sábado, 13 de setembro de 2014

O caso do pijama infantil da Zara

Pijama infantil da Zara foi retirado do catálogo após queixas sobre semelhanças com uniforme usado por judeus em campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial

Como a Zara pode ter colocado à venda uma camiseta para crianças com um design no mínimo duvidoso, em algodão listrado azul e branco, decorado com uma grande estrela amarela na altura do coração? A semelhança com a estrela de Davi imposta aos judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial logo causou revolta entre os internautas, obrigando a marca espanhola de roupas a retirar o mais rápido possível esse item do mercado. Menos de mil deles chegaram a ser vendidos.

A Inditex, empresa detentora da Zara, explicou que essa estrela amarela era inspirada nos xerifes e que o grupo não tinha "absolutamente nenhuma intenção de ofender os clientes." Contudo, essa blusa, desenhada por um dos 300 estilistas do grupo sediado em La Coruña, na Galícia, havia passado por todos os controles habituais antes de ser fabricada e posta à venda. É impressionante que ninguém dessa empresa, a segunda maior do mundo no mercado de roupas, tenha entendido a dimensão simbólica desse desenho.

É a empresa inteira que pode ser tachada de antissemita, ainda mais que em 2012 a Zara já havia chocado ao vender uma bolsa de tecido estampado com uma pequena suástica, entre desenhos de bicicletas e vasos de flores. Na época a direção garantiu que se tratava de uma suástica indiana, sem nenhuma relação com a SS. Outra das gigantes da moda, a sueca H&M, não está a salvo dessas gafes. Em março, ela teve de tirar das araras uma camiseta com a estampa de uma caveira sobre uma estrela de Davi.

"Esse caso todo é estúpido, uma bobagem inacreditável", diz a filósofa Marie-José Mondzain, autora de "Homo Spectator" (Ed. Bayard, 2013), entre outras obras. "Ele mostra uma falta de cultura visual e histórica desse estilista que deveria ser demitido. Querer associar uma camiseta de marinheiro aos elementos que identificam um xerife, como as crianças veem no cinema, já é lamentável". Sem contar que "associar listras a uma estrela amarela é nojento" e só pode suscitar a revolta de inúmeras associações. "As salvaguardas estão caindo porque falta memória e cultura", ela diz.

Essa nova gafe deverá prejudicar ainda mais a imagem do setor da moda. Essa indústria globalizada, extremamente lucrativa, cuja ambição é fornecer para o mundo todo as mesmas coleções, nem sempre respeita as condições de trabalho dos empregados que fabricam suas peças. UOL Noticias - 03/09/2014

Comentário:   Os trajes são tão distintos. Origem do traje listrado. A primeira aparição da camisa navy  foi em 27 de março de 1858, quando é mencionada na lista oficial de marinheiros da Marinha Nacional da França. Ao detalhar suas características, “o tronco da camisa deverá ter 21 listras brancas, cada uma delas duas vezes mais larga que as 20, 21 listras azul índigo”, e que um autêntico modelo deverá também ter mangas ¾ e uma gola fina em volta do pescoço. O distintivo lembra muito a insígnia de xerife, usado nos Estados Unidos. 

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