sábado, 9 de dezembro de 2017

Arte dos Pizzaiolos Napolitanos vira Patrimônio da Unesco



A "Arte dos Pizzaiolos Napolitanos" foi escolhida nesta quinta-feira (7) como novo Patrimônio Imaterial da Humanidade pelo Comitê da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A decisão foi anunciada por ministros italianos e confirmada pela entidade mundial. Com isso, é a primeira vez na história que a arte de fazer um alimento vira um patrimônio mundial.

"Vitória! A identidade gastronômica italiana é cada vez mais protegida no mundo", disse o ministro para as Políticas Agrícolas, Maurizio Martina, através das redes sociais. Ele ainda lembrou que a campanha italiana durou oito anos e que foi aprovada  pelos membros da ONU.

Segundo a nota divulgada pela Unesco, a arte dos napolitanos "é uma prática culinária que consiste em quatro diferentes fases, desde a preparação da massa até o cozimento em forno".
"A prática é originária de Nápoles, onde cerca de 3000 pizzaiolos agora vivem e trabalham, e desempenha um papel-chave na promoção de encontros sociais e intercâmbio entre gerações. O conhecimento e as habilidades relacionadas a esses elementos são transmitidas na 'botteg' do pizzaiolo, onde jovens aprendizes podem observar sua maestria no trabalho", escreveu o comitê.

"O Made in Italy obtém um outro grande sucesso. É a primeira vez que a Unesco reconhece como patrimônio da humanidade um serviço ligado a uma das mais importantes produções alimentares, confirmando esta como uma das maiores expressões culturais de nosso país", disse Martina em um pronunciamento.
Segundo o representante do governo, essa é uma "ótima notícia" para iniciar 2018 como o "ano da comida" na Itália.

OUTRAS PREMIAÇÕES
Além da "Arte dos Pizzaiolos Italianos", outras 11 práticas foram incluídas na lista de Patrimônios Imateriais da Humanidade da Unesco.
"Jogos tradicionais Assyk", do Cazaquistão;
"Artesanato de figuras de argila de Estremoz, de Portugal;
"Fabricação Artesanal de órgãos e música", da Alemanha;
"Rebetiko, música urbana", da Grécia;
Festival "Kumbh Mela", da Índia;
"Pinisi - a arte de construção dos barcos em Sulawesi", na Indonésia;
Jogo de equitação acompanhado por música e narração de histórias "Chogan", do Irã;
Arte de Confeccionar e tocar o instrumento de cordas "Kamantech/Kamancha", do Irã e Azerbaijão;
Gaita-de-foles "Uilleann piping", da Irlanda;
"Kok Boru", jogo de equitação tradicional do Quirguistão;
"Nsima", tradição culinária do Malauí.
 Fonte: Ansa – 09.12.2017  

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Policiais fazem selfies sorrindo com Rogério 157

Imagens que circulam na internet mostram fotos estilo "selfie" de policiais junto com o bandido Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, preso na manhã desta quarta-feira, 6.

Em algumas das imagens, os policiais e o traficante aparecem sorrindo - em uma delas, uma policial está quase apoiada no ombro de Rogério e ambos estão sorrindo.

O Secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, disse que os policiais que fizeram selfies com Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157,  serão investigados pela Corregedoria Interna da Polícia Civil. O secretário afirmou que "houve uma euforia dos policiais, mas é possível que se tenha passado do ponto".

Segundo o secretário, o caso será objeto de apuração interna e os policiais envolvidos nas fotos deverão ser ouvidos.

"Não deve glamorizar criminosos, ele é mais um dos 4 mil criminosos que a polícia prende por mês. Foi uma prisão emblemática, houve uma euforia, mas pelas fotos é possível que se tenha passado do ponto. Mas temos que entender a euforia e evitar qualquer tipo de atitude que possa glamorizar esses criminosos", disse o secretário, em coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle da Polícia, no centro.

