quinta-feira, 14 de junho de 2018

Brasileiro passa a se endividar mais com carro, cartão, consignado e cheque

O repasse da queda de juros ao consumidor é o menor desde 2003. Mesmo assim, com o início da recuperação econômica e alguma redução nos juros, as famílias brasileiras decidiram sair às compras e estão realizando mais empréstimos.

CONCESSÕES DE CRÉDITO
Levantamento do UOL com base nos dados do Banco Central mostra que as concessões de crédito em geral para as pessoas físicas cresceram 8,3% no último ano. Um dos destaques foi o financiamento de carros, que saltou 39% em relação a um ano atrás. Pode ser um bom sinal, mas também há risco de mais endividamento.
No período de 12 meses até abril, em média, o total de crédito aprovado aos consumidores foi de R$ 149,741 bilhões por mês. No período anterior, essa média havia sido de R$ 138,235 bilhões. Os números já desconsideram o efeito da inflação.
Os cálculos dizem respeito a contratos com taxas negociadas livremente entre os bancos e os consumidores. Entre eles, estão o crédito consignado, cheque especial, cartão de crédito e financiamento de veículos.

DÍVIDAS NÃO PODEM VIRAR UMA BOLA DE NEVE
Na avaliação de economistas, o apetite maior do brasileiro pela contratação de crédito reflete não apenas a redução nas taxas de juros, mas também uma recuperação lenta da economia e do emprego.
Mesmo com a alta recente na tomada de empréstimos, analistas dizem que o brasileiro está mais consciente, melhorou seu perfil de endividamento e está recorrendo ao crédito, sobretudo, para consumir mais. No entanto, eles recomendam cautela para que as dívidas, mesmo destinadas a novas compras, não virem uma bola de neve.

EMPRÉSTIMOS PARA CARROS CRESCEM 39,4% EM ABRIL
Segundo os últimos números do Banco Central, em abril, as famílias financiaram mais veículos e usaram muito mais o cartão de crédito à vista.
Ao todo, os brasileiros tomaram R$ 8,48 bilhões em crédito para comprar carros em abril. O valor representa uma alta de 39,4% na comparação com os R$ 6,08 bilhões registrados no mesmo mês de 2017.
No cartão de crédito na modalidade à vista, o valor utilizado passou de R$ 57,45 bilhões em abril do ano passado para R$ 67,22 bilhões no quarto mês deste ano, uma alta real de 17%. No caso do cartão de crédito parcelado, subiu de R$ 2,75 bilhões para R$ 3,73 bilhões ou 35,7%.
No cheque especial, com taxas mais elevadas, a alta foi de R$ 8,40% na mesma base de comparação. O total passou de R$ 29,27 bilhões para R$ 31,73 bilhões. Todos os cálculos já descontam a inflação do período.

SAQUE DO FGTS AINDA REPRESENTA ALÍVIO PARA OS CONSUMIDORES
O economista Gabriel Leal de Barros, um dos diretores da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, disse que, além da redução dos juros, a liberação das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em 2017 ainda se reflete sobre o comportamento dos consumidores.
Ao todo, os saques dessas contas colocaram R$ 44 bilhões no bolso das famílias no ano passado. "Os brasileiros usaram os recursos para quitar dívidas antigas e, agora, ainda possuem espaço no orçamento para contratar novos empréstimos", afirmou Barros.
Até março, a instituição do Senado já calculava uma alta real de 7,1% nas concessões de empréstimos às pessoas físicas. Na avaliação dos economistas da instituição, esse movimento, que se consolidou em abril, acompanha uma recuperação gradual da economia.
INFLAÇÃO CONTROLADA AUMENTA PODER DE COMPRA
Barros disse também que, embora as condições do mercado de trabalho ainda estejam fragilizadas, a queda acentuada na inflação aumentou o poder de compra da população. Com a manutenção da renda e os preços mais baixos, as pessoas têm mais dinheiro para consumir.
Outro ponto positivo é a redução dos juros ao consumidor. Na média, essa taxa chegou a 56,8% ao ano em abril. No mesmo mês do ano passado, ela estava em 67,8%.
"A diminuição dos juros reduz o comprometimento da renda das famílias e abre espaço para a ampliação do consumo", afirmou o economista.

