sábado, 18 de janeiro de 2020

China tem o menor crescimento econômico em quase 30 anos

Apesar de ritmo lento devido a disputas com os Estados Unidos e queda no consumo, economia do país asiático cresce 6% em 2019, pouco abaixo do registrado em 2018, e já mostra sinais de recuperação.

A economia chinesa cresceu no ano passado no ritmo mais lento das quase últimas três décadas, afetada pelas disputas comerciais com os Estados Unidos e pelo fraco desempenho no consumo doméstico. Dados divulgados nesta sexta-feira (17/01) mostram, porém, que a segunda maior economia do mundo encerrou um ano difícil mais forte.
A trégua nas tensões comerciais entre Pequim e Washington reavivou a confiança do mercado e as medidas adotadas pelo governo para impulsionar a economia parecem surtir efeito.

Como já era esperado, o crescimento de 6,1% registrado no ano passado ficou abaixo dos 6,6% de 2018, segundo dados do Departamento Nacional de Estatísticas da China. Apesar de robusta para os padrões globais, e ainda dentro das previsões do governo, esta foi a menor expansão registrada desde 1990 e marca três anos consecutivos de queda.
Apesar de a segunda maior economia do mundo perder fôlego gradualmente nos três primeiros trimestres de 2019, ela se manteve firme em 6% entre outubro e dezembro.

O ano de 2020 é considerado crucial para as ambições do governo chinês de atingir seu objetivo de dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) do país e os rendimentos ao longo da próxima década, transformando a China em uma nação "moderadamente próspera".
Analistas avaliam que para que essas metas de longo prazo sejam atingidas, a China dever manter o crescimento anual em torno dos 6%, ainda que algumas autoridades tenham alertado que neste ano a economia poderá enfrentar desafios ainda maiores do que em 2019. Fonte: Deutsche Welle-17.01.2020
Comentário: Enquanto isso, o Brasil acelera em ponto morto.


Year
USA
GDP Growth Rate
Year  China
Real growth (%)
Ano
Brasil
Taxa PIB (%)
2018
2.9%
2018
6.6
2018
1,12%
2017
2.4%
2017
6.8
2017
1,06%
2016
1.6%
2016
6.7
2016
-3,30%
2015
2.9%
2015
6.9
2015
-3,55%
2014
2.5%
2014
7.3
2014
0,50%
2013
1.8%
2013
7.8
2013
3,00%
2012
2.2%
2012
7.9
2012
1,92%
2011
1.6%
2011
9.5
2011
3,97%
2010
2.6%
2010
10.6
2010
7,53%
2009
-2.5%
2009
9.4
2009
-0,13%
2008
-0.1%
2008
9.7
2008
5,09%
2007
1.9%
2007
14.2
2007
6,07%
2006
2.9%
2006
12.7
2006
3,96%
2005
3.5%
2005
11.4
2005
3,20%
2004
3.8%
2004
10.1
2004
5,76%
2003
2.9%
2003
10.0
2003
1,14%
2002
1.7%
2002
9.1
2002
3,05%
2001
1.0%
2001
8.3
2001
1,39%
2000
4.1%
2000
8.5
2000
4,11%
1999
4.8%
1999
7.7
1999
0,47%
1998
4.5%
1998
7.8
1998
0,34%
1997
4.4%
1997
9.2
1997
3,40%
1996
3.8%
1996
9.9
1996
2,21%
1995
2.7%
1995
11.0
1995
4,42%
1994
4.0%
1994
13.0
1994
5,33%
1993
2.8%
1993
13.9
1993
4,67%
1992
3.5%
1992
14.2
1992
-0,47%
1991
-0.1%
1991
9.3
1991
1,51%
1990
1.9%
1990
3.9
1990
-3,10%
1989
3.7%
1989
4.2
1989
3,28%
1988
4.2%
1988
11.2
1988
-0,10%
1987
3.5%
1987
11.7
1987
3,60%
1986
3.5%
1986
8.9
1986
7,99%
1985
4.2%
1985
13.4
1985
7,95%
1984
7.2%
1984
15.2
1984
5,27%
1983
4.6%
1983
10.8
1983
-3,41%
1982
-1.8%
1982
9.0
1982
0,58%
1981
2.5%
1981
5.1
1981
-4,39%
1980
-0.3%
1980
7.8
1980
9,11%

domingo, 12 de janeiro de 2020

Brasil precisa de mais reformas para crescer

Nos últimos três anos, muitos economistas erraram de forma vergonhosa em suas previsões econômicas para o Brasil. Em viradas do ano passadas, com frequência previram taxas de crescimento altas demais. Desta vez, os bancos de investimento optaram pela cautela. Segundo o consenso do setor, a economia do Brasil crescerá no máximo de 2 a 2,5% em 2020. Mas alguns economistas conhecidos avisam, cautelosos: o risco de um crescimento mais rápido do que previsto é maior do que o de uma retração.

