domingo, 27 de outubro de 2019

Entenda a onda de protestos no Chile

Quase 10 mil integrantes das Forças Armadas foram mobilizados para atuar contra os protestos.
O presidente do Chile, Sebastian Piñera, solicitou neste sábado (26) que ministros coloquem cargos à disposição. O anúncio foi feito após uma semana de protestos. Na sexta-feira (25), cerca de 1 milhão foram às ruas, no maior ato desde a ditadura.
A capital chilena viveu o terceiro dia de distúrbios no domingo (20) com confrontos violentos entre manifestantes e policiais. Os protestos pela suspensão do aumento nas passagens de metrô seguiram após o presidente anunciar no sábado (19) sua revogação.
Na noite de sábado (19), manifestantes atacaram vidraças de prédios, destruíram semáforos, queimaram ônibus e invadiram e incendiaram um supermercado. Ao menos 19 pessoas morreram desde semana passada devido a incêndios em estabelecimentos, atropelamentos e confrontos com forças de segurança.

ENTENDA OS DISTÚRBIOS NO CHILE EM SEIS PONTOS:
·    Governo anunciou um aumento de 30 pesos na tarifa do metrô, equivalente a 20 centavos de real
·    Violência aumentou nos protestos a partir de sexta (18);
·    Chile decreta no sábado "Estado de Emergência" e Exército vai às ruas pela 1ª vez desde a ditadura;
·    Presidente chileno suspendeu o aumento na tarifa do metrô, mas os protestos prosseguiram;
·    Metrô de Santiago foi fechado e o aeroporto da capital chilena teve voos suspensos;
·    Na sexta-feira (25), cerca de 1 milhão foram às ruas. O presidente solicitou que ministros coloquem cargos à disposição.

1. AUMENTO DA TARIFA DO METRÔ
O preço da passagem do metrô de Santiago nos horários de pico subiu para 830 pesos – equivalente a R$ 4,80 –, aumento de 3,75%. Não havia aumento nessa proporção desde 2010. O reajuste não afetou o valor das passagens para estudantes e idosos, mas se soma ao aumento geral de 20 pesos nas tarifas decretadas em janeiro passado.

2. ESCALADA DA VIOLÊNCIA
Os protestos, que começaram há cerca de 15 dias, tornaram-se violentos a partir de sexta. Houve confrontos entre manifestantes e policiais. Houve registro de incêndios que deixaram mortos em um supermercado e uma fábrica. O balanço oficial indica que 11 pessoas morreram e 1.462 foram detidas no país.
Manifestantes provocaram danos em 78 estações e trens. A empresa estatal que administra o serviço do metrô avalia que o prejuízo deve chegar a mais de US$ 300 milhões.

3. ESTADO DE EMERGÊNCIA E TOQUE DE RECOLHER
O aumento da violência nos protestos fez o governo enviar tropas do Exército às ruas de partes de Santiago. Foi a primeira vez que isso ocorreu desde 1990, quando o Chile voltou à democracia após a ditadura de Augusto Pinochet.
Mais 9.500 integrantes das Forças Armadas foram mobilizados para atuar contra os protestos para controlar pontos estratégicos como centrais de abastecimento e estações de metrô, que são alguns dos alvos mais visados pelos manifestantes.
O governo do país andino decretou estado de emergência por 15 dias na capital e na região metropolitana.
O general Javier Iturriaga decretou toque de recolher duas noites consecutivas, no sábado e no domingo. A medida atingiu a região metropolitana de Santiago, Valparaíso (centro), Coquimbo, Biobío e Antofagasta, entre outras regiões.

4. SUSPENSÃO NA ALTA DA TARIFA
Os protestos contra o aumento nas passagens de metrô seguiram mesmo após o presidente Sebastián Piñera anunciar no sábado (19) a suspensão do aumento de 30 pesos (R$ 0,17), que foi o estopim dos protestos.
"Escutei com humildade a voz de meus compatriotas e não terei medo de seguir escutando esta voz. Vamos suspender o aumento nas passagens do metrô", disse o presidente em uma transmissão.
No entanto, a medida não acalmou os manifestantes, que continuaram nas ruas com gritos de "basta de abusos" e com o lema "Chile acordou".
As manifestações não têm um líder definido nem uma lista precisa de demandas. Até o momento aparece como uma crítica generalizada a um sistema econômico neoliberal que, por trás do êxito aparente dos índices macroeconômicos, esconde um profundo descontentamento social.
No Chile, o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, a desigualdade social é elevada, os valores das pensões estão reduzidos e os preços dos serviços básicos estão em alta, de acordo com a France Presse.

5. VOOS SUSPENSOS
No aeroporto da capital chilena, centenas de pessoas ficaram retidas - muitas dormiram no chão - com o cancelamento ou adiamento de voos.
Os voos operados pelas maiores companhias aéreas do Chile, a Latam e a Sky Airline, foram suspensos por causa do toque de recolher.
A Latam Chile disse em uma rede social que, devido à situação da ordem pública, seus voos para dentro e fora de Santiago estavam sendo afetados.

6. UM MILHÃO NAS RUAS
O presidente do Chile, Sebastian Piñera, solicitou neste sábado (26) que ministros coloquem cargos à disposição. "Pedi a todos os ministros para colocar seus cargos à disposição para poder estruturar um novo gabinete para poder enfrentar essas novas demandas", afirmou no final da manhã em pronunciamento no Palácio da Moeda, sede do Executivo do país.
O anúncio foi feito um dia depois de cerca de 1 milhão irem às ruas na que é considerada pela imprensa local como maior manifestação desde o período da ditadura de Augusto Pinochet, que terminou em 1990. Fonte: Por G1-20/10/2019

Comentário: É a Primavera Chilena
Consequências: Lado obscuro do protesto: Saques, vandalismos, etc
■Comércio chileno calcula perdas de mais de US$ 1,4 bilhão
A CCS, que representa as principais empresas do país, estima os prejuízos em prejuízos de US$ 900 milhões e a falta de vendas em outros US$ 500 milhões.
Dos prejuízos estimados, US$ 900 milhões seriam apenas em danos causados por saques e destruição de lojas, mais US$ 500 milhões mais pela falta de vendas por roubo de espécies e pelos dias em que as lojas estavam fechadas.
■O setor estima que as instalações afetadas por incêndios, pilhagem ou destruição excedam 25.000. Estimativas do CCS, que representa as principais empresas do país, estimam que o número de instalações afetadas nacionalmente por incêndios, saques ou destruição ultrapassa 25.000, das quais 10.000 pertencem a pequenas e médias empresas.
■Prejuízo milionário para Metrô de Santiago - A empresa Metro confirmou  que terá de enfrentar com o seu património os danos milionários deixados nelas pelo vandalismo que ocorreu no início da explosão social que abalou o país desde sexta-feira, 18 de Outubro. Dessa forma, a maior parte dos US$300 milhões em que as perdas causadas pelos abusos e significarão uma dura diminuição para a empresa.
Das 136 estações da rede do Metrô, 79 estão danificadas. Destes, dez foram completamente destruídos por incêndios e outros atos de vandalismo. A estes se somam 11 parcialmente danificados, 41 com danos múltiplos e 17 que requerem pequenos reparos. Quanto aos trens, há seis que têm algum tipo de dano causado pela violência dos protestos. Fontes: Cooperativa - 26 de Outubro de 2019 , CIPER - 24.10.2019

  







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