sábado, 25 de agosto de 2012

Neil Armstrong morre aos 82 anos

O norte-americano Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, morreu aos 82 anos neste sábado, 25. O ex-astronauta tinha passado por uma cirurgia cardíaca no começo deste mês - apenas dois dias antes do seu aniversário no dia 5 - para desbloquear a artéria coronária.

Como comandante da Apolo 11, Armstrong se tornou o primeiro homem a pisar em solo lunar, no dia 20 de julho de 1969. Ele é autor de uma das frases mais famosas da história contemporânea: "É um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade", proferida durante o momento histórico em que colocou os pés na Lua e que havia sido cuidadosamente preparada antes da missão.

Quando perguntado sobre como se sentiu, respondeu: "muito, muito pequeno".

A missão Apolo 11 foi a última na carreira do astronauta. No ano seguinte ao feito na Lua, Neil Armstrong assumiu um cargo administrativo na Agência Espacial Americana (Nasa), mas resolveu deixar o emprego para atuar como professor de engenharia na Universidade de Cincinnati e depois virou empresário. Ele se recusou a lucrar com a celebridade e viveu isolado em sua fazenda em Ohio, bem diferente das atitudes de seus ex-companheiros de missão.

Mais tarde, Armstrong questionou o valor de seu legado, enquanto testemunhava a exploração espacial ficar cada vez mais entrelaçada com disputas políticas e batalhas por financiamento - em um processo que classificou como "mercenário e sem sentido".

Ex-astronauta. Longe dos holofotes, Armstrong fez apenas alguns discursos ocasionais e sua volta surpreendente à esfera pública se deu em uma série de comerciais para a Chrysler. Uma vez ele afirmou: "não quero ser um memorial vivo". Enquanto seus colegas astronautas traçaram um caminho precário pela fama "pós-Lua" - Buzz Aldrin sofreu de alcoolismo e teve um colapso - Armstrong permaneceu feliz na obscuridade.

De forma relutante, o ex-comandante se juntou aos colegas de missão para comemorações de aniversários do pouso na Lua. Em 1999, 30 anos depois, na companhia de Aldrin e Collin, ele recebeu a medalha de Langley para aviação do vice-presidente Al Gore.

Caracterizado pela humildade, ele raramente mencionava suas viagens espaciais. Todavia, foi capaz de inspirar um grupo de estudantes ao dizer a eles: "Oportunidades que nem imaginam estarão disponíveis para vocês".

História. Neil Armstrong nasceu em Ohio, nos Estados Unidos, em 5 de agosto de 1930. Seu pai trabalhava para o governo americano, o que fez a família se mudar diversas vezes, de acordo com os novos postos para os quais ele era promovido.

O comandante da Apolo 11 voou pela primeira vez aos seis anos, na companhia de seu pai, e desenvolveu a partir daí uma paixão que duraria por toda a sua vida. Seu herói foi Charles Lindbergh (aviador americano) e aos 16 anos já pilotava, mesmo antes de poder dirigir carros.

Depois de receber diversas condecorações por comandar caças da Marinha americana na Guerra da Corea (1950-1953), Armstrong se tornou piloto de testes do Comitê Consultivo Nacional sobre aeronáutica - o órgão precursor da Nasa, a agência espacial americana.

Veja todos os homens que pisaram na Lua
Doze homens foram à Lua pelo Projeto Apollo, da Nasa, entre 1969 e 1972:
- Neil Armstrong, na Apollo 11, em 1969 (1930-2012)
- Edwin "Buzz" Aldrin, na Apollo 11, em 1969 (nascido em 1930)
- Charles "Pete" Conrad, na Apollo 12, em 1969 (1930-1999)
- Alan L. Bean, na Apollo 12, em 1969 (nascido em 1932)
- Alan Shepard, na Apollo 14, em 1971 (1923-1998)
- Edgar D. Mitchell, na Apollo 14, em 1971 (nascido em 1030)
- David Scott, na Apollo 15, em 1971 (nascido em 1932)
- James B. Irwin, na Apollo 15, em 1971 (1930-1991)
- John Young, na Apollo 16, em 1972 (nascido em 1930)
- Charles M. Duke, na Apollo 16, em 1972 (nascido em 1935)
- Eugene A. Cernan, na Apollo 17 (nascido em 1934)
 (Com Reuters e BBC Brasil)
Estadão - 25 de agosto de 2012

Comentário: Na época todo mundo achava, como o homem conseguiu descer na Lua? A tecnologia estava começando, a memória do computador da época era do tamanho atual de um celular. A descida do homem na Lua deu a partida para o desenvolvimento tecnológico.



