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domingo, 30 de novembro de 2025

Fome à americana: 47 milhões nos EUA vivem sem saber se terão o que comer

Nos Estados Unidos, 47,4 milhões de pessoas vivem na incerteza diária sobre a próxima refeição, segundo dados oficiais de 2023 e 2024.

Enquanto o Brasil tem 54,7 milhões de pessoas sem saber se terão o que comer, os EUA —com economia 13 vezes maior— exibem um contingente semelhante de vulneráveis.

De tamanho comparável ao Bolsa Família, o Snap teve repasses afetados durante os 43 dias do "shutdown", entre 1º de outubro e 12 de novembro, quando o governo dos EUA parou por falta de acordo orçamentário no Congresso.

"Há uma polarização no mercado de trabalho: há vagas que tornam alguém riquíssimo e muitos empregos que pagam muito pouco diante custo de vida nos EUA", diz Luke Shaefer, professor de políticas públicas da Universidade de Michigan e um dos principais especialistas do país em pobreza e bem-estar social.

Segundo ele, até o ano passado o Snap era um raro exemplo de programa social bem-sucedido em um país conhecido pela precariedade de sua rede de proteção.

O salário mínimo federal está congelado em US$ 7,25 a hora desde 2009. Nesse período, os custos básicos dispararam. Entre 2011 e 2024, o preço médio das casas saltou mais de 86% —de US$ 225 mil para US$ 419 mil…

 A retomada dos repasses do Snap no último dia 12 não significa que o problema acabou para quem depende do benefício.

ESPECIALISTAS DIZEM QUE A TENDÊNCIA NOS EUA É QUE MAIS PESSOAS DEPENDAM DO SNAP.

Hoje são cerca de 42 milhões de beneficiários (1 a cada 8 americanos), a um custo de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 533 bilhões). Em média, o repasse foi de US$ 190 por mês (cerca de R$ 1.000).

No Brasil, o Bolsa Família atendeu em novembro 48,6 milhões de pessoas (cerca de 1 a cada 4 brasileiros) —o menor patamar de participantes em três anos.

O benefício médio ficou em R$ 683. O orçamento reservado para este ano é de R$ 158,6 bilhões.

Embora ambos visem reduzir fome e pobreza, Snap e Bolsa Família têm critérios diferentes. Nos EUA, o benefício só pode ser usado para comprar alimentos.

No Brasil, o objetivo é a transferência de renda, e a família decide como gastar —em comida, remédios ou material escolar, por exemplo.

O Bolsa Família cobra contrapartidas de frequência escolar e acompanhamento de saúde, inexistentes no programa americano.

Por outro lado, o Snap exige que adultos beneficiários comprovem um certo período de horas mensais trabalhadas, ainda que de modo voluntário.

Trump não esconde o interesse em cortar o Snap, ação que já começou com a aprovação em julho da lei orçamentária "One Big Beautiful Bill Act" (em tradução livre, "Uma Grande e Bela Lei"), que impôs regras mais rígidas ao programa.

Os critérios para receber o benefício variam de estado para estado, mas, basicamente, é preciso comprovar renda abaixo de determinado limite.

O que muda no Snap com Trump

·        Trabalho obrigatório: adultos de 18 a 64 anos sem emprego ou atividade qualificada por 80h/mês só recebem benefício a cada período de três anos.

·        Benefícios menores: famílias sem idosos ou deficientes terão menos ajuda. Isenção para cuidadores vale só para crianças menores de 14 anos.

·        Imigrantes afetados: refugiados, asilados e pessoas com proteção humanitária têm elegibilidade limitada ou eliminada.

·        Especialistas consideram a exigência de 20 horas de trabalho por semana inexequível em algumas regiões e estimam que milhões perderão o benefício.

