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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Bombardeio de Dresden completa 73 anos

Entre 13 e 15 de fevereiro de 1945, ataques aliados mataram 25 mil pessoas e destruíram a cidade à beira do rio Elba. Violência da operação é até hoje motivo de discussões.

Durante décadas, o número de mortos nos bombardeios de Dresden nas vésperas do fim da Segunda Guerra Mundial, há 73 anos, entre 13 e 15 de fevereiro de 1945, foi motivo de intensas especulações. Alguns estimavam o número em 70 mil, enquanto os mais realistas asseguravam que ele não passava de 35 mil.

Em 2004, uma comissão interdisciplinar foi criada pelo governo da cidade para acabar com a discussão. Em 2010, ela entregou seu relatório, chegando à conclusão que os ataques tiraram a vida de 25 mil pessoas.

Em 13 de fevereiro de 1945, 245 quadrimotores Avro Lancaster da quinta frota de bombardeiros britânicos decolaram em direção à cidade à beira do rio Elba, que contava então 630 mil habitantes e abrigava um número estimado de centenas de milhares de refugiados.
Em quatro ataques-surpresa, 1 300 bombardeiros pesados lançaram mais de 3 900 toneladas de dispositivos incendiários e bombas altamente explosivas na cidade, a capital barroca do estado alemão de Saxônia. A tempestade de fogo resultante destruiu 39 quilômetros quadrados do centro da cidade. A "Florença do Elba", como Dresden era conhecida por sua beleza arquitetônica e por seus tesouros culturais. Tudo isso em apenas 23 minutos.
Estratégica e economicamente, Dresden era irrelevante para o desenrolar da guerra, cujo desfecho já era previsível no início de 1945. Fonte: Deutsche Welle – 13.02.2015/2018, Wikipédia

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Censo de 1872, único a registrar população escrava

Num Brasil imperial de dimensões continentais e grandes desafios logísticos, o primeiro levantamento populacional foi realizado com sucesso em 1872, como parte das políticas inovadoras de D. Pedro II. O recenseamento é considerado, mesmo para os padrões atuais, bastante completo: traz o único registro oficial da população escrava nacional, os imigrantes separados por nacionalidade e faz ainda um inventário inédito dos grupos indígenas.

A análise dos números mostra um país essencialmente rural, de população predominantemente negra e mestiça, com uma parcela ainda significativa de escravos, 15,24% da população. Os estrangeiros somavam 3,8%, a maioria deles portugueses, alemães, africanos livres e franceses.
Revela também o início da política de “embranquecimento” do povo, com a entrada dos primeiros grupos de imigrantes europeus. Da população total de 1872 (9.930.478), 1.510.806 ainda eram escravos a despeito do fim do tráfico.

O censo de 1872 aponta o total da população de estrangeiros no Brasil: 382.132. Separa os brancos por origem. São 125.876 portugueses, 40.056 alemães e 8.222 italianos, entre várias outras nacionalidades citadas. Mas, no caso dos negros, coloca-os todos no mesmo grupo: africanos. São 176.057 africanos vivendo no país naquele momento, segundo o levantamento. Mas a única divisão que eles mereceram foi entre escravos (138.358) e alforriados (37.699).

O censo apresenta, além da contagem da população, informações específicas sobre pessoas com deficiência, acesso à escola e profissões exercidas, entre outras. Na época, a profissão de lavrador era a que tinha o maior número de trabalhadores, seguida por serviços domésticos. Das profissões liberais, a de artista tinha mais representantes, inclusive entre a população escrava.

Em 350 anos de tráfico negreiro, entraram no país cerca de 4 milhões de africanos; entre 1870 e 1930 vieram morar aqui praticamente 4 milhões de imigrantes europeus.

No fim do século XIX, aponta o levantamento, 58% dos residentes no país se declaravam “pardos ou pretos”, contra 38% que se diziam brancos.

Os motivos que levaram o governo imperial a se empenhar em tão complexa tarefa são, até hoje, razão de debate entre especialistas.

