domingo, 12 de maio de 2019

Haja bala

Todo mundo agora pode andar armado —como se o Brasil já não fosse um grande tiroteio

Basta acordar escutando uma emissora de notícias. Operação militar esta madrugada no morro xis termina em tiroteio. PMs faziam patrulha quando foram atacados por traficantes. Na troca de tiros, morreram três traficantes, dois soldados e uma moradora de 90 anos a caminho da igreja. Você já ouviu essa notícia ontem, só que eram PMs contra milicianos. Vai ouvi-la de novo amanhã, de milicianos contra traficantes, e outra, no dia seguinte, de traficantes contra traficantes.

PM de folga, à paisana, é morto por bandidos ao sair de casa. Carro levando família de músicos é confundido com carro parecido, usado por bandidos que estavam sendo procurados, e fuzilado com 88 tiros pelo Exército. Grupo armado passa de carro e chacina 12 pessoas paradas no botequim da esquina. Particular é assaltado na rua e reage a tiros contra assaltante.

Bando de 30 pessoas em seis carros blindados derruba as grades, mata os seguranças e assalta fábrica de eletroeletrônicos. PM sai em perseguição pelas ruas do bairro e tiros atingem a população. Quadrilha armada intercepta caminhão na estrada e leva a carga. Jovem de 18 anos, portando granadas, fuzil e metralhadora, invade escola e mata dez ex-professores e colegas. Índios, padres, missionários e ecologistas recebidos a tiros por grileiros, agora com aval oficial.

Vereador do PPBB é assassinado em ação friamente planejada. Conflitos e tiros matam torcedores do time tal perto do estádio no clássico de ontem. Polícia estoura arsenal em apartamento de classe média no bairro assim-assado —ou seja, o seu simpático amigo do prédio era bandido e você não sabia. E, agora, qualquer um pode andar armado pelas ruas do Brasil e com a bala no pente.

Haja bala à solta neste país. É por isso que Jair Bolsonaro não dorme de touca. Dorme com uma arma na mesa de cabeceira. Talvez pelo nível de seus vizinhos naquele condomínio da Barra.
Folha de São Paulo - 10.mai.2019- Ruy Castro, jornalista e escritor

sábado, 11 de maio de 2019

Pombo ultrapassa limite de velocidade e é fotografado por radar na Alemanha

Era uma tarde tranquila na cidade de Bocholt, no oeste da Alemanha, quando um pombo ultrapassou o limite de velocidade em uma rua residencial, voando a 45 km/h em uma área em que a velocidade máxima era de 30 km/h. Um radar de velocidade disparou o flash assim que a ave passou voando por ele.

Autoridades da cidade, que fica perto da fronteira com a Holanda, publicaram a foto captada pelo radar na semana passada e, desde então, a imagem se tornou viral.
Em circunstâncias normais, a penalidade por excesso de velocidade equivaleria ao pagamento de multa no valor de 25 euros (cerca de R$ 111).

O evento inusitado aconteceu em fevereiro, mas a prefeitura de Bocholt informou por meio de sua conta no Facebook que levou algum tempo para analisar as fotos.

De acordo com o município, há uma margem de tolerância de 3 km/h em casos de excesso de velocidade, mas ainda assim o pombo estava voando a uma velocidade 12 km/h superior, "em rota de colisão com veículos e pedestres".

Um morador sugeriu que se tratava claramente de um pombo de corrida, enquanto outro brincou que a punição apropriada seria a prestação de serviço comunitário como pombo-correio.
A página da cidade de Bocholt no Facebook dizia filosoficamente: "Acima de tudo, resta saber se e como o pássaro veloz vai pagar sua multa de 25 euros". Fonte: G1 Mundo-08/05/2019 