 Fonte: UOL, em Washington (EUA)-29/11/2025 

 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

FAO: pandemia levou 118 milhões de pessoas a passar fome em 2020

 A pandemia de covid-19 contribuiu para o agravamento da fome em todo o mundo. É o que aponta o relatório anual O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, divulgado hoje (12) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). De acordo com o estudo, em 2020, entre 720 milhões e 811 milhões de pessoas passaram fome em todo o mundo. Segundo o documento, desse total, mais de 118 milhões de pessoas começaram a passar fome no ano passado em razão da pandemia.

O relatório informa que, entre as pessoas que começaram a passar fome no ano passado, 14 milhões vivem na América Latina e no Caribe. Na África, o número dos que começaram a passar fome aumentou em 46 milhões em relação ao observado em 2019. Na Ásia, foram 57 milhões de pessoas a mais em comparação com o apurado em 2019.

O combate à desnutrição e à má nutrição, em todas as suas formas, continua sendo um desafio, diz o estudo da FAO, ao informar que, em todo o mundo, cerca de 30% das mulheres de 15 a 49 anos padecem de anemia e que a maioria das crianças desnutridas com menos de 5 anos vive na África e na Ásia. Essas regiões são o lar de nove em cada 10 crianças com atraso de crescimento, nove em cada 10 com peso abaixo do previsto para a idade e de sete em cada 10 com excesso de peso. A maioria das crianças desnutridas vive em países afetados por múltiplos fatores, como conflitos internos, desastres ambientais, crises econômicas, destaca o relatório.

O estudo da FAO ressalta ainda que o número de pessoas subalimentadas está aumentando, o progresso em relação ao atraso do crescimento infantil diminuiu e o sobrepeso e a obesidade em adultos aumentaram tanto nos países ricos quanto nos países pobres. O documento diz também que a situação poderia ter sido pior se diversos países não tivessem adotado medidas de proteção social, como o pagamento de auxílio emergencial.

 “O efeito da pandemia covid-19 em 2020 ainda não pode ser totalmente quantificado, mas estamos preocupados que muitos milhões de crianças menores de 5 anos tenham sido afetadas por nanismo (149,2 milhões), definhamento (45,4 milhões) ou acima de peso (38,9 milhões). A desnutrição infantil continua a ser um problema, especialmente na África e na Ásia. A obesidade em adultos continua a aumentar, sem sinais de mudança de tendência global ou regional”, diz o documento da FAO. De acordo com o relatório, o esforço para erradicar a desnutrição em todas as suas formas foi prejudicado, inclusive em razão dos efeitos negativos sobre os hábitos alimentares durante a pandemia.

 “Em termos de saúde, a interação entre a pandemia, a obesidade e as doenças não transmissíveis relacionadas à alimentação mostrou que é urgente garantir o acesso a dietas saudáveis e acessíveis para todos”, diz o relatório.

Elaborado em conjunto com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Programa Alimentar Mundial (PAM) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), o documento alerta ainda para o fato de que, com base na tendência atual, o mundo não deve cumprir a meta de acabar com a fome até 2030. De acordo o relatório, a fome mundial diminuirá lentamente para menos de 660 milhões em 2030. O número, entretanto, é superior em 30 milhões a mais de pessoas do que o esperado até 2030, o que aponta para a existência de efeitos duradouros da pandemia na segurança alimentar do mundo.

Para combater esse cenário, a FAO diz que os governos devem, entre outros pontos, fortalecer a capacidade econômica das populações mais vulneráveis; promover intervenções ao longo das cadeias de abastecimento de alimentos para reduzir o custo de alimentos nutritivos; combater a pobreza e as desigualdades estruturais; fortalecer os ambientes alimentares e promover mudanças no comportamento do consumidor para a promoção de hábitos alimentares com efeitos positivos na saúde humana e no meio ambiente; além de investir na integração de políticas humanitárias, de desenvolvimento e construção da paz em áreas afetadas por conflitos. Fonte: Agência Brasil - Brasília- 12/07/2021 - 15:28