segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Matemático que teve medalha Fields furtada no Rio receberá uma nova

A história da Medalha Fields furtada no Rio de Janeiro vai ter um final feliz. A organização do Congresso Internacional de Matemáticos (ICM, na sigla em inglês) entregará uma nova ao iraniano de origem curda Caucher Birkar, 40, que teve sua medalha, popularmente conhecida como o “Nobel da matemática”, furtada logo após o fim da cerimônia de premiação, realizada na quarta-feira (1º).

A nova láurea será entregue ao matemático neste sábado (4), antes do jantar de gala do ICM, o evento mais importante da matemática, que ocorre pela primeira em um país do hemisfério Sul.
A reparação a Birkar será possível porque, além das quatro medalhas entregues na quarta, existe uma extra, "virgem", na qual será gravado o seu nome. A medalha sobressalente havia sido cunhada junto com as que foram dadas aos vencedores mas seria exposta na sede da União
Internacional de Matemática, em Berlim.

"A medalha Fields é uma celebração da matemática, um momento de alegria, e queremos que o professor Caucher Birkar volte ao seu país com a melhor imagem do Brasil", disse Marcelo Viana, presidente do Comitê Organizador do ICM-2018.
Forjadas em ouro 14 quilates, as medalhas são confeccionadas no Canadá, em um de seus lados, está gravado o rosto de Arquimedes, um dos maiores matemáticos da história. Também há a inscrição em latim "Transire suum pectus mundoque potiri" —que significa "superar os limites da inteligência e conquistar o universo".

No verso da medalha, encontra-se a inscrição, também latina, "Congregati  ex  toto orbe mathematici  ob scripta insignia tribuere". A expressão significa: "Reunidos, matemáticos de todo o mundo a concedem [a medalha] por escritos notáveis".

FURTO
Após receber o prêmio, Birkar o guardou numa pasta. O furto ocorreu enquanto o matemático atendia a pedidos de fotos. Imagens obtidas pela Folha nesta quinta (2) mostram os dois homens considerados suspeitos pela polícia carioca de terem cometido o crime.
As câmeras de segurança do local flagraram o momento em que um dos homens se aproximam da pasta com a medalha enquanto Birkar estava de costas. Ele coloca uma mochila em frente à pasta que guardava a medalha, aparentemente com a intenção de escondê-la. Mais tarde, essa mesma mochila foi encontrada com os documentos do matemático.
O outro homem, que aparece com óculos na cabeça, estava andando e conversando com o rapaz de mochila, e também é considerado suspeito pela polícia.

Para adentrar o recinto onde ocorria a cerimônia era obrigatório portar a credencial do evento ou estar com uma pulseira de convidado. Nas imagens é possível ver que nenhum dos dois portava a credencial.
Birkar é professor na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Ele nasceu no Irã, na cidade curda de Marivan  e estudou matemática na Universidade de Teerã antes de ir para o Reino Unido em 2000. Depois de um ano, ele recebeu o status de refugiado, tornou-se um cidadão britânico e começou seu doutorado no país, na Universidade de Nottingham.
Sua área de pesquisa é geometria algébrica, que, grosso modo, estuda a interconexão entre a geometria e a teoria dos números.

Outros três pesquisadores também receberam a láurea matemática: o italiano Alessio Figalli, 34, o alemão Peter Scholze, 30, e o indiano Akshay Venkatesh, 36. Todos eles agora fazem parte do exclusivíssimo grupo de 56 matemáticos que já receberam a medalha, criada em 1936.
Entre os vencedores anteriores está o brasileiro Artur Avila, que em 2014 tornou-se o primeiro latino-americano a conquistar a honraria.

A medalha Fields é um prêmio de características únicas. É entregue de quatro em quatro anos (junto com os Congressos Internacionais de Matemáticos, também quadrienais) para matemáticos de até 40 anos. A cada edição, saem de duas a quatro medalhas para pesquisadores com feitos extraordinários na carreira.
O cheque que acompanha a Fields é modesto, quando comparado com o do Nobel, que paga cerca de US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 4 milhões). A medalha matemática rende 15 mil dólares canadenses (R$ 43 mil) aos seus laureados.