America Latina olha o futuro pelo retrovisor

O escritor Carlos Alberto Montaner, 57 anos, é um latino-americano que adora falar mal de latino-americanos. Motivos para isso ele tem. Nascido em Cuba, de lá saiu fugido aos 18 anos para escapar de uma condenação a dezoito anos de prisão por ter organizado uma greve estudantil. Ao contrário de seus compatriotas que se refugiaram em Miami, Montaner não se resignou a viver como uma minoria de indesejados nos Estados Unidos e mudou-se para a Espanha. Mas ele não critica os latino-americanos por despeito ou vingança. Autor do Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano, ele se dedica a combater o que chama de cultura do atraso que mantém o continente na rabeira do desenvolvimento e da civilização do mundo ocidental. De Cuba, a parte que lhe toca mais diretamente na América Latina, ele espera só o fim do ditador Fidel Castro, para voltar a participar da reconstrução do país. Formado em literatura pela Universidade de Miami, trocou a carreira de professor pela de escritor. Além do Manual... já escreveu mais de uma dezena de outros títulos e publica uma coluna semanal nos principais jornais da América Latina. Casado, pai de dois filhos, vive entre sua casa em Madri e sua editora em Miami, de onde deu esta entrevista, por telefone, a VEJA:

Veja – Por que a América Latina é mais atrasada que outros continentes, com exceção da África?
Montaner – A causa mais importante está em nossa própria história. Trazemos a visão econômica, a cultura e a educação distorcida e atrasada de Portugal e Espanha, potências européias que criaram a América Latina. Portugal e Espanha, os países mais atrasados da Europa do ponto de vista científico e técnico, reproduziram na América modelos cheios de problemas e vícios. O mais trágico é que a cultura que herdamos é estática, enquanto as outras, da Europa Central e anglo-saxônica, vão em direção ao futuro, buscam mudanças. Seguimos olhando para o passado, ao passo que os outros olham para a frente.

Veja – Como se explica que Haiti, Suriname e Jamaica, colonizados por França, Holanda e Inglaterra, estejam entre os mais atrasados?
Montaner – Nesses lugares as potências coloniais não realizaram a colonização com europeus. Por isso não conseguiram reproduzir o modelo de civilização que tinham na Europa. Isso só foi conseguido na Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Canadá, onde a colonização foi realizada com pessoas que traziam valores e cultura semelhantes aos deixados na Europa. O importante é que as pessoas são portadoras de valores, mas eles mudam. Por isso não estamos condenados para sempre ao subdesenvolvimento.

Veja – O senhor acredita que há uma cultura do atraso na América Latina?
Montaner – Nunca tivemos uma visão de que progresso significa conforto para uma maior parcela das massas. Somos uma cultura estática, univocamente convencida de que devemos repartir a riqueza existente, e não que devemos criar riqueza incessantemente. Essa forma estática de ver a realidade é a maior responsável por essa cultura da pobreza.

Veja – Isso ocorre também em outros continentes?
Montaner – No processo de homogeneização do mundo, a Ásia é o continente subdesenvolvido que caminha mais rápido. Países como Cingapura, Coréia do Sul e Japão estão mais próximos do mundo desenvolvido que nós. O caso da África é mais trágico porque lá se estão apagando os poucos vestígios da onda civilizatória européia. Mas, de qualquer forma, Ásia e África nunca fizeram parte do mundo ocidental.

Veja – Mas a América Latina está inserida no mundo ocidental.
Montaner – O paradoxo da América Latina é que ela faz parte do mundo ocidental e segue sendo sua parte mais pobre. Isso acontece porque ela procurou uma espécie de excentricidade, terceiras vias, em vez de alimentar o desejo de se tornar parte do mundo ao qual pertence desde o início da colonização. Espanha e Portugal, que sempre foram potências excêntricas, finalmente aceitaram sua condição de países ocidentais e conseguiram diminuir a diferença que os separava do resto da Europa. Esse é o salto que temos de dar. O problema é que, quando parece que estamos quase dando esse salto, recomeçam as histórias absurdas. Vem um sujeito como o Hugo Chávez, da Venezuela, que volta a falar em excentricidade, que recoloca o tema das terceiras vias.

