domingo, 24 de dezembro de 2017

Aumenta expectativa de vida no Brasil

Pessoas nascidas em 2016 podem esperar viver, em média, 75,8 anos – salto de três meses e 11 dias em relação a 2015. Expectativa de vida do brasileiro aumenta 30 anos desde 1940.
mãos idosas sobre bengala

Em 2016, de cada mil pessoas que atingiam os 65 anos de idade, 628 completariam ao menos 80 anos

A expectativa de vida no Brasil registrou um aumento de três meses e 11 dias em 2016 em relação ao ano anterior, segundo estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (1º/12). Ao todo, a expectativa de vida do brasileiro aumentou impressionantes 30,3 anos entre 1940 e 2016. Santa Catarina registrou os melhores índices.

Uma pessoa nascida no Brasil em 2016 tinha expectativa de viver, em média, até os 75 anos, nove meses e sete dias (75,8 anos). A expectativa de vida dos homens aumentou de 71,9 anos em 2015 para 72,2 anos em 2016, e a das mulheres foi de 79,1 para 79,4 anos.

ESTADOS, COM  MAIOR EXPECTATIVA DE VIDA
Entre os estados, a maior expectativa de vida para quem nasceu em 2016 foi registrada;
■ Santa Catarina (79,1 anos),
■ Espírito Santo (78,2 anos),
■ Distrito Federal (78,1 anos) e
■ São Paulo, estado onde a expectativa de vida é de 78,1 anos.
A menor foi registrada no Maranhão (70,6 anos).

Já uma pessoa que completasse 65 anos em 2016 teria a maior expectativa de vida (mais 20,1 anos) no Espírito Santo. Em Rondônia, uma pessoa que completasse 65 anos em 2016 teria expectativa de vida de somente mais 15,9 anos.

No quesito terceira idade, também foi registrado um salto significativo de 1940 até 2016. A expectativa de vida de uma pessoa aos 65 anos aumentou em 7,9 anos, em média – de 10,6 anos a mais, em 1940, para 18,5 anos em 2016. Em 1940, de cada mil pessoas que atingiam os 65 anos de idade, 259 completariam ao menos 80 anos de idade. Em 2016, esse valor saltou para 628 pessoas.

EXPECTATIVA DE VIDA EM 1940
Em 1940, a expectativa de vida no Brasil era, em média, de apenas 45,5 anos. Os homens tinham uma expectativa de vida de 42,9 anos, e as mulheres podiam esperar chegar aos 48,3 anos.

MORTALIDADE INFANTIL REGISTRA QUEDA DE 90,9%
A taxa de mortalidade infantil no Brasil é de 13,3 óbitos antes de completar um ano de vida por mil nascimentos. A probabilidade de um recém-nascido do sexo masculino em 2016 não completar o primeiro ano de vida era de 14,4 a cada mil nascimentos. Já para as recém-nascidas, a chance era de 12,2 meninas não completarem o primeiro ano de vida. E a mortalidade na infância (de crianças menores de cinco anos de idade) caiu de 16,1 por mil em 2015 para 15,5 por mil em 2016.

Entre 1940 e 2016, a mortalidade infantil apresentou declínio de 90,9%, passando de 146,6 por mil para 13,3 por mil, e a mortalidade entre um e quatro anos de idade, redução de 97,1%, indo de 76,7 por mil para 2,2 por mil. E em 1940, a chance de morrer entre 1 e 4 anos era de 30,9%, mais que o dobro do que foi observado em 2016.

HOMENS TÊM 4,5 MAIS CHANCE DE NÃO COMPLETAR 25 ANOS
Por fim, chamou a atenção o dado divulgado pelo IBGE de que homens de 20 anos têm 4,5 vezes mais chance de não completar 25 anos de idade do que mulheres. Esse fenômeno pode ser explicado pela maior incidência dos óbitos por causas externas ou não naturais, que atingem com maior intensidade a população masculina.
Em 1940, o fenômeno da sobremortalidade masculina não era registrado no país, o que mostra que ele está relacionado com o processo de urbanização e metropolização do Brasil. Fonte: Deutsche Welle- 01.12.2017é