— A visão mais clássica é de que, no Império, havia a necessidade de saber mais sobre a população para conhecer sua base tributável e também com fins militares, para pegar os jovens para o serviço militar — afirma o demógrafo Mario Rodart, coordenador do Núcleo de Pesquisa Histórica Econômica e Demográfica da UFMG, responsável pela digitalização do censo junto com Clotilde Paiva e Marcelo Godoy . — Por conta disso, o foco das políticas públicas era todo nesse sentido. Mapear quem estava vindo da Europa fazia todo o sentido.
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 — Há um outro grupo, no entanto, que acredita que já havia uma ideia de um governo mais técnico, que precisava se balizar em números para instituir políticas públicas. Os números eram necessários para organização do sistema eleitoral, e também do sistema educacional. Já se difundia, por exemplo, a ideia da obrigatoriedade das primeiras letras e os números ajudaram a organizar a oferta de escolas.

Na época, acabava de entrar em vigor, em 28 de setembro de 1871, a Lei do Ventre Livre, que tornava libertos todos os filhos e filhas de mulheres escravas. Por pressões internacionais, o Brasil havia iniciado uma campanha pelo fim da escravatura.

Em 1850, com a Lei Eusébio de Queiróz, foi estabelecido o fim do tráfico negreiro. Em 1885 foi promulgada a Lei dos Sexagenários, tornando libertos os escravos com mais de 60 anos. O fim da escravidão ocorreu em 1888, no dia 13 de maio, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea.

Os dados estão disponíveis na internet. Pelo programa disponível é possível acessar as tabelas configuradas na época e combinar os dados de acordo com o objetivo da busca. Fonte: O Globo - 12/01/2013 

Comentário:
No mesmo período o censo dos EUA (1870) indicava uma população de 39 milhões e uma população  de analfabeto de 26%, com 31% da população nas escolas.
Enquanto o Brasil tinha uma população de analfabeto de 85%. A população escrava praticamente analfabeta, 99,98%.
Não levando em conta a ideologização do problema racial, o Brasil só começou a se desenvolver, no final do século XIX e começo do século XX.
Só através da imigração europeia que o país teve um salto no modelo econômico de agrário para industrial. O país necessitava  de mão de obra qualificada.  

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

História: A ditadura faz 50 anos

Para os jovens, 50 anos é um considerável período de tempo. Aos velhos, que já viveram mais de meio século, parece um ponto no passado. Para a disciplina de história, uma data redonda, suscitando reflexões, debates e a possibilidade de encontrar hipóteses e ângulos de análise inovadores e construtivos.

Considerando os limites deste artigo, escolhi um tema a respeito do qual tem havido muitas controvérsias. Refiro-me ao caráter da ditadura.
Desde a vitória do golpe de 1964, as forças políticas de esquerda, derrotadas, não hesitaram em caracterizar a ditadura como militar

Desde a vitória do golpe de 1964, as forças políticas de esquerda, derrotadas, não hesitaram em caracterizar a ditadura como militar. Tratava-se de isolar os mais importantes protagonistas, os chefes militares, ridicularizados como truculentos, pouco inteligentes. Não passavam de ‘gorilas’, como se dizia. Era um recurso – legítimo – da luta política, quando se pretende menos compreender o que se passa do que isolar e derrotar os adversários ou os inimigos.

DITADURA MILITAR
A expressão consolidou-se entre as várias correntes que se opunham ao regime. Consagrou-se como verdade indiscutível à medida que as oposições cresciam, reforçando-se inclusive com adeptos da ditadura que dela se afastavam e não queriam pensar ou falar de suas cumplicidades com a mesma. Houve um momento, em meados dos anos 1980, em que a imensa maioria da sociedade brasileira professava um horror sagrado à ditadura.

MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma operação de memória. Mas memória não é história. Esta se constrói com evidências, obtidas em fontes disponíveis, compartilhadas pelos pesquisadores.

Essas evidências mostram que diferentes – e amplos – segmentos civis participaram ativamente da preparação do golpe, de sua sustentação e do apoio aos governos ditatoriais. Não foi algo limitado às elites empresariais e eclesiásticas, como René Dreifuss mostrou pioneiramente nos anos 1980.

O golpe de 1964 não foi um movimento exclusivamente militar. Diversos setores civis participaram de sua preparação e de sua sustentação.  

O processo teve caráter social, popular: milhões de pessoas participaram das Marchas da Família com Deus pela Liberdade, que, iniciadas em 19 de março, prolongaram-se festivamente até setembro de 1964. Em todas as capitais dos estados e em muitas cidades médias e pequenas, pessoas marcharam saudando e se congratulando com a vitória do golpe, segundo trabalho de Aline Presot até hoje não publicado.

