Meio ano se passou desde que
o vírus Sars-Cov-2 foi anunciado na China. O que se sabe até agora sobre a
doença que virou pandemia e já atingiu mais de 11 milhões de pessoas, segundo a
Organização Mundial da Saúde.
As autoridades chinesas
anunciaram pela primeira vez que um novo vírus estava grassando na cidade de
Wuhan na segunda semana de janeiro. Seis meses depois, a DW faz um levantamento
sobre a evolução do vírus Sars-Cov-2 em pandemia e os esforços para debelar a
covid-19:
A ORIGEM
Quando as autoridades
anunciaram a existência do vírus, a primeira infecção de uma pessoa por um
vertebrado já havia acontecido há várias semanas.
Inicialmente, as autoridades
aparentemente tentaram eliminar pistas. Até hoje, não está claro exatamente
quando e onde o vírus passou de um animal para humanos. É possível que a
transmissão tenha acontecido de um morcego para um hospedeiro intermediário,
talvez um cão-guaxinim, e depois para os humanos.
O VÍRUS
Os virologistas chineses
decodificaram as informações genéticas do patógeno em tempo recorde. Já em 21
de janeiro, eles publicaram a estrutura do genoma e, três dias depois, uma
descrição exata do vírus. Isso permitiu que médicos e microbiologistas em todo
o mundo começassem o desenvolvimento de remédios e vacinas.
A característica do vírus é a
enzima conversora de angiotensina ACE-2 (sigla do nome em inglês
"angiotensin-converting enzyme 2"), que está em sua superfície. Essa
proteína é crucial para a ligação à célula hospedeira. Por isso, grande parte
da busca por medicamentos e vacinas concentra-se na forma de tornar esta
proteína ineficaz.
A TRANSMISSÃO
Estudos concluíram que o
vírus se aloja particularmente na garganta e nos pulmões. Os maiores riscos de
contaminação são o contato e aerossóis. Especialmente sistemas de ar
condicionado são perigosos. Também salas fechadas com muitas pessoas devem ser
evitadas. É por isso que as medidas de isolamento, com o fechamento de locais
de entretenimento, o cancelamento de feiras e eventos importantes, também foram
eficazes para conter a epidemia.
As cadeias de infecção
maiores podem ser rastreadas até os chamados eventos de contaminação
super-rápida ("superspreader", do inglês). O uso da máscara bucal foi
adotado em quase todos os países do mundo. No entanto, muitos médicos
questionam se a maioria das pessoas é realmente capaz de usá-la na vida
cotidiana de forma a impedir uma possível transmissão do vírus. Lavar as mãos
com frequência, manter distância de outras pessoas e ventilar os locais em que
nos encontramos continuam sendo medidas importantes.
Mesmo que alguns animais de
estimação, como gatos, possam se contaminar com humanos, eles não desempenham
um papel relevante nas cadeias de infecção.
SINTOMAS E GRUPOS DE RISCO
Inicialmente circulou a tese
de que o novo coronavírus não é mais perigoso do que uma gripe sazonal. Hoje,
no entanto, sabe-se que a covid-19 se assemelha à devastadora gripe espanhola
de 1918. Embora muitas pessoas contaminadas não apresentem sintomas da doença, a
infecção por Sars-Cov-2 pode atingir outros pacientes de forma arrasadora,
causando sua morte. Os grupos de risco são pessoas com doenças anteriores,
idosos, portadores do grupo sanguíneo A e homens.
Patologistas que examinaram
as vítimas de covid-19 confirmaram que pressão alta, diabetes, câncer,
insuficiência renal, cirrose hepática e doenças cardiovasculares estão entre as
doenças pré-existentes mais perigosas.
CURSO DA DOENÇA
Formas leves de covid-19
podem se manifestar como um resfriado. Típicos são dor de garganta, problemas
respiratórios e perda do olfato e do paladar. Por outro lado, os casos mais
graves podem levar a uma falência múltipla dos órgãos. Estes geralmente levam à
septicemia, uma reação exagerada do sistema imunológico, atacando os próprios
tecidos e órgãos.
No decurso grave da doença, é
portanto muito importante de que forma o sistema imunológico reage ao patógeno.
