A economia da zona do euro
registrou no segundo trimestre deste ano uma queda histórica devido à crise
provocada pela pandemia de covid-19, anunciou na sexta-feira (31/07) o Serviço
Europeu de Estatística (Eurostat). De abril a junho, o Produto Interno Bruto
(PIB) da zona formada por 19 países caiu 12,1% em relação ao trimestre
anterior.
De acordo com a entidade,
esta é "de longe" a contração mais alta desde o início da série
histórica, em 1995. A Eurostat destacou, porém, que se trata de uma
"estimativa preliminar", que se baseia em dados ainda incompletos, e
que "será revisada".
Pelo menos quatro países da
zona do euro anunciaram quedas recordes em suas economias:
§Espanha (18,5%),
§França (13,8%),
§Portugal (14,1%) e
§Itália (12,4%).
§ Alemanha já havia anunciado (30/7) um declínio de 10,1%.
§Áustria teve um recuo de 10,7%, e a Bélgica, de 12,2%.
Alemanha
É a queda trimestral mais
acentuada desde 1970, quando os registros começaram. O governo alemão prevê a
pior recessão desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Economistas acreditam que a economia se recuperará na segunda metade do ano, desde que o número de infecções não volte a aumentar significativamente. O Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW) prevê um aumento de 3%. No entanto, provavelmente levará dois anos até que a queda histórica seja de fato compensada, disse o diretor de negócios do DIW, Claus Michelsen.
Economistas acreditam que a economia se recuperará na segunda metade do ano, desde que o número de infecções não volte a aumentar significativamente. O Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW) prevê um aumento de 3%. No entanto, provavelmente levará dois anos até que a queda histórica seja de fato compensada, disse o diretor de negócios do DIW, Claus Michelsen.
Segundo o Bundesbank, o banco
central alemão, o ponto mais baixo da atividade econômica foi alcançado em
abril. De acordo com suas previsões, o terceiro e o quarto trimestres deste ano
devem subir significativamente. "O pacote de estímulo econômico mais
recente também contribuirá para isso", escreveram os especialistas no
último relatório mensal.
O governo federal alemão
lançou um pacote de estímulo no valor de 130 bilhões de euros para 2020 e 2021.
ESPANHA
O primeiro-ministro da
Espanha, Pedro Sánchez, se reuniu na sexta-feira com os líderes das regiões
espanholas para discutir como reconstruir a economia da zona do euro mais
afetada pela pandemia e onde investir os bilhões de euros que serão recebidos
de auxílio da União Europeia (UE).
ITÁLIA
A Itália, por sua vez,
enfrenta neste ano a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. De acordo
com o Instituto Nacional de Estatística (Istat), com esse declínio "sem
precedentes", que segue uma contração de 5,4% no primeiro trimestre, o PIB
italiano "registra o menor valor desde o primeiro trimestre de 1995".
Em comparação com o segundo
trimestre de 2019, a queda é ainda mais acentuada e chega a 17,3%. Para a
recuperação econômica, o governo italiano injetará 25 bilhões de euros
adicionais no orçamento de 2020, elevando o déficit público a 11,9% do PIB.
PORTUGAL
Já em Portugal, o PIB no segundo
trimestre retraiu 16,5% quando comparado ao mesmo período de 2019, informou o
Instituto Nacional de Estatística (INE) do país.
Como a economia portuguesa é
muito dependente do turismo, que corresponde a até 15% do PIB, ela foi
fortemente afetada pelas medidas de isolamento. O Banco de Portugal prevê que o
PIB do país vai contrair 9,5% em 2020, a maior recessão em um século. Já o
governo estima que a queda será de 6,9%. No ano passado, o PIB português
cresceu 2,2%.
A pandemia também está
ameaçando a taxa de desemprego de Portugal, que subiu para 7% em junho, ante
5,9% em maio, quando dezenas de milhares de empregos foram perdidos em
decorrência da pandemia.
FRANÇA
Na França, o Instituto
Nacional de Estatística (Insee) disse que o recuo de 13,8% no PIB é o maior
desde que a atividade trimestral começou a ser medida, em 1949. Se comparado
com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 19%.
O instituto também revisou o
PIB do primeiro trimestre, quando os bloqueios começaram a ser implementados,
para uma contração de 5,9%, ante os 5,3% estimados anteriormente. Agora, a
França acumula três trimestres consecutivos de queda e continua em recessão.
O forte declínio da atividade
de abril a junho é, no entanto, menor do que o previsto pela maioria dos
analistas e pelo próprio Insee, que projetava um decréscimo de 17%. "A
evolução negativa do PIB no primeiro semestre de 2020 está relacionada à
interrupção de atividades 'não essenciais' no contexto do confinamento em vigor
entre meados de março e início de maio", afirmou o instituto em
comunicado.
Ao divulgar os números, o
Insee explicou que o ponto mais baixo da economia foi em abril, quando apenas
trabalhadores considerados essenciais puderam exercer suas atividades. De
acordo com o instituto, a atividade começou a aumentar novamente a partir de
maio, quando as autoridades começaram a diminuir as restrições.
MEDIDAS DE ESTÍMULO
O último impacto para a
economia europeia foi o do fechamento das fronteiras, tanto as internas como as
externas. A UE já voltou a reabrir a maior parte de suas fronteiras internas,
mas mantém interrompido o acesso com a maior parte do exterior. Esse bloqueio
inicialmente provocou, novamente, problemas nas cadeias de abastecimento e
inclusive no envio de material sanitário de um país para outro.
Agora, as duas grandes
vítimas são o turismo internacional, o que castiga sobretudo o Mediterrâneo, e
as exportações. Por último, a reação dos países foi desigual, de modo que
enquanto a Alemanha usou sua musculatura para amortecer o golpe, a Espanha deu
uma das respostas mais tímidas da UE, segundo dados do think tank Bruegel.
A recessão, entretanto, será
diferente de todas as demais. Por sua rapidez, sua intensidade e, se nada der
errado, sua brevidade. Os analistas apontam que o dado da França sugere que os
países da zona do euro podem já ter passado pela situação mais grave, o que
abriria caminho para a recuperação. Mesmo assim, a persistência de surtos
locais —que provocam confinamentos parciais— ofuscam esse processo e prejudicam
a atividade, em particular a do turismo do sul da Europa.
Mesmo que a recessão venha a
ficar para trás, a crise não terminou. Bruxelas, temendo um semestre complicado
se os Governos começarem a retirar as redes de segurança oferecidas a empresas
e trabalhadores, prevê que a UE não voltará aos níveis de crescimento
anteriores à pandemia pelo menos até 2022. Em uma Europa onde também esta crise
está sendo vivida em duas velocidades, a Comissão Europeia primeiro prevê a
recuperação do centro do continente, liderada pela Alemanha, e mais tarde do
sul. Fonte: Deutsche Welle-31 07.2020; El País - Bruxelas - 31 JUL 2020 - 09:50
BRT
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