Uma massa polar provocou grande nevasca na capital do Chile
na madrugada de sábado. Santiago do Chile amanheceu coberta pela neve.
domingo, 16 de julho de 2017
É preciso recuperar a disciplina e a autoridade na escola
Ex-assessora
de educação do Governo sueco se posiciona contra as novas metodologias
educacionais
Não
é fácil encontrar uma opinião como a de Inger Enkvist (Värmland, 1947).
Enquanto a maioria dos gurus educacionais defende acabar com as fileiras de
carteiras escolares e os formatos convencionais de aula e dar mais liberdade
aos alunos dentro da classe, Enkvist, ex-assessora do Ministério de Educação da
Suécia, acredita que é preciso recuperar a disciplina e a autoridade dos
docentes na sala de aula. “As crianças têm que desenvolver hábitos sistemáticos
de trabalho e para isso necessitam que um adulto as orientem. Aprender requer
esforço e, quando se deixa os alunos escolherem, simplesmente não acontece.”
Catedrática
de Espanhol na Univesidade Lund (Suécia), Enkvist começou sua carreira na
educação como professora do ensino secundário e durante mais de trinta anos se
dedicou a estudar e comparar os sistemas educacionais de diferentes países.
Além da publicação de livros como Repensar a Educação (Bunker Editorial, 2014),
escreveu mais de 250 artigos sobre educação.
Enkvist
compareceu em março à Comissão de Educação do Congresso dos Deputados da
Espanha para apresentar sua visão sobre o modelo educacional espanhol, no qual
aponta falta de motivação por parte do professorado e a necessidade de
reformulação dos graus de professor em Educação Infantil e Primário –
correspondente aos anos de ensino fundamental no Brasil – para tentar atrair os
melhores estudantes.
Pergunta. As novas correntes de inovação
educacional reivindicam um papel mais ativo por parte dos alunos. Acabar com as
aulas expositivas e criar metodologias que impliquem ação por parte do
estudante. Por que você se opõe a esse modelo?
Resposta.
A nova pedagogia promove a antiescola. As escolas foram criadas com o objetivo
de que os alunos aprendessem o que a sociedade havia decidido que era útil.
Qual é o propósito da escola se o estudante decide o que quer fazer? Essas
correntes querem enfatizar ao máximo a liberdade do aluno, quando o que ele
necessita é de um ensino sistemático e bem estruturado, sobretudo se levamos em
conta os problemas de distração das crianças. Se não se aprende a ser
organizado e a aceitar a autoridade do professor no ensino fundamental, é
difícil que se consiga isso mais tarde. O aluno nem sempre vai estar motivado
para aprender. É preciso esforço.
P. Em seu livro a senhora questiona a
crença de que todas as crianças querem aprender e, portanto, é uma boa opção
deixar que tomem a iniciativa e aprendam sozinhos. Quais são seus argumentos
contra isso?
R.
Nunca foi assim. É uma ideia romântica que vem de Rousseau: dar como certo que
o ser humano é inocente, bem-intencionado e bom. Uma criança pode concentrar-se
em uma tarefa por iniciativa própria, mas normalmente será numa brincadeira.
Aprender a ler e escrever ou matemática básica requer trabalho e ninguém se
sente chamado a dedicar um esforço tão grande a assimilar uma matéria tão
complicada. É preciso haver apoio, estímulo e algum tipo de recompensa, como o
sorriso de um professor ou os cumprimentos dos pais.
Se no ensino fundamental não se aprende a ser
organizado, é difícil conseguir isso depois
P. O que se deveria recuperar do antigo
modelo de educação?
R.
Ter claro que o professor organiza o trabalho da classe. Se os alunos planejam
seu próprio trabalho, é muito complicado que obtenham bons resultados, e isso
desmotiva o professor, que não quer responsabilizar-se por algo que não
funciona. Essas metodologias estão distanciando das salas de aula os
professores mais competentes. Já não se considera benéfico que o adulto
transmita seus conhecimentos aos alunos e se fomenta que os jovens se
interessem pelas matérias seguindo seu próprio ritmo. Em um ambiente assim não é
possível ensinar porque não existe a confiança necessária na figura do
professor. Viver no imediato sem exigências é bem o contrário da boa educação.