O TRATAMENTO
No início da pandemia de
coronavírus, muitos pacientes graves foram colocados em máquinas respiratórias
precocemente e mesmo assim morreram. Atualmente, as unidades de terapia
intensiva abdicaram da ventilação padrão porque os pneumologistas viram que a
respiração artificial sob pressão nos pulmões mais prejudica do que ajuda.
Enquanto os pacientes
conseguem respirar, eles recebem oxigênio sem serem conectados a um aparelho
respiratório. A intubação é apenas uma opção em emergências extremas.
Em muitos casos, se os rins
forem severamente danificados pela covid-19, torna-se necessária a hemodiálise.
Os cuidados intensivos exigem uma atenção maior também aos outros órgãos
atingidos.
Em clínicas especializadas, a
cura pode ser acelerada com a administração de anticorpos do sangue de
pacientes que se recuperaram de covid-19.
Nesse caso, o sistema imunológico inicia a luta contra o vírus no corpo
do paciente que recebeu o sangue.
Basicamente, após o
tratamento intensivo, os pacientes ainda precisam passar por longas medidas de
reabilitação personalizadas, que também consideram as doenças prévias
específicas e possíveis danos aos órgãos.
A MEDICAÇÃO
O único remédio que consegue
encurtar o curso da doença é o Remdesivir, que por isso ficou muito concorrido
no mercado farmacêutico. Ele consegue reduzir em alguns dias o processo de cura
em pacientes que recebem oxigênio, mas isso não quer dizer que ele aumente as
chances de sobrevivência.
Entre outros medicamentos em
teste estão o anti-inflamatório Dexametasona, o antiviral Avigan e o
medicamento para malária cloroquina. A eficácia e a segurança dos dois
primeiros medicamentos ainda não foram comprovadas de maneira conclusiva, e
ainda existem fortes dúvidas sobre o terceiro.
A VACINA
Pelo menos 160 pesquisas com
vacinas foram iniciadas em todo o mundo até 29 de junho de 2020. Eles são
essencialmente divididos em três tipos de vacina: vacinas vivas, vacinas mortas
e vacinas de ácido ribonucleico (ARN), baseadas em genes.
Este último, no entanto, é um
estudo pioneiro porque ainda não existem vacinas permitidas nesse campo. As
duas candidatas a vacinas aprovadas na Alemanha, da Biontec e CureVac, são
essas vacinas de ARN.
Há ainda uma vacina contra
tuberculose já aprovada, que, no entanto, não é direcionada especificamente
contra o Sars-Cov-2, mas fortalece a imunidade básica inata dos seres humanos.
Cientistas do Instituto Max Planck de Biologia de Infecções, em Berlim, estão
otimizando geneticamente esta vacina.
Segundo informações da
Organização Mundial da Saúde (OMS), no final de junho, cinco vacinas estavam na
primeira fase de testes em humanos em todo o mundo. A fase 1 é a que trata da
segurança da vacina. Sete estão em testes combinados de fase 1 e fase 2, em que
também é testada a resposta imune. E apenas uma vacina já está na fase 3, que
trata de demonstrar a eficácia contra o patógeno na prática.
QUANDO A VACINA CHEGARÁ?
Os otimistas esperam que uma
vacina viável esteja no mercado até o final do ano. Outros acreditam que isso
só acontecerá no próximo ano. De fato, ainda não está claro se e quando será
lançada uma vacina contra a covid-19 que seja adequada ao maior número possível
de pessoas.
Assim que uma vacina é
aprovada, outro desafio é a produção em massa. E aí as vacinas ARN, baseadas em
genes, têm a vantagem de poderem ser produzidas relativamente rápido.
Empresas farmacêuticas
relevantes, como a Serum Institute of India, já estão preparando maiores
capacidades de produção, mesmo que ainda não saibam qual ingrediente ativo irão
fabricar.
QUANDO OCORRE A IMUNIDADE DE
GRUPO?
Cada vez mais gente em volta
do mundo está sendo infectada. No final de junho, eram cerca de dez milhões de
pessoas. Entretanto, a população mundial de 7,8 bilhões de habitantes ainda
está muito longe de uma imunidade relevante.
Também não está claro se os
pacientes recuperados permanecerão imunes ao vírus para sempre, mas ao menos um
teste sanguíneo ou com a saliva podem fornecer clareza sobre se alguém tem a
doença ou se pode contagiar outras pessoas. Fonte: Deutsche Welle-06.07.2020
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