Mostrando postagens com marcador alimentação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador alimentação. Mostrar todas as postagens

sábado, 30 de julho de 2016

Como a Dinamarca virou referência no combate ao desperdício alimentar

Copenhague está assumindo papel pioneiro num movimento que combina duas grandes preferências nacionais: fazer bem ao meio ambiente e poupar dinheiro. Em setembro próximo, o "reino verde" criará um fundo de incentivo a projetos contra o desperdício de alimentos, com uma verba de 5 milhões de coroas dinamarquesas (670 mil euros).

"Comida é amor. Quando jogamos comida fora, estamos jogando fora amor", afirma a ativista Selina Juul, de 36 anos. O trabalho da ONG Stop Wasting Food (Chega de desperdiçar comida), fundada por ela, contribuiu para que a Dinamarca alcançasse um marco histórico: reduzir seu desperdício de alimentos em um terço em relação a 2010.

BATATAS FEIAS E COMBATE AOS "UFOS"
Cada vez mais supermercados do país mantêm "stop food waste areas", onde são vendidos, a preços módicos, gêneros alimentícios cujo prazo de validade está prestes a se esgotar. Ou batatas "feias", mas que ainda servem perfeitamente para fazer uma salada.

E essa é apenas uma entre muitas abordagens eficazes. Com um app, a startup Too Good To Go a ativista antidesperdício Selina Juul é ícone na Dinamarca, mostra para a população o caminho das refeições que antes não poderiam mais ser vendidas. A partir de uma lista de restaurantes e padarias que estão prestes a fechar, os usuários têm a chance de passar pelos locais e, com sorte, sair com um recipiente cheio de alimentos a preços reduzidos.

Mas o combate ao lixo supérfluo começa na própria geladeira. Assim, Juul apela aos cidadãos que evitem os "UFOs" (unidentifiable frozen object: objeto congelado não identificável).
"Um de cada dois dinamarqueses tem um 'UFO' no congelador. Por isso iniciamos uma campanha incentivando os consumidores a, uma vez por mês, comerem os seus 'UFOs'", afirma.

INSTRUMENTO PARA A PAZ MUNDIAL
O fato de o país de 5,7 milhões de habitantes ter mais iniciativas contra o desperdício de gêneros alimentícios do que qualquer outro país europeu se deve, em grande parte, à organização Stop Wasting Food.

Sua fundadora, Selina Juul, já se tornou uma espécie de ícone nacional: em 2016 ela recebeu o Womenomics Influencer Award, dedicado a dinamarquesas cuja atividade no mundo dos negócios é considerada modelo. E foi incluída no Who's Who da Dinamarca e nomeada Dinamarquesa do Ano em 2014.
"Quando o assunto é desperdício de alimentos, todos estão de acordo, sejam ricos ou pobres, de esquerda ou de direita, não importando a cor da pele, nação ou religião. Comida é realmente algo que une os seres humanos." E Juul reforça: "Comida é amor."

Diante do esperado crescimento da população mundial para 9,6 bilhões, até 2050, coloca-se a questão de como alimentar todas essas bocas. A redução do desperdício alimentar é a conclusão lógica.
"Na verdade, lixo não é lixo", lembra Selina Juul. "Reduzi-lo é a chave para a sobrevivência futura da civilização humana." O trabalho dela conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Segundo a agência da ONU, um terço dos alimentos produzidos em todo o planeta ou se estraga ou é jogado fora. Além de um prejuízo equivalente a 850 bilhões de euros, isso também representa 8% das emissões totais de gases responsáveis pelo efeito-estufa, o equivalente a um país de grande porte. A FAO condena esse "excesso numa época em que quase 1 bilhão de pessoas passam fome". Fonte: Deutsche Welle – 26.07.2016

Comentário: Interessante esse app que mostra uma lista de restaurantes e padarias em que os usuários podem comprar alimentos com preços reduzidos. No Brasil em  média é jogado fora 41 mil toneladas de comida por dia.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Utilização do farelo de arroz

O farelo de arroz pode ser utilizado como suplemento alimentar em trabalhos sociais, desenvolvidos com populações carentes de diversas regiões do Brasil, principalmente na recuperação de crianças desnutridas e como complemento alimentar de lactantes.