Rogério foi preso na Favela do Arará, zona norte do Rio de Janeiro, quando a polícia realizava uma operação integrada na comunidade, e na Mangueira e Tuiuti, na zona norte do Rio de Janeiro. Um efetivo de 2,9 mil homens das Forças Armadas, membros das polícias Civil, Militar e Federal participaram da ação.

Rogério foi o responsável pelo tráfico na Rocinha depois que tirou o poder de seu antecessor e ex-aliado, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que está preso. Fonte: Estadão - 06 Dezembro 2017

Comentário: Confraternização entre celebridades instantâneas???
Certa vez o pintor americano Andy Warhol, disse  que todos terão seus quinze minutos de fama antes do advento da internet. Agora é a  eternidade. A rede social  lembra muito o Chacrinha  que dizia;  vai para o trono ou não vai?

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Censo de 1872, único a registrar população escrava

Num Brasil imperial de dimensões continentais e grandes desafios logísticos, o primeiro levantamento populacional foi realizado com sucesso em 1872, como parte das políticas inovadoras de D. Pedro II. O recenseamento é considerado, mesmo para os padrões atuais, bastante completo: traz o único registro oficial da população escrava nacional, os imigrantes separados por nacionalidade e faz ainda um inventário inédito dos grupos indígenas.

A análise dos números mostra um país essencialmente rural, de população predominantemente negra e mestiça, com uma parcela ainda significativa de escravos, 15,24% da população. Os estrangeiros somavam 3,8%, a maioria deles portugueses, alemães, africanos livres e franceses.
Revela também o início da política de “embranquecimento” do povo, com a entrada dos primeiros grupos de imigrantes europeus. Da população total de 1872 (9.930.478), 1.510.806 ainda eram escravos a despeito do fim do tráfico.

O censo de 1872 aponta o total da população de estrangeiros no Brasil: 382.132. Separa os brancos por origem. São 125.876 portugueses, 40.056 alemães e 8.222 italianos, entre várias outras nacionalidades citadas. Mas, no caso dos negros, coloca-os todos no mesmo grupo: africanos. São 176.057 africanos vivendo no país naquele momento, segundo o levantamento. Mas a única divisão que eles mereceram foi entre escravos (138.358) e alforriados (37.699).

O censo apresenta, além da contagem da população, informações específicas sobre pessoas com deficiência, acesso à escola e profissões exercidas, entre outras. Na época, a profissão de lavrador era a que tinha o maior número de trabalhadores, seguida por serviços domésticos. Das profissões liberais, a de artista tinha mais representantes, inclusive entre a população escrava.

Em 350 anos de tráfico negreiro, entraram no país cerca de 4 milhões de africanos; entre 1870 e 1930 vieram morar aqui praticamente 4 milhões de imigrantes europeus.

No fim do século XIX, aponta o levantamento, 58% dos residentes no país se declaravam “pardos ou pretos”, contra 38% que se diziam brancos.

Os motivos que levaram o governo imperial a se empenhar em tão complexa tarefa são, até hoje, razão de debate entre especialistas.

— A visão mais clássica é de que, no Império, havia a necessidade de saber mais sobre a população para conhecer sua base tributável e também com fins militares, para pegar os jovens para o serviço militar — afirma o demógrafo Mario Rodart, coordenador do Núcleo de Pesquisa Histórica Econômica e Demográfica da UFMG, responsável pela digitalização do censo junto com Clotilde Paiva e Marcelo Godoy . — Por conta disso, o foco das políticas públicas era todo nesse sentido. Mapear quem estava vindo da Europa fazia todo o sentido.
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 — Há um outro grupo, no entanto, que acredita que já havia uma ideia de um governo mais técnico, que precisava se balizar em números para instituir políticas públicas. Os números eram necessários para organização do sistema eleitoral, e também do sistema educacional. Já se difundia, por exemplo, a ideia da obrigatoriedade das primeiras letras e os números ajudaram a organizar a oferta de escolas.

