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sábado, 11 de novembro de 2017

A guerra esquecida do Iêmen

País se encontra à beira de uma catástrofe humanitária. A situação da população piora a cada dia, desde o início do conflito, há dois anos. Origens das hostilidades ajudam a entender por que paz ainda parece distante.

A história recente do Iêmen é de divisão e derramamento de sangue. Até o início da década de 1960, o país era governado por uma monarquia no norte e pelos britânicos no sul. Uma série de golpes em ambas as regiões mergulhou o país em décadas de violência, culminando na reunificação, em 1990.

O país é um dos mais pobres da região. Em 2015, estava na posição 168 do ranking de 188 países no Índice de Desenvolvimento Humano do Programa da ONU, que mede expectativa de vida, educação e padrão de vida.

Antes da guerra, projeções diziam que a população do Iêmen, de mais de 20 milhões de pessoas, dobraria até 2035. Mais de 18 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária no país. Muitos não têm acesso a infraestruturas sanitárias e água potável.

QUANDO A GUERRA COMEÇOU?
A guerra no Iêmen tem suas origens na Primavera Árabe, em 2011. Manifestações por democracia invadiram as ruas, tentando forçar o presidente Ali Abdullah Saleh a dar fim a seus 33 anos de poder. O alto desemprego e a insatisfação com a família Saleh serviram de combustível para as revoltas. O presidente respondeu com concessões econômicas, mas se recusou a renunciar.

Em março, as tensões nas ruas da capital, Sana, aumentaram, polícia e militares começaram a agir com cada vez mais dureza, e protestos acabaram em derramamento de sangue. Segundo a oposição, mais de 860 pessoas morreram. Em novembro de 2011, Saleh concordou em deixar o poder.

Graças a um acordo negociado internacionalmente, o Iêmen teve uma transferência de poder em novembro. O vice-presidente, Abd Rabbuh Mansur al-Hadi, assumiu o governo, preparando o caminho para as eleições de fevereiro – em que ele era o único candidato. As tentativas de Hadi de aprovar reformas constitucionais e orçamentais provocaram revolta dos rebeldes houthis no norte.

Em setembro de 2014, depois de anos de caos e violência, insurgentes houthis tomaram a capital, forçando Hadi a mudar seu governo para a cidade portuária de Aden, no sul do país.

QUEM LUTA CONTRA QUEM?

Várias facções estão envolvidas na guerra do Iêmen. Mas, pode-se dizer, o conflito se divide em duas categorias principais: as forças pró-governo lideradas pelo presidente Hadi e as forças antigovernamentais dos houthis, apoiadas pelo ex-presidente Saleh.
Os houthis são provenientes do norte do Iêmen e pertencem a um pequeno ramo de muçulmanos xiitas, conhecidos como zaiditas. Em meados de 2015, os insurgentes já tinham tomando grande parte do sul do país. Atualmente, eles mantêm o controle sobre as principais províncias centrais do norte. O governo de Hadi acusou o Irã de fornecer a eles armas militares, acusações rejeitadas por Teerã.

O governo do presidente Hadi é sediado em Aden, sendo o governo internacionalmente reconhecido do Iêmen. Em março de 2015, Hadi, entretanto, se exilou na capital saudita, Riad, pressionado pelo avanço territorial dos houthis.

Nos últimos meses, fissuras surgiram no governo exilado de Hadi. Na briga de poder, Hadi demitiu seu conselheiro de segurança Aidarous al-Zubaidi e seu ministro Hani Bin Braik.

QUEM FORMA A COALIZÃO LIDERADA PELA ARÁBIA SAUDITA?
Em março de 2015, a Arábia Saudita lançou uma operação militar apoiada por uma coalizão internacional, em uma tentativa para recolocar Hadi no poder.

Juntamente com a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos realizaram ataques aéreos em solo iemenita. Kuwait, Bahrein, Catar, Marrocos, Sudão, Jordânia e Egito também contribuíram para as operações.

Estados Unidos e Reino Unido forneceram suporte logístico e inteligência à coalizão liderada pelos sauditas. O conflito é complicado ainda mais pelas tensões entre Arábia Saudita e Irã, que apoia os rebeldes houthi.

QUAL É O ESTÁGIO DA CRISE HUMANITÁRIA?
Na "guerra esquecida" do Iêmen, a população civil é quem mais sai perdendo. De acordo com as Nações Unidas, o número de mortos superou 10 mil no início de 2017, com pelo menos 40 mil feridos.

Os ataques aéreos da coalizão e um bloqueio naval impostos pelas forças da coalizão empurraram o Iêmen – onde mais de 80% dos alimentos são importados – para uma situação de fome.

O Iêmen também foi afetado por um surto de cólera, considerado o pior do mundo pela ONU. Cerca de 400 mil pessoas contraíram a doença desde abril e 1.900 morreram. As Nações Unidas alertam para esta pode ser a pior crise de fome "que o mundo vive em décadas". Por isso, o Conselho de Segurança da ONU apelou para que a aliança liderada pela Arábia Saudita dê fim ao bloqueio de portos e aeroportos.

