A Organização Mundial da Saúde (OMS) declara o surto de ebola como uma emergência sanitária internacional e decreta medidas para tentar frear a proliferação da doença que já matou cerca de mil pessoas em quatro países africanos. A entidade admite que o surto está fora de controle.
O anúncio foi feito hoje em Genebra, depois de dois dias de reuniões entre os principais especialistas do mundo sobre a doença. Até hoje apenas a pólio e a gripe A haviam sido declaradas como uma emergência internacional. O temor é de que a doença saia do Oeste da África e migre para grandes cidades, inclusive na Europa ou mesmo para centros comerciais do continente africano. Nos últimos dias, empresas como a British Airways e a Emirates deixaram de voar para a região mais afetada.
O primeiro alerta sobre a doença foi dado há cinco meses com os primeiros casos sendo registrados em Conakry, capital da Guinea. Hoje, com 1,7 mil infectados, o surto é o maior já registrado desde que a doença foi descoberta pela primeira vez em 1976 no Sudão e na República Democrática do Congo.
O volume de casos em 2014 é quatro vezes superior ao pior surto já identificado, no ano 2000. O que vem assustando os especialistas ainda é que, ao contrário de casos no passado, o surto parece não perder força e continua se espalhando.Diante desse cenário, o Comité de Emergência da OMS se reuniu para determinar o que fazer a partir de agora.
Entre as recomendações adotadas não está a restrição de viagens aos países mais afetados, como Libéria, Sierra Leoa e Guinea. Apesar de a Nigéria contar com dois mortos e nove suspeitos, a OMS optou por não sugerir a interrupção de viagens ao maior país da África. “Isso teria um impacto econômico grande demais para essas economias”, declarou Chan.
Mas a OMS exige que pacientes ou pessoa contaminadas permaneçam nos países – salvo em casos de autorização para tratamento – e que aeroportos estejam preparados para escanear cada um dos passageiros que tenha um vôo para sair dos países. Pessoas suspeitas de estarem contaminadas ainda devem ficar em isolamento por 30 dias e todos os eventos públicos – como missas e jogos de futebol – devem ser anulados.
Todos os países afetados ainda devem declarar emergências nacionais e, no caso dos demais locais próximos, fronteiras e controles em portos e aeroportos precisam ser reforçados. Aos demais países, como no caso do Brasil, a entidade pede que governos estejam prontos para detectar casos, investigar e isolar suspeitos.
MEDIDAS RECOMENDADAS PARA PAÍSES AFETADOS:
- Declarar emergência nacional e mobilizar recursos do estado para conter a doença
- Presidentes e líderes comunitários devem assumir responsabilidade de comunicar população e orientar
- Garantir segurança física e equipamentos médicos de proteção para médicos e enfermeiras, inclusive pagamento de salários atrasados
- Verificar e escanear cada pessoa com sintomas de febre que sair dos países afetados em aeroportos e portos. Casos suspeitos não devem ser autorizados a deixar o país, salvo com uma determinação do governo.
- Não vai haver um embargo sobre viagens para os países afetados
- Casos suspeitos devem ser isolados por pelo menos 48 horas
- Pessoas contaminadas devem permanecer em isolamento durante 31 dias
- Funerais de pessoas contaminadas devem ser acompanhados por especialistas médicos
- Governos devem negociar com companhias áreas para que vôos não sejam interrompidos
- Eventos como jogos de futebol ou missas devem ser adiadas
MEDIDAS RECOMENDADAS PARA PAÍSES QUE FAZEM FRONTEIRA COM REGIÃO AFETADA:
- Controlar fronteiras e estar pronto para identificar casos suspeitos
- Se um caso for confirmado, estados são orientados a declarar emergência nacional de forma imediata
MEDIDAS RECOMENDADAS PARA RESTO DO MUNDO:
- Governos não devem declarar proibição de viagens aos países afetados
- Governos não devem suspender comércio
- Governos devem garantir informações sobre a doença e o que fazer em caso de contágio
- Autoridades devem estar preparadas para identificar, detectar e administrar um eventual caso de ebola. Isso inclui preparar laboratórios.
- Aeroportos devem estar prontos para lidar com eventuais casos suspeitos.
- Estados devem estar prontos para evacuar das áreas afetadas seus nacionais, caso seja solicitado. Fonte: Estadão-Sexta-Feira 08/08/14