CONSUMIDOR DEVE FAZER CONTAS ANTES DE TOMAR EMPRÉSTIMOS
A economista da CNC Marianne  Hanson disse que o aumento na concessão de crédito está relacionado a uma recuperação do consumo das famílias e à queda na inflação.
"Além de o crédito estar mais barato, o varejo também reduziu o preço de alguns produtos, como eletrodomésticos, móveis e até mesmo carros. Isso estimula as compras e o uso do crédito", afirmou.
Na avaliação de Marianne, embora estejam recorrendo mais ao crédito, os brasileiros estão mais cautelosos com relação aos seus gastos. Ela enxerga consumidores mais responsáveis na hora de realizar empréstimos, mas aconselha as pessoas a colocar as contas na ponta do lápis para não se afundarem em dívidas.

CARTÃO DE CRÉDITO AINDA É A PRINCIPAL DÍVIDA
Pesquisa da CNC mostra que o percentual de famílias com dívidas caiu de 60,7% em maio de 2017 para os atuais 59,1%. Entre as contas a serem pagas, estão as com cheque pré-datado, cartão de crédito, carnê de loja, empréstimo pessoal e prestação de carro.
"Nós vemos que as pessoas estão se endividando menos e comprometendo menos a sua renda. Elas também têm menos contas em atraso", disse Marianne. "O perfil do endividamento também melhorou. Por exemplo, as pessoas usam menos o cheque especial", afirmou.
De acordo com a CNC, o cartão de crédito continua sendo a principal dívida dos brasileiros, abrangendo 75,7% das famílias entrevistadas. Em seguida, vêm os carnês (16,3%) e o financiamento de carros (11,1%). Fonte: UOL Notícias- 10/06/2018

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Greve dos caminhoneiros teve impacto de R$ 15 bi na economia

A equipe econômica estima que o impacto da greve dos caminhoneiros custou ao país R$ 15 bilhões, ou 0,2% do PIB (Produto interno Bruto). De acordo com o Ministério da Fazenda, o número foi discutido na segunda-feira (11) em reunião do ministro Eduardo Guardia com economistas do setor privado, em São Paulo. Fonte: UOL Economia - 12/06/2018

terça-feira, 12 de junho de 2018

Dez regras dos restaurantes na Alemanha

Da leitura conjunta do cardápio à Coca-Cola sem gelo e às gorjetas no banheiro. Confira dez particularidades que você deve conhecer antes de ir a um restaurante alemão.

1-SENTE-SE COM DESCONHECIDOS
Nos restaurantes alemães, você provavelmente não será recebido por um funcionário sorridente, que segura um cardápio à porta. O lado bom disso é que é possível escolher a própria mesa. Em pequenos cafés, sentar-se com desconhecidos é comum, portanto, não fique surpreso se um estranho se juntar à sua mesa, especialmente se você estiver sentado sozinho.

2-DIVIDA O CARDÁPIO
Já que não há "escolta" até a mesa, pode também não haver ninguém para trazer um cardápio. Normalmente, há um ou dois sobre a mesa, e, quase sempre, há menos cardápios do que cadeiras. Portanto, se você for jantar com amigos, é bem possível que seja necessário ler as opções em conjunto.

3-NÃO ESPERE ATENDIMENTO PERSONALIZADO
Não pense que um atendente irá parar ao lado da mesa assim que você se sentar. Talvez seja necessário, primeiramente, dar uma boa olhada em volta até que haja contato visual suficiente para que você possa fazer o pedido. Geralmente, não há um funcionário específico para cada mesa.