Veja – O senhor escreveu um livro chamado Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano. Quem é o perfeito idiota latino-americano?
Montaner – Os perfeitos idiotas são os que insistem em formas de desenvolvimento que já foram desacreditadas na prática. São os que repetem a "teoria da dependência", os que embarcam em campanhas antiocidentais, os que pediram a mão dura dos militares e ditadores. Os idiotas são aqueles que não aprenderam com a experiência de um século de fracassos na América Latina. Foi por isso que disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso era um ex-idiota e agora é um homem curado por completo.

Veja – Por que o senhor responsabiliza a esquerda pelo atraso no continente?
Montaner – Quando as esquerdas estiveram no poder na América Latina foi um desastre, caso da Nicarágua, de Cuba, de Velasco Alvarado no Peru. Há ainda uma zona fascistóide onde esquerda e direita se confundem, como Perón, na Argentina, e Chávez, na Venezuela. Quando as esquerdas adotam o caminho da violência também fazem estragos terríveis, como as guerrilhas colombiana e mexicana.

Veja – Mas o senhor não acredita que haja uma esquerda progressista?
Montaner – As melhores esquerdas do mundo são aquelas que deixaram de ser esquerdas, como Tony Blair, na Inglaterra. Quando alguém abandona a luta de classes e a mentalidade antimercado e se converte em um amante do estado de direito já não é mais de esquerda.

Veja – Saúde e educação, bandeiras geralmente defendidas pela esquerda, não são boas idéias?
Montaner – A sociedade deve se ocupar da formação das pessoas de uma maneira que ainda não fez. Se quisermos competir com o Primeiro Mundo, não podemos pensar em uma população doente ou desnutrida. O problema é que a esquerda quer fazer isso por meio do Estado, mesmo depois de constatar o desastre de nossos sistemas estatais de educação e saúde. Esse papel cabe à sociedade civil. Hoje, as escolas particulares dão um banho nas públicas. O que temos de fazer é ajudar os pobres a se educarem em escolas privadas.

Veja – Mas como uma família de baixa renda vai mandar seu filho para estudar em uma escola paga?
Montaner – Primeiro temos de descentralizar o sistema de ensino público, entregar as escolas aos pais, alunos e professores. Que sejam eles os responsáveis pelo que se ensina e como se ensina. Isso está sendo feito no Chile e na Nicarágua. O governo entrega os recursos diretamente aos pais para que eles decidam onde aplicar o dinheiro.

Veja – Mas educação e saúde não são funções do Estado?
Montaner – A função mais importante do Estado é promover a justiça. A chave de um Estado moderno está no Poder Judiciário. Se não houver uma Justiça rápida e justa, as pessoas nunca vão confiar nas instituições do Estado. Depois, em um patamar inferior, vêm outras coisas como saúde e educação.

Veja – Qual deve ser o tamanho do Estado?
Montaner – Depende das necessidades da sociedade. Ela tem de definir qual é o Estado suficiente, mas o peso das responsabilidades deve recair sobre a sociedade civil, e não sobre a burocracia estatal, porque aí seria mortal.

Veja – Que país latino-americano tem futuro?
Montaner – O Chile é o país com melhores condições de alcançar o grau de desenvolvimento do Primeiro Mundo. Se não houver tropeço algum, em dez ou quinze anos eles terão índices parecidos com os de países da Europa Ocidental e Estados Unidos. O maior perigo é uma radicalização da sociedade, que pode ocorrer em caso de condenação do general Pinochet. O processo de transição das ditaduras para as democracias foi muito malfeito na América Latina. Deveríamos ter seguido o exemplo da Europa comunista. Lá, a solução não foi nenhuma anistia, mas amnésia mesmo. Temos de esquecer completamente o passado. É verdade que o regime de Pinochet matou milhares de pessoas, mas foi ele também quem realizou a transição para a democracia e ainda representa quase a metade do eleitorado chileno.

Veja – A eleição de Vicente Fox muda alguma coisa no México?
Montaner – Acho que os mexicanos deram um basta ao Partido Revolucionário Institucional, PRI, nessas eleições. Mas a origem de Fox é também conservadora e, internamente, não deve mudar muita coisa. O que vai mudar mesmo é a política externa. O México vai olhar mais para o sul e esquecer um pouco os Estados Unidos e o Canadá. Deve ser mais atuante e se voltar mais para a América Latina, coisa que também deveria fazer o Brasil.

