domingo, 29 de outubro de 2017

Lembro do mundo quando você podia se machucar, mas valia a pena

As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, e O Sol É para Todos, de Harper Lee, foram retirados dos programas escolares do Condado de Virginia por reclamações de uma mãe cujo filho adolescente ficou perturbado, pois os livros tinham “insultos raciais e palavras ofensivas”. Isso aconteceu nos Estados Unidos, mas, como é lá que tudo começa (do nacionalismo rude ao clareamento dental), para lá nós vamos. Por isso quero expor meu pecado, do qual não me arrependo: para lembrar a mim mesa, quando os adolescentes forem almas tão sensíveis que não consigam ler Platero e Eu sem ir ao psiquiatra, como era esse mundo quando você podia se machucar, mas valia a pena.

Não me pesa, senhor, nem me arrependo de ter folheado, quando criança, livros que meus pais me pediram para não ler porque tinham cenas de sexo ou de violência, nem de ter lido as histórias bestiais de Horacio Quiroga, nas quais lindas menininhas eram degoladas por seus irmãos com deficiências mentais, nem do jato de entranhas de Santiago Nasar. Eu não sei o que de tudo isso me fez ser quem sou, alguém que era feliz mesmo quando achava que não era, que alguma vez leu, associada a Jack London, a frase “nenhum homem sobre mim” e fez dela seu escudo. Mas não me arrependo.

Quando era pequena, li livros que me destruíram, como Os Filhos Terríveis, de Cocteau; que me deram pesadelos, como O País de Outubro, de Bradbury, ou que não entendi, como Morte em Veneza, de Thomas Mann. E não estive no inferno, mas sei como é porque li O Poço e o Pêndulo, de Poe. Quando este for um mundo cheio de adolescentes hipersensíveis que não podem comer um frango sem chorar, continuarei com minha presa entre os dentes, vivendo da maneira que os livros me ensinaram a viver. Gosto do meu mundo sujo, contraditório, imundo e baixo. Não o troco pelo lugar desinfetado que em breve será. Fonte: El País - 11 OUT 2017 - 12:15     BRT

sábado, 28 de outubro de 2017

Governo arrecada R$ 6 bilhões em leilão do pré-sal

O governo federal arrecadou 6,15 bilhões de reais nesta sexta-feira (27/10) no leilão de oito áreas do pré-sal. Esse foi o primeiro leilão realizado para a exploração da região desde 2013, quando foi oferecido o bloco de Libra.

Das oito áreas leiloadas, seis foram arrematadas. O consórcio liderado pela Petrobras adquiriu três e propôs ceder até 80% da produção para a União, valor bem acima do mínimo previsto no edital, que variava entre 10,34% a 22,87%, dependendo do bloco.

Pelo regime de partilha previsto para o pré-sal, parte da produção excedente, após o desconto de custos e investimentos, deve ser entregue à União. Para cada área havia um limite mínimo estabelecido para esse repasse. No leilão, venceram a disputa as empresas que ofereceram a maior fatia.
Além desse repasse, a União receberá ainda um bônus pago pelas empresas na assinatura do contrato, no valor de 6,15 bilhões de reais.

BLOCOS DISPONIBILIZADOS
Consórcios liderados pela Petrobras arremataram as áreas de Entorno do Sapinhoá e Peroba, na Bacia de Santos, além de Alto de Cabo Frio Central, na Bacia de Campos. As empresas venceram as disputas ao oferecer ao governo um percentual excedente de 80%, 76,96% e 75,86%, respectivamente.

A área Sul de Gato do Mato, na Bacia de Santos, foi arrematada por um consórcio formado por Shell e Total E&P do Brasil. As empresas ofereceram 11,53% da produção excedente para a União, o percentual mínimo previsto no edital.

Também na Bacia de Santos, o bloco de Norte de Carcará foi adquirido pelo consórcio formado pelas companhias Statoil, ExxonMobil e Petrogal, que ofereceu 67,12% de excedente para a União. Já a área Alto de Cabo Frio Oeste foi arrematada pelas empresas Shell, a QPI Brasil e CNOOC Petroleum, que ofereceram o percentual mínimo, 22,87%.

Duas áreas ofertadas – Sudoeste da Tartaruga, na Bacia de Campos, e Pau Brasil, na Bacia de Santos – não receberam nenhuma proposta.
Esse foi o primeiro leilão em que empresas puderam arrecadar blocos sem precisar incluir a Petrobras no consórcio. Fonte: Deutsche Welle – 27.10.2017

"Colored or White or Black", is Beautiful?