sábado, 23 de dezembro de 2017

Independentistas da Catalunha derrotam Governo espanhol em eleição



Em uma eleição parlamentar apertada nesta quinta-feira, que retratou uma população dividida, os independentistas da Catalunha saíram como os grandes vitoriosos da batalha com o Governo espanhol que se arrasta há meses. Apesar de um partido anti-separatista (Ciudadanos) ter conseguido obter a maior quantidade de cadeiras de deputados, o bloco formado pelos três partidos que defendem o descolamento da Espanha conseguiu a maioria das vagas e terá a quantidade de votos necessária para indicar o próximo presidente catalão. Impuseram, assim, uma derrota ao Governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy, que no final de outubro dissolveu toda a cúpula de poder da Catalunha e convocou novas eleições como resposta à realização de um referendo separatista ilegal. A expectativa governista de que a crise poderia ser amenizada após o pleito se esvai e uma nova etapa de incertezas se abre em um país já fraturado.

A eleição desta quinta teve dados de participação históricos: com 90% das urnas apuradas, já se apontada que mais de 80% dos 5,5 milhões de catalães aptos a votar compareceram às urnas, comprovando a importância que este pleito adquiriu na Catalunha. A decisão era maior do que uma simples eleição de deputados. Ela apontaria se o processo separatista ganharia um novo ímpeto ou se seria rechaçado. Durante o dia, os candidatos e líderes dos movimentos convocaram a população para a votação e filas de até 40 minutos foram registradas em alguns colégios eleitorais. Tudo transcorreu sem incidentes,  

No bloco independentista, o partido que logrou a maior quantidade de cadeiras foi o Junts per Catalunya, cuja lista de deputados é encabeçada justamente por Carles Puigdemont, o ex-presidente destituído por Rajoy após o referendo e que fugiu para Bruxelas para evitar a prisão. Foi seguido pela ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), cuja cabeça da lista é ocupada por Oriol Junqueras, o ex-vice-presidente da comunidade autônoma, que se encontra preso preventivamente em Madri.
A CUP (Candidatura de Unidade Popular), terceiro partido do bloco independentista, assegurou as vagas restantes para que o bloco obtivesse ao menos 68 das 135 cadeiras do parlamento.

Os partidos anti-independentistas, que formam o bloco denominado constitucionalista (pois apoiam a aplicação do artigo 155 da Constituição e a decisão do Tribunal Constitucional de que o referendo separatista é inconstitucional), também chegaram à eleição divididos em três partidos: Ciudadanos, Partit dels Socialistes e o PP de Rajoy, que tem pouca força na Catalunha. Apesar de suas diferenças políticas, eles prometeram se unir em um Governo de coalizão caso somassem a quantidade de cadeiras suficientes para formar a maioria e eleger um presidente e, com isso, colocar um ponto final no processo independentista. Ciudadanos foi o partido com o melhor desempenho e conseguiu assegurar a maioria das vagas do Parlamento, mas o desempenho dos demais partidos do bloco fez com que eles não alcançassem a maioria.

Após os resultados, o líder do PP na Catalunha, Xavier García Albiol, reconheceu que os constitucionalistas "não foram capazes de gerar uma alternativa diferente ao separatismo no Parlamento". " "Vemos com muita preocupação um futuro social e econômico para a Catalunha com uma possível maioria independentista", ressaltou. Fonte: El País - 21 DEZ 2017

Peru: Kuczynski consegue evitar seu impeachment

Pedro Pablo Kuczynski (PPK) continuará sendo o presidente do Peru. No último momento, e por somente nove votos, conseguiu evitar o impeachment pretendido pela oposição. A moção que provocaria sua queda por “permanente incapacidade moral” precisava de 87 votos para seguir adiante, mas só conseguiu 79. Houve 19 votos contra o pedido e 21 abstenções. No final foi salvo pela esquerda, já que os parlamentares ligados a Verónika Mendoza se negaram a votar, e um grupo de 10 fujimoristas desobedientes, que decidiram abster-se mostrando a divisão entre Keiko Fujimori, a irmã mais velha, que era favorável à destituição, e Kenji, o caçula, que se negava a apoiá-la e prefere manter Kuczynski para negociar o indulto a seu pai, já muito avançado.

