sábado, 15 de outubro de 2011

O cabide de emprego na educação pública

Um artigo publicado na Veja, 10 de outubro, Gustavo Iochpe fez um estudo interessante sobre a proporcionalidade  existentes entre funcionários na educação, que tem a função de suporte e atividade principal , os professores , obteve os seguintes dados:

1- O número de professores está na casa dos 2 milhões há alguns anos.

2- A incógnita era o numero de funcionários existentes? O Inep, órgão do MEC responsável por avaliações e estatísticas, informou  que incluindo os professores, são mais de 5 milhões de funcionários na área da educação no Brasil, pouco mais de 4 milhões deles na rede pública.

O número é assustador, pelo gigantismo do número total – seus 5 milhões de membros fazem com que essa seja a quarta maior categoria profissional do Brasil, atrás apenas dos agricultores, vendedores e domésticas –, mas especialmente pelo fato de termos 3 milhões de funcionários longe da sala de aula, um número 50% maior do que o de professores.

3 – Ele comparou esse número funcionários  com dados europeus, OCDE

Nos países membros a relação entre funcionários e professores é de 0,43., isto é, um funcionário para cada 2 professores.

No Brasil, no setor público, essa relação é de 1,48, isto é, quase quatro funcionários para cada 2 professores.

Isso significa que, se o Brasil tivesse a mesma relação professor/funcionário dos países desenvolvidos, haveria 706.000 funcionários públicos no setor, em vez dos 2,4 milhões que temos.

Isso faz com que tenhamos 1,7 milhão de pessoas excedentes no sistema educacional, recebendo todo mês salários que vêm do nosso bolso. Se presumirmos que os funcionários recebem o mesmo salário médio que os professores (infelizmente não há dados oficiais a respeito do país todo, mas a conversa com alguns secretários da Educação me sugere que essa é uma hipótese válida), isso significa um desperdício de inacreditáveis 46 bilhões de reais, ou 1,3% do PIB, todo ano, o que certamente é mais do que todos os escândalos de corrupção da última década somados.

Conclusão:

A importância desse dado, porém, vai muito além da simples montanha de recursos que são desperdiçados. Ele ajuda a explicar algo ainda mais importante para o futuro do Brasil: a razão pela qual nossa educação vai tão mal.

1-O primeiro fator impactado por essa gastança é o salário do professor. Esse dado explica como o Brasil pode, ao mesmo tempo, investir tanto em educação e ter professores tão insatisfeitos com o seu rendimento. (A propósito, cruzando os dados da OCDE com o PIB brasileiro, o salário médio mensal do professor na rede pública é de 2262 reais. Cuidado com os discursos do pessoal que fala do "salário de fome".) Se se demitissem os funcionários excedentes e o salário deles fosse transferido aos professores, a remuneração destes aumentaria 73%, para 3906 reais mensais.

2-O segundo impacto é o poder político desse grupo. São 5 milhões de membros, a grande maioria sindicalizada e politizada.

3-A terceira realidade claramente descortinada por esses dados é a utilização política do setor de educação.  

4-A quarta conclusão é ainda mais séria. Ela diz respeito à relação entre gastos com educação e a qualidade do ensino ministrado. A maioria dos estudos sobre o tema demonstra não haver relação significativa entre o volume de recursos gastos em educação e a qualidade do ensino. No Brasil, onde a maior parte do gasto é canalizada para aumentar o número de profissionais na rede e dar melhor remuneração àqueles que já estão nela, não é de surpreender que o constante aumento de gastos no setor nos últimos dez anos tenha sido acompanhado de estagnação.

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