segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Disputa: Peixe x Pássaro

Num remoto atol nas ilhas Seychelles, um grupo de 50 xaréus gigantes (Caranx ignobilis) tenta capturar filhotes de andorinhas-do-mar. É um jogo em que vence o mais esperto.
Os filhotes de aves tentam se manter fora d'água por maior tempo possível, mas o cérebro do peixe consegue calcular sua altitude, sua velocidade e sua trajetória.
É só questão de tempo até que os xaréus consigam se alimentar.
A cena é mostrada no documentário da BBC Blue Planet 2, que mostra a vida e o comportamento dos animais em mares, oceanos e corais, e vai ao ar no canal BBC One, na Grã-Bretanha.

domingo, 5 de novembro de 2017

Novo analfabetismo: alunos latino-americanos terminam ensino fundamental sem ler ou fazer contas

A conclusão do ensino fundamental é uma etapa essencial da vida estudantil, mas para grande parte dos alunos latinos-americanos ela é concluída sem que sejam aprendidas habilidades mínimas.
Segundo um informe recente do Instituto de Estatísticas da Unesco, braço da ONU para a educação, grande parte dos jovens da América Latina e do Caribe não alcançam os níveis exigidos de proficiência em capacidade leitora ao concluírem o que no Brasil equivale à segunda etapa do ensino fundamental, em geral, aos 14 anos. O estudo diz que, em média, 36% das crianças latino-americanas no ensino fundamental não estão atingindo as habilidades mínimas de leitura. Em matemática, esse índice sobe para 52%.
Em números absolutos, 19 milhões de adolescentes do continente concluem o fundamental "sem conseguir níveis mínimos" de compreensão nessas áreas.

BRASIL
Especificamente no Brasil, dados compilados pela plataforma QEdu com base no Prova Brasil 2015 dão a dimensão do problema nessa etapa do ensino: apenas 30% dos alunos da rede pública saem do 9º ano com aprendizado adequado em leitura e interpretação.
Em matemática, apenas 14% dos alunos do 9º ano aprenderam o adequado em resolução de problemas.

NOVO ANALFABETISMO
Silvia Montoya, diretora do Instituto de Estatísticas da Unesco, considera "dramática" a ausência de compreensão de leitura em tantos estudantes do continente. "O fato de haver crianças sem competências básicas, no que se refere a ler parágrafos simples e extrair informações deles, é o que eu consideraria uma nova definição de analfabetismo".
"No mundo de hoje, ter um nível mínimo de alfabetização já não é (apenas) saber ler o próprio nome e escrever algum fato da vida cotidiana. Carecer de compreensão leitora é uma espécie de incapacidade de se inserir na sociedade, poder votar e entender as propostas dos candidatos, entender seus próprios direitos e deveres como cidadão. Afeta todas as dimensões."

E, prossegue Montoya, a leitura é uma habilidade básica, sobre a qual se constroem as demais capacidades estudantis.
"Sem essa competência, estamos gerando crianças e adolescentes que vão (vivenciar) diretamente muitas frustrações pessoais e de integração social e profissional. Sem entender textos, é muito difícil avançar em qualquer área."
A situação se agrava quando se leva em consideração o grau de exigências do mundo atual, em que a informação disponível é complexa e tem diferentes graus de qualidade e confiabilidade - o que exige leitores com senso crítico e habilidade de interpretação.

UMA ESCOLA QUE NÃO FUNCIONA
E se antes o desafio da América Latina era o da inclusão dos alunos ao sistema de ensino, hoje a questão é mais qualitativa do que quantitativa.
O relatório da Unesco afirma que "o desperdício de potencial humano evidenciado pelos dados confirma que levar as crianças à sala de aula é apenas metade da batalha. Agora, temos de garantir que todas as crianças naquela sala de aula estejam aprendendo as habilidades básicas de que precisam em leitura e matemática, no mínimo".
"Agora, a realidade é que as crianças estão dentro do sistema educativo, mas há uma inabilidade da escola em dotá-los do nível de aprendizado razoável e mínimo para as circunstâncias que demanda o mundo hoje e no futuro", afirma Montoya.

E isso é resultado de uma série de problemas, como formação deficiente que não prepara os docentes para lidar com os desafios de sala de aula, problemas de infraestrutura, numerosas perdas de dias letivos por conta de greves e outras questões - além, também, da própria situação socioeconômica dos estudantes, que "podem vir de lares de baixa renda e contar com menor apoio familiar".
"Há uma combinação de fatores que podem variar em cada lugar, mas evidentemente há uma ausência de políticas específicas para enfrentar o problema", afirma Montoya.
Ela agrega que é preciso analisar os currículos, a formação de docentes - para garantir que sejam capazes de ensinar crianças vindas de contextos sociais difíceis -, contar com um ambiente e uma infraestrutura adequados e ter uma rede de políticas sociais de apoio.