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Ação solidária

Joshua Coombe muda a vida dos moradores de rua  de Londres. Cortar-lhes o cabelo sem cobrar nada.
Um corte de cabelo pode mudar uma vida. E Joshua Coombe corta o cabelo dos moradores de rua sem cobrar nada, por amor à sua arte e para ajudar os outros. E eles contam-lhe as suas histórias.
O corte de cabelo  devolve-lhe a dignidade, a autoestima e a confiança”,diz Joshua Coombes.
Um corte de cabelo pode mudar uma vida. Centenas de cortes de cabelo grátis, àqueles que mais precisam, podem fazer algo mais se tornar-se um movimento global de gestos altruístas. Isso é o que Joshua Coombes pretende com o movimento #DoSometingForNothing onde estão as histórias.
Joshua tem 29 anos e já foi roqueiro. Decidiu seguir o exemplo de outros, espalhados pelo mundo, e tornar-se um cabeleireiro solidário. “Somos já centenas  de cabeleireiros tentando  marcar a diferença, mas a nossa ideia é ir mais além e envolver tantas pessoas quanto possível no #DoSomethingforNothing nas redes sociais”, diz Joshua. Fonte: Observador - 31/10/2016

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Morre Beth Carvalho

A cantora Beth Carvalho morreu nesta terça-feira (30/04), aos 72 anos, no Rio de Janeiro. A artista estava internada desde o início de janeiro no Hospital Pró-Cardíaco, que informou que a causa da morte foi uma infecção generalizada.

Conhecida como a Madrinha do Samba, durante seus mais de 50 anos de carreira, Beth Carvalho se consagrou como um dos maiores nomes da história do gênero musical. Eternizou com sua voz canções como "Andança", "Coisinha do Pai", "Olho por Olho", "As Rosas não Falam" e "Folhas Secas".

No comunicado que anunciou a morte, a assessoria de imprensa da cantora agradeceu o "carinho e a solidariedade" neste momento. "Beth deixa um legado de valor inestimável para a música popular brasileira e sempre será recordada por sua luta pela cultura e pelo povo brasileiro", diz o texto.

Em 1969, lançou seu primeiro álbum, "Andança", cuja canção título foi seu primeiro grande sucesso e trouxe fama para a jovem em todo o país. Em 1973, gravou "Canto por um Novo Dia", seu primeiro disco totalmente dedicado ao samba, gênero que a acompanharia para o resto de sua vida. Depois deste sucesso, passou a lançar um álbum por ano.

Em 2009, teve seu trabalho reconhecido ao ser agraciada com um prêmio especial do Grammy Latino por sua obra. Em 2007, seu sucesso "Coisinha do Pai" tocou no espaço. A música foi escolhida pela Nasa para despertar um robô em Marte. Fonte: Deutsche Welle-30.04.2019




  

  

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Socialistas vencem na Espanha

Apenas dois anos depois de ser destituído da liderança do seu partido e de retornar como vencedor das suas segundas primárias, Pedro Sánchez venceu as eleições gerais deste domingo na Espanha com uma contundência maior do que se esperava. Quase chegou no resultado sonhado: somar uma maioria sem necessidade de contar com os independentistas catalães – faltará um deputado para isso. O presidente tem agora uma posição política muito cômoda, com a oposição bastante enfraquecida pelo afundamento clamoroso do direitista PP, com quase o dobro da sua bancada. O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, de Sánchez) ficou a um assento de somar a maioria absoluta com o esquerdista Unidas Podemos, o partido regional basco PNV e algum outro grupo pequeno. Em todo caso, bastaria uma abstenção da Esquerda Republicana da Catalunha para que Sánchez fosse investido presidente em segunda votação. O PSOE terá maioria absoluta no Senado, outro trunfo.