No curto prazo, isso é verdade – no médio prazo, no entanto, o potencial de crescimento do Brasil permanece limitado. Há muitas indicações de que o Brasil crescerá duas vezes mais rápido em 2020 do que em 2019. Existem várias razões para isso: as últimas estatísticas econômicas mostram que o consumo e os investimentos aumentaram significativamente.
Por outro lado, os gastos do governo diminuíram, afetando, assim, a parcela com que o Estado contribui, como consumidor e investidor, para o crescimento do PIB.

TAXA DE JUROS BAIXA
Um dos motivos pelos quais os brasileiros consomem mais e as empresas (principalmente na indústria da construção civil) investem mais é a baixa taxa de juros, que agora é de 4,5%. Isso torna os empréstimos e investimentos mais baratos. Dificilmente algo mudará em 2020. A taxa de juros permanecerá baixa.

AGÊNCIAS DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
A confiança no exterior no Brasil também melhorou significativamente da perspectiva dos investidores: os credit default swaps (CDS) caíram para o nível mais baixo em nove anos. Isso mostra que quase nenhum investidor teme que o Brasil deixe de honrar suas dívidas. As agências de classificação de risco melhoraram ligeiramente as perspectivas para o Brasil. Isso se deve principalmente à aprovação da reforma previdenciária do governo, que aliviará o orçamento estatal.

Além disso, os outros planos de reforma do governo também são vistos de maneira positiva pelo setor econômico: com quase uma dúzia de planos de reforma, o governo quer limitar os gastos no setor estatal e, ao mesmo tempo, criar espaço para investidores privados. Isso se aplica, por exemplo, à nova lei do saneamento, às privatizações no setor de energia e às planejadas licitações na área de infraestrutura.

O Brasil, por outro lado, dificilmente poderá esperar impulsos positivos do comércio mundial: a China, o comprador mais importante de produtos agrícolas brasileiros, está crescendo menos e terá que importar mais soja dos EUA no futuro. A Argentina, o comprador mais importante de produtos industriais no Brasil, atravessa uma profunda crise. Europa e EUA também importam menos do Brasil. No entanto, são boas as chances de o Brasil crescer em 2020 e também em 2021.

DÉCADA PERDIDA
Mas isso não significa que o Brasil alcançará agora um crescimento médio mais alto do que na década perdida que chegou ao fim. Se for adicionado o crescimento esperado para 2020 (2,25%), o Brasil terá crescido menos de 1% ao ano na primeira década do milênio. Isso é muito pouco para reduzir os altos níveis de pobreza e desemprego no país.

BAIXA TAXA DE POUPANÇA
E é exatamente nesse ponto que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe, estão focando seu trabalho: com suas reformas estruturais, eles querem aumentar a baixa taxa de poupança (12% do PIB) e a taxa de investimento (12% do PIB). Elas sempre foram menor do que na maioria das economias em desenvolvimento mundiais, mas desde 2014, as parcelas relativas a poupança e investimentos no PIB literalmente despencaram.

As reformas de Guedes miram na direção certa, mas são reformas difíceis, que muitas vezes só podem ser alcançadas com mudanças constitucionais, ou seja, com apoio com uma maioria de dois terços do Congresso. A reforma previdenciária, sobre a qual havia um amplo acordo, precisou de dez meses para ser aprovada pelo Congresso. Em 2020, o Legislativo só contará com real poder decisório até o meio do ano, no máximo. Porque em outubro são realizadas eleições municipais. Elas são importantes para o governo como eleições de meio de mandato. E os deputados vão querer evitar votações difíceis.