Veja – Por que o Brasil deveria voltar-se para a América Latina?
Montaner – O Brasil virou as costas para o continente. Por exemplo, todos os anos em Genebra se discute o tema da violação dos direitos humanos na América Latina. O que faz o Brasil? Se abstém. A diplomacia brasileira sempre foi indiferente. Um país do tamanho do Brasil não pode ter essa atitude. O ideal seria formar uma aliança com México e Argentina para defender a democracia no continente, sobretudo agora que está em perigo potencial com Chávez e Fujimori. A pessoa do presidente Fernando Henrique até que me agrada, mas acho que falta liderança nesse sentido. Com relação à política interna, acho Fernando Henrique uma opção melhor que Lula, mas gostaria que fosse mais decidido em favor do mercado e da democracia.

Veja – O que o senhor acha do embargo americano a Cuba?
Montaner – O embargo, na prática, não funciona. O principal suporte do regime cubano são os exilados que mandam remessas de 800 milhões de dólares por ano à ilha. Com ou sem embargo, a situação de Cuba seria a mesma. Acho que deveriam levantar o embargo com a condição de que os cubanos possam ter acesso à propriedade, fazer investimentos, desenvolver suas pequenas empresas. O embargo serve a Fidel como um pretexto.

Veja – Até quando dura o castrismo?
Montaner – Infelizmente até a morte de Fidel.

Veja – Por que Fidel está durando tanto?
Montaner – O histórico das ditaduras latino-americanas é de longevidade. Castro tem apoio de 20% da população, o suficiente para mantê-lo no poder. O restante do povo vive entre o medo e a indiferença. Nenhuma população no mundo comunista liquidou o regime de forma violenta. O país que chegou mais próximo disso foi a Romênia, mas mesmo assim não foi o povo e sim as Forças Armadas.
Veja – O senhor acredita que Cuba ganhou alguma coisa com Fidel?
Montaner – O maior avanço se deu na educação. Em uma população de 11 milhões de habitantes, Cuba tem quase 700 000 pessoas com curso superior. Isso prova apenas que o sistema não funciona. Com um capital humano dessa natureza, como o país pode estar cada vez mais pobre? Cuba também avançou no sistema de saúde. O que está errado é que lá há um médico para cada 165 habitantes. Na Dinamarca, o país com o melhor sistema de saúde do mundo, a proporção é de um médico para 350 habitantes. Para que um médico para cada 165 habitantes? Fidel tem mania de formar médicos e criar escolas de medicina. O que quero dizer com isso é que em Cuba as decisões são burocráticas e arbitrárias. Isso não ajuda a melhorar o sistema de saúde.

Veja – O que será de Cuba depois de Fidel?
Montaner – Num prazo de dez anos, deve estar entre os quatro países mais desenvolvidos da América Latina. Os cubanos teriam uma ajuda enorme dos Estados Unidos para que a economia se levantasse, não por razões humanitárias, mas para evitar uma onda migratória para os Estados Unidos.

Veja – Como o senhor analisa a nova onda de autoritarismo na América do Sul?
Montaner – Vejo com preocupação que esses novos ditadores como Alberto Fujimori, no Peru, e Hugo Chávez, na Venezuela, estejam buscando nos mecanismos democráticos uma justificativa para a ditadura e para desmontar o estado de direito. Tudo isso serve para prostituir a democracia e passar uma idéia de que ela não funciona na América Latina. As pessoas não acreditam nas instituições porque elas nunca funcionaram adequadamente. Quando ocorre um desgaste do sistema recorre-se sempre a um homem forte que ajeite as coisas, um caudilho.

Veja – Fujimori não foi uma boa solução para o Peru?
Montaner – Fujimori terminou com as guerrilhas e acabou com a desordem econômica que reinava em governos anteriores. No aspecto macroeconômico, o Peru está muito melhor que há dez anos. Mas Fujimori acabou com os partidos políticos, destruiu as instituições sobre as quais se sustentam o estado de direito, destruiu o poder policial, corrompeu o Poder Legislativo e transformou a Presidência no único órgão de governo com certa respeitabilidade. Atualmente acho que entre prós e contras os contras são mais graves.