Com 99,99% dos votos apurados, o PSOE soma 123 deputados (28,70% do total de 350), e o Unidas Podemos tem 42. O PP ficava com apenas 66 assentos (16,68%), um desabamento sem paliativos em relação aos 135 que elegeu em 2016; o centro-direitista Cidadãos subiu para 57 (15,84%), e o ultradireitista Vox entra no Congresso com 24 (10,26%). A ERC elegeu 15 deputados, uma ascensão importante, o que pela primeira vez coloca o partido como vencedor das eleições gerais na Catalunha, quase empatado com os socialistas. O nacionalista e centrista Juntos pela Catalunha caiu para 7 deputados, e os moderados bascos do PNV subiram para seis. Outro partido basco, o Bildu, dobrou sua representação anterior e ficou com quatro assentos. Fonte: El País  Madri 29 ABR 2019 

sábado, 27 de abril de 2019

Suécia, o país onde deputados não têm assessores, dormem em quitinete

Para os deputados suecos do novo Parlamento, eleito em setembro passado, a realidade é a austeridade de sempre: gabinetes de sete metros quadrados, apartamentos funcionais pequenos e rígidos limites para o uso do dinheiro dos contribuintes no exercício da atividade parlamentar.
Não são oferecidos a deputados suecos benefícios extras como aqueles concedidos a parlamentares no Brasil, a exemplo de verbas para fretamento de aeronaves; aluguel e demais despesas de escritório político na base eleitoral; alimentação do parlamentar; contratação de secretária e entre 25 e 50 assessores particulares; ressarcimento de gastos com médicos; auxílio-creche pago por cada filho até os seis anos de idade; auxílio-mudança para se transferir para a capital; fundos para contratação de consultorias; assinatura de publicações e serviços de TV; além de verba para divulgação de mandato.

E imunidade parlamentar é um conceito que não existe na Suécia.

TRANSPORTE
A cada início de mandato, o que os 349 deputados suecos recebem – assim como o Presidente do Parlamento – é um cartão anual para usar o transporte público. E também um robusto código de ética, que vem acompanhado ainda por um conjunto de informações sobre o restrito uso das verbas públicas e normas de conduta para a atividade parlamentar.
Carros oficiais são poucos, e para uso limitado. O Parlamento possui apenas três veículos, modelo Volvo S80. Esta frota de três está à disposição somente do Presidente do Parlamento e seus três vice-presidentes, para eventos oficiais.
"Não é um serviço de táxi", diz René Poedtke, do setor administrativo do Parlamento. "Os carros não estão disponíveis para levá-los para casa ou para o trabalho."
Na Suécia, o único político que tem direito a carro em caráter permanente é o primeiro-ministro. O carro pertence à frota da polícia secreta sueca, a Säpo (Säkerhetspolisen). Ministros podem requisitar veículos "quando têm fortes razões para precisar de um", segundo diz um assessor do governo: "Por exemplo, quando vão fazer um discurso em um subúrbio distante".

PARLAMENTARES NÃO PODEM AUMENTAR O PRÓPRIO SALÁRIO
O salário bruto de um deputado do Parlamento sueco é de 66,900 coroas suecas por mês (cerca de R$ 27 mil). Descontados os altos impostos, um parlamentar recebe vencimentos líquidos de aproximadamente de 40,000 coroas suecas (pouco mais de R$ 16 mil) – o que equivale a menos que o dobro do que ganha um professor do ensino fundamental na Suécia.
Se um deputado sueco tem sua base eleitoral fora da capital, pode solicitar o chamado traktament, uma ajuda de custo para os dias da semana em que trabalha em Estocolmo. O valor desta diária, paga estritamente aos parlamentares que não têm residência permanente na capital, é de 110 coroas suecas (aproximadamente R$ 45).
E nenhum deputado sueco tem o privilégio de aumentar o próprio salário: na Suécia, os salários dos parlamentares são determinados por um comitê independente, chamado Riksdagens Arvodesnämd.
Três pessoas compõem este comitê: um presidente, que via de regra é um juiz aposentado, e dois representantes, que são em geral ex-servidores públicos ou jornalistas. O comitê é nomeado pela Mesa Diretora do Parlamento.
"Não há nenhum parlamentar entre nós. Somos um comitê com independência garantida pela Constituição. A Mesa Diretora do Parlamento não pode nos dar nenhuma diretriz", disse o presidente do comitê, Johan Hirschfeldt.
Ex-presidente da Corte de Apelação de Estocolmo, Hirschfeldt conta que o comitê se reúne uma vez por ano, após o recesso parlamentar do verão europeu. "Isso não significa que os deputados ganhem aumento de salário todos os anos", ele observou.
Para avaliar se os deputados terão ou não aumento de salário, Hirschfeldt diz que o comitê faz uma análise das circunstâncias econômicas da sociedade como um todo, incluindo índices de inflação e de variação salarial tanto no setor público como no privado. "Quando nos reunirmos da próxima vez, vamos avaliar as circunstâncias gerais, e talvez decidir dar um aumento aos parlamentares entre 1% ou 1,5%. Ou talvez não daremos aumento nenhum".
A decisão do comitê é soberana: não pode ser contestada, e não necessita ser submetida a votação no Parlamento. "Os parlamentares não têm nenhum poder de decisão no processo. E não sei se ficam satisfeitos ou não com o salário, porque nenhum parlamentar nunca telefonou para pedir mais, nem reclamar", diz o presidente do comitê.
Aumentos de salário dos ministros e do primeiro-ministro são também decididos por um comitê independente, o Statsrådsarvodesnämden.