Além do foco acadêmico, o ICM também terá atividades voltadas à popularização da matemática, abertas ao público, como o ciclo de cinco palestras promovido pelo Impa e pelo Instituto Serrapilheira com matemáticos de destaque internacional e divulgadores da disciplina.

OLIMPÍADA
Nesta quinta, foi realizado, durante o ICM-2018, a entrega das medalhas de ouro da 13ª Olimpíada Brasileira das Escolas Públicas (Obmep). Foram premiados 576 estudantes de todo o país. Organizada pelo Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) é a maior competição científica do mundo. Na última edição, participaram 18,2 milhões de estudantes. Fonte: Folha de São Paulo - 3.ago.2018 

sábado, 11 de agosto de 2018

Françoise Hardy

Françoise Hardy (Paris, 17 de Janeiro de 1944) é uma cantora e compositora francesa, bastante  popular principalmente durante os anos 1960, tornando-se uma das principais representantes do Yé-Yé francês. Fonte: Wikipédia










terça-feira, 7 de agosto de 2018

Escravidão moderna atinge mais de 40 milhões no mundo

Cerca de 40,3 milhões de pessoas em todo o mundo foram submetidas a atividades análogas à escravidão em 2016, segundo um relatório Índice Global de Escravidão 2018, publicado pela fundação Walk Free.

CONCEITO DE ESCRAVIDÃO MODERNA
No contexto do relatório, o conceito de escravidão moderna abrange um conjunto de conceitos jurídicos específicos, incluindo trabalho forçado, servidão por dívida, casamento forçado, tráfico de seres humanos, escravidão e práticas semelhantes à escravidão.

De acordo com o documento, 71% das vítimas são mulheres, enquanto 29% são homens. Das 40,3 milhões de pessoas afetadas, 15,4 milhões estavam em casamentos forçados, enquanto 24,9 milhões se encontravam em condições de trabalho escravo. A Ásia representa 62% da estimativa global de pessoas em regime de escravidão.

A escravidão moderna é mais comum na Coreia do Norte e em outros regimes repressivos, mas as nações desenvolvidas também são responsáveis porque importam 350 bilhões de dólares em mercadoria produzidas em circunstâncias suspeitas, afirmou a fundação Walk Free. Na Coreia do Norte, por exemplo, 104 em cada mil pessoas viviam em tais condições.

Completam o ranking dos países com maior percentual de escravidão moderna em relação à própria população;
·      Eritreia (93 para mil),
·      Burundi (40 para mil),
·      República Central Africana (22 para mil),
·      Afeganistão (22 para mil),
·      Mauritânia (21 para mil),
·      Sudão do Sul (20,5 para mil),
·      Paquistão (17 para mil),
·      Camboja (17 para mil) e
·      Irã (16 para mil).

AMÉRICA
A Venezuela é, junto ao Haiti, o país com a maior incidência proporcional da escravidão moderna na América. Segundo o índice, 174 mil pessoas vivem nessa situação em território venezuelano, uma taxa de 5,6 para cada mil habitantes. Essa proporção é similar à do Haiti, onde 59 mil pessoas seriam vítimas – uma proporção amplamente acima da de outros países da região.

O Brasil registrou uma taxa de apenas 1,8 pessoas em condição de escravidão moderna para cada mil habitantes. Por outro lado, em números absolutos, o Brasil detém a segunda maior quantidade de pessoas em regime escravocrata na região, com 369 mil habitantes. Os EUA registraram 403 mil pessoas (1,3 para mil).

No total, a organização estimou que quase 2 milhões de pessoas em toda a América estavam em 2016 em situação de escravidão – dois terços forçados a trabalhar. O número absoluto representa apenas 5% da estimativa global.