P. A senhora qualificou a autoaprendizagem
como contraproducente. Mas uma vez terminada a formação obrigatória, e que os
estudantes consigam um trabalho, o mercado de trabalho muda rápido e eles podem
se ver obrigados a se reciclar e mudar de profissão. Não acha que é uma boa
ideia lhes ensinar desde pequenos a tomar a iniciativa na aprendizagem?
R.
Essa é a grande falácia da nova pedagogia. As crianças têm que aprender
conteúdos, e não o chamado aprender a aprender. Não basta dizer aos alunos que
devem tomar decisões. Não vão saber como fazer isso. Dou um exemplo. O Governo
sueco oferece cursos de formação para adultos e é um desespero quando só se
apresentam cidadãos com um perfil educacional elevado. Eles se interessam e
acham útil, e por isso têm entusiasmo para começar. Se uma pessoa aprende um
conteúdo, considera que é capaz e que no futuro poderá voltar a fazer isso.
Quem é mais adaptável e mais flexível ao perder um emprego? Aquele que já tem
uma base de conhecimentos, que conta com mais recursos internos, e isso é a
educação que lhe proporciona. Quanto mais autodisciplina, mais possibilidades
você tem pela frente e menos desesperado se sentirá diante de uma situação
limite.
P. Há um grande debate quanto à utilidade
dos exames. Alguns especialistas defendem que na vida adulta não ocorra esse
tipo de prova e que o importante é ter desenvolvido habilidades para adaptar-se
a diferentes entornos.
R.
Essa é a visão de alguém que não sabe como funciona o mundo das crianças. Na
vida adulta, todos temos prazos, momentos de entregar um texto, e isto se
aprende na escola. Com os exames a criança aprende a se responsabilizar e
entende que não comparecer a uma prova tem consequências: não será repetida
para ele. Se não cumprimos nossas obrigações na vida adulta, logo nos veremos
descartados dos ambientes profissionais. Os exames ajudam a desenvolver hábitos
sistemáticos de trabalho.
Se
no ensino fundamental não se aprende a ser organizado, é difícil conseguir isso
depois
P. Por que você considera que o momento
atual da escola não permite que ninguém se destaque?
R. A
escola não é neutra, nem todos vão aprender do mesmo modo. Nas classes há
desequilíbrios enormes em um mesmo grupo, pode haver até seis anos de diferença
intelectual entre os alunos. A escola deveria manter as crianças com diferentes
capacidades juntas até os onze anos e, a partir daí, oferecer diferentes níveis
para as matérias mais complexas. Isso é feito em algumas escolas públicas da
Alemanha. Para os que não entendem, dou um exemplo. Imagine colocar em uma
mesma classe 30 adultos com níveis socioculturais e interesses totalmente
díspares e pretender que aprendam juntos. Isso é o que estamos pedindo a nossos
filhos. Em menos de uma semana haveria uma rebelião.
P. A escola mata a criatividade, segundo o
pedagogo britânico Ken Robinson.
R. O
mais simples é pensar em um músico de jazz. Parece que está improvisando,
brincando. Como pode fazer isso? Sabe 500 melodias de memória e usa pedaços
dessas peças de forma elegante. Repetiu isso tantas vezes que parece que o faz
sem esforço. A teoria é necessária para que surja a criatividade.
P. Quanto aos conteúdos que se aprende na
escola, acha que seria necessário modernizá-los?
R.
Uma professora espanhola me contou que um de seus alunos lhe disse na sala de
aula: para que serviria estudar Unamuno? Que aplicação prática poderia ter?