ACESSO LIMITADO A APARTAMENTOS E QUITINETES FUNCIONAIS
O apartamento funcional do deputado Per-Arne Håkansson tem 46 metros quadrados. Apenas políticos com base eleitoral fora da capital, e que não possuem imóvel próprio em Estocolmo, têm direito a viver em apartamentos - ou até quitinetes - funcionais. E o Presidente do Parlamento sueco não tem direito a residência oficial.
Os apartamentos funcionais têm em média 45,6 metros quadrados. Já as quitinetes funcionais têm apenas 16 metros quadrados. Do total de 197 imóveis administrados pelo Parlamento sueco, apenas oito dispõem de espaço entre 70 e 90 metros quadrados.
Além do sofá-cama, uma mesa, um pequeno armário, uma minicopa com um fogão de uma boca, um frigobar e um banheiro são suficientes para preencher o espaço de pouco mais de 16 metros quadrados de um dos apartamentos funcionais, situado na rua Monkbron.
Nos imóveis funcionais não há máquina de lavar roupa, nem lavadora de pratos, e nem mesmo cama de casal - apenas de solteiro. Em grande parte dos apartamentos funcionais, não há sequer quarto: um único cômodo, mobiliado com um sofá-cama, funciona como sala e quarto de dormir.
Em todos os prédios de apartamentos funcionais, as lavanderias são comunitárias, e os deputados precisam marcar hora em um fichário para lavar a roupa suja. Nestas lavanderias comunitárias, geralmente situadas no porão dos prédios, também há tábuas de passar roupa à disposição dos deputados.
Também são os próprios parlamentares que cozinham e cuidam da limpeza da casa. Faxina gratuita nos apartamentos funcionais, segundo o setor de administração do Parlamento sueco, só uma vez por ano, durante o recesso parlamentar de verão.

FAMILIARES DOS PARLAMENTARES DEVEM PAGAR PARA PERNOITAR NOS IMÓVEIS FUNCIONAIS
Mais: o erário público paga apartamentos funcionais exclusivamente para parlamentares. A cônjuges de deputados, familiares e afins, é negado o benefício de morar ou até mesmo pernoitar em propriedade do Estado sem pagar. Quando o familiar de um parlamentar passa uma temporada no imóvel funcional, o deputado tem prazo de um mês para ressarcir o erário pelos dias de pernoite.
E se a mulher de um deputado do interior decide viver no apartamento funcional da capital com o marido, cabe a ela arcar com a metade do valor do aluguel.
"É claro que não pagamos para ninguém morar de graça, a não ser os parlamentares com base eleitoral fora da capital", diz a chefe do setor de Serviços Parlamentares, Anna Aspegren.
Na creche do Parlamento, os deputados podem deixar ocasionalmente os filhos com idades entre um ano e treze anos, durante sessões deliberativas.
"Mas os deputados devem pagar pelo almoço das crianças", explica Monika Karlsson, funcionária da creche. Em dias de sessão noturna, a creche fica aberta até à meia-noite - ou mais.
Os parlamentares têm duas opções de moradia na capital sueca: a primeira é viver em um dos apartamentos ou quitinetes funcionais. A segunda é alugar um apartamento por conta própria, e cobrar do Parlamento o ressarcimento correspondente ao valor do aluguel. Neste caso, o valor máximo que o Parlamento reembolsa aos deputados é de 8 mil coroas suecas mensais (o equivalente a cerca de R$ 3.500), quantia relativamente baixa para a escassa oferta imobiliária do centro da capital.
"Mas os parlamentares que vivem com o cônjuge em um apartamento alugado só podem pedir reembolso da metade do valor do aluguel, e têm que pagar do próprio bolso pela manutenção do imóvel", explica Anna Aspegren.
Até os anos 90, apartamentos funcionais sequer existiam na Suécia: os deputados dormiam em sofás-cama, em seus próprios gabinetes. Pratos e roupas eram lavados à mão na pia do gabinete, e não havia cama.