MUNDO- NÚMERO ABSOLUTO
No número absoluto de pessoas consideradas em regimes de escravidão moderna,
·      Índia (7,99 milhões de indivíduos estimados),
·      China (3,86 milhões),
·      Paquistão (3,19 milhões),
·      Coreia do Norte (2,64 milhões),
·      Nigéria (1,39 milhões),
·      Irã (1,29 milhões),
·      Indonésia (1,22 milhões) e
·      República Democrática do Congo (1,05 milhões)
São os oito países acima de um milhão de "escravos".

Por outro lado, Mauritânia, Luxemburgo, Suriname e Barbados são os quatro países com um número de casos estimados igual ou inferior a mil.

O Índice Global de Escravidão utiliza pesquisas de referência no mundo para estimar a prevalência da escravidão moderna em mais de 160 países. Pela primeira vez, o relatório se baseia também em dados comerciais sobre produtos em risco de ser produzidos pela escravidão moderna. Fonte: Deutsche Welle-20/07/2018

domingo, 5 de agosto de 2018

Brasil tem 65 milhões fora do mercado de trabalho

Taxa de desemprego caiu no segundo trimestre, mas houve aumento do trabalho informal e do número de pessoas que não trabalham nem procuram emprego, aponta IBGE. País ainda tem 13 milhões de desempregados.
O número de pessoas desempregadas no Brasil recuou no segundo trimestre de 2018, mas a boa notícia é ofuscada por outra: muitas pessoas desistiram de procurar emprego e saíram do cálculo do total, segundo dados divulgados pelo IBGE.
Segundo o IBGE, havia 13 milhões de pessoas sem ocupação (que procura trabalho, mas não acha) no período de abril a junho. De janeiro a março, eram 13,7 milhões. A diferença é de 723 mil. Assim, a taxa de desemprego caiu de 13,1% para 12,4%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.

TOTAL DE PESSOAS QUE NÃO TRABALHAM
Ao mesmo tempo, o total de pessoas que não trabalham nem procuram trabalho chegou a 65,6 milhões, o maior desde 2012, quando o IBGE iniciou a atual série. Em três meses, 774 mil pessoas se uniram a esse grupo, que inclui idosos, estudantes, pessoas sem disponibilidade para trabalhar ou que simplesmente desistiram.

INFORMALIDADE
Outro problema apontado pelo IBGE é a informalidade. De cada dez brasileiros, quatro têm trabalhos informais ou próximos da informalidade, o que inclui as pessoas sem carteira assinada e os autônomos sem registro como pessoa jurídica. A informalidade atinge 37 milhões de brasileiros, segundo o IBGE.

POPULAÇÃO QUE TEM TRABALHO
A população que tem trabalho aumentou em 657 mil pessoas e chegou a 91,2 milhões. Essa alta, porém, foi puxada pelos trabalhadores sem carteira assinada e por aqueles que trabalham por conta própria.
O número de empregados com carteira de trabalho no setor privado caiu levemente e ficou em 32,8 milhões. O de pessoas ocupadas, mas sem carteira de trabalho, subiu em 276 mil e chegou a 11 milhões. Já o total de pessoas que trabalham por conta própria aumentou em 555 mil e chegou a 23,1 milhões.
O rendimento médio do trabalhador brasileiro ficou em R$ 2.198 no segundo trimestre deste ano, relativamente estável.
Empresas de consultoria estimam que a taxa de desemprego deverá fechar o ano acima de 12% por causa da recuperação lenta da economia. Fonte: Deutsche Welle-31.07.2018

sábado, 28 de julho de 2018

O eclipse lunar com ‘lua de sangue’

A Terra se colocou entre o Sol e a Lua nesta sexta-feira, 27, ocasionando o eclipse lunar mais longo do século XXI. A fase total do fenômeno começou às 16h30 (horário de Brasília) e teve duração de uma hora e 42 minutos, já que a lua passou próxima ao centro da sombra terrestre. Durante essa fase, o satélite refletiu uma tonalidade avermelhada que lhe confere popularmente o nome de Lua de Sangue. Do Brasil, foi possível ver o fenômeno em algumas cidades, no fim da tarde. Para isso, foi preciso olhar para o horizonte, a leste.