Veja – A América Latina tem saída?
Montaner – Tem de crescer. Continuar com essa política distributiva sem crescimento econômico não adianta nada. Com o crescimento do PIB se começa a eliminar a pobreza.
Fonte: Veja – edição 1663 – 23 de agosto de 2000

Comentário: Tópicos importantes para reflexão
1-Trazemos a visão econômica, a cultura e a educação distorcida e atrasada de Portugal e Espanha, potências européias que criaram a América Latina. Portugal e Espanha, os países mais atrasados da Europa do ponto de vista científico e técnico, reproduziram na América modelos cheios de problemas e vícios. O mais trágico é que a cultura que herdamos é estática, enquanto as outras, da Europa Central e anglo-saxônica, vão em direção ao futuro, buscam mudanças. Seguimos olhando para o passado, ao passo que os outros olham para a frente.

2-Nunca tivemos uma visão de que progresso significa conforto para uma maior parcela das massas. Somos uma cultura estática, univocamente convencida de que devemos repartir a riqueza existente, e não que devemos criar riqueza incessantemente. Essa forma estática de ver a realidade é a maior responsável por essa cultura da pobreza.

3- O paradoxo da América Latina é que ela faz parte do mundo ocidental e segue sendo sua parte mais pobre. Isso acontece porque ela procurou uma espécie de excentricidade, terceiras vias, em vez de alimentar o desejo de se tornar parte do mundo ao qual pertence desde o início da colonização. Espanha e Portugal, que sempre foram potências excêntricas, finalmente aceitaram sua condição de países ocidentais e conseguiram diminuir a diferença que os separava do resto da Europa. Esse é o salto que temos de dar. O problema é que, quando parece que estamos quase dando esse salto, recomeçam as histórias absurdas. Vem um sujeito como o Hugo Chávez, da Venezuela, que volta a falar em excentricidade, que recoloca o tema das terceiras vias.

4-Os perfeitos idiotas são os que insistem em formas de desenvolvimento que já foram desacreditadas na prática. São os que repetem a "teoria da dependência", os que embarcam em campanhas antiocidentais, os que pediram a mão dura dos militares e ditadores. Os idiotas são aqueles que não aprenderam com a experiência de um século de fracassos na América Latina. Foi por isso que disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso era um ex-idiota e agora é um homem curado por completo.

4- A sociedade deve se ocupar da formação das pessoas de uma maneira que ainda não fez. Se quisermos competir com o Primeiro Mundo, não podemos pensar em uma população doente ou desnutrida. O problema é que a esquerda quer fazer isso por meio do Estado, mesmo depois de constatar o desastre de nossos sistemas estatais de educação e saúde. Esse papel cabe à sociedade civil. Hoje, as escolas particulares dão um banho nas públicas. O que temos de fazer é ajudar os pobres a se educarem em escolas privadas.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Cantor Scott McKenzie morre aos 73 anos

Intérprete da canção ‘San Francisco (Be sure to wear flowers in your hair)’, hino dos anos 60, escreveu último poema na sexta-feira

O cantor americano Scott McKenzie, famoso pela música “San Francisco (Be sure to wear flowers in your hair)”, sucesso em 1967, morreu no último sábado, em Los Angeles, aos 73 anos.

A canção “San Franciso” foi composta por John Philips, líder do grupo The Mamas and the Papas, nos anos 60. Mas ao ser cantada por McKenzie se transformou num hino do movimento de contracultura da década. Em 1986, ele passou a ser a segunda voz masculina após a saída de Denny Doherty. O artista também colaborou com a composição de “Kokomo”, dos Beach Boys, sucesso em 1988. Fonte:Globo - 20/08/12