FARELO DE ARROZ POR QUE NÃO?
O beneficiamento do arroz consiste em tirar a casca do grão para torná-lo apto ao consumo. O farelo de arroz é um produto do beneficiamento e consiste no subproduto do polimento do arroz descascado para produzir arroz branco.

BOM PORQUÊ!
■É rico em nutrientes e minerais: vitamina E, vitamina B6, Niacina, Ácido pantotênico, Riboflavina, Tiamina, Folato, Magnésio, Manganês, Zinco, Cobre, Potássio e Ferro. Além disso, é rico em fibras, importantes para o bom funcionamento intestinal e para a prevenção do câncer de intestino.
■É um excelente alimento funcional. Isso quer dizer que além de nutrir o organismo, ele ainda ajuda na prevenção de algumas doenças crônicas degenerativas, como o colesterol alto, alguns tipos de câncer e o diabetes.
■O farelo de arroz também ajuda prevenir a prisão de ventre, a cárie dental e o beribéri (deficiência de vitamina B1), além de atuar na eliminação de metais pesados, como o chumbo.
■A niacina (vitamina B3), presente no farelo de arroz, tem efeito amenizador no sistema nervoso (depressão, esquizofrenia), é bom para a pele, além de ser um poderoso calmante natural.
 ■A tiamina (vitamina B1) por sua vez, atenua a depressão e o cansaço e atua no tono muscular do coração e dos intestinos (problemas cardíacos, prisão de ventre), além de auxiliar na digestão dos açúcares.

É um componente de equilíbrio para nossas dietas. Confira sua composição nutricional:

COMPONENTE
POR 100 GRAMAS
Calorias (kcal)
450
Proteína (g)
14
Carboidratos (g)
49,5
Gordura (g)
22
Fibra alimentar (g)
29
Sódio (mg)
10,6
Potássio (mg)
1.645
Tiamina (mg)
3,1
Niacina (mg)
45
Ferro (mg)
18,4

VOCÊ PODE MELHORAR SUA ALIMENTAÇÃO
Nos países desenvolvidos como o Japão, Estados Unidos e vários países da Europa, o farelo de arroz é consumido pela população, que conhece suas qualidades.
Ele é vendido nos supermercados para consumo doméstico e também é utilizado nas indústrias para enriquecer alimentos como biscoitos, balas, tira-gostos e cereais matinais.

COMO CONSUMIR O FARELO
A quantidade recomendada diariamente para a obtenção dos benefícios está em torno de 60 gramas, quantidade equivalente a quatro colheres de sopa do produto.
O farelo pode ser acrescentado em vários pratos, como no bolinho de carne, feijão, tortas, ensopados, molhos e pães, já que seu sabor não é acentuado.

LEMBRE-SE:
Alimentação saudável é uma ação que merece a atenção de todos nós. Resulta em melhores condições de saúde, maior capacidade de aprender e de trabalhar, melhor desenvolvimento físico e mental. Fonte: Embrapa- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão

domingo, 5 de junho de 2016

Brasil descarta 1/3 da comida que produz

O Brasil descarta um terço da comida que produz segundo a FAO, órgão da ONU para agricultura e alimentação.

A perda de alimentos em países pobres ocorre na colheita, no manuseio e no transporte. Nos ricos, concentra-se nas etapas finais, em mercados e lares. Mas o Brasil é "sui generis": tem problemas em todas as etapas, resume o pesquisador Gustavo Porpino, analista da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Aqui, o descarte de comida ainda boa para consumo em casas e mercados representa 40% da perda total.

Esse desperdício não depende muito de políticas públicas. "Todos têm uma parcela de culpa e podem fazer algo para mudar", diz Camila Kneip, coordenadora de nutrição da ONG Banco de Alimentos, que recolhe excedentes em mercadões, restaurantes e casas.

Gustavo Porpino,  da Embrapa, analisou hábitos de famílias para sua tese de doutorado. Constatou que o desperdício em casa ocorre por compras não planejadas, desejo de oferecer abundância e preconceito com sobras. "O consumidor precisa conhecer a vida rural, entender de onde sai o alimento e o que se gasta para produzi-lo."

Quando se coloca nessa conta o gasto de água, o problema se torna mais gritante: para a produção de uma maçã, são usados 125 litros.

