terça-feira, 12 de junho de 2012

Na Coreia do Sul, inovação é quase uma religião

Gastos do governo com pesquisa e desenvolvimento da Coreia do Sul são de 3,36% do PIB, contra 1,08% do Brasil

A Coreia do Sul investe mais do que o triplo do Brasil em pesquisa e desenvolvimento (R&D, na sigla em inglês) em proporção do PIB: o total chega a 3,36%, contra 1,08%, segundo os dados mais recentes do Banco Mundial. Marcos Troyjo, diretor do BricLab da Universidade de Columbia e professor do Ibmec, diz que, além de igualar esse investimento, o governo brasileiro precisa cobrar participação do setor privado.
— Não existe uma receita, as realidades dos dois países são muito diferentes, mas o desenvolvimento, na Coreia, é quase uma religião civil. É um país que se sacrifica com esse objetivo. O Brasil está há 30 anos investindo em torno de 1% do PIB em R&D. Não vamos ter saltos importantes gastando apenas isso.

Atualmente, a indústria contribui com cerca de 15% do total investido neste setor, ainda de acordo com Troyjo, quando esse percentual precisaria ser pelo menos 50%. Ele lembra ainda que os tributos no Brasil chegam a 38% do PIB (que é o dobro do sul-coreano), enquanto no país asiático a carga é de 26% .
Segundo o economista Claudio Salm, da UFRJ, a falta de investimento nessa área se refletiu negativamente no mercado de trabalho brasileiro.
— Enquanto eles investiam pesado para recuperar o atraso, nós nos voltamos para as atividades que exigem baixa competência — sentencia Salm.

O descolamento entre a atividade de pesquisa nas universidades brasileiras e a indústria também é apontado pelos especialistas — que divergem apenas quanto aos motivos — como uma diferença significativa em relação à Coreia do Sul. Para Troyjo, os acadêmicos brasileiros têm "um certo puritanismo” quanto a pesquisas voltadas para o mercado. Salm discorda:
— É importante encontrar o meio termo. E as empresas brasileiras também são deficientes na aproximação. Pode haver preconceitos dos dois lados. Fonte: O Globo - 09/06/12 

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