quinta-feira, 7 de julho de 2016

Rombo das contas públicas

O QUE É A META FISCAL?
É a economia que o governo promete fazer para impedir que a dívida pública cresça. É medida como superavit primário (receitas menos despesas, exceto as com juros) em proporção do PIB.

QUEM DEFINE A META?
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), proposta pelo governo e aprovada pelo Congresso. Os governos calibram a economia prevista de acordo com o que desejam para a dívida: para que ela caia, é preciso economizar mais.
Quanto maior a economia feita pelo governo, em proporção do PIB, maior sua capacidade para pagar juros e amortizar dívidas.
Uma relação elevada e crescente entre a dívida pública e o PIB, que está atualmente em 62,5%, indica que o governo poderá enfrentar dificuldades para refinanciá-la ou para pagá-la no futuro.
Para que essa relação permaneça estável, o governo precisa pagar, ao menos parcialmente, os juros incidentes sobre a dívida pública, impedindo-a de crescer a uma taxa superior à do PIB. É para isso que ele poupa superavit primário.

COMO A MUDANÇA NA META AFETA AS PESSOAS DO PAÍS?
Quanto menor a meta de resultado primário fixada pelo governo, maior a sua liberdade para aumentar despesas ou reduzir a arrecadação de tributos. O governo, no entanto, afirmou nesta quarta que não elevará gastos e tentará obter receitas adicionais.
Se for malsucedido, há risco de crescimento da dívida, que tem efeitos negativos sobre a economia, tais como: aumento do risco de inflação, de crise financeira, que acabam redundando em menor crescimento da economia.
Por outro lado, quanto maior a meta, maior seria o esforço feito pela população —tanto por meio de aumento dos impostos a serem pagos, quanto por meio de cortes de gastos (que significam conter os reajustes das aposentadorias pagas pelo INSS, reduzir a oferta de serviços de saúde etc.).
Os grupos que serão prejudicados pelos aumentos de tributos e/ou contenção de gastos reclamam (contribuintes, usuários de serviços públicos, servidores públicos, aposentados etc.).
Folha de São Paulo - 21/07/2015

Comentário: Triste sina do país, vivemos sempre na Era do Voo da Galinha
O termo, cunhado por economistas, descreve o fenômeno do crescimento que não consegue se sustentar ao longo do tempo, minguando-se em poucos anos. Alguns “voos de galinha” foram observados no país: no fim dos anos 50 (Plano de Metas),  anos 80  “milagre econômico”, e anos 2000.
A economia brasileira encolheu 3,8% em 2015 na comparação com 2014, segundo os dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta quinta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Essa é a maior queda desde que a atual pesquisa do IBGE começou a ser feita, em 1996. Se forem considerados os dados anteriores do PIB, que começam em 1948, é o pior resultado em 25 anos, desde 1990 (-4,3%), quando Fernando Collor de Mello assumiu o governo e decretou o confisco da poupança.

Esta é a sétima vez que o Brasil tem PIB negativo desde 1948: 1981 (-4,3%), 1983 (-2,9%), 1988 (-0,1%), 1990 (-4,3%), 1992 (-0,5%), 2009 (-0,1%) e, agora, 2015 (-3,8%).

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Educação básica ruim joga Brasil no grupo dos lanternas

A má qualidade da educação de base jogou o Brasil para baixo na nova edição do "Relatório Sobre o Capital Humano", estudo do Fórum Econômico Mundial sobre o êxito dos países em preparar sua gente para criar valor econômico.
O Brasil ficou em 83º lugar entre 130 países. Dono da oitava maior economia do mundo, pontuou menos que países da América Latina e Caribe de menor desenvolvimento relativo, como Uruguai (60º), Costa Rica (62º), Bolívia (77º) e Paraguai (82º). Cuba, na 36ª posição, lidera na região.

Calculado desde 2013, o chamado Índice de Capital Humano compara 130 países e uso do potencial de capital humano.
Sintetiza indicadores de ensino, capacitação e emprego disponíveis a cinco grupos etários diferentes (menos de 15 anos a mais de 65 anos), como qualidade de escolas primárias, taxa de desemprego e treinamento no trabalho.

Para o Fórum Econômico Mundial, o capital humano de um país "pode ser um determinante mais importante para seu sucesso econômico de longo prazo do que virtualmente qualquer outro recurso". Isso se explica, diz a organização, pelo seu papel chave na produtividade, mas também no funcionamento das instituições políticas, sociais e cívicas das nações.