4-NÃO VÁ COM SEDE
Não há bebida de graça nos restaurantes alemães. Ao contrário de estabelecimentos em outros lugares do mundo, é preciso pagar até mesmo por água, com ou sem gás. E fique atento: a água custa pelo menos o mesmo que uma cerveja.

5- PENSE ANTES DE TOCAR
Em muitos restaurantes, pão acompanha a refeição, mas a cesta não é reposta depois de esvaziada. No sul da Alemanha, pretzels e vários tipos de pães costumam ser dispostos sobre as mesas, mas cuidado: o garçom costuma contar exatamente o quanto foi consumido. Por isso, uma inocente mordida poderá aumentar a conta.

6- APRENDA A LÍNGUA DO GARFO
Se a refeição foi finalizada há meia hora, mas o prato continua sobre a mesa, é provável que você não fale a "língua do garfo". Colocar os talheres na posição 3 ou 4 horas (pense nos ponteiros do relógio) significa que você está satisfeito. Também é um sinal de que seus companheiros de mesa podem roubar o que sobrou no seu prato.

7- NÃO ESPERE GELO NA BEBIDA
Cubos de gelo são uma raridade, mesmo para bebidas como Coca-Cola ou Sprite. De acordo com a sabedoria popular, não é saudável consumir líquidos não alcoólicos com temperatura abaixo da ambiente. Enquanto Coca, água com gás, sucos e outras bebidas são servidas mornas, pode ter certeza de que a cerveja estará na temperatura correta — ao menos para o gosto dos alemães e sem cubos de gelo, é claro.

8- LEVE MOEDAS AO BANHEIRO
Depois de tomar Coca-Cola quente, é muito provável que você precise ir ao banheiro. Não fique surpreso ao ver uma pessoa vestindo um jaleco branco perto de um prato cheio de moedas. Ela está lá para limpar o banheiro e, por isso, espera uma pequena gorjeta, independentemente de quanto custou a comida. Não se esqueça de colocar uma moeda de 50 centavos no bolso antes de deixar a mesa.

9- PREPARE-SE PARA DAR SUA OPINIÃO

Os garçons alemães são treinados para perguntar sobre a satisfação do cliente quando tiram a mesa. Pode parecer não muito prático, uma vez que o jantar já terminou e nada mais pode ser feito para melhorá-lo. A resposta correta para "estava tudo em ordem?" é "bom". Se você responder "horrível", esteja preparado para receber um mero e educado aceno com a cabeça em troca.

10- CUIDADO COM AS GORJETAS
Num país estrangeiro, a hora da gorjeta pode levar turistas a cometer gafes. Na Alemanha, a conta geralmente é arredondada. Destinar 5% a 10% do valor total é praticamente uma regra. Por uma refeição que custa 36,40 euros, é normal pagar 38 euros, caso você esteja satisfeito com a comida e o serviço, 39, se você precisar de um euro para o banheiro, ou 40, se você não quiser carregar o troco. Fonte: Deutsche Welle – Apr 21, 2017

sábado, 9 de junho de 2018

Serviço secreto soviético considerou “causar guerra civil no Brasil” em 1961

Jânio Quadros ainda não tinha sido eleito presidente do Brasil quando, em visita a Moscou, em 1959, fez uma promessa ao tradutor que o acompanhava na viagem pela União Soviética: "Quando eu chegar ao poder, e chegarei com 100% de certeza, você será o primeiro a receber o visto". O presidente eleito no ano seguinte nunca saberia, mas Alexandr Ivanovich Alexeyev, que atuara como seu tradutor, era um agente da KGB, a agência de inteligência soviética. Parte dessa história, que culminaria na retomada das relações do Brasil com a União Soviética em 1961, é contada no livro 1964 - O elo perdido (Vide Editorial, 2017), publicado no início deste ano. A obra é fruto da primeira investigação brasileira nos arquivos do serviço de inteligência da antiga Tchecoslováquia, o StB (sigla para "Segurança Estatal"), feita pelo paranaense Mauro Kraenski em parceria com o tcheco Vladimír Petrilák. Submetida à KGB, a StB atuou na América Latina durante a Guerra Fria e seus arquivos servem como aperitivo das ações soviéticas no continente, já que os documentos de Moscou seguem restritos.