O Instituto Akatu estima que 41 mil toneladas de comida são desprezadas no Brasil diariamente e, com isso, 100 bilhões de litros de água, que equivalem a 10% do volume útil do Sistema Cantareira.  

Campeão de desperdício
O Brasil é um dos dez países que mais descartam alimentos em todo o mundo
■10% nos mercados e nas casas
■ 30% nas centrais de abastecimento
■ 50% no manuseio e transporte
■ 10% na colheita

O que isso significa
■ por dia 41 mil toneladas  desperdiçadas que alimentariam 25 milhões de pessoas por dia (13% da população do Brasil).
■ por ano 15 milhões de toneladas desperdiçadas no Brasil que alimentariam 9 bilhões de pessoas em um único dia ou toda população do Brasil por 47 dias.

Com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os pesquisadores do Instituto Akatu fizeram a seguinte conta:
Uma família média brasileira gasta 478 reais mensais para comprar comida. Se o desperdício de 20% de alimentos deixasse de existir em casa, 90 reais deixariam de ir para o ralo. Guardando esses 90 reais todos os meses, depois de 70 anos (expectativa média de vida) a família teria uma poupança de 1,1 milhão de reais. Fonte: Folha de São Paulo - 05/06/2016  

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Consumir transgênicos é seguro, afirmam cientistas

Um relatório da Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos divulgado nesta terça-feira (17/05) revela que não foram encontradas evidências de que o consumo de alimentos geneticamente modificados possa ser prejudicial à saúde ou ao meio ambiente.
Os pesquisadores avaliaram estudos realizados durante duas décadas sobre as plantações de organismos geneticamente modificados (OGMs). Eles pediram maior atenção das agências reguladoras ao produto final das novas variedades de plantas, ao invés da forma como elas são geneticamente produzidas ou cultivadas.
"Pesquisamos a fundo o material para possibilitar um novo olhar sobre os dados das plantações transgênicas e convencionais", afirmou o presidente do comitê de pesquisa, Fred Gould, que é codiretor do Centro para Engenharia Genética e Sociedade da Universidade da Carolina do Norte.
Gould disse que a vasta quantidade de dados e opiniões sobre o controverso tema "criou um panorama confuso", e assegurou que o relatório busca uma análise imparcial.
O comitê da Academia Nacional formado por mais de 50 cientistas examinou quase novecentas pesquisas e publicações sobre as características da engenharia genética no milho, soja e algodão – que representam a grande maioria da produção comercial de OMGs.
 
RISCOS À SAÚDE HUMANA
"Ao mesmo tempo em que reconhece as dificuldades inerentes de detectar efeitos sutis ou de longo prazo para saúde ou o meio ambiente, o comitê não encontrou evidências substanciais de uma diferença nos riscos à saúde humana entre as colheitas geneticamente modificadas e as convencionais, tampouco encontramos evidências conclusivas de causa e efeito de problemas ambientais provenientes das colheitas transgênicas", afirma o relatório.
No entanto, o relatório, de 408 páginas, alerta as agências reguladoras para que submetam as novas variedades de plantas a testes de segurança, "independentemente de terem sido desenvolvidas através da engenharia genética ou de técnicas convencionais".

DOENÇAS
Os pesquisadores não identificaram uma ligação entre as plantações geneticamente modificadas e doenças como câncer e diabetes e também não detectaram "associação entre doenças ou condições crônicas de saúde e o consumo de alimentos transgênicos".
Haveria ainda evidências de que as plantações desenvolvidas geneticamente para resistir a insetos teriam trazido benefícios à saúde humana, pelo fato de reduzirem as intoxicações por inseticidas.

RESISTÊNCIAS
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento de resistência a algumas características dos OGMs – incluindo insetos e ervas daninhas – é um "grande problema agrícola", alertam os cientistas. Eles citam lugares onde ervas daninhas desenvolveram resistência ao glifosato – herbicida ao qual a maioria dos cultivos geneticamente modificados foi desenvolvida para ser resistente. Fonte: Deutsche Welle - Data 18.05.2016

sábado, 13 de setembro de 2014

Dez comidas do tipo junk food que são ícones no Brasil


1-Batata frita do McDonald’s -Douradas, quentinhas e crocantes, as batatas fritas do McDonald’s são uma referência quando se trata de junk food. Uma porção grande tem 146 gramas, 412 calorias, 21g de gorduras totais, o que representa 38% do valor diário (VD) de referência com base em uma dieta de 2.000 kcal, e 442 miligramas de sódio (18% do VD). Mesmo assim, poucas dietas conseguem sobreviver diante dessa guloseima.

