terça-feira, 8 de novembro de 2016

Vida moderna

Aeroporto. Estou sentado junto à porta de embarque, ainda encerrada. O voo será daqui a 45 minutos. Mas, à minha frente, os passageiros já estão em pé e começam a formar fila quilométrica para entrar. Mistério.

Eu entenderia esta extravagância se, por hipótese, voos lotados deixassem metade dos passageiros em terra. Ou essa metade tivesse que ir no porão.

Se assim fosse, eu próprio passaria a noite no aeroporto para evitar o suplício. Ou subornaria alguém só para conseguir um lugar, como acontece nos ônibus do Quênia   ou nas viagens de trem pela Índia.

Mas como explicar esta paixão dos seres humanos por filas idiotas quando os lugares já estão reservados? Será que eles pensam que existe sempre a possibilidade do avião fugir antes da hora?
Conclusão: deixo todo mundo entrar e depois, vagarosamente, levanto-me e entro eu.
Claro que, sendo o último a entrar, existem sérias hipóteses de não ter espaço para arrumar a bagagem. Mas as aeromoças são sempre prestáveis, esmagando as malas dos outros com a minha mala retardatária. Agora, sim, prontos para a decolagem, comandante. Fonte: Folha de São Paulo - 07/10/2013 - João Pereira Coutinho,escritor português.

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