quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Coronavírus: Antes de dezembro e por menos de 800 reais, vacina chinesa

PROJETO DA SINOPHARM
Na corrida global para desenvolver uma vacina contra a Covid-19, a China está na liderança e cada vez mais perto de alcançar a meta. Depois de as autoridades do país concederem na segunda-feira a primeira patente para o projeto que avança mais rápido, nesta terça foram divulgados novos detalhes sobre outra promissora linha de pesquisa. A vacina experimental em que trabalha o Grupo Farmacêutico Nacional Chinês (Sinopharm), poderia estar pronta para ser comercializada antes do final do ano, “provavelmente em dezembro”, segundo seu presidente, Liu Jingzhen.

 “Não será muito cara”, acrescentou o executivo em declarações citadas pelo jornal local Guangming Daily. “Esperamos que custe algumas poucas centenas de yuans por injeção, por isso o tratamento completo [com duas doses] deveria custar menos de 1.000 (800 reais)”. Entretanto, Liu não esclareceu se a saúde pública chinesa cobrirá parte do custo do tratamento, ou se ele será incluído no programa gratuito de vacinação pública. “Nem toda a população chinesa terá que se vacinar”, esclareceu, estabelecendo que os estudantes e os trabalhadores das grandes cidades terão prioridade.

O projeto da Sinopharm, desenvolvido junto ao Instituto de Virologia de Wuhan e o Instituto de Produtos Biológicos da mesma cidade – filial da empresa National Biotec Group Company – já concluiu as duas primeiras fases de ensaios clínicos. Na própria segunda-feira, anunciou ter registrado por enquanto dados positivos, os quais foram citados na JAMA (revista da Associação Medica Americana).

Em um comunicado compartilhado com o tabloide oficial Global Times, a instituição informou que os 1.120 voluntários que receberam a vacina na primeira e segunda fases de ensaios geraram anticorpos contra a Covid-19 após duas doses. “A vacina demonstrou ser efetiva e segura”, afirmava o texto. Segundo os cientistas, o produto induziu eficazmente à geração de anticorpos neutralizantes e demonstrou uma boa imunogenicidade – a capacidade de desencadear uma reação imunológica. O trabalho de pesquisa também avaliou a segurança do composto e concluiu que não foram observadas reações adversas graves. As mais comuns se limitaram a dor no lugar da injeção, seguida de febre, ambas em forma leve.

PRIMEIRA E SEGUNDA FASES DE ENSAIOS
1.120 voluntários que receberam a vacina na primeira e segunda fases de ensaios geraram anticorpos contra a Covid-19 após duas doses

TERCEIRA E ÚLTIMA ETAPA DE TESTES
Agora começará a terceira e última etapa de testes numa quantidade maior de indivíduos, a ser levada a cabo nos Emirados Árabes Unidos, com o propósito de reunir provas médicas que confirmem sua eficácia e deste modo obter a aprovação final das entidades reguladoras. O calendário antecipado pela Sinopharm estabelece que esta terceira fase poderia terminar já neste mês, sendo seguida de uma observação médica em setembro, cujos dados definitivos seriam divulgados em outubro. A vacina poderia receber então a autorização oficial e começar sua distribuição no mesmo mês. Conforme detalhava o veículo oficial, sua fábrica em Pequim é o maior centro de manufatura de vacinas contra a Covid-19 do mundo, à qual se soma um segundo complexo em Wuhan. Por isso, a firma estaria em condições de produzir 200 milhões de dose por ano, o que permitiria imunizar 100 milhões de pessoas nesse período.

O novo avanço foi revelado depois que, na segunda-feira, o Escritório de Propriedade Intelectual da China registrou a patente da primeira vacina contra a Covid, correspondente ao projeto desenvolvido pelo laboratório CanSino e pelas Forças Armadas do país. Os resultados deste projeto, descritos como “animadores”, foram submetidos a escrutínio numa pesquisa publicada no fim de julho pela revista The Lancet – diferentemente do projeto russo, que continua sigiloso. Agora, sua “produção em massa” começará “em breve”, embora ainda não tenham sido anunciadas datas específicas.

O REGISTRO INTERNACIONAL DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)
Os demais países, enquanto isso, continuam com seus esforços. O registro internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) já contabiliza 167 vacinas experimentais contra a Covid, sendo 29 em fase de avaliação clínica, e 6 na última etapa de experimentação. Na linha de frente está a empresa norte-americana Moderna, que no começo deste mês antecipou que sua vacina custará entre 30 e 32 dólares (165 a 175 reais) quando chegar ao mercado. Além disso, o Governo dos Estados Unidos chegou em julho a um acordo para que a solução desenvolvida pela Pfizer e por seu sócio BioNTech seja inoculada em 50 milhões de cidadãos seus, por um preço unitário de 40 dólares. A corrida pela vacina se aproxima do final, mas o desafio depois será a produção e comercialização em escala mundial: cruzar a linha de chegada às vezes é só o começo. Fonte: El País - Pequim - 18 AGO 2020 

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