segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Há 150 anos nascia Santos Dumont, o "pai da aviação"

Santos Dumont a bordo do 14-Bis, na França
Os célebres voos em Paris fizeram do brasileiro Alberto Santos Dumont uma personalidade conhecida em todo o mundo no início do século 20.

Há 150 anos, em 20 de julho de 1873, nascia o inventor brasileiro Alberto Santos Dumont, o "pai da aviação", cujo legado de invenções fez dele uma das grandes personalidades brasileiras do século 20.

Santos Dumont criou os primeiros balões dirigíveis, com os quais realizou as célebres voltas ao redor da Torre Eiffel. Foi também o primeiro a decolar um protótipo de avião tripulado, impulsionado por um motor a gasolina, sem ajuda do vento ou de rampas de lançamento.

Para além das contribuições aeronáuticas, atribui-se também a Santos Dumont algumas invenções do cotidiano, como a porta de correr em hangares, a adaptação do relógio de bolso para o pulso – que virou moda em Paris – e ainda o chuveiro para banhos quentes e frios, na sua casa em Petrópolis.

CONTROVÉRSIA SOBRE PIONEIRISMO

Apesar de sua contribuição para a aviação ser inquestionável, há controvérsias sobre o reconhecimento de Dumont como o inventor do avião mundo afora. Ao contrário dos brasileiros, para a Federação Aeronáutica Internacional e a maior parte do mundo, o crédito do invento é atribuído aos americanos Irmãos Wright.

"Sem dúvida Santos Dumont é um dos pioneiros da aeronáutica. Mas, para o avião, os Irmãos Wright são mais importantes", disse o professor Holger Steinle, que antes de se aposentar em 2013 era administrador da exposição permanente sobre aviação no Museu Técnico Alemão de Berlim.

Oficialmente, os Wright fizeram seu primeiro voo público com um avião tripulado em 1908, mas alegaram que a façanha havia sido feita em dezembro de 1903, nos Estados Unidos, praticamente três anos antes do 14-Bis.

A polêmica está baseada na falta de provas testemunhais ou documentos que comprovem a realização desse voo. Há relatos de cinco testemunhas locais que o teriam presenciado. Mas nenhuma delas com certificações ou conhecimentos aeronáuticos para confirmá-lo. Anos depois foi ainda apresentada uma fotografia, supostamente tirada na data do voo.

Santos Dumont, no entanto, foi o primeiro a realizar, de forma oficial, um voo perante uma comissão de especialistas, jornalistas e diversas outras testemunhas.

"[No caso de Dumont] todos estavam lá registrando com fotos. Havia uma comissão internacional montada. Existia um regulamento que dizia que só seria avião aquele que decolasse por meios próprios, enquanto os Irmãos Wright estavam numa praia dos Estados Unidos, com o vento superforte e utilizavam catapulta. Eles só aparecem na Europa em 1908, quando outros concorrentes também já estavam com várias invenções voando bem", disse à Agência Brasil o suboficial da Aeronáutica Maurício Inácio da Silva, historiador do Museu Aeroespacial (Musal), no Rio de Janeiro.

No início do século 20, as revoluções tecnológicas fervilhavam por diversos cantos do mundo, o que naturalmente torna difícil a atribuição de méritos diante de tantas pesquisas e protótipos desenvolvidos paralelamente.

O voo do planador motorizado dos Irmãos Wright, com decolagem realizada de uma colina, não podia ser considerado voo por meios próprios, como no caso do 14-Bis. Mas, segundo Steinle, o planador dos Wright se mantinha um bom tempo no ar, era dirigível e manobrável, podendo retornar ao ponto de decolagem. "Esse é o critério geralmente reconhecido para se poder falar em voar", disse.

DO BALÃO AO AVIÃO

Nascido na cidade de Palmira, em Minas Gerais – rebatizada em 1932 em sua homenagem –, Santos Dumont sempre acreditou que o homem poderia voar. Aos 18 anos foi emancipado e recebeu uma fortuna familiar para que pudesse prosseguir seus estudos na França.

O brasileiro chegou a Paris em 1891 e pôde vivenciar de perto as grandes revoluções tecnológicas e culturais, como o surgimento da lâmpada elétrica, o desenvolvimento da fotografia, do cinema e, claro, os primeiros carros com motores de combustão.

Foi no balonismo que Dumont iniciou seus trabalhos de aviação. Após alguns protótipos que deram errado, ele conseguiu resolver o grande problema da dirigibilidade dos balões. Em 1899, o dirigível N-3, em formato cilíndrico, que podia ser direcionado através de um motor adaptado, ergueu voo perante o público francês e contornou a Torre Eiffel, pousando em seguida em condições controladas.