Precisamos conhecer a situação de nosso país, saber de onde viemos. Com Unamuno
se aprende um modelo de reação, que não há motivo para ser adotado, mas
conhecê-lo te ajuda a elaborar a sua própria forma de ver o mundo. Fonte: El
País - 13 JUL 2017 -
Comentário:
Aqui
procuramos inventar as porções mágicas e mirabolantes da educação com projetos
que viram fumaças. São os alquimistas da educação, que procuram obter a pedra filosofal da
educação.
sábado, 15 de julho de 2017
Selfie provoca prejuízo de US$ 200 mil em galeria de arte
Acidente
ocorreu na galeria 14th Factory, em Los Angeles, na Califórnia (EUA). Mulher
causou 'efeito dominó' e pedestais foram caindo um a um.
Uma
mulher dentro de uma galeria nos Estados Unidos causou um prejuízo de US$ 200
mil ao derrubar uma série de obras de arte enquanto se equilibrava para tirar
uma selfie.
O
acidente ocorreu em Los Angeles, na Califórnia, na exposição de arte Hypercaine,
liderada pelo artista Simon Birch, que mora em Hong Kong, ao lado de outros
colaboradores.
As
imagens captadas pelas câmeras internas da 14th Factory, local em que as obras
eram exibidas, mostram duas amigas tentando fotografar as peças de arte, posicionadas
sobre suportes brancos dispostos como uma fila de dominós. Uma delas se
aproxima para registrar uma foto das obras.
Tentando
aparecer na imagem, a outra se posiciona em frente ao primeiro suporte da fila
para tirar uma selfie, fica de cócoras e tenta achar o melhor ângulo. Ao perder
o equilíbrio, ela se apoio no suporte da obra de arte para tentar permanecer na
posição.
Só
que isso desencadeia o "efeito dominó". Um após um, todos os suportes
vão caindo –assim como, as obras de arte que sustentavam. O resultado: foram
derrubadas 12 esculturas em forma de coroa, feitas de materiais que incluíam
até metais preciosos. As imagens mostram que ela estava segurando um celular ao
cair, indicando que estava tentando tirar uma selfie.
O
prejuízo total foi calculado em milhares de dólares. “Três esculturas foram
danificadas permanentemente e outras foram danificadas em vários graus. O custo
aproximado do prejuízo é de US$ 200 mil”, afirmou Gloria Yu, uma das artistas
que colaboraram com a exposição, ao site “Hyperallergic”, especializado em arte
e cultura.
Ao
site “Cnet”, a 14th Factory informou que não iria comentar se peças tinha
seguro contra acidentes. Fonte: G1-14/07/2017
Transporte na China
Em
1992, não havia metrô em Xangai. Hoje, há 14 linhas e 364 estações, com duas
novas linhas em construção.
Na
China, estão sendo construídos no momento 3.000 quilômetros de linhas
metropolitanas. Também já existem 22 mil quilômetros de trens-bala.
Em
Xangai, há 588 quilômetros de metrô. Como forma de comparação, em São Paulo são
78 quilômetros, e, no Rio de Janeiro, apenas 58 quilômetros.
A
expansão do sistema de transportes urbanos chinês é espantosa. Fonte: Folha de
São Paulo – 15 de julho de 2017
Comentário:
O
metrô de São Paulo entrou em operação em 14 de setembro de 1974. É o maior sistema de transporte metroviário do Brasil,
com uma extensão de 78,4 km distribuídas em seis linhas, com 67 estações.
O
Metrô do Rio de Janeiro entrou em operação em 5 de março de 1979.
Conta
com 41 estações distribuídas em três linhas, possuindo uma malha total de 58 km.
quarta-feira, 12 de julho de 2017
Lula é condenado
“Não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima
de você”, diz Moro em sentença de Lula
No
final do despacho em que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
juiz federal Sérgio Moro afirma que não sente qualquer “satisfação pessoal” e
lamenta que Lula tenha sido condenado criminalmente. O magistrado também cita
um ditado do historiador britânico Thomas Fuller e completa o despacho dizendo
“não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você”.
