terça-feira, 21 de julho de 2020

Coronavírus:OMS: epidemia se estabilizou no Brasil, mas ainda não há tendência de queda

Organização afirma que infecções atingiram platô e, com isso, país tem oportunidade para suprimir o vírus. Mas diretor adverte que é preciso ação das autoridades. "Não há como garantir que a queda vai ocorrer por si."
O diretor de emergências sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou nesta sexta-feira (17/07) que a transmissão do coronavírus no Brasil atingiu um platô. Ou seja, o número de novos casos se estabilizou e a curva não está mais subindo como antes.
Segundo Ryan, o país agora tem uma oportunidade para tentar controlar o surto. No entanto, ele advertiu que ainda não há uma tendência de queda em novas infecções e que serão necessárias ações sustentáveis por parte das autoridades.

"O aumento de casos no Brasil não é mais exponencial, atingiu um platô. O vírus não está dobrando na comunidade como era antes, então o aumento não é exponencial", disse.

Segundo ele, o número de novos casos chegou a um platô de 40 mil a 45 mil por dia, sem aumentos como aqueles observados em abril e maio.
Ryan afirmou ainda que o número de reprodução R agora parece estar entre 0,5 e 1,5 no Brasil. A cifra designa o potencial de propagação de um vírus dentro de determinadas condições. Se ele é superior a 1, cada paciente transmite a doença a pelo menos mais uma pessoa, e o vírus se dissemina. Se é menor do que 1, cada vez menos indivíduos se infectam, e o número dos contágios retrocede.

Por outro lado, ele destacou que o país ainda não conseguiu controlar o surto. "Até agora, no Brasil e outros países, é o vírus que está no comando, que está ditando as regras. Nós é que precisamos ditar as regras em relação ao vírus."

"Os números se estabilizaram. Mas o que eles não fizeram foi começar a cair de uma forma sistemática e diária. O Brasil está ainda no meio da luta. E não há maneira de garantir que a queda vai ocorrer por si", disse.

Segundo Ryan, o país deve aproveitar a oportunidade da estabilização no número de novas infecções para suprimir de vez a transmissão. "Há um platô, há uma oportunidade para o Brasil empurrar a doença para baixo, para assumir o controle. Para suprimir o vírus. Para isso, é necessário um conjunto de ações aplicado de forma sustentada."
Mas essa perspectiva parece distante por enquanto. O Brasil segue há dois meses sem um ministro da Saúde. A pasta tem sido ocupada interinamente por um militar sem experiência em gestão da área.
Nesse cenário, o país atingiu na noite de quinta-feira a marca de 2 milhões de pessoas infectadas pelo coronavírus. A nova marca foi ultrapassada menos de um mês depois de o país ter atingido o número de 1 milhão de infectados, em 19 de junho. 

Segundo os dados do Ministério da Saúde, a semana passada teve a primeira diminuição nos novos casos em relação à anterior desde o início da pandemia: foram 262.846 contágios entre 5 e 11 de julho, contra 263.337 nos sete dias anteriores - as estatísticas não levam em conta a subnotificação que caracteriza a crise no Brasil.
Já o número de novos óbitos tem se mantido em um patamar pouco superior a 7 mil por semana desde meados de junho. Até o momento, o Brasil soma pouco mais de 2 milhões de pessoas infectadas e cerca de 76,7 mil mortes, atrás apenas dos Estados Unidos.

A maioria dos países que conseguiram controlar a pandemia, especialmente na Europa, começou a relaxar as medidas de confinamento apenas depois de suas curvas terem saído do "platô", como a Itália, que ainda não experimentou uma possível "segunda onda" de contágios.

Diversas autoridades e instituições de saúde em todo o país, no entanto, alertam que os números reais da doença devem ser maiores em razão da falta de testagem em larga escala e da subnotificação.

O Brasil é o segundo país do mundo com maior número de casos e mortes por covid-19 oficialmente notificados. Só está atrás dos Estados Unidos, que acumulam 3,6 milhões de ocorrências e mais de 138 mil mortes. O total de óbitos no Brasil chegou a 76.688, enquanto a taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes é de 36,5. Fontes: Ansa Brasil e Deutsche Welle-17.07.2020





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