"Não há praticamente nada de pesquisa sobre a União Soviética nesse período", comenta o professor Carlos Fico, do departamento de história da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele diz que não há muito interesse sobre o assunto, e cogita que seja por conta da pouca interferência soviética no país. Kraenski chegou aos arquivos tchecos por acaso. Trabalhava como guia no Memorial e Museu Auschwitz-Bikernau, o antigo campo de concentração nazista na Polônia, e se interessou pela história do país. Ao topar com a circulação de informações erradas sobre os soviéticos no contexto polonês, decidiu buscar informações em relação ao Brasil. Procurou na Polônia, mas foi encontrar material mesmo na República Tcheca.

Para conseguir adequar o polonês que ele fala ao tcheco dos documentos, o pesquisador se associou ao tradutor Vladimír Petrilák. Os dois montaram um site para divulgar o resultado das pesquisas e receber contribuições, já que não encontraram nenhuma instituição governamental ou acadêmica disposta a patrocinar a investigação. E qual foi a grande descoberta dos arquivos pela perspectiva dos pesquisadores? “Talvez seja o fato de saber pela primeira vez sobre a atuação de espiões de serviços de inteligência do bloco soviético no Brasil. Ou descobrir que houve brasileiros que, segundo os documentos, colaboraram — de forma consciente ou não, depende do caso — com esse serviço de espionagem estrangeiro”, responde Kraenski, que ressalva algumas vezes ao longo do livro: todas as informações dos arquivos secretos devem ser consideradas com cuidado. Muitas delas não têm fontes alternativas para confirmação, mas, mesmo assim, ele argumenta, são fonte relevante sobre o período.

SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA
Os autores do livro se concentraram na pesquisa dos documentos do I Departamento da StB, responsável pelo serviço de inteligência no exterior, onde descobriram que uma rede de 30 agentes e cerca de 100 "figurantes" — potenciais agentes que colaboraram com o serviço de inteligência sem saber — atuou no Brasil de 1952 a 1971. “O serviço de inteligência tchecoslovaco determinava objetos ou alvos de interesse, com o objetivo de entrar, infiltrar ou penetrar operacionalmente através de sua rede de agentes para aquisição de informações ou materiais relacionados com determinadas tarefas", diz Kraenski. Entre os principais alvos estavam o Itamaraty, o Governo federal e o parlamento, além de instituições como a Petrobras, o Exército e o BNDES. Os soviéticos buscavam brasileiros de perfil nacionalista e antiamericano, mas que não tivessem laços tão evidentes com o Partido Comunista Brasileiro, e usavam desde o argumento ideológico e o oferecimento de presentes até o pagamento de honorários e estratégias de chantagem baseadas em informações constrangedoras.

Entre as operações mais ousadas do serviço de inteligência tchecoslovaco, os autores incluem a intermediação de armamentos para o Brasil, a falsificação de documentos para implicar os Estados Unidos no golpe de 1964 e o financiamento de ao menos um jornal, como parte de um projeto — maior e não finalizado — que tinha como meta criar uma emissora de tevê e uma rádio de alcance continental. O envio de 20.000 metralhadoras de produção tcheca para o Brasil acabaria acontecendo sem a interferência direta da StB e chegou a virar assunto no parlamento brasileiro à época. Os documentos também expõem como os tchecos, sempre interessados em disputar com os Estados Unidos a influência na região, atuaram no Brasil para melhorar a imagem do regime cubano pós-revolução e até criaram uma operação para reagir, em 1961, a um possível golpe de Estado.