O QUE É UM ECLIPSE
Um eclipse ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua se alinham. Isso faz com que a Terra fique diretamente entre o Sol e a Lua, bloqueando a luz solar.
O fenômeno acontece porque a Lua entra na sombra criada pela Terra e deixa de ficar visível pois deixa de ser iluminada pela luz do Sol. Fontes: BBC Brasil e El País - Brasil 28 JUL 2018

        

Você acredita nos profetas digitais?

Cibergurus abominam era pré-internet e inventam teorias para explicar uma realidade que ainda faz pouco sentido prático

Como acontece em todas as eras, a da internet tem sua própria geração de gurus. São os “ciberteóricos” que sonham com um futuro eletrônico aperfeiçoável e anunciam preceitos sobre a necessidade de refazer o mundo. Como muitos que se revoltaram contra a religião, eles trazem não a paz, mas a espada. A mudança é inevitável. É preciso abandonar os velhos hábitos. Entretanto, os ciberteóricos pertencem a uma espécie peculiar de estilo: eles agitam e defendem uma revolução constante, que, no entanto, beneficiará principalmente as gigantes da tecnologia, diante de cuja imagem virtual eles se curvam.

O jargão dos ciberteóricos revela um ódio adolescente do mundo. Jay Rosen, famoso ciberguru do “futuro da notícia”, não perde uma oportunidade para menosprezar empresas editoriais associando-as ao termo “legado”, no sentido de sistema antiquado. Outro termo favorito dos ciberteóricos é “disrupt” (romper, desconstruir, em português). A maioria das pessoas acha a ideia irritante, mas para eles, quanto mais a tecnologia romper as práticas estabelecidas, mais emocionante ela se tornará.

Outro cibercharlatão, o jornalista Jeff Jarvis, escreveu no livro O Que o Google Faria?, de 2009: “A educação é uma das instituições que mais merecem ser desconstruídas”. (O tom de repúdio ressentido é típico.) Que forma deveria assumir esta subversão? A startup Coursera, por exemplo, promete transformar o ensino universitário, oferecendo trechos de aulas em vídeo e fazendo que os alunos deem notas para os trabalhos uns dos outros. Se você é um ciberteórico, este truque é um plano brilhante para alavancar o poder dos indivíduos. Se não for, é um plano brilhante para descarregar a maior parte do trabalho do ensino nas costas dos alunos.

Outra suposta qualidade do Coursera é o fato de ele ser “aberto”, como tudo agora deve ser. O cibercredo do “aberto” soa tão liberal e amigável que é fácil deixar de prestar atenção à sua hipocrisia. As grandes empresas de tecnologia, que são os exemplos preferidos dos ciberteóricos sobre a próxima ordem mundial, são tudo menos abertas. O Google não divulga seu algoritmo de busca; a Apple tem um notório sigilo sobre seus produtos; o Facebook costuma mudar as opções de privacidade dos usuários. Em busca do lucro, tais empresas constroem freneticamente utopias semiabertas de conteúdo proprietário.

O software de código aberto, no modelo do Linux, era o exemplo favorito do motivo pelo qual o conceito aberto predomina sobre o fechado. Entretanto, apesar dos sucessos admiráveis (particularmente na indústria), o software comercial e fechado ainda predomina. A maioria dos clientes sabe, por experiência própria, que o sistema Android dos celulares é customizado e fechado novamente pelas fabricantes.