Conclusão: o Brasil crescerá mais rápido nos próximos 24 meses. No entanto, para crescer de forma sustentável nos próximos dez anos após a década perdida, para reduzir a pobreza e o desemprego, são necessárias mais reformas estruturais, especialmente na máquina estatal. E 2020 mostrará se governo e Congresso avançarão com a agenda de reformas. Fonte: Deutsche Welle- 02.01.2020 - Alexander Busch é correspondente de América do Sul do grupo editorial Handelsblatt  

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Bolsa Família sem portas de saída

ADEUS AO TRABALHO - Lucinete Nobre mora em Junco do Maranhão, o município com a maior proporção de habitantes assistidos pelo Bolsa Família. Ela deixou de trabalhar na roça e sustenta a família com os 216 reais que recebe por mês: “Tomara que continue assim pelo resto da vida"

Na cidade maranhense de Junco do Maranhão, a maioria dos 3 790 habitantes passa o dia vendo televisão, cuidando dos afazeres domésticos ou batendo papo na porta de casa. São raros os que têm horário para cumprir no trabalho. Isso porque, em Junco, 90,5% da população vive com o dinheiro do Bolsa Família. É o município brasileiro com a maior proporção de cidadãos assistidos pelo programa federal. Lançado no primeiro mandato do presidente Lula, o Bolsa Família completa uma década no mês que vem. O objetivo anunciado era reduzir a pobreza e a desigualdade social com a transferência direta de dinheiro às famílias miseráveis. Dez anos depois, a pobreza de fato regrediu. Em 2003, o Brasil tinha 12% da população vivendo com menos de 2,8 reais por dia. Em 2011, o índice caiu para 4,2%. O Bolsa Família contribuiu para essa melhora, mas, obviamente, não foi o único responsável pelo bom resultado.

Impulsionado pelo consumo mundial de commodities como aço e ferro, o PIB do país experimentou um crescimento anual médio de 4,3% entre 2004 e 2011. O estímulo econômico fez ascender para a chamada nova classe média 35 milhões de brasileiros. O poder de compra do salário mínimo e o total de crianças matriculadas nas escolas aumentaram. Embora a pobreza venha diminuindo, a quantidade de dependentes do Bolsa Família cresce a cada recadastramento. Em uma década, o número saltou de 3,6 milhões de famílias para 13,8 milhões. Ao todo, são hoje subsidiados 50 milhões de brasileiros, um quarto da população do país. Nesse período, apenas 1,7 milhão de famílias deixaram de receber o auxílio. Os números superlativos fazem do Bolsa Família o maior programa de transferência de renda condicionada do mundo.

O Bolsa Família está presente em todos os 5 570 municípios brasileiros. Destes, 1 750 têm mais da metade da população vivendo parcial ou totalmente com o recurso federal. Ocorre que muitos beneficiários continuam sem perspectiva ou oportunidade de encontrar uma ocupação. É certo que, na vida em sociedade, a maioria produtiva deve auxiliar os incapazes, mas permitir que famílias inteiras sejam subsidiadas para sempre por um sistema que não estimula sua força de trabalho é favorecer a dependência. Fonte: Veja - 15 set 2013

Comentário:
Lembrando o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos; Vemos as filhas do Bolsa Família serem mães do Bolsa Família. Vamos assistir a elas serem avós do Bolsa Família?  O "ciclo da pobreza", explicou, só será ultrapassado pela qualificação dos serviços universais de educação e saúde.

 BOLSA FAMÍLIA SUSPEITOS DE FRAUDE EM 2018
O Tribunal de Contas da União (TCU) identificou indícios de irregularidade em benefícios pagos pelo governo que somaram R$ 2,25 bilhões em 2018. A maior parte das suspeitas foi encontrada em benefícios previdenciários acima do teto do INSS, acumulados indevidamente ou concedidos mediante uso irregular de documentos, num total de R$ 957,1 milhões. Outros R$ 649,5 milhões em repasses duvidosos são do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.
Os dados serão encaminhados ao Poder Executivo e devem servir de base para o governo direcionar os trabalhos da força-tarefa que faz a revisão dos benefícios com indícios de irregularidade. O pente-fino foi instituído pela Medida Provisória (MP) 871, transformada em lei pelo Congresso Nacional.
A auditoria analisou 55,6 milhões de benefícios pagos em 2018, incluindo Previdência, assistência, Bolsa Família, seguro-desemprego e seguro-defeso (benefício de um salário mínimo pago a pescadores artesanais durante o período de proibição da atividade de pesca).
Na análise dos dados da Previdência, o TCU detectou no ano passado 34 mil casos de acumulação indevida de benefícios, além de 25,2 mil casos de uso irregular do CPF ou do Número de Inscrição do Trabalhador (NIT). Há ainda 1.457 pessoas que receberam valores acima do teto do INSS (na época, de R$ 5.645,80) indevidamente. Fonte: Estadão - 01/09/19 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Qual a relação entre salário, produtividade e desigualdade?