“Por fim, registre-se que a presente
condenação não traz a este julgador qualquer satisfação pessoal, pelo
contrário. É de todo lamentável que um ex-Presidente da República seja
condenado criminalmente, mas a causa disso são os crimes por ele praticados e a
culpa não é da regular aplicação da lei. Prevalece, enfim, o ditado “não
importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você” (uma adaptação
livre de “be you never so high the law is above you”)”, finalizou o magistrado.
O
ex-presidente só será preso se o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em
Porto Alegre, concordar com a sentença de Moro. “Entrentanto, considerando que
a prisão cautelar de um ex-Presidente da República não deixa de envolver certos
traumas, a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de
Apelação antes de se extrair as consequências próprias da condenação. Assim,
poderá o ex-Presidente Luiz apresentar a sua apelação em liberdade”, diz o
despacho.
Na
sentença, Moro absolveu o ex-presidente pelas “imputações de corrupção e
lavagem de dinheiro envolvendo o armazenamento do acervo presidencial por falta
de prova suficiente da materialidade”.
O
ex-presidente foi denunciado em setembro de 2016. Na denúncia do Ministério
Público Federal (MPF), Lula foi apontado como recebedor de vantagens pagas pela
empreiteira OAS no triplex do Guarujá. Os laudos apontam melhorias no imóvel
avaliadas em mais de R$ 777 mil, além de móveis estimados em R$ 320 mil e
eletrodomésticos em R$ 19,2 mil.
De
acordo com o MPF, Lula teria participado conscientemente do esquema criminoso,
inclusive tendo ciência de que os Diretores da Petrobras utilizavam seus cargos
para recebimento de vantagem indevida em favor de agentes políticos e partidos
políticos.
Nas
alegações finais, a defesa argumentou que o triplex apontado pelos procuradores
como sendo de Lula pertence a Caixa Econômica Federal. “Nem Léo Pinheiro nem a
OAS tinham a disponibilidade deste imóvel para dar ou para prometer para quem
quer que seja sem ter feito o pagamento à Caixa Econômica Federal”, declarou o
advogado Cristiano Zanin Martins durante entrevista coletiva no dia 20 de
junho.
Mesmo
que condenado por Sérgio Moro, o ex-presidente ainda teria a possibilidade de
recorrer em liberdade à segunda instância, o Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, em Porto Alegre e, posteriormente, aos tribunais superiores em
Brasília.
OUTROS
PROCESSOS NA LAVA JATO
O
fim do processo relacionado ao triplex no Guarujá é apenas o primeiro que Lula
enfrenta no âmbito da Lava Jato. O ex-presidente é réu em outras duas ações
penais na 13º Vara Federal de Curitiba.
Ele
também responde ao processo em que é acusado de participar de um esquema de
corrupção envolvendo oito contratos entre a empreiteira Odebrecht e a Petrobras
e a um de ter cometido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso
envolvendo um sítio em Atibaia (SP). Fonte: UOL Noticias
- Publicado: 12, julho 2017
sábado, 8 de julho de 2017
No avião, viaja bem quem vai na jaula ou no caixão
Houve
um tempo em que viajar de avião era uma experiência divina. Vem nos livros:
assentos espaçosos, aeromoças civilizadas, refeições dignas de um casamento
real.
Lamento.
Nunca conheci esse tempo. Em quatro décadas de vida, foi sempre a piorar. Hoje,
regressado de uma viagem de dez horas, pergunto: vale a pena o duplo
investimento? Falo do dinheiro para ir e do dinheiro para voltar.
"Voltar", aqui, é no sentido ortopédico do termo: haverá fisioterapia
para eu voltar a caminhar sem dores.
Tudo
começa antes da viagem propriamente dita. O mesmo mundo que conseguiu enfiar um
desgraçado na Lua é incapaz de encurtar os tempos de espera. O dia começa cedo,
obscenamente cedo, porque é preciso estar duas ou três horas antes no lugar de
embarque.