A participação civil também envolveu instituições políticas, econômicas e culturais. Um estudo sobre a Aliança Renovadora Nacional, a Arena, partido da ditadura, mostrou suas extensas ramificações em todo o território nacional: em 1978, quando já era imenso o desgaste do regime, esse partido teve ainda cerca de 40% dos votos. Outros estudos revelaram o que pouca gente sabe: a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tidas com justiça como atores importantes das lutas democráticas, saudaram o golpe. Só mais tarde, migraram para o campo das oposições, denunciando os abusos de um regime que tinha a tortura como política de Estado.

Outras pesquisas, envolvendo o futebol, a música sertaneja, a multiplicação dos sindicatos e outros temas, vêm acumulando evidências quanto à participação civil, direta ou indireta, na construção da ditadura e das complexas relações que se estabeleceram entre diferentes setores da sociedade e os governos ditatoriais.

Nunca houve unanimidade em favor da ditadura. Sempre houve oposições, moderadas e radicais, que adotavam diferentes formas de luta

Cabe enfatizar que nunca houve unanimidade em favor da ditadura. Sempre houve oposições, moderadas e radicais, que adotavam diferentes formas de luta. Entretanto, só a partir de 1974 as oposições moderadas, cada vez mais reforçadas por ex-apoiadores do regime, conseguiram maior audiência social.

Por outro lado, no campo contraditório e heterogêneo dos que apoiavam a ditadura, o processo não foi simples nem linear. Houve idas e vindas, deserções, mudanças de lado, sem contar as expectativas frustradas de lideranças civis de direita como Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Adhemar de Barros, e mesmo de políticos centristas, como Juscelino Kubitschek e Ulysses Guimarães: apoiaram o golpe, esperando uma intervenção brutal, mas rápida, cujos resultados os beneficiariam. Não foi o caso. Muitos acabaram marginalizados, condenados a papéis secundários, ou foram cassados, expulsos da vida política, como Lacerda, Ademar e JK.

Também não é possível esquecer que muita gente ficou em cima do muro, ou subiu nele quando julgou conveniente. Outros tantos, por alegado medo, cruzavam os braços, ou nem cogitavam a existência do regime político. Queriam trabalhar, constituir família, ter sucesso. Alguns lamentavam os ‘excessos’ dos agentes da ordem pública, mas aquilo lhes parecia uma contingência quase inevitável. Mais importante é que o país crescia, progredia – quem não gostasse que se retirasse.

Toda essa história precisa ser conhecida, estudada. Não para crucificar os apoiadores da ditadura, algo inviável e inútil, mas para compreender melhor as bases sociais e históricas de um regime ditatorial que se instaurou quase sem resistência e se retirou em boa ordem, sem levar nenhuma pedrada. O mesmo já acontecera com o Estado Novo, entre 1937 e 1945, coberto pelo manto da memória conciliadora.

Fazer dos ‘milicos’ bodes expiatórios pode ser uma operação simples e fácil: um outro manto. Economiza pesquisa e reflexão, mas não prepara a sociedade brasileira para lidar, no futuro, com novos surtos de autoritarismo. Fonte: Revista Ciência Hoje / Edição 313- Daniel Aarão Reis - Departamento de História
Universidade Federal Fluminense

domingo, 29 de outubro de 2017

Há 100 anos, o Brasil declarava guerra ao Império Alemão

"...E entramos na Guerra!", anunciou a manchete do jornal "Gazeta de Notícias" em 26 de outubro de 1917
Submarinos alemães afundam navios brasileiros. Movimentos populares exigem que o governo declare guerra. Ocorrem episódios de violência contra imigrantes. O presidente do Brasil, que já havia sido pressionado a abandonar a neutralidade alguns meses antes, decide enfim assinar a declaração de guerra.

Parece o enredo da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Mas o ano é 1917. O presidente, não é Getúlio Vargas, mas Venceslau Brás. O inimigo não é a Alemanha nazista de Adolf Hitler, mas o antigo Império Alemão do Kaiser Guilherme 2º.
Em 26 de outubro de 1917, o Brasil, que havia se mantido neutro por quase três anos da Primeira Guerra Mundial, decidiu se juntar aos poderes da Entente, a aliança militar contra a Alemanha que naquele momento incluía a Grã-Bretanha e a França e recentemente havia passado a contar com apoio dos EUA.
Parte da imprensa celebrou a decisão do presidente Brás. "...E entramos na Guerra!", anunciou a manchete do jornal Gazeta de Notícias.