GABINETES PARLAMENTARES CHEGAM A TER 7 METROS QUADRADOS
Os gabinetes parlamentares dos deputados suecos têm em média 15 metros quadrados, e decoração frugal. Uma mesa de madeira clara, estantes da mesma cor, um antigo aparelho de TV e um franzino sofá vermelho, em estilo semelhante aos da rede sueca de móveis populares Ikea, compõem o ambiente.
Os menores gabinetes do Parlamento chegam a ter 7 metros quadrados. Os gabinetes maiores são reservados às lideranças partidárias, e têm em média 31 metros quadrados.
No corredor de cada anexo parlamentar, há um balcão com os jornais diários e publicações diversas. São para uso coletivo dos parlamentares: as assinaturas de jornais e revistas são custeadas pelo partido, e deputados não têm verba pessoal para assinar publicações.
"Podemos levar um jornal para ler no gabinete, e colocá-lo de volta em seguida no balcão", diz o deputado Per-Arne Håkansson.
"Também podemos ler jornais e outras publicações na biblioteca do Parlamento, que também disponibiliza a leitura nos celulares dos deputados, através de um aplicativo", observa ele.

NA CANTINA DO PARLAMENTO, OS DEPUTADOS PAGAM PELO PRÓPRIO CAFEZINHO.
O  almoço  é no bandejão no Parlamento. Não há garçons e é preciso pagar pela comida. Depois da refeição, cada parlamentar deve levar o próprio prato para a estação de recolhimento de bandejas, que fica ao lado da cozinha do Parlamento.
O Parlamento sueco também tem um restaurante mais formal, para ocasiões especiais. Mas, no dia a dia, alguns deputados chegam a levar quentinha, e esquentam a comida na cozinha comunitária do Parlamento. Ali, todos devem lavar a própria louça.
Diferentemente do que acontece no Brasil, nenhum deputado sueco tem direito a reembolso por refeições feitas em restaurantes de luxo.