Na época, acabava de entrar em vigor, em 28 de setembro de 1871, a Lei do Ventre Livre, que tornava libertos todos os filhos e filhas de mulheres escravas. Por pressões internacionais, o Brasil havia iniciado uma campanha pelo fim da escravatura.

Em 1850, com a Lei Eusébio de Queiróz, foi estabelecido o fim do tráfico negreiro. Em 1885 foi promulgada a Lei dos Sexagenários, tornando libertos os escravos com mais de 60 anos. O fim da escravidão ocorreu em 1888, no dia 13 de maio, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea.

Os dados estão disponíveis na internet. Pelo programa disponível é possível acessar as tabelas configuradas na época e combinar os dados de acordo com o objetivo da busca. Fonte: O Globo - 12/01/2013 

Comentário:
No mesmo período o censo dos EUA (1870) indicava uma população de 39 milhões e uma população  de analfabeto de 26%, com 31% da população nas escolas.
Enquanto o Brasil tinha uma população de analfabeto de 85%. A população escrava praticamente analfabeta, 99,98%.
Não levando em conta a ideologização do problema racial, o Brasil só começou a se desenvolver, no final do século XIX e começo do século XX.
Só através da imigração europeia que o país teve um salto no modelo econômico de agrário para industrial. O país necessitava  de mão de obra qualificada.  

domingo, 3 de dezembro de 2017

Estudante tenta esfaquear professor no Piauí

Uma estudante tentou esfaquear um professor dentro de sala de aula, na noite de quinta-feira (30), na Escola Municipal Cristina Evangelista, localizada no bairro Três Andares, na zona sul de Teresina (PI). O professor foi atingido por um golpe na mão. Alunos contiveram a estudante e a direção acionou a polícia.

Segundo a Semec (Secretaria Municipal de Educação), na noite anterior, a estudante, que cursa o EJA (Educação de Jovens e Adultos), foi flagrada colando e foi proibida pelo professor de continuar a responder a prova. Insatisfeita, no dia seguinte, ela foi armada com uma faca peixeira para escola e atacou o professor dentro da sala de aula.

Colegas de sala contiveram a aluna. Na tentativa de se defender dos golpes, o professor teve um corte na mão, mas seu estado de saúde é bom. Ele foi medicado e está em casa.

Os nomes da aluna e do professor estão mantidos em sigilo pela Semec. A estudante é maior de 18 anos, mas a família dela foi chamada à escola e já foi informada que deverá ser transferida nos próximos dias para outra unidade escolar. A aluna recebeu uma advertência com suspensão das aulas. O tempo que ela ficará afastada não foi informado.

Por questão de segurança, o professor será também transferido de escola, uma vez que a estudante afirmou que iria matá-lo quando o encontrasse novamente. A secretaria informou que o professor está, temporariamente, afastado das atividades por estar bastante abalado. "Quando ele voltar às atividades já vai ser em uma nova escola", disse a secretaria.

O professor registrou Boletim de Ocorrência na delegacia do bairro, mas decidiu que não vai prosseguir com a ação tampouco ofertar queixa-crime à Justiça. Segundo a Semec, ele afirmou que, como a escola fica localizada em uma comunidade, tem medo de represálias.

A secretaria informou que a estudante prestou depoimento, nesta sexta-feira (1º), e foi liberada.

Uma equipe de assistentes sociais da Semec está atendendo o professor e a equipe escolar, além de dialogar com a estudante e família. Em nota, a secretaria destaca que repudia qualquer tipo de violência dentro e fora das escolas. Fonte: UOL-01/12/2017

Comentário: Pesquisa põe Brasil em topo de ranking de violência contra professores
Uma pesquisa global feita com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos) põe Brasil no topo de um ranking de violência em escolas.