Essa manobra fez com que Santos Dumont alcançasse seu prestígio com o público francês e o deixou confiante para participar do Prêmio Deutsch. Criado por um milionário judeu, o prêmio prometia uma vultosa quantia em dinheiro para o aviador que criasse um dirigível eficiente, rápido e que realizasse um percurso determinado perante a comissão do Aeroclube da França.

Em outubro de 1901 Dumont executou a prova com o novo dirigível N-6, ganhando o prêmio em dinheiro e reconhecimento internacional.

Seguiram-se inúmeras publicações sobre o seu feito e convites de todo o mundo para homenagens internacionais e a continuidade dos seus projetos. A imagem do brasileiro voador ficou conhecida em toda Paris.

Era chegada a hora de tentar algo "mais pesado que o ar". Em 1906, Santos Dumont desenvolveu o famoso 14-Bis. O modelo tripulado resolvia o grande problema de levantar voo por meios próprios. A aeronave com um formato excêntrico possuía motor a gasolina, que conferia velocidade, e um design que aproveitava a aerodinâmica do ar.

Foi em 23 de outubro de 1906, cinco anos depois do vôo de dirigível ao redor da Torre Eiffel, que Dumont fez o 14-Bis voar a três metros de altura ao longo de 60 metros, sem o auxílio de rampas, catapultas ou do vento, apenas com a propulsão do motor. A façanha ocorreu perante uma comissão do Aeroclube da França, que concedeu a ele um prêmio em dinheiro.

MORTE

Em 1931, Santos Dumont voltou ao Brasil num estado de saúde debilitado e muito depressivo. Ele passou alguns meses em viagens pelo país até se instalar num hotel em Guarujá, no litoral Paulista.

O inventor se resguardou de convívios sociais e já não aceitava homenagens, tendo recusado tomar posse da cadeira reservada a ele na Academia Brasileira de Letras.

Em julho de 1932, Santos Dumont pôs fim à própria vida em seu quarto de hotel, aos 59 anos. Por não ter deixado uma nota de suicídio, especula-se que Dumont teria visto aviões de combate sobrevoando Guarujá para o ataque ao Campo de Marte, em São Paulo, devido à Revolução Constitucionalista. Ver seu invento como arma de guerra teria sido a causa de seu grande desgosto, diz essa tese.

HOMENAGEM NA LUA

Não é exagero dizer que a fama do inventor chegou até à Lua. Em 1973, como homenagem pelo centenário de nascimento do brasileiro, a União Astronômica Internacional batizou de Santos Dumont uma cratera existente no satélite natural da Terra. Com 8,8 quilômetros de diâmetro, a cratera fica a 54 quilômetros do local de pouso da missão Apollo 15, em 1971. Fonte: Deutsche Welle - 20/07/2023 20 de julho de 2023

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Veja qual é o país mais seguro do mundo para turistas

 A Islândia é, pelo 16º ano consecutivo, o país mais seguro do mundo para se visitar ou morar em 2023. A conclusão é do ranking Global Peace Index (GPI) — ou Índice de Paz Global — elaborado anualmente desde 2008 pelo Institute of Economics and Peace (IEP), organização sem fins lucrativos de Sydney, na Austrália, que é parceira da ONU e do Banco Mundial e monitora globalmente os níveis de conflito, criminalidade, insegurança socioeconômica, entre outros.

O país nórdico obteve a menor nota de zero a cinco pontos, 1,124 — quanto menor, mais seguro o país — graças a um bom desempenho nas áreas de militarização de seu território (que é bastante baixa), atuação em confito em andamento e segurança do seu domínio. No entanto, este foi o primeiro ano em que o IEP detectou atividade terrorista dentro do país, após a prisão de quatro indivíduos que organizavam um atentado contra o seu Parlamento.

Os índices de homicídio também cresceram na Islândia, mas não o suficiente para tirá-la da liderança de paz global.

No entanto, ela não está sozinha na deterioração da segurança de seus residentes. Segundo o IEP, o mundo se tornou menos pacífico em 2023 pela 13ª vez nos últimos 15 anos, com uma perda de segurança de 0,42%, em média. No total, a tranquilidade melhorou em 84 países e caiu em 79.

