Depois de nove dias afastada da Presidência da República,
Dilma Rousseff esteve ontem em Belo Horizonte para participar do 5º Encontro
Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais, no Othon Palace Hotel, no Centro.
Ela discursou durante uma hora, fez críticas ao governo interino de Michel
Temer e disse que continuará na luta por seu mandato e zelará pela democracia.
No dia anterior ao evento de blogueiros, Temer disse que
suspenderia o patrocínio da Caixa Econômica Federal (CEF), que foi autorizado
pela administração petista em março e totalizou R$ 100 mil, segundo publicação
do Diário Oficial da União. No entanto, ontem, os organizadores do encontro
informaram que, por não ter havido uma formalização da retirada do patrocínio,
ficou subtendido que a estatal mantinha o compromisso.
Realidade paralela
Nada mais sintomático do que a decisão da presidente
afastada Dilma Rousseff de vir a BH para participar de um encontro de
blogueiros e ativistas digitais. A convidada e os participantes, muitos
financiados nos últimos anos por dinheiro público, fazem questão de viver em
realidade paralela, no qual todos os problemas do país começaram depois que o
Congresso decidiu afastar a presidente e ela não tem nenhuma responsabilidade
por seus atos – entre eles, as famigeradas pedaladas fiscais, razão do
afastamento e uma das causas do estratosférico rombo das contas públicas.
Ontem, a equipe econômica do governo Temer divulgou déficit de R$ de 170,5
bilhões. O escapismo é conveniente mecanismo de autodefesa usado pelos que não
se sentem responsáveis pelos problemas que ajudaram a criar. Só que a conta,
tanto do deslocamento da presidente quanto do patrocínio do encontro, é paga
(parcial ou integralmente) pelo cidadão brasileiro. E este foi impelido a
conviver com uma única realidade: da corrupção, do desemprego, da inflação. A
realidade, nada virtual, do desgoverno. Fonte: EM - 21/05/2016
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