A marca Personal decidiu por retirar o slogan "Black is Beautiful" após uma enxurrada de críticas recebidas na internet pela campanha do "primeiro papel higiênico preto do Brasil" estrelada por Marina Ruy Barbosa.

A peça publicitária foi criada pela empresa Neogama. Em comunicado divulgado nas redes sociais, a Personal reconheceu que houve uma "associação equivocada da frase adotada pelo movimento negro".

"Sempre é tempo de aprender. Tomamos a decisão de retirar o slogan da campanha e pedir desculpas para cada pessoa que, de alguma forma, se sentiu ofendida por nossa escolha", informou a Personal (leia o comunicado abaixo na íntegra).

A campanha do papel higiênico preto fez repercutir uma polêmica em pouco tempo após seu lançamento.
Como estratégia de divulgação do produto, foi usada a hashtag #BlackIsBeautiful, e foi aí que a polêmica começou.

Internautas se mostraram indignados com a referência (Black Is Beautiful), movimento cultural disseminado nos anos 60 nos Estados Unidos e que visava empoderar negros.
 Diante da repercussão, Marina Ruy Barbosa fechou os comentários do post que fez sobre o lançamento em sua conta do Instagram, mas diante das críticas acabou resolvendo se manifestar e pediu desculpas pela campanha. Fonte: UOL, em São Paulo-25/10/2017


Comentário: Como numa propaganda. Pode o papel higiênico ser sexy? Descubra por si.
Pode ser suave, absorvente, folha dupla ou tripla, levemente perfumado, para o uso pretendido, o papel mantém a cor.
 

Madri assume controle da Catalunha

Neste sábado (28/10), o Boletim Oficial do Estado (BOE) – diário oficial espanhol – publica o decreto real formalizando as ordens estipuladas no dia anterior pelo governo presidido por Mariano Rajoy, dissolvendo o Parlamento da Catalunha e convocando eleição na região para 21 de dezembro. As medidas foram anunciadas horas depois que o Parlamento regional aprovou na sexta-feira uma declaração unilateral de independência.

O BOE também publica a destituição do chefe do governo catalão, Carles Puigdemont, e todo o seu gabinete, além do diretor-geral dos Mossos d'Esquadra (polícia regional). As decisões foram tomadas no âmbito do artigo 155 da Constituição. Segundo o texto, Rajoy assume as competências até então exercidas por Puigdemont.

Rajoy delegou à vice-presidente espanhola, Soraya Sáenz de Santamaria, as funções de chefe do Executivo da Catalunha. O BOE publicou medida determinando que o presidente do governo assume as funções e competências que correspondem ao presidente da Generalitat (Executivo) da Catalunha. Entretanto, outro artigo do decreto especifica que Rajoy delega essas funções à sua vice-presidente.

O BOE publica também outro decreto real de medidas em matéria de organização da Generalitat, que extingue os escritórios e "embaixadas" catalãs no exterior e demite os delegados em Bruxelas e Madrid, afetando também as representações da Catalunha na Alemanha, França e Suíça, Reino Unido e Irlanda, Áustria, Itália, União Europeia e Estados Unidos.

Em pronunciamento na sexta-feira, após a reunião de seu gabinete em que as decisões foram tomadas, o presidente do governo espanhol declarou que os ministérios ficarão a cargo temporariamente dos assuntos e funções até agora exercidos pela administração regional catalã.

Rajoy anunciou ainda que o governo central vai encaminhar um recurso ao Tribunal Constitucional para pedir a anulação da declaração de independência aprovada pelo Parlamento da Catalunha, realizada horas antes.
O chefe de governo espanhol disse que, com as medidas, o governo espanhol deseja "dar voz" aos catalães o mais rapidamente possível. O plano original do governo previa um prazo máximo de seis meses para a convocação.
O mandatário conservador considerou que o momento é de "prudência e serenidade", "mas também de confiar que o Estado dispõe de meios suficientes para recuperar a normalidade legal e afastar as ameaças".
Ele insistiu que a intervenção na Catalunha não busca suspender a autonomia da região, mas recuperá-la, e por isso anuncia eleições. "São as urnas, as de verdade, as que têm lei, controles e garantias, que podem sentar as bases da convivência", afirmou. Fonte: Deutsche Welle – 28.10.2017