A falta de suprimentos médicos também preocupa. A ONG Médicos sem Fronteiras suspendeu seu auxílio após dois anos de atuação, a aliança não deixa aviões pousarem no Iêmen. As reservas no banco nacional de sangue do Iêmen estão no final. A ONU e Médicos sem Fronteiras pedem o fim do bloqueio ao Iêmen. Fonte: Deutsche Welle – 10.11.2017






 

domingo, 6 de agosto de 2017

Japão recorda lançamento da bomba de Hiroshima



Primeiro ataque atômico da história ocorreu há 72 anos. Governo da cidade faz apelo por fim das armas nucleares, em cerimônia com a presença de representantes de 80 nações e da União Europeia.

A cidade japonesa de Hiroshima recordou neste domingo (06/08) o 72º aniversário do primeiro ataque nuclear da história com uma cerimônia em que foram feitos apelos ao desarmamento nuclear.

O ato aconteceu no Parque da Paz da cidade, que fica no oeste do Japão, e incluiu um minuto de silêncio às 8h15min locais (20h15 deste sábado no Brasil). Essa foi a hora exata na qual um bombardeiro B-29 da Força Aérea dos Estados Unidos lançou, no dia 6 agosto de 1945, o "Little Boy", como foi chamada a primeira bomba atômica usada num ataque contra civis e militares.

DESARMAMENTO
Após o minuto de silêncio, o prefeito da cidade, Kazumi Matsui, pediu a todos os líderes mundiais que apoiem o tratado adotado por 122 membros das Nações Unidas no começo do mês para proibir as armas nucleares, o primeiro deste tipo a nível global.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, evitou mencionar diretamente o tratado durante o seu discurso, ainda que tenha destacado a necessidade de que tanto as potências nucleares como os demais países "se engajem para se chegar a um mundo verdadeiramente livre de armas atômicas".

"O Japão está decidido a liderar a comunidade internacional, mantendo os seus princípios de não produzir ou possuir armas nucleares nem de permitir a sua entrada em território nacional, e pedindo a todos os países para tomar medidas similares", disse Abe.
Em março passado, o número total de hibakusha, ou sobreviventes dos ataques nucleares de Hiroshima e Nagasaki, era de 164.621, comparado com os 372.264 que havia em 1980, e a  idade média era de 81,41 anos.

OS ATAQUES NUCLEARES A HIROSHIMA E NAGASAKI

Vista aérea da cidade de Hiroshima, Japão, após o bombardeio atômico em 6 de agosto de 1945 durante a Segunda Guerra Mundial. A cidade foi praticamente destruída.
Ataques às duas cidades japonesas em 1945 são os únicos usos de armas nucleares numa guerra. No aniversário dos bombardeios, pessoas ao redor do mundo relembram, todos os anos, suas consequências devastadoras.

O PRIMEIRO ATAQUE
Em 6 de agosto de 1945, o avião Enola Gay lançou, sobre Hiroshima, a primeira bomba nuclear da história. A bomba carregava o inocente apelido de "Little Boy". A cidade tinha então 350 mil habitantes. Um em cada cinco morreu em questão de segundos. Hiroshima foi praticamente varrida do mapa.

O ENOLA GAY
O ataque a Hiroshima estava planejado para acontecer em 1 de agosto de 1945, mas teve que ser adiado devido a um tufão. Cinco dias depois, o Enola Gay partiu com 13 tripulantes a bordo. A tripulação só ficou sabendo durante o voo que lançariam uma bomba atômica.

O SEGUNDO ATAQUE
Três dias depois do ataque a Hiroshima, os americanos lançaram uma segunda bomba, sobre Nagasaki. A cidade de Kokura era o alvo original do ataque, mas o tempo nublado fez com que os americanos mudassem seus planos. A bomba apelidada de "Fat Man" tinha uma potência de 22 mil toneladas de TNT. Estima-se que 70 mil pessoas morreram até dezembro de 1945.

ALVO ESTRATÉGICO
Em 1945, Nagasaki era sede da Mitsubishi, então fábrica de armas responsável por desenvolver os torpedos usados no ataque a Pearl Harbor. No entanto, apenas alguns soldados japoneses estavam baseados na cidade. A má visibilidade não possibilitou um ataque direto contra os estaleiros da fábrica.

AS VÍTIMAS
Durante meses após os ataques, dezenas de milhares de pessoas morreram por causa dos efeitos das explosões. Somente em Hiroshima, até o fim de 1945, 60 mil pessoas morreram por conta da radiação, de queimaduras e outros ferimentos graves. Em cinco anos, o número estimado de vítimas dos dois bombardeios atômicos é de 230 mil pessoas.

TERROR NO FIM DA GUERRA
Depois de Hiroshima e Nagasaki, muitos japoneses temeram um terceiro ataque, a Tóquio. O Japão declarou então sua rendição, pondo fim à Segunda Guerra também na Ásia. O então presidente americano, Harry Truman, ordenou os bombardeios. Ele estava convencido de que essa era a única maneira de acabar com a guerra rapidamente. Para muitos historiadores, no entanto, os ataques foram crimes de guerra.