2-Pastel - Pelo menos uma vez por semana, o pastel de feira substitui o almoço de muitos paulistas, dando uma injeção de gordura na dieta. As opções mais pesadas são os pastéis fritos com queijo e carnes calóricas. Uma unidade feita com catupiry tem 230 calorias, enquanto uma de queijo comum tem 243 kcal. Se for somado ao tradicional caldo-de-cana, a refeição aumenta em 203 kcal, para um copo de 240 mililitros

3-Coxinha-A rainha das festas de criança também está entre os tipos de junk food mais icônicos do Brasil. Uma unidade de 100g tem 283 calorias, 34,5g de carboidratos, 15mg de colesterol e 532mg de sódio. Essa bomba em forma de salgado, no entanto, não sai do cardápio de quem gosta das guloseimas tradicionais.

4-Sonho de Valsa-O chocolate Sonho de Valsa é a prova de que, para junk food, tamanho não é documento. Em caixas de bombom, ele e seus semelhantes, como Serenata de Amor e Ouro Branco, costumam ser os mais disputados, mas é melhor não exagerar. Em uma unidade (21,5g) de Sonho de Valsa há 113 calorias, 13g de carboidratos (sendo que 10g são açúcares), 6,2g de gorduras totais (11% do VD) e 3,2g de gorduras saturadas (15% do VD).

5-Amandita-O biscoito de wafel em forma de noz é outra tentação junk. Uma porção de 30g tem 154 calorias, 7,5g de gorduras totais (14% do VD), 3,3g de gorduras saturadas (15% do VD) e 0.3g de gordura trans, que se tornou vilã da saúde nos últimos tempos. Um grande problema disso é que, com um pacote de 200g, fica difícil comer apenas uma porção, que não pode ultrapassar quatro unidades.

6-Baconzitos-Quase tudo que tem bacon, no nome ou no sabor, tem grandes chances de fazer sucesso e, claro, de não ser muito saudável. Com o Baconzitos não é diferente. Em uma porção de 25g, há 126 calorias, 6,7g de gorduras totais (12% do VD), 3,1% de saturadas (14% do VD) e 308mg de sódio (13% do VD). Ainda assim, ele é um dos salgadinhos mais amados pelos brasileiros.

7-Pururuca-Prima do torresmo, a pururuca também é uma junk food ícone do Brasil, principalmente nas mesas de botecos. A pele frita do porco não chega a trazer a capa de gordura do toucinho, mas também não deixa de ser gordurosa. Uma xícara (14g) da pururuca da marca Keep's tem 80 calorias, 5g de gorduras totais e 2g de saturadas, o que representam, igualmente, 9% do VD. Ela também tem 15mg de colesterol e 250mg de sódio, que são, respectivamente, 5%

8-Doritos-O salgadinho Doritos, da Pepsico, pode até ser sequinho, mas a quantidade de gorduras presente nele pode assustar. Em 25g, que corresponde a uma xícara e meia, 122 calorias, 6,3g de gorduras totais (11% do VD), 2,8g de gorduras saturadas (13% do VD) e 149 mg de sódio (6% do VD). O maior problema é que dificilmente alguém consegue comer apenas uma porção desse tamanho.

9-Pringles-Entre os salgadinhos de batata, a Pringles é uma das mais cobiçadas, apesar de não necessariamente a mais consumida, já que uma lata de 140 gramas custa cerca de oito reais. Não é só o preço que pode assustar, mas também a quantidade de gorduras presentes na guloseima.

Em 25g de batata do tipo original, há 134 calorias, 9,8g de gorduras totais e 8,5g de saturadas, valores que representam, respectivamente, quase 18% e 39% do valor diário de referência com base em uma dieta de 2.000kcal. O sódio também é considerável: 143mg ou 6% do VD.