O relatório da Unesco calcula que, no mundo, haja 617 milhões de crianças e adolescentes - o equivalente a três vezes a população total do Brasil - incapazes de entender minimamente um texto ou resolver problemas matemáticos básicos, o que seria esperado em sua idade escolar.
Na África Subsaariana, 88% dos alunos concluem os estudos equivalentes ao fundamental com problemas de compreensão em leitura. Para efeitos comparativos, esse índice cai para 14% na América do Norte e na Europa. Fonte: UOL Educação - 11/10/2017

Ex-líder catalão se entrega à polícia belga

O presidente destituído da Catalunha, Carles Puigdemont, entregou-se neste domingo (05/11) à polícia belga, afirmou o Ministério Público de Bruxelas. Puigdemont estava acompanhado pelo seu advogado e por quatro dos seus ex- secretários do governo da Catalunha: Antoni Comín, Clara Ponsatí, Lluís Puig e Meritxell Serret.
Segundo o porta-voz do Ministério Público de Bruxelas, Guilles de Dejemeppe, a Justiça tem 24 horas para decidir o destino do ex-presidente catalão e de seus secretários, que estão à disposição da Justiça, mas não estão detidos.
O Ministério Público belga tinha ordenado horas antes a detenção do presidente destituído do governo da Catalunha e dos seus ex-secretários regionais, segundo noticiou a agência de notícias Efe. Fonte: Deutsche Welle – 05.11.2017

sábado, 4 de novembro de 2017

Cinco ambiciosos projetos de infraestrutura da China

A antiga Rota da Seda uniu comercial e culturalmente o Oriente ao Ocidente há dois mil anos. A China quer revivê-la com projetos como este do trem de alta velocidade na cidade chinesa de Anshun, na província de Guizhou
A China quer ampliar sua influência mundial através de um colossal e dispendioso plano de infraestrutura.

"Esperamos desencadear novas forças econômicas para o crescimento global, construir novas plataformas para o desenvolvimento mundial e reequilibrar a globalização para que a humanidade chegue mais perto de uma comunidade de destino comum", disse o presidente chinês, Xi Jinping, ao abrir, na semana passada, um fórum internacional sobre o projeto, batizado de Nova Rota da Seda.

O fórum contou com a participação de cerca de 30 líderes mundiais, entre eles os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, da Argentina, Maurício Macri, e do Chile, Michelle Bachelet.
A ideia da Nova Rota da Seda - com nome inspirado na antiga rota comercial que ligou o Oriente e o Ocidente há dois mil anos - é melhorar conexões comerciais entre Ásia e Europa e Ásia e o leste da África, promovendo desenvolvimento, com a construção ou expansão de redes de ferrovia de alta velocidade, gasodutos, oleodutos, portos e centros logísticos.

"É um esforço ambicioso sem precedentes", disse, por sua vez, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, sobre o plano com o qual a China pretende "sacudir" a ordem econômica mundial.

O investimento total chega a US$ 900 bilhões (R$ 2,9 trilhões).

Ainda que, em teoria, o objetivo do projeto é aumentar a integração econômica entre Europa, Ásia e África, críticos em países ocidentais acreditam que o governo chinês busca, na verdade, expandir sua influência para o campo geopolítico.

Segundo a analista para assuntos chineses da BBC Carrie Gracie, tanto os oleodutos e gasodutos que atravessam a Ásia Central, como os portos do Paquistão e Sri Lanka, no Oceano Índico, poderiam servir para fins militares no futuro.

Abaixo, apresentamos cinco grandes obras que fazem parte da Rota da Seda.

1. TRANSPORTE DE MERCADORIAS CHINA-EUROPA
O presidente da China, Xi Jinping, anunciou uma nova injeção de US$70 bilhões para o projeto
Atualmente, a China já opera cerca de 20 linhas de trem de carga que ligam o país a cidades europeias como Londres, Madri, Roterdã ou Varsóvia. A rota China-Madri funciona há mais de um ano e é o mais extenso serviço ferroviário do mundo.

Agora, o objetivo do governo de Xi Jinping é otimizar esta rede e torná-la uma alternativa mais rápida - embora mais dispendiosa - ao tradicional transporte marítimo de produtos chineses.