Cumprimos
a tortura (de despertar) e depois cumprimos a outra (de carregar): são malas de
20 kg, nunca menos, que arrastamos pela madrugada até o táxi chegar.
O
aeroporto se ergue no horizonte. Entramos. O cenário é Ellis Island, nos idos
de 1900: filas quilométricas que se mexem com velocidade paquidérmica.
Nós,
ensonados, já cansados, vamos empurrando a mala a pontapés. Às vezes ela cai
sobre o companheiro da frente. O companheiro nem reage. Somos como os animais
que caminham para o matadouro sem a energia suficiente para fugir ou chorar.
Segue-se
para o controle de segurança. Removo o laptop. Descalço os sapatos. Tiro o
cinto. Baixo as calças. O segurança diz que as calças não são necessárias.
Passamos pelo detector de metais. Algo apita.
Os
guardas aproximam-se com cara de caso e revistam-nos como se fôssemos
criminosos potenciais. Nada encontram e nós suspiramos de alívio. Temos a vaga
impressão de que não cometemos nenhum crime, mas nunca se sabe: como dizem os
médicos, um paciente saudável é alguém que não foi devidamente analisado.
Caminhamos
para a porta de embarque. Nos aeroportos modernos, isso significa que, a meio
do percurso, pensamos seriamente se não é preferível esquecer o voo e continuar
a pé até ao destino. Desistimos. Felizmente, só faltam 50 quilômetros para a
porta de embarque.
Na
porta, ninguém embarca. Mas já existem filas de passageiros que preferem
esperar em pé porque se esqueceram que o voo tem lugares marcados. Sempre
contemplei esses infelizes com caridade cristã: duas horas no aeroporto e eles
já não pensam; seguem o rebanho e torturam-se sem necessidade.
Entramos
no avião. Ou melhor, eu entro, sempre em último, e os companheiros lançam-me
olhares de desprezo, só porque eu tive a desfaçatez de esperar sentado.
O
meu lugar está ocupado com bolsas, livros, comida, às vezes uma criança de
colo. Quando informo que o lugar é meu, a luz que existia no olhar do parceiro
do lado extingue-se de imediato. Como é fácil destruir a esperança de um ser humano.
Sento-me.
Melhor: encaixo-me. E ali fico, um corpo embalsamado: se me jogassem numa
vitrine do Museu Britânico, eu seria mais uma múmia esperando pelo seu retrato.
Vem
a comida. É o melhor momento da viagem. Nunca entendi aqueles que reclamam do produto.
Eu provo, aprovo e até peço para embrulhar: tenho dois cães em casa que esperam
ansiosos pelo manjar.
Cansado,
esfaimado e delirante, sonho com lugares paradisíacos. No meu caso, esse lugar
é sempre o mesmo: a parte de trás de uma ambulância, onde vou finalmente
deitado na maca.
Acordo
na aterrissagem, levanto-me e uma estranha sensação invade o meu corpo. Por
momentos, penso que é a alegria de ter sobrevivido. Afinal, é apenas a minha
circulação sanguínea a regressar.
E no
futuro? A coisa promete. Leio em algum lugar que a Boeing tem um novo modelo na
praça: é o 737 MAX 10. Com 230 lugares (o primeiro Boeing 737 tinha 124
assentos), o avião tenciona transportar mais gente em menos espaço. Creio que
isso só será possível quebrando as articulações dos passageiros, mas prometo
investigar.
Quando
partilhei a informação com um colega viajante, ele rosnou: "Melhor ir no
porão". Pobrezinho!
Como é inocente! O porão! Será que ele não sabe que o porão não é para a gente?
É para animais ou cadáveres, duas classes que estão ligeiramente acima dos
passageiros regulares? Digo mais: na aviação comercial moderna, só viaja bem
quem vai na jaula ou no caixão. Razão tinha o poeta: quando viajar é preciso,
viver não é preciso. Fonte: Folha
de São Paulo - 04/07/2017-João
Pereira Coutinho - Escritor português
sexta-feira, 7 de julho de 2017
Por que os cientistas falam em uma epidemia de miopia
Nos
últimos 50 anos, o número de pessoas míopes duplicou. Estima-se que em 2020 um
terço da população mundial terá o problema na visão, em 2050, a metade.