Comentário: Pelo jeito os cantores da década de 60 estão pagando as promissórias da vida. Contracultura é um movimento que teve seu auge na década de 1960, quando teve lugar um estilo de mobilização e contestação social e utilizando novos meios de comunicação em massa. Jovens inovando estilos, voltando-se mais para o anti-social aos olhos das famílias mais conservadoras, com um espírito mais libertário, resumido como uma cultura underground, cultura alternativa ou cultura marginal, focada principalmente nas transformações da consciência, dos valores e do comportamento, na busca de outros espaços e novos canais de expressão para o indivíduo e pequenas realidades do cotidiano, embora o movimento Hippie, que representa esse auge, almejasse a transformação da sociedade como um todo, através da tomada de consciência, da mudança de atitude e do protesto político. Fonte: Wikipédia 


domingo, 19 de agosto de 2012

Flautista Altamiro Carrilho morre

O flautista Altamiro Carrilho morreu, vítima de câncer no pulmão, na manhã desta  quarta-feira, aos 87 anos. Músico e compositor, com mais de cem discos gravados ao longo da carreira, ele estava internado na Clínica Ênio Serra, em Laranjeiras, desde o início da semana. O velório e o enterro (este último, marcado para quinta) serão em Santo Antônio de Pádua, cidade no interior do Rio onde ele nasceu.

Nascido em 21 de dezembro de 1924, Altamiro compôs cerca de 200 canções em seus mais de 70 anos de carreira e se apresentou em mais de 40 países difundindo o choro brasileiro. Algumas de suas principais músicas são "Rio antigo", "A galope", "Acorda, Luiz", "Bem Brasil" e "Canarinho teimoso".

Músico de estúdio dos mais ativos, Altamiro gravou pelo menos duas das mais inconfundíveis introduções de flauta da história da MPB: as de "Detalhes" (Roberto Carlos) e "Meu caro amigo" (Chico Buarque).  

Altamiro ganhou a primeira flauta aos 5 anos, como um presente de Natal. Em seguida começou a produzir seus próprios instrumentos com bambu. Só aos 11 anos, passou a ter aulas de música gratuitas com um carteiro.

Em 1938, integrou a banda de seu avô "Banda Lira de Arion", na qual tocava caixa de guerra. Pouco tempo depois, tocando flauta, venceu o programa de calouros de Ary Barroso. Trabalhou como farmacêutico e continuou seus estudos de música à noite, até conseguir comprar uma flauta de segunda mão e iniciar sua carreira.

Em 1951, entrou para o Regional do Canhoto, substituindo Benedito Lacerda, flautista, compositor e parceiro de Pixinguinha. Ainda na década de 1950, com o grupo Altamiro e Sua Bandinha, teve programa na TV Tupi e emplacou o sucesso "Rio Antigo", com mais de 700 mil cópias vendidas.

Nos anos 1960, excursionou fora do país, e na década seguinte passou a ser um dos flautistas mais requisitados, por conta do movimento de redescoberta do choro. De sua discografia, os discos "Choros imortais" (1964) e "Choros imortais 2" (1965) figuram, para especialistas, como alguns dos trabalhos mais marcantes da história do gênero.

Altamiro, que recebeu o título de Cidadão Carioca, morava em Copacabana e, recentemente, havia sido internado no hospital São Lucas, também no bairro. Ele continuava tocando e participando de gravações, mas já sentia dificuldade para se apresentar nos últimos anos.  

Fonte: O Globo: quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Comentário: O Choro, popularmente chamado de chorinho, é um gênero de música popular e instrumental brasileira. O músico, compositor ou instrumentista, ligado ao choro é chamado chorão. Característica freqüentemente apreciada no choro é o virtuosismo dos instrumentistas, bem como a capacidade de improvisação dos executantes. As rodas de choro são reuniões mais informais de chorões, muito diferentes de apresentações e shows. Geralmente acontecem em bares ou na própria casa dos músicos, em que todos se juntam para tocar choro. Não existe uma formação específica e os músicos que vão chegando se juntam à roda. Wikipédia 

Rádio Globo

http://globoradio.globo.com/player/altamiro-carrilho.htm




sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Há 35 anos sem Elvis Presley



Há 35 anos, o 'Rei do Rock' deixava os seus fãs após um ataque cardíaco. Elvis Presley é, ainda hoje, um dos artistas mais pop do mundo. Prova disso é que os seus direitos continuam rendendo um dos maiores lucros no meio musical. Entre 2010 e 2011, gerou US$ 55 milhões, apenas US$ 2 milhões a menos do que o ex-beatle Paul McCartney.

Elvis inovou no modo de dançar, de cantar e misturou música negra, gospel, folk e ritmos caribenhos num estilo revolucionário para a época. Já em 1956, o cantor atingia fama mundial, e foi inspiração para tudo o que se seguiria: de Beatles a Rolling Stones, ele provocou mudanças importantes tanto no jeito de fazer música quanto na indústria do entretenimento.

