Rota permite agora a passagem de navios com até 14 mil
contêineres. Antes, o máximo eram 4.400. Obra durou nove anos e custou 5,4
bilhões de dólares.
O presidente panamenho, Juan Carlos Varela, inaugurou neste
domingo (26/06) a ampliação do Canal do Panamá, permitindo a passagem do navio
chinês Cosco Shipping Panama. Varela descobriu uma placa comemorativa durante
um ato solene do qual participaram também familiares dos sete operários mortos
durante as obras de ampliação, que duraram nove anos.
CANAL É O ORGULHO DO PANAMÁ
O megaprojeto se tornou necessário devido ao tamanho cada
vez maior dos navios de carga e custou 5,4 bilhões de dólares. Agora podem
cruzar a rota, que une o Atlântico ao Pacífico, os navios Post Panamax, que
transportam até 14 mil contêineres. Antes, o máximo possível eram navios de até
4.400 contêineres.
As obras começaram em 2007 e deveriam estar concluídas em
2014, mas disputas sobre os custos e greves atrasaram o projeto. A principal
empreiteira, o Grupo Unidos por el Canal (GUPC, liderado pelo grupo espanhol
Sacyr Vallehermoso) assinou em 2009 um contrato de 3,1 bilhões de dólares, mas
reclama cerca de 3,4 bilhões devido a custos adicionais.
"Essa rota de trânsito é a ponta do iceberg de um ambicioso
plano destinado a converter o Panamá no centro logístico das Américas e
representa uma oportunidade significativa para os países da região de melhorar
suas infraestruturas, fazer crescer suas exportações e ativar seu crescimento
econômico em conjunto com o nosso país", afirmou o administrador do canal,
Jorge Quijano.
REVITALIZAÇÃO DO COMÉRCIO MUNDIAL
O Canal do Panamá representa aproximadamente 5% do comércio
mundial, e com essa ampliação é estimado um aumento de 3% no volume de cargas
que passam por lá.
Mesmo que 60% do tráfego do Canal do Panamá comece ou
termine nos portos dos Estados Unidos, terá um impacto direto e notável no
comércio entre a Ásia e a Costa Leste dos EUA, de acordo com previsões da
Maersk, a companhia naval dinamarquesa, uma das maiores do mundo.
“A expansão nos dá mais opções, mais notadamente para nossas
rotas entre a Ásia e a América do Sul e entre a Ásia e a Costa Leste dos
Estados Unidos. É provável que a Maersk Line utilize mais o Canal do Panamá
ampliado ajustando alguns serviços com barcos maiores para começar a navegar
através de suas novas eclusas”, diz Anders Boenaes, diretor da Maersk Line.
Também se pretende vender a ampliação do canal como um
projeto verde, que economizará milhares de toneladas de CO2. Os responsáveis pela
obra dizem que ao permitir a entrada de barcos maiores se evitam viagens e,
portanto, emissões. Além disso, defendem que o canal economiza até 15 dias em
relação a outros trajetos como os que passam pelo Canal de Suez.
E se uma considerável área florestal e de selva foi
desmatada, foram reflorestados 2.800 hectares em outras áreas do país, o triplo
das que foram destruídas pela obra, segundo o responsável pelo meio-ambiente da
ACP, Carlos Vargas. Deutsche Welle e El País - Data 26.06.2016