"Estamos
em meio a uma epidemia global de miopia", disse o médico Earl Smith,
professor de desenvolvimento da visão e decano da Faculdade de Optometria da
Universidade de Houston, nos Estados Unidos.
E
essa epidemia tem mais incidência entre os jovens do leste da Ásia, em países como
China e Coreia do Sul, onde o problema afeta quase 90% dos estudantes que
concluem o Ensino Médio.
Em
outras regiões do mundo, embora os números não sejam tão alarmantes, a condição
também avança.
As
pessoas míopes podem ver claramente os objetos que estão próximos, mas não
conseguem focar objetos distantes.
Ela
ocorre quando o globo ocular cresce demais e fica maior do que o normal. Essa
condição visual costuma se manifestar quando as crianças estão em idade escolar
e piora gradualmente até que o globo ocular complete seu crescimento.
Se
não for detectado e corrigido com lentes, a miopia pode progredir e, com o
tempo, aumentar significativamente o risco de catarata, glaucoma,
desprendimento da retina e maculopatia míope.
Além
disso, está entre as três primeiras causas de cegueira permanente no mundo.
QUAL
É A CAUSA?
Os
especialistas acreditam que a genética tenha um papel no desenvolvimento da
miopia, mas não é o único fator.
"Há
algo em nosso comportamento e nosso ambiente que está contribuindo para o
aumento de casos de pessoas míopes", garante Smith, que recebeu
financiamento de US$ 1,9 milhão (R$ 6,3 milhões) exatamente para investigar as
causas e estratégias de tratamento.
Muitos
estudos mostram que as pessoas que passam mais tempo ao ar livre são muito
menos propensas a desenvolver miopia que aquelas que permanecem a maior parte
do dia entre quatro paredes.
"A
demanda educacional cada vez mais exigente e o fato de se passar mais tempo em
espaços fechados são fatores que contribuem para que uma pessoa se torne
míope", acrescenta Smith.
"Na
Ásia, entre 80% e 95% dos jovens que terminam o Ensino Médio nas zonas urbanas
têm miopia, e já evidências fortes de que o índice também está aumentando nos
Estados Unidos e na Europa", disse ainda o especialista, um dos líderes no
tema.
"Nas
situações em que há uma expectativa educacional alta, é mais provável que as
pessoas desenvolvam miopia. Considere nossos próprios estudantes de optometria
como exemplo: aproximadamente metade se torna míope durante os quatro anos de
estudos aqui", contou o professor da universidade de Houston.
Smith
e sua equipe estão agora se debruçando sobre os fatores ambientais, como a
exposição a certos tipos de luz, que podem ter um impacto sobre o crescimento
do globo ocular que leva à miopia.
O
QUE PODEMOS FAZER?
A
miopia não tem cura nem é reversível, mas o uso de óculos pode impedir ou
desacelerar o avanço da condição.
Também
há cirurgia com laser que altera a forma do globo ocular para corrigi-lo,
embora esse procedimento não seja recomendado em crianças ou jovens que ainda
estão em processo de crescimento.
A
maioria dos pesquisadores concorda que estimular crianças a brincar ao ar livre
ajuda a reduzir o risco de desenvolver o problema.
Também
há estudos mostrando que, ao brincar ao ar livre, a miopia infantil pode
avançar num ritmo mais lento.
Os
especialistas acreditam que isso tem a ver com o fato de que os níveis de luz
no exterior são muito mais altos que no interior.
Por
outro lado, passar muito tempo focando a vista em objetos muito próximos, como
lendo, escrevendo ou usando dispositivos portáteis como celulares, tablets ou
laptops, pode aumentar o risco miopia, segundo o NHS, o serviço público de
saúde britânico. Fonte: BBC
Brasil - 13 junho 2017
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