“Ter oleodutos, funcionários, produtos ou mesmo propriedade intelectual não é mais a chave do sucesso”, escreveu Jarvis em 2009. “O sucesso está na abertura.” Qual é, neste momento, a empresa de maior valor de mercado do mundo? A Apple, que vende produtos físicos, guarda seu acervo de patentes e é tão “aberta” quanto o Fort Knox (posto militar do Exército dos Estados Unidos).

O plano genial do Coursera para “desconstruir” o ensino universitário pode ser aprendido numa palestra do TED (sigla para tecnologia, educação e desenvolvimento). São apresentações com a duração máxima de 18 minutos, com abundância de recursos, que oferecem ideias do tamanho de um nugget. Uma palestra do TED tem o formato de uma coleção de histórias reunidas sob um título ridiculamente simples, num vídeo que depois os entusiastas das redes sociais enviam aos amigos.

O título perfeito de uma apresentação TED é o recente Os Jogos que Podem lhe Dar Dez Anos a Mais de Vida, da ciberteórica da gameficação Jane McGonigal. O que poderia ser este jogo? Ligar um joystick a um pulmão de aço? Não, trata-se de um pequeno jogo online criado por ela chamado SuperBetter. Até o momento, não há estudos com grande número de pessoas que mostrem que o game faz você viver dez anos a mais.

REBANHO.
Os pensadores cibernéticos levaram a ideia de sabedoria coletiva para um lugar que mal se assemelha à realidade que conhecemos. Agora é possível propor seriamente que há ocasiões em que “a pessoa mais inteligente da sala é a sala”, como afirma o subtítulo do livro do teórico David Weinberger, Too Big to Know, publicado em janeiro. Segundo sua ideia estranhamente autodestrutiva, os livros são formas ultrapassadas de organização da “informação”, e o volume total das informações agora é tão esmagador que talvez admitamos que “a rede” saiba mais do que nós.

Se a tese fosse correta, o seu livro seria dispensável, porque um número aleatório de blogueiros poderia escrever coisas melhores. O livro é também tipicamente cibernético por conter um ódio pseudo-democrático a qualquer forma de especialização. “A internet”, proclama ele, “permite que os grupos desenvolvam mais ideias do que um indivíduo sozinho”. Assim como a escrita e a conversação, desde que foram criadas.

É surpreendente a frequência com que a Wikipedia é citada como paradigma de uma “criação do conhecimento” comunitária, considerando que a Wikipedia proíbe explicitamente a criação de conhecimento novo. Sua lei básica é “nenhuma pesquisa original”, com exceção da menção a “fatos” ou “ideias” que não tenham sido já divulgados em outros lugares. A obediência ao mandamento faz que a Wikipedia dependa de fontes citadas, incluindo artigos de jornais e de revistas acadêmicas, no que se refere ao “conhecimento” que ela contém. Isto não significa que a Wikipedia não tenha utilidade – longe disso –, mas não é um exemplo daquilo que se afirma com tanta frequência que ela seja.

Os ciberteóricos não ousam distinguir informação de conhecimento, porque isto exigiria que eles fizessem a triagem intelectual que o seu sucesso retórico exige que se evite. Um livro contém menos informações, em termos de bytes, do que um vídeo de um gatinho. E se você é um sábio cibernético, provavelmente desprezará os livros. Clay Shirky, autor de Lá Vem Todo Mundo, de 2008 – um manifesto coletivo que agora é considerado um exercício desesperado de apoio a serviços que já foram populares, como Flickr – escreveu no mesmo ano: “Ninguém lê Guerra e Paz. É muito longo, e não é tão interessante”. (Na verdade, segundo o Nielsen BookScan, Guerra e Paz vendeu em 2011 cerca de 17 mil cópias somente no Reino Unido).