O FIM DA NEUTRALIDADE
Brás resistiu o quanto pôde em se lançar no conflito. À época, o Brasil era um país atrasado. Seu Exército precário só tinha experiência em sufocar revoltas populares, como Canudos (1896-1897) e o Contestado (1912-1916). A Marinha ainda se recuperava do expurgo de milhares de homens que haviam se amotinado em 1910.
Sem uma base industrial relevante, o país também viu os investimentos externos sumirem quando os beligerantes redirecionaram recursos. A Alemanha, seu terceiro mercado exportador, ficou fora do alcance por causa do bloqueio aliado. Distante da Europa, o Brasil também não parecia ter qualquer interesse estratégico no conflito. Mas antes mesmo dos ataques a navios o clima no país já vinha sendo preparado para a entrada na guerra.

"O envolvimento emocional de intelectuais e políticos, a intensa participação da imprensa influenciando a opinião pública, as pressões diplomáticas e ingerências econômicas dos Aliados, bem como a intensificação das relações diplomáticas e o crescimentos dos interesses comerciais com os EUA, conduziram o Brasil a uma mudança gradual de posicionamento", disse o pesquisador Valterian Braga Mendonça, autor de A Experiência Estratégica Brasileira na Primeira Guerra Mundial.
Os submarinos alemães acabaram potencializando esses fatores. Em 1916, um navio brasileiro foi afundado, mas o governo não tomou nenhuma atitude. Em fevereiro de 1917, a Marinha alemã decidiu implementar uma política de guerra submarina irrestrita, sem levar em consideração se os alvos eram de países neutros. O resultado foi logo sentido no Brasil.

OS ATAQUES A NAVIOS
Em abril de 1917, o vapor Paraná foi afundado na região do canal da Mancha. Três brasileiros morreram. Em maio, mais dois navios, Tijuca e Lapa, foram torpedeados. Desta vez o país decidiu abandonar sua política de neutralidade.
A primeira represália foi o confisco de 44 navios de bandeira alemã atracados em portos brasileiros. Eles foram rebatizados e receberam bandeira brasileira. O então ministro das Relações Exteriores, Lauro Müller, defensor da neutralidade e alvo regular de ataques por causa da sua origem alemã, acabou pedindo demissão.
A gota d'água veio em 18 de outubro, quando o navio Macau, ironicamente uma das embarcações confiscadas dos alemães, foi afundado pelo submarino U-93 no litoral da Espanha. O comandante do navio, Saturnino Furtado de Mendonça, e um marinheiro, foram feitos prisioneiros. Nunca mais se ouviu falar deles.

A REAÇÃO NO PAÍS
Os jornais brasileiros cobriram o episódio à exaustão. O A Época veio com a manchete "A infâmia allemã". Já a Gazeta de Notícias estampou o título "Crime feroz da pirataria 'boche'", usando o termo pejorativo francês para se referir aos alemães.
Não eram só os jornais que tentavam influenciar a opinião pública a pressionar o governo. Desde 1915, antes mesmos dos ataques, um grupo de intelectuais e personalidades vinha agindo para que o país se juntasse aos Aliados. Eles formaram a Liga Brasileira pelos Aliados, e também passaram a denunciar o que classificavam de "perigo alemão" das colônias germânicas no sul do Brasil.

O grupo reunia pesos pesados da vida pública brasileira, como Ruy Barbosa e o escritor Graça Aranha. Quando Müller deixou o Itamaraty, o ex-presidente Nilo Peçanha assumiu a vaga. O novo ministro tinha justamente Ruy Barbosa como um de seus modelos e tratou de aproximar o Brasil dos EUA, que já estavam em guerra com a Alemanha e haviam se tornado o principal destino das exportações brasileiras.
Os alemães não tinha uma máquina comparável para influenciar a opinião. A marinha britânica havia cortado o cabo telegráfico submarino que ligava a Alemanha ao Brasil, diminuindo o fluxo de notícias vindas do país. Embora os alemães tivessem influenciado o Exército brasileiro por meio de missões militares, as elites simpatizam com os Aliados, especialmente os franceses. "Desde o período imperial, as elites brasileiras eram educadas segundo o modelo educacional francês", disse Mendonça.
Os ataques a navios também provocaram reações do público contra imigrantes alemães. Incidentes foram registrados em Porto Alegre. Em Curitiba, jornais e estabelecimentos comerciais de alemães foram depredados. Sobrou até mesmo para a comunidade polonesa local, erroneamente identificada como pró-germânica porque a Alemanha tinha então milhões de poloneses vivendo em seu território.