As obras do novo trem de alta velocidade, que unirá os sete mil quilômetros de Pequim a Moscou, devem terminar em 2025, segundo a companhia estatal russa OAO Russian Railways. Ela reduzirá o tempo de viagem, de cinco dias, para 30 horas.
Por trás desta grande iniciativa, está a intenção da China de se consolidar como uma potência comercial global, comenta Carrie Gracie.
Custo: US$ 242 bilhões

2. REDE DE TRENS NA ÁSIA
Nesta seção, há dois grandes projetos futuros:

2.1-A Rede Pan-asiática
A China planeja conectar a cidade de Kunming, situada no sul do país, com Vientiane, a capital do país vizinho Laos, e com a rede ferroviária de Mianmar.
Assim que esta e outras obras semelhantes previstas em Tailândia, Camboja e Vietnã estiverem concluídas, estará formada uma rede pan-asiática ligando a China ao Sudeste asiático.
Custo: US$ 7 bilhões (apenas o trem de alta velocidade entre Kunming e Vientiane)

2.2- Alta velocidade na Indonésia
A ferrovia Jacarta-Bandung será o primeiro trem de alta velocidade da Indonésia e ajudará a melhorar o transporte público entre a capital do arquipélago e um dos principais centros econômicos de Java.
Embora várias empresas japonesas também aspirassem ganhar o projeto, o governo indonésio acabou preferindo as empresas chinesas.
Custo: US$ 5,9 bilhões

3. CORREDOR CHINA-PAQUISTÃO
Aproveitando que o vizinho Paquistão é um de seus aliados históricos, a China investirá no país e ajudará no desenvolvimento do porto de Gwadar, no Mar Árabe.
A ideia de ambos os países é que se converta na versão paquistanesa do complexo portuário de Shenzhen.
A implementação deste projeto dará à China uma saída para o mar sem necessidade de que seus produtos passem pelo estreito de Malaca, onde operam piratas e o clima é desfavorável.
O projeto contempla a ampliação da rodovia de Kakarorum, umas das mais altas do mundo, que conecta a China ao Paquistão.
Custo total: US$55 bilhões

4. PORTO DE COLOMBO
O governo do Sri Lanka outorgou o projeto do porto Colombo-Sul, previsto em US$ 1,4 bilhão, a uma companhia chinesa
Outro porto-chave nos planos da Nova Rota da Seda é o de Colombo, capital do Sri Lanka.
Embora tenha sido paralisado com a troca de governo no país - mais próximo, politicamente, da Índia -, negociações recentes permitiram a continuidade do projeto; as obras já foram retomadas.
Custo: US$1,4 bilhão

5. PROJETOS NA ÁFRICA
Operada por funcionários chineses, a frota de trem da nova construção da linha que une a capital da Etiópia, Adis Adeba, a Djibuti está ajudando a impulsar a economia de ambos os países
A China já está construindo a ferrovia que unirá as duas principais cidades do Quênia: a capital, Nairóbi, e Mombasa, na costa do país.
Este projeto faz parte da futura rede de transportes da África Oriental, que conectará as cidades do Quênia com as capitais de Uganda (Kampala), Sudão do Sul (Juba), Ruanda (Kigali) e Burundi (Bujumbura).
 A China já inaugurou o trem que une Adis Abeba, capital da Etiópia, com Djibouti, capital do país do mesmo nome na costa do Mar Vermelho, onde companhias chinesas estão construindo um centro logístico marítimo.
"É um desenvolvimento estratégico enorme", disse ao jornal New York Times Peter Dutton, professor de estudos estratégicos da Escola Naval de Guerra de Rhode Island, nos Estados Unidos.
"Trata-se de uma expansão do poder naval para proteger o comércio e os interesses regionais da China no Chifre da África. Isto é o que as potências em expansão costumam fazer. E a China aprendeu as lições do império britânico de 200 anos atrás", concluiu.
Custo total: US$13,8 bilhões
Fonte: BBC Brasil - 22 maio 2017

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

MP pede ordem de captura contra presidente destituído da Catalunha

O Ministério Público da Espanha pediu nesta quinta-feira à juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional (tribunal com sede em Madri que tem jurisdição em todo o território espanhol), que emita ordem de busca e captura nacional e internacional contra Carles Puigdemont e os quatro ex-conselheiros que optaram por permanecer na Bélgica e ignorar a intimação para depor por crimes de rebelião, sedição e malversação de recursos públicos. Além do ex-presidente da Generalitat (Governo regional catalão), estão em Bruxelas os ex-conselheiros Antoni Comín, Clara Ponsatí, Meritxell Serret e Lluís Puig.

Segundo o Ministério Público, a intimação dos cinco políticos é um “fato notório e publicamente conhecido”, assim como as “reiteradas tentativas” feitas pelo tribunal para entregar a intimação em seus domicílios e os “reiterados telefonemas”, aos quais “não se deu atenção”.

Além das ordens de busca e captura nacional e internacional, a Procuradoria pede que a juíza “adote as medidas necessárias para a emissão de ordens europeias de detenção às autoridades belgas”. A ordem da magistrada será transmitida à polícia belga através da Polícia Nacional espanhola. Quando for recebida na Bélgica, será um juiz desse país que decidirá a entrega dos denunciados à Espanha. Fonte: El País - Madri 2 NOV 2017