Os livros são importantes para o tagarela cibernético em busca de projeção pessoal, mas de uma maneira diferente. Jarvis contou nos agradecimentos de sua publicação mais recente, Public Parts: “(Seth) Godin é o culpado por eu escrever livros. Um dia, ele me mandou sentar e falou que eu seria um tolo se não escrevesse um livro – e seria ainda mais tolo se achasse que o livro era o objetivo. Não, ele disse, o livro serviria para eu construir a minha reputação diante do público, e assim levaria a outras coisas. E foi o que aconteceu”. É isso: se você escreve um livro achando que o objetivo é o livro, você é tolo. A função exata de um livro é a de um cartão de visita que lhe abre portas e faz você ser convidado para lugares onde as coisas acontecem de verdade. Os que pensam que a literatura, o pensamento e a argumentação são em si objetivos nobres são tolos. É esta a afirmação do anti-intelectual ultramoderno.

SUPERCOMPARTILHAMENTO.
 Alguns poderiam considerar um fracasso dos ciberteóricos o fato de o mundo que conhecemos hoje ter tão pouco a ver com as descrições deles. As pessoas ainda leem romances russos; o mercado de massa não foi substituído por “nichos” (basta perguntar à autora de Cinquenta Tons de Cinza, E.L. James). O aberto não é o modelo predominante de sucesso empresarial da internet. O New York Times hoje tem cerca de 600 mil assinantes digitais, embora os dogmáticos cibernéticos jurassem que o acesso pago nunca funcionaria.

No artigo O Que a Mídia Pode Aprender com o Facebook, Jarvis fala que os jornais deveriam imitar o modelo de Mark Zuckerberg: “A produção é cara. O compartilhamento não é caro e é escalável. O Facebook logo atenderá um bilhão de pessoas com uma equipe equivalente à de um grande jornal”. Faça os leitores se encarregarem da maior parte ou de todo o trabalho e, pronto! O legado da mídia (a ultrapassada) é transformado na mídia social que dá dinheiro.

Com a mídia “social” ocorre o mesmo que com o conceito de compartilhamento: os cibernéticos adotaram um termo plausível e deram um significado novo e instrumental. Social hoje implica uma técnica comercial para convencer usuários a revelar mais informações aos anunciantes sobre suas “redes” de amizade e de contatos comerciais, e para “conectar” usuários a determinadas marcas por meio do botão “curtir” – e logo, como sugerem experimentos do Facebook, haverá um botão “querer”.

Mesmo a leitura de livros – se é que persistir – precisará ser transformada em “leitura social”, como se os livros não fossem já produtos sociais. Entretanto, não importa se os cibergurus estão equivocados a respeito do presente, porque seu valor equivale mais ao de um Nostradamus sem fios. O cibermaníaco idealiza um ciberfuturo perfeito e declara que ele já chegou, ou é tão vago a respeito da data que talvez jamais possa ser refutado. O título de uma recente palestra no TED de Clay Shirky é um exemplo deste presságio que não pode ser desmentido: Como a Internet Transformará (Algum Dia) o Governo.

Os ciberteóricos em geral poderiam talvez ser tolerados como inócuos futuristas, não fosse que muitos deles, pela influência do seu trabalho de consulta e pelos seus palanques virtuais, neste momento estão preocupados em promover um vandalismo cultural. Tudo o que cheirar a coisa ultrapassada da era pré-digital terá de ser derrubado, “rompido” e refeito à sagrada imagem do Google e da Apple, com a exceção de uma maior abertura para as sondagens digitais sobre o oligopólio das companhias de internet. Vida longa para o compartilhamento, a leitura social, o trabalho voluntário de um estudante ou os participantes da “comunidade” online de uma empresa, e a entrega dos seus documentos às megacorporações que exploram dados e controlam a “nuvem”.

Os ciberteóricos adoram aplicar o adjetivo “inteligente” a si mesmos e aos colegas, mas, como grupo, eles são os modelos de anti-intelectuais mais destacados dos nossos dias – pequenos revolucionários da tela de toque e do Twitter.

MARTELADAS NOS GURUS

TUDO É ABERTO
O termo é amigável, mas também é hipócrita: as empresas que representam a filosofia, como  Google, Apple e Facebook têm posturas dúbias.

