sábado, 16 de abril de 2022

Coronavírus: Lockdown total para 25 milhões gera frustração em Xangai

Enquanto governo defende política de tolerância zero contra mais grave surto de covid-19 desde 2020, moradores criticam dificuldade para obter comida, hospitais sobrecarregados e separação de pais e filhos em quarentena.

A mais recente onda de covid-19 em Xangai também levou dezenas de milhares de pessoas a serem colocadas em quarentena em locais de isolamento designados pelo governo. A cidade transformou vários hospitais, ginásios, prédios de apartamentos e outros locais em instalações para quarentena.

Para controlar as infecções, a cidade impôs um lockdown total a partir de 28 de março. Ele deveria ter terminado na última terça-feira (05/04), mas foi estendido por tempo indeterminado.

Na segunda-feira, as autoridades haviam reportado 8.581 casos assintomáticos e 425 sintomáticos de covid-19. Apesar das drásticas medidas, nesta sexta-feira foram contabilizadas 20.398 novas infecções, 824 delas sintomáticas.

CAMPANHA PARA TESTAGEM EM TODA A CIDADE: Outra medida implementada na cidade, a partir da última segunda-feira, é uma campanha para realizar testes de PCR em todos os residentes, após uma campanha de autotestes promovida no domingo, por meio de testes rápidos de antígenos.

O governo enviou o Exército e milhares de profissionais de saúde para Xangai para ajudar a realizar os testes. No domingo, o Exército de Libertação do Povo enviou mais de 2 mil médicos de todo o setor militar, marinha e forças conjuntas de apoio logístico para a cidade, noticiou um jornal das Forças Armadas.

É a maior reação da saúde pública da China desde que o país enfrentou o surto inicial de covid-19 em Wuhan, onde o novo coronavírus foi detectado pela primeira vez no final de 2019.

O surto em Xangai é um teste para a estratégia chinesa de tolerância zero contra a covid-19, que busca a eliminação do vírus com base em testes, rastreamento e quarentena de todos os casos positivos e seus contatos próximos.

Apesar das crescentes dificuldades em aplicar essa rígida política, alguns especialistas dizem que a China provavelmente se manterá fiel a ela no futuro.

"As autoridades sanitárias chinesas sabem que não estão preparadas para mudar a estratégia a curto prazo, devido a uma população idosa não totalmente vacinada, infraestrutura de saúde debilitada e falta de comunicação e preparativos psicológicos", afirma Xi Chen, professor adjunto de Política de Saúde e Economia na Escola de Saúde Pública de Yale, nos Estados Unidos.

FRUSTRAÇÃO NAS REDES SOCIAIS: Nas redes sociais, há intensas reclamações de parte da população devido à dificuldade em comprar comida, medicamentos e outros itens básicos.  

LOCKDOWN É DESAFIO PARA PACIENTES COM OUTRAS DOENÇAS: Com o sistema de saúde de Xangai sobrecarregado, pacientes com outras enfermidades, ao chegarem aos hospitais, têm sido mandados de volta para casa.Todos os médicos dos hospitais de Xangai estão sobrecarregados.

INDIGNAÇÃO PÚBLICA QUANTO À SEPARAÇÃO DE PAIS E FILHOS: As autoridades de Xangai também têm sido duramente criticadas nos últimos dias por separarem à força crianças contaminadas com covid-19 de seus pais, usando regras de prevenção à pandemia  como argumento.

GOVERNO DEFENDE A POLÍTICA: Outros residentes de Xangai disseram que os hospitais só concordaram em deixar os pais acompanharem seus filhos no local de quarentena depois que muitas crianças foram admitidas e não havia enfermeiras suficientes para cuidar delas.

Na segunda-feira, autoridades sanitárias de Xangai defenderam a política. "Crianças menores de sete anos receberão tratamento em um centro de saúde pública. Quanto a crianças mais velhas ou adolescentes, estamos principalmente isolando-as em centros [de quarentena]", disse Wu Qianyu, um funcionário da Comissão Municipal de Saúde de Xangai, segundo informou a agência de notícias AFP.

POR QUANTO TEMPO MAIS A CHINA PODE MANTER A TOLERÂNCIA ZERO?         Apesar dos desafios, a China continua comprometida com a sua política de tolerância zero contra a covid-19, ao menos até o momento. O presidente chinês, Xi Jinping, estimulou a população a conter o surto o mais rápido possível.

No último sábado, o vice-primeiro-ministro, Sun Chunlan, que foi enviado a Xangai pelo governo, também incentivou a cidade a "tomar medidas firmes e rápidas" para conter a pandemia.

No entanto, Mei-Shang Ho, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da Academia Sinica em Taiwan, acredita que as chances de a China erradicar o vírus internamente são próximas de zero. "De uma perspectiva científica, é impossível apoiar a abordagem do governo chinês por meio de uma análise racional", disse ela à DW.

"Em vez de usar vacinas para ajudar a reduzir o índice de casos graves e mortes, a China está usando uma política de tolerância zero. É apenas uma medida temporária quando um governo espera por melhores soluções, mas ainda não está claro que melhor solução o governo chinês está esperando", acrescentou.

Xi Chen, da Escola de Saúde Pública de Yale, disse que os formuladores de políticas chinesas não parecem dispostos a suportar o enorme preço da reabertura: "Será muito problemático nos mantermos cegamente fiéis ao princípio de tolerância zero sem pensar em uma estratégia mais sustentável. Mas será igualmente problemático discutir 'conviver com o vírus' sem se preparar melhor para isso." Fonte; Deutsche Welle - 08/04/2022 8 de abril de 2022

Comentário:  COVID-19 na China

Casos confirmados: 178.764

Óbitos: 4.638  

Recuperados: 148.170

Casos ativos: 25.956

Fonte: Worldometer - Last updated: April 16, 2022, 22:56 GMT

População: Em 2021, 1,41 bilhão conforme dados de  National Bureau of Statistics of China in January 2022,  .

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