Em uma sessão dramática após uma longa noite de negociações, PPK lutou até o final para continuar no poder após o escândalo por suas ligações com o caso Odebrecht., que  divulgou um documento sobre as consultorias de quase oito milhões de dólares feitas pela empresa de Kuczynski.
Para conseguir apelou ao antifujimorismo, o movimento mais poderoso do Peru, e pediu aos demais congressistas que não colaborassem no “golpe” do grupo do caudilho. “Está em suas mãos salvar a democracia ou afundá-la por muito tempo”, disse. Esses argumentos, e a ameaça de entregar o poder ao fujimorismo e gerar uma grande instabilidade, por fim convenceram os parlamentares suficientes. Fonte: El País - 22 DEZ 2017  

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

A vida dos estudantes americanos com dívidas acima dos R$ 500 mil

Formada e pós-graduada em duas das melhores universidades americanas, Carolyn Chimeri imaginava que teria uma vida mais confortável que a de seus pais, que jamais foram para a faculdade.
Após completar o ensino superior, porém, ela acumulou uma dívida de US$ 238 mil (R$ 754 mil) e hoje rala para quitar as prestações com um salário de professora, aos 29 anos de idade.
"Eu e meu marido brigamos o tempo todo por dinheiro, pensando em como sobreviver, pagar as contas e viver como pessoas comuns em Nova York", ela diz à BBC Brasil.

Dívidas como a de Chimeri, que alcançam os seis dígitos, não são incomuns nos Estados Unidos, país onde há poucas universidades gratuitas e cerca de 70% dos estudantes recorrem a empréstimos para custear o ensino superior, segundo o governo americano.
Dados oficiais indicam que a dívida estudantil no país alcançou US$ 1,3 trilhão neste ano - o equivalente a 70% do PIB brasileiro em 2015. Esse montante, segundo o Federal Reserve, o Banco Central Americano, é devido por 43,3 milhões de pessoas.

Já no Brasil a oferta de crédito para estudantes é bem menor e foi reduzida durante a crise: o maior programa federal de financiamento estudantil, o Fies, ofereceu 222 mil linhas de crédito neste ano, que cobrem menos de 10% do total de matrículas anuais em universidades.
Chimeri se endividou pela primeira vez para se formar em história e ciência política na Penn State, universidade pública na Pensilvânia. Nos EUA, mesmo universidades públicas costumam ser pagas, com algumas custando até U$ 40 mil ao ano (em universidades privadas, o valor pode chegar a US$ 70 mil, ou R$ 223 mil).

Após se formar, ela pegou outro empréstimo para um mestrado na Universidade Columbia, em Nova York, acreditando que o diploma lhe garantiria melhores empregos e a chance de quitar o débito com mais rapidez.
Ela diz que seus pais haviam se oferecido para pagar o primeiro empréstimo, mas a crise econômica global complicou a família e fez com que ela assumisse a dívida.
Chimeri foi contratada como professora numa escola pública em Nova York, mas, mesmo pagando parcelas todos os meses, diz que a dívida pouco diminuiu por causa dos juros de 8% ao ano.
Para cortar despesas, mudou-se com o marido para a casa da avó dele e, na melhor das hipóteses, espera quitar os débitos por volta de 2030.
"Não posso comprar uma casa nem começar uma família - sinto que estou parada nos meus 20 e poucos anos", lamenta.

ANSIEDADE E DEPRESSÃO
A ONG Student Debt Crisis (crise da dívida estudantil), que tenta reformar o sistema de financiamento estudantil nos EUA, compilou vários depoimentos de ex-alunos com dívidas na casa dos seis dígitos.
Uma advogada recém-formada e desempregada na Califórnia com dívida próxima a US$ 400 mil se diz "ansiosa e deprimida" com a perspectiva de jamais conseguir quitar o valor.

Uma ex-estudante em Montana afirma que, por causa dos juros, o empréstimo de US$ 30 mil que pegou para completar a faculdade em 1993 hoje alcança US$ 300 mil, embora jamais tenha deixado de pagar parcelas.
Diretora da Student Debt Crisis, Natalia Abrams diz à BBC Brasil que algumas pessoas com grandes dívidas ficam devendo pelo resto da vida. Segundo ela, 20% dos americanos com mais de 50 anos têm dívidas estudantis.