10-Passatempo recheado-As crianças costumam gostar muito desse biscoito recheado com chocolate, tanto que ele é uma boa fonte de cálcio, já que uma porção dele possui 150mg do nutriente (15% do VD), e de zinco, com 0,4mg ou 6% do VD. No entanto, essa mesma quantidade (peso de 2,5 biscoitos) tem 6g de gorduras totais (11% do VD), 2g de saturadas (9%) e 140 calorias. A questão que fica é: será possível resistir a somente duas unidades? Fonte: Exame - 26/11/2012 18:04

Comentário: Para o jornalista americano Michael Moss, a junk food parece ser uma espécie de droga sintetizada a partir de três ingredientes: sal, açúcar e gordura. Em seu trabalho, ele prova que CEOs, marqueteiros e cientistas sabem que estão produzindo não apenas salgadinhos, doces e refrigerantes, mas adultos e crianças com problemas cardíacos, hipertensos, diabéticos e com uma série de doenças relacionadas, que terão a vida encurtada no final e limitada no meio. Mas o que vale são os lucros – e eles são cada vez mais superlativos.

Até hoje a indústria trabalha com a lista de “sete medos e resistências” à batata frita de saquinho, identificada ainda em 1957 pelo psicólogo Ernest Dichter: 1) você não consegue parar de comê-las; 2) elas engordam; 3) elas não fazem bem para você; 4) elas são gordurosas e fazem sujeira; 5) elas são muito caras; 6) suas sobras são difíceis de guardar; 7) fazem mal para as crianças. A partir desta descoberta, o psicólogo sugeriu à indústria mudanças como: em vez de usar a palavra “frito”, usariam “assado” ou “tostado”; para não dar a ideia de excesso, os salgadinhos passariam a ser vendidos em embalagens menores. Em outras palavras: o caminho era – e continua sendo – ajudar o consumidor a não ter culpa de comer o que faz mal para ele.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Vegetarianismo não é garantia de saúde


bligo-vegetarian.jpg


No 35º Congresso Mundial de Vegetarianismo, que aconteceu em julho, em Edimburgo, na Escócia, as máquinas fotográficas digitais foram as vedetes. Como não precisam de filme fotográfico (que leva gelatina, produto de origem animal), essas câmeras combinam com o estilo de vida dos vegetarianos, principalmente dos vegans (pronuncia-se "vigans"), os mais radicais de todos, que não comem nem usam qualquer produto de origem animal, banindo do cotidiano até as malhas de lã.

"Eu não seria vegan só por uma questão de saúde; o que me move é ser eticamente correta, evitando o sofrimento dos animais", afirma Marly Winckler, secretária regional para a América Latina da União Internacional Vegetariana (UIV).

Independentemente da questão ética, o fato é que o vegetarianismo tem ganho espaço em todo o mundo. No Brasil, não há nenhum levantamento desse tipo, mas na Inglaterra, por exemplo, a UIV estima que os vegetarianos somem 10% da população. Eliminar a carne do cardápio é um hábito que está conquistando também os fãs do hambúrguer: segundo pesquisa da revista "Times", divulgada no mês passado, cerca de 10 milhões de americanos se consideram vegetarianos.

Mas será que os vegetarianos são mais saudáveis que aqueles que comem de tudo? Não necessariamente. "A literatura médica mostra que a dieta ideal inclui o consumo moderado de carne", diz o gastrocirurgião Dan Waitzberg, da Faculdade de Medicina da USP e presidente do Ganep (Grupo de Apoio de Nutrição Enteral e Parenteral). "O homem é onívoro, ou seja, come de tudo, e a carne é a melhor fonte de proteína e de ferro", afirma Silvia Cozzolino, presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. "Uma dieta vegetariana malfeita pode causar problemas de saúde", afirma a nutricionista Anita Sachs, da Unifesp.

Uma dieta sem carne pode ser saborosa e trazer uma série de benefícios, entre eles a redução do risco de doenças cardiovasculares. Mas os especialistas alertam: é preciso muita informação para dosar corretamente os alimentos. E esse balanceamento deve levar em consideração o sexo, a idade, o peso e a altura da pessoa.

"Um adulto consegue manter uma dieta equilibrada, sem prejudicar o organismo, mas precisa ser quase especialista em nutrição", afirma Waitzberg. "E, no que se refere à vitamina B12 -encontrada só em alimentos de origem animal- e ao ferro, a atenção deve ser redobrada", explica Sachs.

