sábado, 1 de fevereiro de 2020

Auschwitz celebra 75 anos de sua liberação

Autoridades de 50 países participam da solenidade no antigo campo de concentração na Polônia, em meio a temores pelo aumento do antissemitismo. "Precisamos tomar cuidado para que não volte a acontecer", diz sobrevivente.

Mais de 200 sobreviventes do Holocausto e delegações de mais de 50 países se reuniram nesta segunda-feira (27/01) no antigo campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, para marcar o 75º aniversário de libertação do local, no fim da Segunda Guerra Mundial. A cerimônia ocorre em meio a temores de vários países em relação ao crescente antissemitismo.

Dezenas de sobreviventes, acompanhados de filhos, netos, bisnetos e outros familiares, atravessaram o portão de ferro com a inscrição Arbeit macht frei ("o trabalho liberta"), pelo qual as vítimas passavam antes de serem assassinadas.
Muitos usavam gorros e lenços listrados de azul e branco, simbolizando os uniformes usados pelos prisioneiros. O presidente polonês, Andrzej Duda, também participou da caminhada e depositou flores perto do "muro da morte".

"Precisamos forjar o futuro do mundo com base em uma compreensão profunda do que aconteceu há mais de 75 anos no coração da Europa e no que as testemunhas oculares continuam nos relatando", escreveu Duda em comunicado divulgado antes do evento.
"A verdade sobre o Holocausto não deve morrer. Não cessaremos nossos esforços para fazer o mundo se lembrar desse crime. Para que nada disso aconteça novamente."
Mais de 1 milhão de pessoas, a maioria judias, foram mortas pelos nazistas em Auschwitz. Cerca de 900 mil foram assassinadas em câmaras de gás logo após a chegada ao campo.

CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE AUSCHWITZ
Soldados soviéticos entraram no campo de concentração de Auschwitz em 27 de janeiro de 1945. Encontraram ali prisioneiros em condições precárias, sem forças para andar. Além de resgatá-los, os militares levaram também caixas de documentos do campo.

Assim, pastas com fichas de prisioneiros, chamadas de "livros da morte", foram preservadas, mas o conteúdo delas só seria revelado em 1991, após o fim da União Soviética.

A busca por novas informações sobre o Holocausto foi constante ao longo das últimas sete décadas. Nesta segunda (27), celebra-se o aniversário de 75 anos da liberação de Auschwitz, complexo onde mais de 1 milhão de pessoas foram mortas, centenas de milhares foram condenadas a trabalhos forçados e que se tornou símbolo da luta para evitar novos genocídios.

A existência dos campos de concentração para judeus já era citada pela imprensa americana e britânica a partir de 1942, mas, em meio ao noticiário da Segunda Guerra, com suas batalhas diárias em várias frentes, o assunto aparecia de modo lateral.

A partir de 1944, conforme os Aliados avançavam em direção a Berlim, os campos de concentração foram descobertos pelo caminho. Os soldados encontram pilhas de corpos queimados, valas comuns e prisioneiros muito doentes.

No entanto, relatos e imagens feitas pelos correspondentes de guerra sofreram controle por parte dos governos. Na França, por exemplo, autoridades não queriam alarmar as famílias sobre o destino dos parentes enviados a combates.

Essa postura mudaria radicalmente a partir de 12 de abril de 1945. Naquele dia, o general americano Dwight Eisenhower, comandante dos Aliados na Europa, visitou o então recém liberado campo de Ohrdruf, na Alemanha.

Ali, Eisenhower ficou chocado ao ver pilhas de corpos com tiros na cabeça, entre outras cenas fortes, e decide retirar todas as restrições à divulgação dos fatos. Além disso, convida congressistas e jornalistas a visitar os campos.

Houve então uma apuração detalhada, com registros em fotos e filmes, que seria usada nos julgamentos de Nuremberg. Os depoimentos durante as audiências, realizadas a partir do final de 1945, trouxeram novos detalhes sobre as atrocidades. Na época, livros com relatos de prisioneiros começaram a ser lançados.

Depois de Nuremberg, foi criado o conceito de crimes contra a humanidade, como saída para uma questão: muitos oficiais nazistas tentaram se defender dizendo que apenas seguiam ordens. A mudança na lei internacional passou a permitir a responsabilização dos executores de extermínios em massa, sem subterfúgios.

Nos anos 1960, houve um novo julgamento de nazistas, e novos fatos. A partir de 1970, historiadores israelenses buscam mudar a forma como se registra a memória do que ocorreu.

"Passou-se a valorizar mais as histórias individuais, em vez de citar os grandes números. No lugar de mostrar uma pilha de sapatos, conta-se a história de um par e de quem foi seu dono", explica Carlos Reiss, coordenador-geral do Museu do Holocausto de Curitiba.

Nas últimas décadas, conforme o prazo de sigilo de documentos oficiais de vários países expirava, historiadores vão desvendando como várias nações e instituições se comportaram em relação ao Holocausto. Fonte: Folha de São Paulo,  Deutsche Welle-27.01.2020



Imagens muito fortes, Campo de Concentração de Ohrdruf,


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