"O camarada ministro confirmou a operação ativa I-V de criptônimo LUTA, cujo objetivo é causar demonstrações e tumultos antiamericanos e — em caso de seus surgimentos — causar uma guerra civil no Brasil. Um dos objetivos desta operação ativa é fazer com que representantes nacionalistas tomem o poder no Brasil", diz documento de 23 de outubro de 1961 exposto no livro. A operação, que envolveu contatos com o então governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola e as Ligas Camponesas lideradas por Francisco Julião, durou apenas seis meses, de novembro de 1961 a abril de 1962, e provavelmente foi encerrada quando os responsáveis perceberam a dificuldade de executá-la.

O GOLPE
A pesquisa de Kraenski e Petrilák mostra ainda que os tchecoslovacos foram surpreendidos quando os militares tomaram o poder na virada de março para abril de 1964. A falha do serviço de inteligência em antecipar a derrubada do presidente João Goulart foi atribuída posteriormente à falta de contatos entre a direita brasileira. Nos relatórios internos, os agentes destacaram a "hesitação típica de Goulart e a sua incapacidade de levar as coisas até o fim" como motivo de uma queda sem reação. "Não se podia sequer falar em derrota, pois a derrota pressupõe uma luta, e no Brasil houve somente uma tomada pacífica de poder pela direita", diz um trecho do mesmo documento, um relato sobre o golpe de Estado destinado apenas à elite do partido comunista tchecoslovaco.

As atividades soviéticas no Brasil sofreram um grande abalo após a tomada de poder pelos militares. Os agentes tchecoslovacos, que contavam entre seus contatos com jornalistas, funcionários públicos e até um deputado federal, tiveram de se retrair. Vários de seus "figurantes" se refugiaram em embaixadas estrangeiras e no exterior ou perderam os cargos que lhes garantiam relevância. O serviço seguiu por pelo menos mais sete anos, contudo, e seus registros ajudam a entender o clima de desconfiança e medo que levou o país a passar 20 anos sob o jugo de um regime militar. E esse é apenas o início da história do lado soviético. Kraenski diz que ainda há material para ser pesquisado no arquivos e, assim como ocorre no Brasil, desconfia-se que os documentos que os tchecoslovacos registram como destruídos possam estar guardados em algum lugar

OS BRASILEIROS "SÃO PESSOAS PREGUIÇOSAS E BEM LEVIANAS"
Os arquivos tchecoslovacos se prestam também à crítica de costumes. Desde a chegada ao Brasil, em 1952, os agentes registraram suas impressões em relatórios que seriam repassados aos colegas que os substituiriam no futuro. Atuar no Brasil não era exatamente uma prioridade, mas era considerado muito mais seguro do que atuar nos Estados Unidos ou no Reino Unido. Em meio a reclamações sobre o calor que fazia no Rio de Janeiro e a falta d'água por uma semana no apartamento de Copacabana onde o primeiro chefe da rezidentura (base do serviço de inteligência) tchecoslovaca no Brasil se instalou, encontram-se análises sociológicas. "Todo o povo é educado em um espírito de desprezo para com o trabalho, o que pode se observar, por exemplo, quando as faxineiras se recusam a limpar janelas e assoalhos, o que obriga a contratação de mais faxineiras especialmente para isso", registra o agente Jirí Kadlec, de codinome Honza.

Segundo o primeiro agente da StB no Brasil, "homens e mulheres têm unhas tratadas, todos querem a qualquer preço causar a impressão de que não precisam trabalhar fisicamente". Em outro trecho, ele relata violência e assassinatos, um deles cometido a 20 passos da embaixada tchecoslovaca: "Em plena luz do dia, um homem cortou a garganta da esposa porque a mesma não queria partir com ele para outra região do país em busca de uma vida melhor". Em outro relatório, registra-se que "os brasileiros reconhecem como cozinha típica somente a cozinha baiana" e que ela "pode levar à enfermidade". A cervejas são boas, independente das marcas, mas os cigarros são ruins.