Antes de morrer, em 1977, Elvis vendeu 250 milhões de discos em todo o mundo.

Vendagem de discos estimada: 1 bilhão  de discos

Fonte: Estadão - 16 de agosto de 2012

Música

http://www.territorioeldorado.limao.com.br/player/player6.htm



Depois da euforia: educação

Este é o quarto artigo acerca do meu livro com Armando Castelar ("Além da euforia", Ed. Campus) referente aos problemas da nossa realidade e que serão um obstáculo para a continuidade do crescimento. Depois de um primeiro texto geral, os artigos posteriores trataram da nossa baixa produtividade e da poupança doméstica e hoje iremos abordar o tema da educação. O desenvolvimento sustentável, para além da "etapa fácil" da ocupação de capacidade ociosa e da redução da taxa de desemprego, se constrói sobre alicerces que, no Brasil, deixam a desejar - realidade essa que, se não for modificada, irá conspirar contra nosso êxito no longo prazo.

O capítulo sobre educação foi escrito por Marcio Gold Firmo, cujas informações acerca do tema são aqui sintetizadas. A tabela é um bom indicador para medir nosso atraso relativo. É verdade que entre 2000 e 2010 o número de anos médios de escolaridade da População Economicamente Ativa (PEA) no Brasil aumentou 1,1 ano.

Ocorre que:


i) na década anterior, tinha aumentado 1,9 anos;

ii) na primeira década deste século, a escolaridade média se elevou também 1,1 ano nos países selecionados da periferia europeia e nos "tigres" asiáticos e em 0,9 anos nos maiores países da América Latina exceto Brasil; e

iii) no conjunto de países da tabela, em 2010 o Brasil fica muito atrás em qualquer comparação feita.

Estamos mal na foto - e o filme não chega a ser animador. O Brasil evoluiu, mas o resto do mundo também. Consequentemente, nosso atraso relativo permanece. Uma realidade similar se observa em diversos indicadores. Na nota de matemática do Programme for International Student Assessment (Pisa), hoje o melhor "termômetro" comparativo da qualidade da educação em diversos países, mesmo considerando o avanço recente, ficamos atrás não apenas dos países desenvolvidos, mas também de países como Argentina, México, Chile, Uruguai e também atrás de Rússia, Sérvia, Turquia e Cazaquistão.

No mesmo PISA, em 2009, o percentual de alunos com desempenho abaixo do adequado em matemática foi de 8% na Coreia do Sul, 22% na média dos países da OCDE, 23% nos EUA, 30% na Grécia, 42% na Turquia e constrangedores 69% no Brasil. Nos exames do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), o percentual de alunos com desempenho em Matemática considerado adequado à sua série já é baixo no 5º ano do Ensino Fundamental (apenas 33%) e cai ainda mais, para apenas 15%, no 9º ano e para 11% no 3º ano do Ensino Médio.

Alguém poderia alegar que o problema é de escassez de verbas. Essa é uma questão controversa, mas objetivamente: a) o gasto em educação no Brasil passou de 3,9% para 5% do PIB entre os anos de 2000 e 2010; e b) neste último ano, o gasto em educação no Brasil como fração do PIB, pelos dados da OCDE, era maior do que nos EUA e do que a média da OCDE, além de ser também superior ao de Polônia, Holanda, Canadá, Espanha, Coréia do Sul, Alemanha, Austrália, Chile e Japão.

País prioriza o ensino direcionado à formação do cidadão, ao invés de ensinar matemática e português

Parte do nosso atraso vem de longa data e resulta da opção que as elites dirigentes fizeram há décadas ao adotar um modelo fortemente concentrador de renda e com escassas preocupações com a melhora de oportunidades para os filhos das famílias mais humildes, através da priorização da educação. A Coreia do Sul fez exatamente o contrário a partir dos anos 50, com resultados espetaculares.

Parte do problema, porém, deriva de escolhas recentes, como aquelas associadas a certo tipo de ensino voltado para a formação do cidadão, em oposição à priorização do aprendizado de matemática e português. Sem uma base forte nessas disciplinas, é impossível esperar que o aluno tenha um bom desempenho nas demais. Cabe destacar, como um bom sinal, o empenho do setor privado e da academia em favor do avanço da avaliação da eficácia de diferentes tipos de intervenções educacionais, a despeito da resistência de parte do setor de educação pública. É imperativo que os governos assumam o papel de multiplicadores das experiências inovadoras de sucesso.

