Negros de origem européia
A análise do DNA de um grupo de 120 negros brasileiros revelou que
metade deles tem pelo menos um ancestral europeu por parte de pai. O estudo,
encomendado ao geneticista Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas
Gerais, pela BBC-Brasil, traçou ainda o perfil genético de nove negros
brasileiros famosos e mostrou que a ginasta Daiane dos Santos tem
ancestralidade mais européia do que africana.
O estudo confirma que o brasileiro é um dos povos mais
miscigenados do mundo.
A equipe de Pena analisou o cromossomo Y dos 120 indivíduos que
participaram do estudo com o objetivo de rastrear seus ancestrais paternos mais
distantes, conforme revela reportagem de Carolina Glycerio e Silvia
Salek, da BBC-Brasil. O cromossomo Y é um bom parâmetro para esse tipo de
estudo porque é passado de pai para filho sem alterações. Ou seja, aponta o
trabalho, o Y de um brasileiro de hoje pode ser exatamente igual ao de um
português que viveu há três séculos ou ao de um escravo trazido da África no
século XVI.
Comparando o cromossomo Y dos 120 brasileiros com as informações
de um banco com dados mundial sobre populações, os pesquisadores conseguiram
identificar a origem do ancestral mais distante de cada um no grupo.
Os parentes mais distantes de 60 (50%) dos negros estudados vieram
da Europa. Saíram da África os ancestrais de 58 (48%) e da própria América,
apenas 2 (1,6%).
Embora o número de indivíduos pesquisados não seja muito grande, o
estudo confirma as conclusões de pesquisas anteriores de Pena sobre as origens
da população brasileira. Para o geneticista, a cor da pele é um “péssimo
indicador de ancestralidade” porque representa uma parte ínfima do código
genético humano.
—Com exceção de imigrantes de primeira ou segunda geração, não
existe brasileiro que não carregue um pouco de genética africana e ameríndia —
afirmou o geneticista, da Universidade Federal de Minas Gerais, em entrevista à BBC Brasil.
Os números se invertem quando o foco é a ancestralidade materna,
rastreada pelo DNA mitocondrial — que homens e mulheres herdam da mãe e que
também atravessa gerações sem sofrer mudanças significativas. Essa análise revelou
que, por parte de mãe, 102 (85%) dos 120 estudados têm conjuntos de seqüências
genéticas tipicamente africanos.
Apenas quatro (2,5%) dos negros que fizeram parte da pesquisa têm
uma ancestral materna proveniente da Europa e 14 (12,5%), da América.
Para Sérgio Pena, os resultados demonstram a “assimetria sexual”
nas misturas que deram origem ao povo brasileiro, com uma predominância
de europeus nas linhagens paternas e uma diversidade maior nas linhagens
maternas entre africanas, ameríndias e, em menor grau, européias.
O estudo identificou também, pela primeira vez, as regiões da
África que mais contribuíram para a formação do povo brasileiro: CentroOeste
(44,5%), Oeste (43%) e no Sudeste, na região ocupada hoje por Moçambique
(12,3%).
1-Daiane: 40% européia
Num estudo paralelo, também encomendado pela BBC-Brasil, Sérgio
Danilo Pena traçou o perfil genético de nove negros brasileiros famosos, entre
eles a ginasta Daiane dos Santos, os cantores Milton Nascimento e Djavan e o
jogador de futebol Obina.
Do ponto de vista genético, Daiane é o exmplo da brasileira
típica. O exame de DNA mostrou que a atleta gaúcha tem 40,8% de ancestralidade
européia, 39,7% africana e 19,6% ameríndia. Dos nove indivíduos, foi Daiane
quem apresentou as proporções mais equilibradas entre os três principais grupos
que deram origem à população brasileira. DNA mostra que a ginasta
gaúcha Daiane dos Santos é a típica brasileira: 39,7% de ancestralidade
africana, 40,8% européia e 19,6% ameríndia.
Em agosto de 2006, o Fantástico exibiu testes com famosos como
Ivete Sangalo (99,2% européia, 0,4% indígena e 0,4% africana), Marcos Palmeira
(93% europeu, 5,5% indígena e o restante africano), Luiza Brunet (80% de
ancestralidade européia, 15,5% de ancestralidade ameríndia e o restante africana)
e Zeca Camargo (96,5% europeu, 2,6% indígena e apenas 0,9% africano).
2-Seu Jorge-O músico carioca Seu Jorge tem 12,9% de genes europeus
e 85,1% de genes africanos, indicam exames de DNA feitos a pedido da BBC Brasil
como parte do projeto Raízes Afro-brasileiras.
Sandra de Sá - A composição genética de Sandra de Sá é 96,7%
africana, de acordo com um estudo do DNA da cantora feito a pedido da BBC
Brasil como parte do projeto Raízes Afro-brasileiras.
3-Frei David dos Santos, frade franciscano e ativista do movimento
negro é majoritariamente africano, com traços genéticos europeus e ameríndios,
indicam exames realizados.Testes feitos pelo laboratório do geneticista Sérgio
Danilo Pena, professor titular de Bioquímica da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), indicaram que Frei David é 68,2% africano, 30,8% europeu e 1,0%
ameríndio.
4-Obina-Além da surpresa com os 25,4% de genes indígenas, Obina
(jogador) ficou orgulhoso ao saber que as raízes africanas predominam na
sua composição genética - com 61,4% dos seus genes.
5-Neguinho da Beija-Flor, o sambista carioca que leva a cor da
pele no nome artístico, é geneticamente mais europeu do que africano, indica
uma análise do seu DNA feita como parte do projeto Raízes
Afro-brasileiras.
De acordo com essa análise, 67,1% dos genes de Luiz Antônio
Feliciano Marcondes, o Neguinho, têm origem na Europa e apenas 31,5%, na
África.
6-Ildi Silva, que interpreta Yvone na novela Paraíso Tropical, é
mais de 70% européia, segundo exames de DNA feitosl.
Com a pele negra e os olhos verdes, Ildi disse ter ficado feliz ao
ver explicada parte da sua origem, da qual sabia pouco a não ser que tinha
alguma ascendência holandesa.
Além dos 71,3% de genes europeus, a atriz tem 19,5% de
ancestralidade africana e 9,3% de ameríndia, segundo as estimativas do
geneticista Sérgio Danilo Pena, professor titular de bioquímica da UFMG
(Universidade Federal de Minas Gerais) e diretor do laboratório Gene de Belo
Horizonte, que fez os exames para a BBC Brasil.
7-O cantor Djavan disse que o resultado do exame de DNA que indica
que ele é 65% africano, 30,1% europeu e 4,9% ameríndio "bate" com o
que ele sente.
Fonte: BBC Brasil, 29 de maio, 2007
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