O PAPEL DO BRASIL NA GUERRA
Na história do conflito, o Brasil foi o único país sul-americano que se juntou aos Aliados, mas seu papel foi bastante modesto.
"A participação do Brasil ao lado da Entente foi extremamente limitada, senão inexpressiva para considerar o resultado final da guerra", afirmou o historiador Carlos Daróz, autor do livro O Brasil na Primeira Guerra Mundial: a longa travessia. Segundo ele, apenas 2 mil brasileiros se envolveram diretamente no conflito.
Sem um Exército moderno, o país se limitou a enviar 24 oficiais para treinamento com as forças francesas. Alguns chegaram a participar de combates. Treze aviadores também foram incorporados aos corpos de aviação do Reino Unido. Uma missão com 138 médicos e enfermeiras foi enviada à França em agosto de 1918.
Também foi criada uma Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), com oito navios. O plano era caçar submarinos alemães em uma faixa entre o litoral de Serra Leoa, na África, e o estreito de Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo. Mas as coisas não ocorreram conforme o planejado.

A partida só aconteceu em agosto de 1918. Os velhos navios movidos à carvão enguiçaram várias vezes no caminho. Quando finalmente aportaram em Freetown, na Serra Leoa, os brasileiros sofreram um grande número de baixas, não pelas mãos dos alemães, mas por causa da malária e da gripe espanhola.
Dos 1.515 tripulantes, 156 morreram. Eles foram sepultados em Dacar, no Senegal. Outros 140 outros ficaram tão doentes que tiveram que ser enviados de volta ao Brasil.
A divisão naval, que a essa altura contava com quatro navios, só conseguiu alcançar Gibraltar em 10 de novembro de 1918, um dia antes da assinatura do armísticio que marcou o fim do conflito. No caminho, os marinheiros confundiram um cardume de golfinhos com um submarino alemão e abriram fogo. Dezenas de cetáceos morreram.

A MEMÓRIA DA GUERRA
A memória da participação brasileira no conflito resiste em alguns monumentos e nomes de logradouros. Nos anos 1920, os corpos dos 156 marinheiros da DNOG foram exumados em Dacar e levados ao Rio de Janeiro. Hoje eles repousam discretamente em um mausoléu no cemitério São João Batista. Uma rua foi batizada em homenagem ao Tenente Eugênio Possolo, um aviador que morreu durante treinamento na Europa.
O U-93, o submarino que responsável pela ação que marcou a virada final na posição brasileira no conflito, desapareceu com toda a tripulação no norte do Atlântico em 18 de janeiro de 1918, três meses depois do afundamento do Macau. Em julho de 2014, mergulhadores afirmaram ter encontrado seus destroços no litoral da Bretanha, oeste da França. Deutsche Welle – 26.10.2017

domingo, 6 de agosto de 2017

Japão recorda lançamento da bomba de Hiroshima



Primeiro ataque atômico da história ocorreu há 72 anos. Governo da cidade faz apelo por fim das armas nucleares, em cerimônia com a presença de representantes de 80 nações e da União Europeia.

A cidade japonesa de Hiroshima recordou neste domingo (06/08) o 72º aniversário do primeiro ataque nuclear da história com uma cerimônia em que foram feitos apelos ao desarmamento nuclear.

O ato aconteceu no Parque da Paz da cidade, que fica no oeste do Japão, e incluiu um minuto de silêncio às 8h15min locais (20h15 deste sábado no Brasil). Essa foi a hora exata na qual um bombardeiro B-29 da Força Aérea dos Estados Unidos lançou, no dia 6 agosto de 1945, o "Little Boy", como foi chamada a primeira bomba atômica usada num ataque contra civis e militares.

DESARMAMENTO
Após o minuto de silêncio, o prefeito da cidade, Kazumi Matsui, pediu a todos os líderes mundiais que apoiem o tratado adotado por 122 membros das Nações Unidas no começo do mês para proibir as armas nucleares, o primeiro deste tipo a nível global.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, evitou mencionar diretamente o tratado durante o seu discurso, ainda que tenha destacado a necessidade de que tanto as potências nucleares como os demais países "se engajem para se chegar a um mundo verdadeiramente livre de armas atômicas".