Na educação, o Brasil tem hoje uma atitude oposta à que assume no futebol, no qual o segundo lugar é visto como uma derrota. Comparativamente, a autocongratulação em relação aos resultados educacionais de nossas crianças e jovens é de uma complacência inadmissível. Aspirar a um crescimento sustentável de 5% ao ano, desse jeito, é apenas um sonho. Fonte: Valor Econômico - 08/08/2012 - Fabio Giambiagi

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Em 2008 remunera-se o terrorista de 1968



Daqui a oito dias completam-se 40 anos de um episódio pouco lembrado e injustamente inconcluso. À primeira hora de 20 de março de 1968, o jovem Orlando Lovecchio Filho, de 22 anos, deixou seu carro numa garagem da avenida Paulista e tomou o caminho de casa. Uma explosão arrebentou-lhe a perna esquerda. Pegara a sobra de um atentado contra o consulado americano, praticado por terroristas da Vanguarda Popular Revolucionária. (Nem todos os militantes da VPR podem ser chamados de terroristas, mas quem punha bomba em lugar público, terrorista era.)

Lovecchio teve a perna amputada abaixo do joelho e a carreira de piloto comercial destruída. O atentado foi conduzido por Diógenes Carvalho Oliveira e pelos arquitetos Sérgio Ferro e Rodrigo Lefèvre, além de Dulce Maia e uma pessoa que não foi identificada.

A bomba do consulado americano explodiu oito dias antes do assassinato de Edson Luís de Lima Souto no restaurante do Calabouço, no Rio de Janeiro, e nove meses antes da imposição ao país do Ato Institucional nº 5. Essas referências cronológicas desamparam a teoria segundo a qual o AI-5 provocou o surgimento da esquerda armada. Até onde é possível fazer afirmações desse tipo, pode-se dizer que sem o AI-5 certamente continuaria a haver terrorismo e sem terrorismo certamente teria havido o AI-5.

O caso de Lovecchio tem outra dimensão. Passados 40 anos, ele recebe da Viúva uma pensão especial de R$ 571 mensais. Nada a ver com o Bolsa Ditadura. Para não estimular o gênero coitadinho, é bom registrar que ele reorganizou sua vida, caminha com uma prótese, é corretor e imóveis e mora em Santos com a mãe e um filho.

A vítima da bomba não teve direito ao Bolsa Ditadura, mas o bombista Diógenes teve. No dia 24 de janeiro passado, o governo concedeu-lhe uma aposentadoria de R$ 1.627 mensais, reconhecendo ainda uma dívida de R$ 400 mil de pagamentos atrasados.

Em 1968, com mestrado cubano em explosivos, Diógenes atacou dois quartéis, participou de quatro assaltos, três atentados a bomba e uma execução. Em menos de um ano, esteve na cena de três mortes, entre as quais a do capitão americano Charles Chandler, abatido quando saía de casa. Tudo isso antes do AI-5.

Diógenes foi preso em março de 1969 e um ano depois foi trocado pelo cônsul japonês, seqüestrado em São Paulo. Durante o tempo em que esteve preso, ele foi torturado pelos militares que comandavam a repressão política. Por isso foi uma vítima da ditadura, com direito a ser indenizado pelo que sofreu. Daí a atribuir suas malfeitorias a uma luta pela democracia iria enorme distância. O que ele queria era outra ditadura. Andou por Cuba, Chile, China e Coréia do Norte. Voltou ao Brasil com a anistia e tornou-se o "Diógenes do PT". Apanhado num contubérnio do grão-petismo gaúcho com o jogo do bicho, deixou o partido em 2002.

Lovecchio, que ficou sem a perna, recebe um terço do que é pago ao cidadão que organizou a explosão que o mutilou. (Um projeto que revê o valor de sua pensão, de iniciativa da ex-deputada petista Mariângela Duarte, está adormecido na Câmara.)

Em 1968, antes do AI-5, morreram sete pessoas pela mão do terrorismo de esquerda. Há algo de errado na aritmética das indenizações e na álgebra que faz de Diógenes uma vítima e de Lovecchio um estorvo. Afinal, os terroristas também sonham.Fonte: Folha de São Paulo - 2 de março de 2008 - Elio Gaspari