Um servidor federal se aposenta. Em sua repartição, faltam
funcionários, e o governo, obrigado a conter gastos, adiou concursos para
contratação. Em outro escritório, há excesso de pessoal com habilidades
semelhantes de gestor. O problema parece simples de resolver.
Não raro, entretanto, haverá empecilhos burocráticos, quando
não impossibilidades legais ou decisões judiciais que impedirão a movimentação
de profissionais entre setores da administração pública.
Esses são apenas alguns exemplos dos transtornos provocados
pelas estruturas rígidas —burocráticas no pior sentido da palavra— das
carreiras do funcionalismo. Trata-se de sistema em que prerrogativas funcionais
para o bom exercício do cargo se estenderam até constituírem privilégios
geradores de desperdício e ineficiência.
309 CARREIRAS NO EXECUTIVO FEDERAL
Segundo o governo, há 309 carreiras no Executivo federal,
representadas por quase duas centenas de sindicatos. Tamanha especialização
suscita dúvidas, decerto. Assessores da gestão de Michel Temer (MDB) avaliam
que duas ou três dezenas seria um número razoável.
A questão não se limita à falta de mobilidade, que hoje já
cria desequilíbrios consideráveis na alocação de pessoal.
SALÁRIOS ALTOS
Os salários do setor
público também são mais altos do que no setor privado, mesmo quando se
consideram fatores como formação e experiência.
Vencimentos iniciais por vezes chegam a mais de 15 salários
mínimos; muitas promoções são quase automáticas; penalidades por ineficiências
ou descaso são infrequentes. De resto, em diversos setores, o servidor chega ao
teto salarial de sua função em poucos anos.
FUNCIONÁRIOS
O Executivo federal conta com 632 mil funcionários civis. Em
toda a administração brasileira, o número se aproxima dos 12 milhões na ativa,
incluindo militares, celetistas e informais. Além de numerosas, as categorias
são sobretudo organizadas e influentes.
Serviço público tem 12,6% da população ocupada
REFORMA
Uma reforma desse aparato é tão urgente quanto politicamente
difícil, como apontou o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, que estará
na equipe econômica do governo Jair Bolsonaro (PSL).
Na próxima legislatura, cerca de uma centena dos 513
deputados serão ligados diretamente ao serviço público, mas o lobby atinge
número bem maior de parlamentares —em razão, inclusive, de vínculos
profissionais e familiares.
Existem dúvidas sobre a disposição do presidente eleito,
oriundo do meio militar, para enfrentar a resistência das corporações. As
alternativas, todavia, são escassas. Fonte: Folha de São Paulo - 18.dez.2018
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