O trecho mais impiedoso sobre os brasileiros reproduzido pelos pesquisadores no livro 1964 - O elo perdido coube ao agente Václav Bubenícek (codinome Bakalár): "Um brasileiro, ao contatar com um estrangeiro, possui uma tendência em fazer uma grande quantidade de promessas, já supondo que não cumprirá nenhuma delas". Referindo-se à classe média urbana, ele diz que "são pessoas preguiçosas e bem levianas, com as quais não se pode contar". "Os brasileiros de classe média frequentemente surpreendem um europeu com uma longa lista de faculdades e cursos que terminaram; mas, na verdade, o conhecimento adquirido por eles é muito superficial, o que significa que no Brasil, por regra, encontramos pessoas ignorantes, que, mesmo com numerosos títulos científicos, não chegam aos pés da nossa gente com formação primária", finaliza. Fonte: El País - São Paulo 6 JUN 2018

Morre Maria Esther Bueno, a maior tenista brasileira

Lenda do tênis mundial e por muitos anos comentarista da modalidade no canal Sportv, Maria Esther Bueno morreu nesta sexta-feira. A ex-atleta de 78 anos, que fez história durante as décadas de 1950 e 1960, estava internada no Hospital 9 de Julho, em São Paulo, após ser diagnosticada com um câncer na boca. Posteriormente, a doença evoluiu com metástase para ombro e costas.

Com a raquete na mão, Maria Esther fez história e foi a primeira representante brasileira a se destacar na modalidade. Durante a carreira, a paulistana se tornou um dos principais nomes do esporte durante a transição do amadorismo para o profissionalismo.

TÍTULOS
Profissional durante as décadas de 1950 e 1960, Maria Esther Bueno foi número 1 do ranking mundial em quatro anos (1959, 1960, 1964 e 1966) e venceu três vezes Wimbledon (1959, 1960 e 1964) e quatro vezes o US Open (1959, 1963, 1964 e 1966) em torneios simples, além do Aberto do Austrália (1960), Roland Garros (1960), cinco vezes Wimbledon (1958, 1960, 1963, 1965 e 1966) e quatro vezes o US Open (1960, 1962, 1966 e 1968) jogando em duplas. Foi, também, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo, em 1963. Ao todo, foram 589 títulos na carreira, que lhe renderam a entrada para o hall da fama do tênis em 1978.

HALL DA FAMA
Nascida em 11 de outubro de 1939, a lendária tenista brasileira começou a carreira aos 12 e, ainda adolescente, conquistou o primeiro torneio. A paulistana, que cresceu nas quadras do extinto Clube de Regatas Tietê e era frequentadora assídua da Sociedade Harmonia de Tênis, teve a sua trajetória profissional interrompida no final da década de 60 por uma lesão no cotovelo direito.

De acordo com o Hall da Fama do Tênis, Maria Esther Bueno ocupou o topo do ranking mundial em 1959, 1960, 1964 e 1966. A elegância da brasileira também aparecia no estilo de jogo, como mostram obras dedicadas à modalidade, reproduzidas pelo site da entidade que reconhece os melhores tenistas da história.

“O incomparável balé de Maria Esther Bueno. Seu voleio bonito, sempre jogando com ousadia e brio, a brasileira se tornou a primeira sul-americana a conquistar Wimbledon”, escreveu Bud Collins em “A Enciclopédia do Tênis.”
“Ela parecia como uma exótica gata siamesa na quadra. Maria é sinuosa, elegante e feminina. É a Rainha de Wimbledon”, descreveu Gwen Robyns, por sua vez, no livro “Wimbledon: The Hidden Dream”. Fonte: UOL, em São Paulo (SP)-08/06/2018