SEM SECRETÁRIAS NEM ASSESSORES PARTICULARES
"Nenhum deputado tem secretária particular, nem pode contratar assessores", diz Mats Lindh, do setor de Serviços Parlamentares.
No sistema sueco, cada partido político representado no Parlamento recebe verba restrita para contratar um grupo de assistentes e assessores, que formam o chamado secretariado do partido. E este grupo de funcionários os atende, coletivamente, a todos os deputados de uma sigla.
Ou seja: os parlamentares dividem entre si um grupo de assessores e assistentes, que, entre outras atividades, prepara análises políticas e cuida das relações com a imprensa.
Nos corredores da base parlamentar do partido Social-Democrata, um porta-voz fornece a lista do secretariado: 101 funcionários trabalham em conjunto para apoiar as atividades de 100 deputados. Esta equipe de funcionários é composta por assessores políticos e analistas de apoio para questões políticas e relações com a imprensa, além de alguns assistentes administrativos - que não costumam estar à disposição dos deputados para tarefas pessoais.
"Cada deputado cuida da sua agenda de trabalho, prepara seus discursos e marca ele próprio, por exemplo, suas reuniões e bilhetes de trem ou avião", diz o porta-voz.
Para o cientista político sueco Rune Premförs, manter uma força-tarefa de assessores particulares para um só parlamentar é uma aberração. "Por que todos esses recursos deveriam estar à disposição de um único político, se podem ser divididos? Representantes políticos devem também ser representantes do povo em termos de não se atribuir condições privilegiadas", opina Premförs.
É válido o argumento de que países grandes têm grandes problemas, diz o cientista político, e que para resolvê-los precisam de mais recursos humanos.
"Mas isto não significa necessariamente aumentar os privilégios pessoais, na forma de assessores particulares. O que um parlamentar precisa é de serviços de informação e consultoria de qualidade para apoiar suas atividades e a sua tomada de decisões. Na Suécia, um dos setores do Parlamento que mais se expandiu nos últimos vinte anos foi o RUT (Serviço de Pesquisas do Parlamento), que fornece todo tipo de pesquisas, estatísticas e consultorias especializadas a parlamentares de todas as siglas", diz Premförs.
E em vez de receber verba do erário para divulgação do mandato, deputados suecos informam os eleitores sobre suas atividades parlamentares através da internet. Na página oficial do Parlamento sueco, as páginas individuais de cada um dos deputados têm como subtítulo a legenda "Sagt och gjort" ("Dito e feito", em português): ali estão cópias de todas as moções apresentadas pelo parlamentar em questão, assim como vídeos de discursos realizados pelo deputado, interpelações e outras atividades parlamentares.

SEM VERBA INDENIZATÓRIA
Deputados suecos não recebem verba indenizatória para aluguel e manutenção de escritórios políticos em suas bases eleitorais - nem para alimentação, locação de móveis e equipamentos, material de expediente, assinatura de TV a cabo ou assinatura de publicações em suas regiões de origem.
Quando estão em suas bases eleitorais, os parlamentares usam a sede local do partido, ou a biblioteca pública, para trabalhar e fazer reuniões. "Ou a própria casa deles", diz Anna Aspegren, a chefe do departamento que controla as despesas dos deputados.

O MANUAL DE VIAGENS DO DEPUTADO
Entre as informações que cada parlamentar sueco recebe ao ser eleito, está um manual de 35 páginas, intitulado Regras de Viagem (Reseregler). Algumas recomendações aos deputados:
- "Deve ser escolhido o meio mais econômico possível para atingir o destino - trem, carro ou avião."
- "Carros para viagem devem ser alugados na agência de viagens do Parlamento, utilizando as locadoras com as quais o Parlamento possui contratos a fim de obter preços mais favoráveis. Em consideração aos aspectos de custo e de proteção ao meio ambiente, não é permitido alugar carros especiais ou de luxo."
- "Se o deputado viajar com o próprio veículo, deve ser escolhido o caminho mais curto possível, a menos que haja razões especiais para se tomar um caminho mais longo".
- "Deputados devem usar táxis quando não houver alternativa de transporte público disponível, ou se houver razões especiais para tal".
Para viagens ao exterior, um deputado sueco pode gastar um teto máximo de 50 mil coroas suecas (cerca de R$ 20 mil) por mandato, ou seja, ao longo de quatro anos. O parlamentar deve ainda apresentar um programa detalhado da viagem de trabalho, que deve obrigatoriamente, como é de praxe em vários países, ser submetido à aprovação da presidência do Parlamento.
No exterior, um deputado recebe ajuda de custo limitada por uma rígida tabela: as diárias variam em geral entre 220 coroas (cerca de R$ 80) e 700 coroas (aproximadamente R$ 280), dependendo do país visitado. Quando viajam ao Brasil, o valor total da diária para um deputado sueco é de 407 coroas suecas (cerca de R$ 163).
O valor destas diárias é parcialmente sujeito a imposto. E se um deputado recebe refeições gratuitas durante uma conferência no exterior, por exemplo, o valor correspondente é deduzido da diária. "Se almoçarem de graça, não pago a diária completa", diz Anna Aspegren.
Outra regra trata de hospedagens. "Quando um deputado divide um quarto de hotel com um familiar ou amigo que não tem direito a ter suas despesas pagas pelo Parlamento, o Parlamento paga apenas 75 por cento do valor da diária. E não são hotéis de luxo", observa Anna.
Tanto parlamentares como ministros costumam voar em aviões de carreira.