A EDUCAÇÃO JÁ ERA
Jeff Jarvis diz que a educação tem de  ser  desconstruída - mas isso acaba deixando a maior parte do trabalho para os alunos.

O FIM DA MÍDIA
Jay Rosen, guru do "futuro da notícia". diz que o atual sistema editorial é antiquado. Mas o NY Times  tem 600 mil assinantes pagos

TED
As conferências apresentam ideias do "do tamanho de um nugget": ou seja, "ideias fast food", que depois os entusiastas das  redes sociais enviam aos amigos.

INTERNET INTELIGENTE
O  teórico cibernético David Weinberger diz que os livros são ultrapassados e a " internet sabe mais do que nós.

CROWD SOURCING
A Wikipedia  prega que produz conhecimento coletivamente, mas depende de  fontes e pesquisas de outros lugares.

SUPERCOMPARTILHAMENTO
Social hoje é uma técnica comercial para que as pessoas revelem mais informações pessoais nas redes. Até a leitura se transformou em "leitura social".
Fonte: O Estado de S. Paulo-03/03/2013,Steven Poole, News Statesmen

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Brasil fica em 64º lugar em ranking mundial de inovação

O Brasil ocupou o 64º lugar no ranking mundial de inovação tecnológica. Isso porque o país ganhou cinco posições em relação ao ano anterior, quando ficou em 69º na listagem mundial.

O índice é calculado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual e tem como parceiro nacional a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A LIDERANÇA DO RANKING;
■ Suíça, seguida por Países Baixos (Holanda), Suécia, Reino Unido, Cingapura, Estados Unidos, Finlândia, Dinamarca, Alemanha e Irlanda.

ENTRE OS PAÍSES DE RENDA MÉDIA-ALTA, O DESTAQUE FOI;
■ China, seguida por Malásia, Bulgária, Croácia e Tailândia. O Brasil foi classificado nesta categoria, ocupando a 15ª posição neste grupo. Dentro da região latino-americana, o país ficou na 6ª colocação.

Entre os de renda média-baixa, os mais bem posicionados foram Ucrânia, Vietnã e Moldávia.Já nos países de renda baixa, alcançaram melhor desempenho Tanzânia, Ruanda e Senegal.

INSUMOS E CONDIÇÕES INSTITUCIONAIS
O Brasil subiu no ranking quando considerados os chamados insumos de inovação, ficando na 58ª posição. Neste indicador, são levados em consideração itens como instituições, capital humano, pesquisa, infraestrutura e sofisticação de mercado e negócio. No ano anterior, havia ficado em 60º lugar.

Os melhores índices registrados no país foram nos quesitos de gastos em educação (23º colocado), investimento em pesquisa e desenvolvimento (27º), dispêndio de empresas em P&D (22º) e qualidade das universidades (27º). Os autores também destacaram a capacidade de absorção de conhecimento (31º), pagamentos em propriedade intelectual (10º), importações de alta tecnologia (23º) e escala de mercado (8º).

Já os pontos fracos foram apontados pelo relatório nas instituições (82º), ambiente de negócios (110º), facilidade de abertura de negócios (123º), graduados em engenharias e ciências (79º), crédito (104º) e a formação de capital bruto (104º).

PRODUTOS E INOVAÇÃO
Nos produtos da inovação, o Brasil está no 70º lugar. Nessa categoria são considerados produtos científicos e tecnológicos e indicadores relacionados a eles, como patentes e publicações em revistas e periódicos acadêmicos. Ainda assim, o índice subiu em relação ao ano anterior, quando o país ficou na 80ª colocação.

No índice de eficiência de inovação, o Brasil pulou para a 85ª posição - da 100ª no ano anterior. Esse indicador mede o quanto um país consegue produzir tecnologia frente aos insumos, condições institucionais e estrutura de capital humano e pesquisa de que dispõe. Fonte: Inovação Tecnológica - Agência Brasil -  12/07/2018