ÍNDICE DE CAPITAL HUMANO 2016
Ensino, capacitação e emprego em 130 países pelo mundo
1- Finlândia - 85.86
2- Noruega - 84.64
3- Suíça - 84.61
4- Japão - 83.44
5- Suécia - 83.29

FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL
O índice de 2016 continuou a ser dominado por pequenas nações europeias, sobretudo países nórdicos e do chamado Benelux, como Bélgica e Holanda.
A Finlândia foi a líder do ranking que mede como os países constroem e mantêm seu potencial de capital humano. O país se beneficia de uma população jovem bem educada, da melhor educação primária e da maior taxa de ensino superior completo na faixa de 25 a 54 anos. Noruega e Suíça completaram o top 3.

RESULTADO BRASILEIRO
Maior economia da América Latina e do Caribe, o Brasil ficou abaixo da média da região, com uma pontuação de 64.51 - o que significa que mais de 35% do capital humano do país continua subdesenvolvido.

PÉSSIMA EDUCAÇÃO BÁSICA
Quem puxou o desempenho do país para baixo foi o preparo dos jovens de 0 a 14 anos, o 100º entre 130 países. Pesaram nesse sentido a chamada "taxa de sobrevivência em educação básica", a capacidade de o aluno sair bem preparado do ciclo primário de ensino (98º lugar), e a qualidade da educação primária (118º lugar).


MÃO DE OBRA QUALIFICADA
Outro ponto negativo foi a percepção de empresários sobre a disponibilidade de mão de obra qualificada (114º lugar). O país teve melhor resultado em capacitação no emprego e taxa de ocupação para o grupo etário de 25 a 54 anos.

ÍNDICE DE CAPITAL HUMANO 2016 - AMÉRICA LATINA E CARIBE
1-Cuba - 36ª posição geral
2-Chile - 51ª posição geral
3-Panamá - 52ª posição geral
4-Equador - 53ª posição geral
5-Argentina - 56ª posição geral
Fórum Econômico Mundial

Os 24 países da América Latina/Caribe listados no estudo ficaram no meio do ranking, com uma pontuação média de 66.95, logo atrás da região do leste da Ásia e Pacífico. A diferença entre os países com melhor e pior desempenho da região é a mais baixa de todas - Chile (51º lugar) e Argentina (56º lugar), por exemplo, tiveram as mesmas qualidades e fraquezas.
"Em contraste, o Brasil acabou de alguma maneira atrás da média regional", diz o relatório.

Como a África do Sul (88º lugar no ranking), o Brasil apresentou uma pequena diferença entre os níveis de aprendizado de pessoas com menos e mais de 25 anos - o que mostra ausência de melhora na educação entre gerações, aponta o texto.

CAPITAL HUMANO
Segundo o Fórum Econômico Mundial, aprimorar o capital humano é essencial diante de uma nova onda de inovação tecnológica - a chamada Quarta Revolução Industrial - que irá trazer grandes mudanças radicais à indústria e ao mercado de trabalho nas próximas décadas.
Ao identificar que cerca de 35% do capital humano global ainda não tem um tratamento digno, o relatório lembra que muitos sistemas educacionais pelo mundo estão desconectados das capacidades necessárias aos mercados de trabalho.
"Enquanto os sistemas de educação atuais buscam desenvolver qualidades cognitivas, qualidades não-cognitivas que se relacionam com a capacidade das pessoas de colaborar, inovar, autodirigir-se e resolver problemas são cada vez mais importantes", diz o relatório.
Nesse sentido, diz a organização, haverá desafios para todos: legisladores terão que desenvolver regras ágeis de governança para lidar com o crescente mercado de trabalho digital, governos deverão cumprir a promessa de usar tecnologia na educação e capacitação permanente e empresas precisarão repensar a atitude de ser apenas "consumidores" da mão de obra, atuando também cada vez mais em formação. Fonte: BBC Brasil em Londres- 30 junho 2016