O grande perdedor em 2023 é a Ucrânia, que devido à invasão pela Rússia perdeu 14 posições no ranking e alcançou a nota 3,043. Mesmo assim, o país em guerra não é o mais inseguro do mundo: o Afeganistão leva este título pelo oitavo ano consecutivo, com uma nota 3,448.

Mas e o Brasil?

O Brasil está, definitivamente, entre os locais mais inseguros do mundo. Das 163 nações estudadas, nosso país aparece estável em 132º lugar com uma nota 2,462. O território nacional ainda é um dos mais perigosos da América do Sul, atrás apenas de Venezuela e Colômbia. Já o mais seguro do continente é o Uruguai, que com a nota 1,798, conquistou o 50º lugar global.

Um dos maiores problemas do Brasil, segundo o IEP, é a segurança da sociedade e do território, que o tornam o 13º pior país do mundo neste quesito. Em guerra, a Ucrânia conseguiu uma pontuação melhor do que a do Brasil na categoria e é atualmente a 19ª nação mais insegura. Por aqui, há também o 29º maior custo econômico proporcional (ao PIB) da violência em todo o mundo.

Critérios de avaliação

Para avaliar a paz em um país, o IEP analisa três grandes grupos — nível de militarização, extensão de conflito internacional e doméstica, segurança social e do domínio — em que estão inclusos 23 indicadores qualitativos e quantitativos, como níveis de encarceramento da população, taxas de homicídios, número de mortes por conflitos internos, percepções de criminalidade e etc.

Os 10 destinos mais seguros do mundo para visitar

1º: Islândia

Este é o 16º ano consecutivo que a Islândia é considerada a nação mais segura do mundo, desde o surgimento do ranking em 2008. Apesar de ter o menor gasto militar e mais baixa taxa de conflitos internacionais em todo o planeta -- não dividir fronteiras com outros países ajuda -- sua nota piorou em cerca de 4% no período graças a um aumento nos índices de homicídios e nos riscos de terrorismo.

 2º: Dinamarca

A Dinamarca subiu uma posição desde 2022, quando ficou em terceiro, e se destacou pela eficácia de suas instituições governamentais, baixos níveis de corrupação e distribuição igualitária de recursos. O país ainda é famoso por ser "o mais feliz do mundo", segundo seus próprios cidadãos.

3º: Irlanda

A Irlanda saltou cinco posições desde 2022, do oitavo lugar para o terceiro. No ano passado, foi a primeira vez que ela apareceu no top 10, o que indica uma tendência de crescimento na tranquilidade dentro da nação. Os três países mais seguros do mundo hoje estão na Europa.

4º: Nova Zelândia

Mesmo após cair duas posições em relação ao ranking do ano passado, a Nova Zelândia segue como o país mais seguro da região da Ásia e do Pacífico. O número de protestos violentos, taxa de prisões e impactos do terrorismo caiu nos últimos doze meses, mas houve piora na militarização do país -- especialmente na questão de importação e exportação de armas.

5º: Áustria

Forte representante na lista, a Áustria perdeu apenas uma posição em relação a 2022. Sua capital, Viena, ainda foi considerada a melhor cidade do mundo para se viver em 2023, na avaliação do núcleo de inteligência da revista The Economist.

6º: Singapura

Estreante na lista, Singapura ficou no top 5 nas categorias segurança (4º), conflito em andamento (3º). É o segundo país mais seguro da região da Ásia e do Pacífico.

7º: Portugal

Portugal fez progressos significativos em termos de paz nos últimos anos. Em 2014, o país saía de uma crise econômica e aparecia em 18º no ranking. Apesar de ter caído três posições em relação a 2022, hoje possui baixos índices de criminalidades, saúde acessível, economia estável e clima ensolarado do Mediterrâneo atraindo turistas e imigrantes -- especialmente brasileiros.

8º: Eslovênia

A Eslovênia estreou no top 10 em 2020, mas não deixou a lista desde então. Mesmo tendo caído do quinto lugar para o oitavo no último ano, oferece baixos índices de criminalidade e terrorismo, além de belas paisagens com castelos e lagos, que encantam turistas e moradores.

9º: Japão

Em segundo lugar, apenas atrás da Finlândia, em termos de segurança, o Japão se consolida como um país seguro, com baixos índices de incidentes com armas de fogo. O país reabriu suas fronteiras para turistas apenas este ano, então segue em recuperação econômica pós-pandemia.

10º: Suíça

Apesar de altos índices de exportações de armas per capita, a Suíça compensa com altos indicadores de segurança e paz em outros aspectos. Fonte: De Nossa UOL - 06/07/2023