É comum que, em economia, as perguntas mais básicas se revelem as mais difíceis de responder.
A pergunta mais relevante da atualidade, recorrente entre os economistas, mas com destaque renovado depois da publicação de "O Capital no Século 21", de Thomas Piketty, é: qual a relação entre salários, produtividade e desigualdade? Como a evolução dessa tríade ao longo do tempo, para países diversos, pode elucidar as dúvidas sobre a sustentabilidade do crescimento?

Como documentou Piketty em sua extensa obra, a desigualdade de renda e riqueza no mundo aumentou muito nos últimos 30 anos. Nos EUA, vários estudos têm tentado destrinchar os motivos para a elevação brutal da desigualdade, sobretudo a proveniente das disparidades observadas na renda do trabalho.
A estagnação salarial que sobreveio da crise de 2008, a ausência de ganhos reais significativos ao longo dos últimos sete anos, contribuiu para acentuar a crescente divergência entre os mais ricos e os mais pobres, tornando-a mais evidente.

Ao analisar os dados para a economia americana, observa-se algo surpreendente: os salários não apenas estão parados como não têm acompanhado a produtividade ascendente da economia nas últimas décadas.
Ou seja, enquanto a produtividade sobe, o trabalhador americano está deixando de desfrutar dos ganhos de renda do aumento da eficiência produtiva.

DILEMA AMERICANO
Diz o recém-divulgado relatório da Commission for Inclusive Prosperity: "À medida que o crescimento se desacelerou, grande parte das economias desenvolvidas observou bifurcação entre o aumento da produtividade e a elevação da renda do trabalho. Nos EUA, a lucratividade das empresas se traduziu em maior renda para os acionistas e os altos executivos, mas não para os empregados".
O dilema americano, além de ressuscitar a complexa questão das relações entre desigualdade e crescimento econômico, tem gerado debate aguerrido sobre o que fazer para combater a crescente disparidade da renda.

No seu mais recente discurso sobre o Estado da União, o presidente Barack Obama delineou medidas para conter a escalada da desigualdade, como o controvertido aumento dos impostos sobre os ganhos de capital para que se possam reduzir os tributos que incidem sobre a classe média e sobre os mais pobres.
Entre diversos economistas prevalece a noção de que, nos EUA, a quebra da relação entre salários e produtividade explica o aumento da desigualdade. Quando os trabalhadores são crescentemente excluídos dos ganhos de eficiência embolsados por acionistas e executivos, elevando a desigualdade, uma solução seria implantar política de redistribuição por meio de um tributo sobre os ganhos de capital.

No Brasil, ocorre o oposto do que se observa nos EUA: há pelo menos uma década, os salários crescem acima da produtividade. Nesse mesmo período, a desigualdade caiu substancialmente.
Nos últimos anos, entretanto, há evidências de que a desigualdade parou de cair, ou, ao menos, começou a se estabilizar em patamar ainda demasiado alto.

Há quem credite aos salários que subiram acima da produtividade boa parte da queda da desigualdade nos últimos anos: devido às políticas de elevação da renda do trabalhador implantadas pelo governo brasileiro -como as regras de indexação do salário mínimo-, houve redistribuição da renda, dos empresários para a mão de obra.
Isso, entretanto, nada diz sobre a sustentabilidade da redução da desigualdade. Como observa estudo recente do FMI, às vezes a desigualdade é obstáculo ao crescimento econômico simplesmente porque motiva a adoção de determinadas políticas redistributivas que têm efeito perverso sobre a atividade.

Exemplo disso são políticas que estimulam o descolamento entre salários e produtividade: rendimentos que crescem acima do valor que o trabalhador é capaz de gerar acabam por onerar excessivamente as empresas, que poderão repassar esse aumento de custos para os preços, demitir trabalhadores ou deixar de investir.
A inflação corrói a renda dos mais pobres; o desemprego e a queda do investimento reduzem o crescimento; sem crescimento, não há diminuição contínua da desigualdade. Sobretudo se a regressividade da estrutura tributária punir a classe média e os mais pobres, como ocorre no Brasil.

ATIVIDADE EMPERRADA
Eis, portanto, um dos desafios da tríade salários-produtividade-desigualdade: quando os salários se descolam da produtividade, seja para cima, como no Brasil, seja para baixo, como nos Estados Unidos, a desigualdade pode aumentar.