Human Capital Index 2016.
Human Capital Index 2016.
Rank          
Economy
Overall Score
Rank       
Economy
Overall Score
1
Finland
85.86
51
Chile
71.45
2
Norway
84.64
52
Panama
71.18
3
Switzerland
84.61
53
Ecuador
70.84
4
Japan
83.44
54
Azerbaijan
70.72
5
Sweden
83.29
55
Mongolia
70.71
6
New Zealand
82.79
56
Argentina
70.70
7
Denmark
82.47
57
Serbia
70.54
8
Netherlands
82.18
58
Tajikistan
70.53
9
Canada
81.95
59
Macedonia, FYR
70.01
10
Belgium
81.59
60
Uruguay
69.96
11
Germany
81.55
61
Barbados
69.78
12
Austria
81.52
62
Costa Rica
69.72
13
Singapore
80.94
63
Moldova
69.67
14
Ireland
80.79
64
Colombia
69.58
15
Estonia
80.63
65
Mexico
69.25
16
Slovenia
80.33
66
Qatar
68.64
17
France
80.32
67
Jamaica
68.62
18
Australia
80.08
68
Vietnam
68.39
19
United Kingdom
80.04
69
United Arab Emirates
68.25
20
Iceland
79.74
70
Albania
68.23
21
Lithuania
79.34
71
China
67.81
22
Luxembourg
79.28
72
Indonesia
67.61
23
Israel
78.99
73
Turkey
67.57
24
United States
78.86
74
Trinidad and Tobago
67.04
25
Czech Republic
78.45
75
Guyana
66.67
26
Ukraine
78.42
76
Mauritius
66.53
27
Latvia
78.13
77
Bolivia
66.47
28
Russian Federation
77.86
78
El Salvador
66.31
29
Kazakhstan
77.57
79
Peru
66.31
30
Poland
77.34
80
Dominican Republic
65.88
31
Cyprus
76.97
81
Jordan
64.70
32
Korea, Rep.
76.89
82
Paraguay
64.62
33
Hungary
76.36
83
Brazil
64.51
34
Italy
75.85
84
Ghana
64.26
35
Malta
75.66
85
Iran, Islamic Rep.
64.16
36
Cuba
75.55
86
Egypt
63.72
37
Armenia
75.39
87
Saudi Arabia
63.69
38
Romania
74.99
88
South Africa
62.97
39
Croatia
74.99
89
Venezuela
62.94
40
Slovak Republic
74.94
90
Zambia
62.06
41
Portugal
74.39
91
Bhutan
61.83
42
Malaysia
74.26
92
Cameroon
61.64
43
Bulgaria
73.66
93
Honduras
61.60
44
Greece
73.64
94
Guatemala
61.07
45
Spain
72.79
95
Nicaragua
60.60
46
Bahrain
72.69
96
Botswana
60.50
47
Kyrgyz Republic
72.35
97
Kuwait
60.27
48
Thailand
71.86
98
Morocco
59.65
49
Philippines
71.75
99
Uganda
59.28
50
Sri Lanka
71.69
100
Cambodia
58.88
101
Tunisia
58.24
102
Kenya
57.90
117
Algeria
53.22

103
Namibia
57.90
118
Pakistan
53.10

104
Bangladesh
57.84
119
Ethiopia
53.02

105
India
57.73
120
Burkina Faso
52.11

106
Lao PDR
57.66
121
Lesotho
51.62

107
Gabon
57.48
122
Senegal
51.49

108
Nepal
57.35
123
Cute d’Ivoire
50.34

109
Myanmar
56.52
124
Burundi
50.17

110
Rwanda
56.27
125
Guinea
50.17

111
Haiti
56.24
126
Mali
49.37

112
Madagascar
56.17
127
Nigeria
48.86

113
Benin
55.38
128
Chad
44.23

114
Malawi
54.64
129
Yemen
42.98

115
Mozambique
53.64
130
Mauritania
42.33

116
Tanzania
53.56



Comentário:
O Brasil já destina mais do seu PIB para educação do que alguns países ricos.

Países
Gasto em função  do PIB
Taxa de conclusão do ensino médio
Finlândia
7,2%
95,68%
Noruega
7,4%
98,93%
Suiça
5,1%
93,54%
Japão
3,8%
99,95%
Suécia
7,7%
98,63%
Coréia do Sul
4,6%
95,44%
Chile
4,6%
79,39%
Argentina
5,3%
87,75%
Índia
3,8%
74,61%
Rússia
4,2%
85,32%
Brasil
5,9%
56,7%
Estados Unidos
5,2%
88,24%
Alemanha
5,0%
99%
França
5,5%
95,71%
Itália
4,1%
97,85%
Canadá
5,3%
99%