SEM PENSÃO VITALÍCIA
Parlamentares suecos também não têm o privilégio de receber pensão vitalícia após cumprir um mínimo de um ou dois mandatos. Aos deputados suecos não se oferece pensão, e sim o que se chama de "garantia de renda" (inkomstgaranti) por tempo limitado. Diz a lei sueca:
"A finalidade do benefício (pensão) é proporcionar segurança financeira ao parlamentar no momento de transição após o término de suas atividades no Parlamento. O benefício não tem como propósito garantir o sustento permanente do ex-parlamentar".
É uma espécie de seguro-desemprego: o princípio geral é que todo deputado precisa trabalhar pelo menos oito anos no Parlamento (duas legislaturas) para ter direito a um benefício equivalente a 85% do valor do salário, durante um período máximo de dois anos. E para receber o benefício durante mais de um ano, o ex-deputado precisa comprovar que está ativamente procurando uma nova forma de ganhar o pão de cada dia.
"É importante entender que o sistema tem mecanismos fortes. Eles (os deputados) têm que provar que estão procurando um novo emprego, que não estão passivos. Do contrário, o benefício é cortado", diz Johan Hirschfeldt, presidente do comitê que regulamenta salários e pensões parlamentares (Riksdagens Arvodesnämd).
Se o parlamentar passa a exercer um outro mandato ou cargo político, o benefício também é suspenso.

94% DOS POLÍTICOS NÃO RECEBEM SALÁRIO NAS ASSEMBLEIAS REGIONAIS
A nível regional, a representação política na Suécia é considerada uma atividade extra a ser exercida em paralelo a um emprego remunerado, de onde todo político deve tirar seu próprio sustento: 94% dos representantes das Assembléias regionais não recebem salário. Apenas os integrantes da presidência e dos comitês executivos das Assembléias recebem remuneração para trabalhar como políticos em tempo integral ou parcial.
Prefeitos não têm direito a residência oficial. E em todas as assembleias municipais do país, a regra não tem exceção: vereadores não têm salário, secretária, assistentes, carro com motorista, e sequer gabinete - eles trabalham de casa, e ganham apenas uma pequena gratificação para participar das sessões na Câmara.
"Ser vereador é um trabalho voluntário, que pode ser perfeitamente realizado nas horas vagas", opinia Christina Elffors-Sjödin, vereadora de Estocolmo, do Partido Moderado. Fonte: Fonte: BBC News Brasil – sábado, 16 de fevereiro de 2019 

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Bolsonaro veta peça publicitária para o Banco do Brasil

Uma campanha publicitária do Banco do Brasil dirigida para o público jovem, divulgando o serviço de abertura de conta corrente por aplicativo no celular, foi retirada do ar por recomendação do presidente Jair Bolsonaro. O episódio também envolveu a saída do diretor de Comunicação e Marketing do banco, Delano Valentim, que atualmente está de férias.

Estrelado por atores negros e brancos, numa representação da diversidade racial e sexual do País, a peça começou a ser veiculada no dia 1.º de abril e saiu do ar há cerca de duas semanas. Tinha 30 segundos, e podia ser vista em comerciais veiculados na TV e na internet.  

Oficialmente, não foi apresentado um motivo para a retirada da propaganda. Bolsonaro procurou o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, para falar sobre a peça. Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, Novaes disse ter concordado com o pedido apresentado por Bolsonaro. Ainda segundo ele, a decisão para a saída do diretor de Comunicação e Marketing da instituição foi tomada de forma consensual. Fonte: Fonte: Estadão-25 de abril de 2019
Comentário: Que país é esse? Crazy government