O consumo de carne é defendido até por especialistas da chamada medicina alternativa. Para o médico Mauro Perini, especializado em medicina chinesa pela Unifesp, "as carnes são necessárias". Autor do livro "Terapia Dietética Chinesa" (ed. do autor), Perini diz que o equilíbrio alimentar indica equilíbrio físico, emocional, mental e espiritual. "Temos de comer de tudo. Nosso corpo exige isso."

O terapeuta corporal Léo Artése, 45, está mais próximo da dieta ideal. Ele é ovolactovegetariano, ou seja, consome vegetais e laticínios. "Os ovolactovegetarianos só precisam ficar atentos à deficiência de ferro heme, nutriente só encontrado na carne", diz Sachs.

Depois de comer veado, tartaruga, cobra, tatu e até baleia, Artése decidiu eliminar a carne do cardápio há 16 anos porque estava "excessivamente gordo". "Emagreci 18 quilos, não preciso mais usar desodorante, meu sistema digestivo funciona melhor, fiquei menos doente e até sinto que minha libido aumentou."

Vegan há 12 anos, Christopher Piva, 29, possui sete frases em defesa de seu estilo de vida tatuadas pelo corpo. "Como arroz e macarrão integrais, legumes, saladas, frutas, grãos, sementes... Nunca tive problemas de saúde, mesmo sem tomar suplemento de B12", diz.

O nutricionista George Guimarães, 28, também é vegan e não toma B12. "Sempre verifico como está minha saúde". No entanto, ele recomenda a suplementação aos pacientes para evitar deficiências. Ele é proprietário da Nutriveg, empresa de consultoria em nutrição vegetariana que deve lançar neste mês, em parceria com a Associação dos Bares e Restaurantes Diferenciados de São Paulo (Abredi), um selo para identificar pratos vegetarianos em restaurantes. "Vinte estabelecimentos não-vegetarianos já aderiram", diz.

Crudívoros e frugívoros devem ter um cuidado especial. "Nos frugívoros, por exemplo, a deficiência de gordura é imensa. Sua alimentação só é equilibrada em relação às vitaminas hidrossolúveis, como a C, porque as lipossolúveis (A, D, E e K) precisam de gordura para serem transportadas para as células", afirma Sachs. Já os que só comem alimentos crus, principalmente brotos, podem sofrer com a falta de gordura, fibras e proteínas, completa a nutricionista.

Luciano Bonfico, 26, é frugívoro há dez anos. "Ao comer os frutos das plantas, não as matamos, elas não sofrem", diz. Bonfico prefere as amêndoas e as nozes, "alimentos que me dão bastante proteína". Além disso, ele come salada de tomate, azeitona e abacate "para obter gordura". "Minha única preocupação é tomar suplemento de B12", diz.

Menos precavido é o presidente da Associação Vegetariana Espanhola, o engenheiro Franscisco Martín, 53, que já esteve no Brasil. Crudívoro há 14 anos, ele não toma suplemento vitamínico e não receia ter problemas nutricionais, "porque tanto fisiológica quanto psiquicamente estamos aptos a nos alimentar desse modo".

Segundo os especialistas, os onívoros que decidirem abolir as carnes da rotina alimentar podem apresentar uma queda no sistema imunológico, flatulência e cólica no início do processo. "Mas nosso organismo é mais inteligente que nós, ele se adapta rapidamente", diz Cozzolino. Fonte: Folha de S.Paulo- Sexta-feira, 07 de maio de 2010

Comentário

Imagina se o Homo Sapiens fosse vegetariano? Não estaríamos aqui, agora. Se há algo que torna os seres humanos criaturas únicas, diz o primatologista Richard Wrangham, da Universidade Harvard, é o ato de cozinhar. Modificar o alimento com a ajuda do fogo é uma tradição mais antiga que o próprio Homo sapiens, tendo moldado a fisiologia e o comportamento humanos, afirma ele. O sistema digestivo aproveita muito mais a energia dos alimentos cozidos, e a primeira divisão de trabalho se deu entre quem caçava e quem preparava a comida.. Os  humanos têm características únicas, dentes pequenos, sistema digestivo curto.