nestas eleições, Johnson fica em uma posição muito mais confortável para conseguir promover a saída do Reino Unido da União Europeia em 31 de janeiro de 2020, como sempre prometeu.
Seu projeto não deverá enfrentar mais as mesmas dificuldades de antes para obter aprovação perante um Parlamento predominantemente conservador e a tendência é que avance rapidamente.
Mas a saída no dia 31 de janeiro, porém, caso aconteça, será apenas o primeiro passo oficial do Brexit.
Ainda é necessário negociar um acordo comercial com a União Europeia, e o prazo final para isso é 30 de junho de 2020.
A partir daí, dois cenários são possíveis: com um acordo fechado, ele precisa ser ratificado, um processo que pode levar meses, mas garante uma saída organizada. Sem o acordo, pode ter início a extensão de um período de transição que duraria até dois anos – algo que Johnson já descartou – ou uma saída sem acordo. Fonte: G1-13/12/2019

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

ONU divulga ranking do IDH; Brasil ocupa a 79ª posição

O Brasil ficou na 79ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) .
Medido anualmente, o IDH vai de 0 a 1 – quanto maior, mais desenvolvido o país – e tem como base indicadores de saúde, educação e renda.

RANKING
Apesar do leve aumento, o Brasil caiu uma posição no ranking mundial em relação à publicação anterior, passando da 78ª para 79ª. O Pnud revisa os índices a cada nova edição do relatório. No relatório atual, a posição do Brasil no ranking anterior foi alterada (de 79ª para 78ª).
Os dados do relatório publicado agora são de 2018. Dados deste ano serão divulgados na edição 2020 do levantamento.
Entre os países da América do Sul, Brasil e a Colômbia apareceram empatados na quarta posição. O primeiro lugar ficou com Chile (42º, na colocação geral), seguido de Argentina (48º) e Uruguai (57º), respectivamente.
Segundo o relatório, a taxa anual de crescimento do IDH brasileiro nos últimos 18 anos foi de 0,78%. No mesmo período, a expectativa de vida foi de 66 para 75 anos. Fonte: Human Development Report Office 2019. 
Ranking
País
Índice de desenvolvimento humano
Expectativa de vida
Ano de escolaridade esperado
Média de anos de escolaridade
PIB Per capita
1
Norway
0.954
82.3
18.1
12.6
68,059
2
Switzerland
0.946
83.6
16.2
13.4
59,375
3
Ireland
0.942
82.1
18.8
12.5
55,66
4
Germany
0.939
81.2
17.1
14.1
46,946
4
Hong Kong, China (SAR)
0.939
84.7
16.5
12.0
60,221
6
Australia
0.938
83.3
22.1
12.7
44,097
6
Iceland
0.938
82.9
19.2
12.5
47,566
8
Sweden
0.937
82.7
18.8
12.4
47,955
9
Singapore
0.935
83.5
16.3
11.5
83,793
10
Netherlands
0.933
82.1
18.0
12.2
50,013
11
Denmark
0.930
80.8
19.1
12.6
48,836
12
Finland
0.925
81.7
19.3
12.4
41,779
13
Canada
0.922
82.3
16.1
13.3
43,602
14
New Zealand
0.921
82.1
18.8
12.7
35,108
15
United Kingdom
0.920
81.2
17.4
13.0
39,507
15
United States
0.920
78.9
16.3
13.4
56,14
17
Belgium
0.919
81.5
19.7
11.8
43,821
18
Liechtenstein
0.917
80.5
14.7
12.5
99,732
19
Japan
0.915
84.5
15.2
12.8
40,799
20
Austria
0.914
81.4
16.3
12.6
46,231
América do Norte

13
Canada
0.922
82.3
16.1
13.3
43,602
15
United States
0.920
78.9
16.3
13.4
56,14
76
Mexico
0.767
75.0
14.3
8.6
17,628
América do Sul

42
Chile
0.847
80.0
16.5
10.4
21,972
48
Argentina
0.830
76.5
17.6
10.6
17,611
57
Uruguay
0.808
77.8
16.3
8.7
19,435
79
Brazil
0.761
75.7
15.4
7.8
14,068
79
Colombia
0.761
77.1
14.6
8.3
12,896
82
Peru
0.759
76.5
13.8
9.2
12,323
85
Ecuador
0.758
76.8
14.9
9.0
10,141
96
Venezuela (Bolivarian Republic of)
0.726
72.1
12.8
10.3
9,07
98
Paraguay
0.724
74.1
12.7
8.5
11,72
98
Suriname
0.724
71.6
12.9
9.1
11,933
114
Bolivia (Plurinational State of)
0.703
71.2
14.0
9.0
6,849
123
Guyana
0.670
69.8
11.5
8.5
7,615
América Central

56
Barbados
0.813
79.1
15.2
10.6
15,912
60
Bahamas
0.805
73.8
12.8
11.5
28,395
63
Trinidad and Tobago
0.799
73.4
13.0
11.0
28,497
67
Panama
0.795
78.3
12.9
10.2
20,455
68
Costa Rica
0.794
80.1
15.4
8.7
14,79
72
Cuba
0.778
78.7
14.4
11.8
7,811
73
Saint Kitts and Nevis
0.777
74.6
13.6
8.5
26,77
74
Antigua and Barbuda
0.776
76.9
12.5
9.3
22,201
89
Dominican Republic
0.745
73.9
14.1
7.9
15,074
89
Saint Lucia
0.745
76.1
13.9
8.5
11,528
94
Saint Vincent and the Grenadines
0.728
72.4
13.6
8.6
11,746
96
Jamaica
0.726
74.4
13.1
9.8
7,932
103
Belize
0.720
74.5
13.1
9.8
7,136
124
El Salvador
0.667
73.1
12.0
6.9
6,973
126
Guatemala
0.651
74.1
10.6
6.5
7,378
126
Nicaragua
0.651
74.3
12.2
6.8
4,79
132
Honduras
0.623
75.1
10.2
6.6
4,258
169
Haiti
0.503
63.7
9.5
5.4
1,665
BRICS

49
Russian Federation
0.824
72.4
15.5
12.0
25,036
79
Brazil
0.761
75.7
15.4
7.8
14,068
129
India
0.647
69.4
12.3
6.5
6,829
113
South Africa
0.705
63.9
13.7
10.2
11,756