Mas ela afirma que os mais vulneráveis não são necessariamente quem deve mais, e que um dos grupos mais afetados são devedores que não conseguem completar a faculdade. Muitos largam o curso para trabalhar e atender a alguma demanda mais urgente, como os custos de um tratamento médico ou de um filho recém-nascido.
Sem o título universitário, não conseguem pleitear maiores salários e deixam de pagar a dívida, ficando impedidos de pegar outros empréstimos.
Abrams diz que os alunos das melhores universidades dos EUA - como Harvard, Stanford e Yale - não costumam ter dívidas muito grandes, já que essas instituições são frequentadas por membros da elite americana (capazes de custeá-las sem empréstimos) e concedem bolsas aos estudantes mais pobres.

UNIVERSIDADES POPULARES
Os mais endividados, segundo ela, estudam em universidades que buscam o lucro ("for-profit"). Essas instituições são minoritárias nos EUA, mas vêm se multiplicando e costumam ter avaliações mais baixas que universidades públicas ou sem fins lucrativos.
Para Abrams, o governo federal - responsável pela maior parte do crédito estudantil nos EUA - não deveria cobrar juros sobre esses empréstimos. Hoje os juros, definidos pelo Congresso americano, variam entre 3,76% e 6,31% ao ano.
No Brasil, os juros do Fies são de 6,5% ao ano. O programa brasileiro só é oferecido a famílias com renda de até dois salários mínimos e meio (R$ 2.200).
Abrams defende ainda que sejam ampliados os programas de perdão de dívidas e que todos os americanos possam cursar os dois primeiros anos de faculdade gratuitamente em universidades públicas.

DÍVIDAS ADMINISTRÁVEIS
O sistema americano de financiamento estudantil tem seus defensores. Em estudo para o Brookings Institution, um centro de pesquisas em Washington, a professora de economia da Universidade de Michigan Susan Dynarski diz que a dívida estudantil tem crescido nos EUA porque vem aumentando o número de estudantes em universidades do país.
Ela afirma que a maior parte das dívidas é administrável e que muitos devem menos de US$ 10 mil.
Para Dynarski, o crédito estudantil corrige uma falha do mercado financeiro, já que bancos privados não concederiam empréstimos garantidos apenas pelos salários futuros do devedor.
Ela diz, porém, que as regras atuais são duras com recém-formados, obrigados a quitar parcelas altas logo que saem da faculdade e quando seus salários ainda estão baixos. Segundo a professora, 28% dos devedores com menos de 21 anos deixam de pagar algumas parcelas.

Dynarski defende que os EUA adotem um modelo semelhante ao do Reino Unido, onde os pagamentos são definidos conforme o salário do devedor e dívidas não quitadas em 30 anos são perdoadas.
Para Carolyn Chimeri, a professora que deve R$ 754 mil, estudantes devem ser melhor orientados antes de contrair empréstimos que afetarão boa parte de suas vidas.
Ela diz que, se soubesse do impacto que a dívida teria em seu dia a dia, provavelmente teria cursado universidades mais baratas.
"É doloroso pensar em como minha geração poderia estar contribuindo com a sociedade não fosse por essa carga enorme", afirma. Fonte: BBC Brasil - 17 agosto 2016

Comentário: No Brasil temos o FIES. Esse Programa de Financiamento Estudantil é gerido pelo  Ministério da Educação (MEC) e tem o objetivo de financiar a graduação de estudantes em Instituições de Ensino Superior (IES) privadas. Ele é operacionalizado por meio do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), fundo de natureza contábil, instituído pela Lei nº 10.260/2001.
Com custo alto para os cofres públicos e inadimplência crescente – que bateu 53% em janeiro –, o Programa de Financiamento Estudantil (Fies) será completamente revisto pelo governo. Apenas em 2016 o custo global do Fies para o Tesouro Nacional chegou a 32,2 bilhões de reais.
Em meio a essa crise de desemprego, muitos (dos beneficiados) não conseguirão se posicionar no mercado com capacidade de quitarem seus financiamentos.