A RECONSTRUÇÃO
Devastada, Hiroshima foi reconstruída do zero. Apenas uma ilha, no rio Ota, foi mantida e se tornou o Parque Memorial da Paz. Hoje, há uma série de memoriais: o Museu Memorial da Paz de Hiroshima; a Estátua das Crianças da Bomba Atômica; as Ruínas da Indústria e Comércio; e a Chama da Paz, que vai permanecer acesa até a última bomba atômica do planeta ser destruída.

CONTRA O ESQUECIMENTO
Desde 1955, o Museu da Bomba Atômica e o Parque da Paz de Nagasaki prestam homenagem às vítimas dos ataques. No Japão, a reverência às vítimas desempenha um grande papel na cultura e na identidade nacional. Hiroshima e Nagasaki se tornaram símbolos mundiais dos horrores das armas nucleares.

DIA PARA RELEMBRAR
Desde os ataques de agosto de 1945, as pessoas em todo o mundo lembram as vítimas dos bombardeios atômicos. Em Hiroshima, acontece anualmente um memorial. Sobreviventes, familiares, cidadãos e políticos se reúnem para um minuto de silêncio. Muitos japoneses estão engajados contra o desarmamento nuclear. Fonte: Deutsche Welle - Data 06.08.2013

quarta-feira, 15 de março de 2017

Conflito na Síria completa seis anos

Em 15 de março de 2011, a revolta tomou as ruas das principais cidades do país, em um chamado "dia de fúria" que marca o início do conflito na Síria. Nos dias seguintes, o Exército começou a reprimir brutalmente os manifestantes, matando dezenas.
O que começou como um levante popular contra um regime autoritário se transformou em uma tragédia humanitária de proporções históricas.
Nesta quarta-feira  (15), a guerra na Síria completa seis anos, acumulando mais de 470 mil mortos e 11,2 milhões de pessoas forçadas a deixar suas casas. Destas, 4,9 milhões buscaram asilo em outros países, alimentando a crise global de refugiados.
O país segue em um atoleiro de violência sem perspectivas de paz no horizonte. Representantes de grupos rebeldes e do regime sírio reúnem-se periodicamente em negociações patrocinadas por potências mundiais, mas fracassam em encontrar uma solução política para além de tréguas temporárias.

CRONOLOGIA
Março de 2011-Protestos contra o ditador Bashar al-Assad são reprimidos
Julho de 2012-Rebeldes tomam o controle de Aleppo, principal centro comercial do país
Setembro de 2013-ONU aponta uso de armas químicas em ataque próximo a Damasco que deixou 300 mortos
Junho de 2014- Estado Islâmico proclama "califado" em partes da Síria e do Iraque
Setembro de 2014 - Começam ataques aéreos de coalizão liderada pelos EUA contra posições do EI
Setembro de 2015-Rússia começa bombardeios na Síria em defesa de Assad
Agosto de 2016-Exército turco invade norte da Síria para combater o EI e conter avanço dos curdos
Dezembro de 2016 - Após meses cercados pelo regime, rebeldes são expulsos de Aleppo
Fonte: Folha de São Paulo - 15/03/2017 02h00

Comentário:

PAÍSES ENVOLVIDOS NO CONFLITO:

SÍRIA
Quanto às alianças externas, Assad conta com o apoio do Irã,  do grupo libanês Hezbollah e de milícias do Iraque, formando um “eixo xiita” no Oriente Médio.

EUA
Opõe-se a Assad e ao "EI" e apoia grupos rebeldes moderados.

RÚSSIA
Opõe-se ao "EI" e outros rebeldes, mas apoia Assad. O Kremlin tem sido um aliado constante do regime sírio, mesmo antes do início do conflito. Além de um comprador importante para sua indústria bélica, a Rússia tem um interesse estratégico na Síria: mantém a base naval de Tartus, sua única no Mar Mediterrâneo.

IRÃ
Opõe-se ao "Estado Islâmico" e militantes islâmicos de orientação sunita. Apóia o governo de Assad. O país segue a tradição xiita do Islã.

ARÁBIA SAUDITA
Opõe-se a Assad. Apóia os rebeldes sunitas.
A Arábia Saudita é um dos principais financiadores de rebeldes de orientação sunita, incluindo alguns mais radicais. Outros países árabes que fazem parte da coalizão liderada pelos EUA são Catar, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Jordânia.

TURQUIA
Apoia a coalizão liderada pelos EUA e também grupos rebeldes. Opõe-se ao regime de Assad e a separatistas curdos. Turquia, país muçulmano também de maioria sunita, é outra potência regional envolvida no conflito sírio.

REBELDES
Longe de compor uma frente comum homogênea, os rebeldes presentam mais de 40 facções armadas, com entre 100 e 1.500 combatentes cada uma.