Se a desigualdade aumentar, parte crescente da renda produzida haverá de ser embolsada pelos mais ricos, em detrimento da classe média e dos mais pobres -a desigualdade é processo que se retroalimenta, a não ser que seja impedida por políticas redistributivas. Mas certas políticas redistributivas podem emperrar o crescimento, sobretudo quando combinadas com a má gestão da política macroeconômica. Isso é o que parece ter ocorrido, em parte, no Brasil.

Como sair do torvelinho nefasto em que políticas redistributivas emperram o crescimento e a falta de crescimento impede que a desigualdade continue a cair de forma sustentada? Pergunta básica, resposta difícil.

BRASIL – EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
No caso do Brasil, talvez a forma mais óbvia de atacar o problema da desigualdade não seja nova, tampouco desconhecida, embora requeira muito esforço.
Relatório recente da OCDE sobre a desigualdade diz que, para reduzi-la, é preciso que a população tenha acesso a educação de qualidade -não basta ter crianças e adolescentes nas escolas, é preciso que aprendam a ler, que desenvolvam o gosto pela leitura, que tenham intimidade com os números e com as operações matemáticas. É preciso, ainda, que desfrutem de rede de apoio, sobretudo quando o nível educacional de pais e parentes for insuficiente para mantê-los engajados no aprendizado.

É preciso que tenham acesso aos serviços públicos básicos, como saúde e saneamento. O relatório da OCDE afirma que a redução sistemática da desigualdade só é possível se essas condições estiverem presentes e beneficiarem os 40% mais pobres, ou seja, tanto as pessoas de baixa renda quanto a classe média mais vulnerável.
O problema é que o Brasil pouco avançou nessas áreas nos últimos 15 anos, não soube usar a bonança externa -a alta dos preços internacionais das matérias-primas, os ingressos de recursos externos entre 2004 e 2010- para avançar.

A má gestão da economia, hoje, nos obriga a adotar políticas de ajuste que haverão de adiar a redução contínua da desigualdade e a ampliação do processo de inclusão social. O adiamento inevitável já suscita críticas daqueles que, em vez de perceber os erros do passado recente, preferem chamar de fracasso a correção de rumos que acaba de se iniciar.

A tríade dos múltiplos dilemas ganha, pois, faceta adicional: como fazer com que os órfãos da heterodoxia falida sintam-se incluídos no debate sobre a redução da desigualdade? Eis um problema unicamente brasileiro.

Afinal, nos EUA como em outros países, todos já compreenderam que a redução da desigualdade é um valor universal, não pertence aos partidos políticos ou aos intelectuais de ocasião. Fonte: Folha de São Paulo - 08/03/2015  02h00- MONICA DE BOLLE é economista, sócia-diretora da Galanto/MBB Consultoria e pesquisadora do instituto Wilson Center

sábado, 4 de janeiro de 2020

Manifestantes atearam fogo na Igreja Institucional dos Carabineiros

Os manifestantes atearam fogo na igreja de San Francisco de Borja, destinada ao serviço religioso dos Carabineiros do Chile, depois das 19h30 da sexta-feira.  

Segundo testemunhas no local, os manifestantes retiraram móveis, objetos,  e atearam fogo sem a presença de  policial no local.

Os bombeiros nada puderam fazer, pois os manifestantes  impediam seu acesso ao local. Segundo comandante dos bombeiros de Santiago, a central de alarme recebeu o comunicado o que estava acontecendo e procedeu ao envio de três Cias de Bombeiros ao local, mas o acesso estava bloqueado por manifestantes, por isso que tivemos que aguardar proteção policial.

"De acordo com as informações fornecidas pelos bombeiros que puderam acessar o local , o incêndio estava afetando a nave da igreja e uma edificação adjacente", acrescentou.

Finalmente, os bombeiros conseguiram controlar o fogo.

O recinto religioso foi construído em 1876 e entregue à polícia há mais de quatro décadas. O templo é usado para cerimônias fúnebres como uma "capela‑ardente" para policiais que morrem em serviço.

Não é a primeira igreja afetada  por incêndio. No dia 8 de novembro,  um grupo saqueou e queimou a Paróquia de La Asunción, na Avenida Vicuña Mackenna e usou pinturas e esculturas como barricadas e incendiá-las. Quatro dias depois, houve um incêndio na Igreja de Veracruz, no bairro Lastarria, uma igreja de  mais de 200 anos que foi declarada Monumento Histórico em 1983. Fontes: La Nación e La Tercera - 3 JAN 2020