"O Japão está decidido a liderar a comunidade internacional, mantendo os seus princípios de não produzir ou possuir armas nucleares nem de permitir a sua entrada em território nacional, e pedindo a todos os países para tomar medidas similares", disse Abe.
Em março passado, o número total de hibakusha, ou sobreviventes dos ataques nucleares de Hiroshima e Nagasaki, era de 164.621, comparado com os 372.264 que havia em 1980, e a  idade média era de 81,41 anos.

OS ATAQUES NUCLEARES A HIROSHIMA E NAGASAKI

Vista aérea da cidade de Hiroshima, Japão, após o bombardeio atômico em 6 de agosto de 1945 durante a Segunda Guerra Mundial. A cidade foi praticamente destruída.
Ataques às duas cidades japonesas em 1945 são os únicos usos de armas nucleares numa guerra. No aniversário dos bombardeios, pessoas ao redor do mundo relembram, todos os anos, suas consequências devastadoras.

O PRIMEIRO ATAQUE
Em 6 de agosto de 1945, o avião Enola Gay lançou, sobre Hiroshima, a primeira bomba nuclear da história. A bomba carregava o inocente apelido de "Little Boy". A cidade tinha então 350 mil habitantes. Um em cada cinco morreu em questão de segundos. Hiroshima foi praticamente varrida do mapa.

O ENOLA GAY
O ataque a Hiroshima estava planejado para acontecer em 1 de agosto de 1945, mas teve que ser adiado devido a um tufão. Cinco dias depois, o Enola Gay partiu com 13 tripulantes a bordo. A tripulação só ficou sabendo durante o voo que lançariam uma bomba atômica.

O SEGUNDO ATAQUE
Três dias depois do ataque a Hiroshima, os americanos lançaram uma segunda bomba, sobre Nagasaki. A cidade de Kokura era o alvo original do ataque, mas o tempo nublado fez com que os americanos mudassem seus planos. A bomba apelidada de "Fat Man" tinha uma potência de 22 mil toneladas de TNT. Estima-se que 70 mil pessoas morreram até dezembro de 1945.

ALVO ESTRATÉGICO
Em 1945, Nagasaki era sede da Mitsubishi, então fábrica de armas responsável por desenvolver os torpedos usados no ataque a Pearl Harbor. No entanto, apenas alguns soldados japoneses estavam baseados na cidade. A má visibilidade não possibilitou um ataque direto contra os estaleiros da fábrica.

AS VÍTIMAS
Durante meses após os ataques, dezenas de milhares de pessoas morreram por causa dos efeitos das explosões. Somente em Hiroshima, até o fim de 1945, 60 mil pessoas morreram por conta da radiação, de queimaduras e outros ferimentos graves. Em cinco anos, o número estimado de vítimas dos dois bombardeios atômicos é de 230 mil pessoas.

TERROR NO FIM DA GUERRA
Depois de Hiroshima e Nagasaki, muitos japoneses temeram um terceiro ataque, a Tóquio. O Japão declarou então sua rendição, pondo fim à Segunda Guerra também na Ásia. O então presidente americano, Harry Truman, ordenou os bombardeios. Ele estava convencido de que essa era a única maneira de acabar com a guerra rapidamente. Para muitos historiadores, no entanto, os ataques foram crimes de guerra.

A RECONSTRUÇÃO
Devastada, Hiroshima foi reconstruída do zero. Apenas uma ilha, no rio Ota, foi mantida e se tornou o Parque Memorial da Paz. Hoje, há uma série de memoriais: o Museu Memorial da Paz de Hiroshima; a Estátua das Crianças da Bomba Atômica; as Ruínas da Indústria e Comércio; e a Chama da Paz, que vai permanecer acesa até a última bomba atômica do planeta ser destruída.

CONTRA O ESQUECIMENTO
Desde 1955, o Museu da Bomba Atômica e o Parque da Paz de Nagasaki prestam homenagem às vítimas dos ataques. No Japão, a reverência às vítimas desempenha um grande papel na cultura e na identidade nacional. Hiroshima e Nagasaki se tornaram símbolos mundiais dos horrores das armas nucleares.

DIA PARA RELEMBRAR
Desde os ataques de agosto de 1945, as pessoas em todo o mundo lembram as vítimas dos bombardeios atômicos. Em Hiroshima, acontece anualmente um memorial. Sobreviventes, familiares, cidadãos e políticos se reúnem para um minuto de silêncio. Muitos japoneses estão engajados contra o desarmamento nuclear. Fonte: Deutsche Welle - Data 06.08.2013