Na enquete da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 12,5% dos professores ouvidos no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana.
Trata-se do índice mais alto entre os 34 países pesquisados - a média entre eles é de 3,4%. Depois do Brasil, vem a Estônia, com 11%, e a Austrália com 9,7%.

Na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é zero.
A pesquisa ainda indica que, apesar dos problemas, a grande maioria dos professores no mundo se diz satisfeita com o trabalho.

A conclusão da pesquisa é de que os professores gostam de seu trabalho, mas "não se sentem apoiados e reconhecidos pela instituição escolar e se veem desconsiderados pela sociedade em geral", diz a OCDE.

Segundo Van Damme, "a valorização dos professores é um elemento-chave para desenvolver os sistemas educacionais".
O especialista da OCDE cita a Coreia do Sul e a China como exemplos de países onde o trabalho dos professores é valorizado tanto pela sociedade quanto por políticas governamentais, o que representa, diz ele, um "elemento fundamental na melhoria da performance dos alunos".
"Em países asiáticos, os professores possuem um real autoridade pedagógica. Alunos e pais de estudantes não contestam suas decisões ou sanções", afirma. Fonte: BBC-28/08/2014

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Sorteio da Copa 2018



Brasil pega Suíça, Costa Rica e Sérvia na fase de grupos
O sorteio da Copa do Mundo Rússia 2018 reservou ao Brasil, cabeça de chave do grupo E, dois rivais europeus e a equipe que desbancou grandes potências no último Mundial. A estreia da seleção brasileira será no dia 17 de junho, em Rostov, contra a Suíça, que chegará ao torneio cercada de expectativas pela evolução apresentada pelo time dirigido por Vladimir Petkovic. Os comandados de Tite ainda encaram Costa Rica e Sérvia.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

História: A ditadura faz 50 anos

Para os jovens, 50 anos é um considerável período de tempo. Aos velhos, que já viveram mais de meio século, parece um ponto no passado. Para a disciplina de história, uma data redonda, suscitando reflexões, debates e a possibilidade de encontrar hipóteses e ângulos de análise inovadores e construtivos.

Considerando os limites deste artigo, escolhi um tema a respeito do qual tem havido muitas controvérsias. Refiro-me ao caráter da ditadura.
Desde a vitória do golpe de 1964, as forças políticas de esquerda, derrotadas, não hesitaram em caracterizar a ditadura como militar

Desde a vitória do golpe de 1964, as forças políticas de esquerda, derrotadas, não hesitaram em caracterizar a ditadura como militar. Tratava-se de isolar os mais importantes protagonistas, os chefes militares, ridicularizados como truculentos, pouco inteligentes. Não passavam de ‘gorilas’, como se dizia. Era um recurso – legítimo – da luta política, quando se pretende menos compreender o que se passa do que isolar e derrotar os adversários ou os inimigos.

DITADURA MILITAR
A expressão consolidou-se entre as várias correntes que se opunham ao regime. Consagrou-se como verdade indiscutível à medida que as oposições cresciam, reforçando-se inclusive com adeptos da ditadura que dela se afastavam e não queriam pensar ou falar de suas cumplicidades com a mesma. Houve um momento, em meados dos anos 1980, em que a imensa maioria da sociedade brasileira professava um horror sagrado à ditadura.

MEMÓRIA E HISTÓRIA
Uma operação de memória. Mas memória não é história. Esta se constrói com evidências, obtidas em fontes disponíveis, compartilhadas pelos pesquisadores.

Essas evidências mostram que diferentes – e amplos – segmentos civis participaram ativamente da preparação do golpe, de sua sustentação e do apoio aos governos ditatoriais. Não foi algo limitado às elites empresariais e eclesiásticas, como René Dreifuss mostrou pioneiramente nos anos 1980.

O golpe de 1964 não foi um movimento exclusivamente militar. Diversos setores civis participaram de sua preparação e de sua sustentação.  

O processo teve caráter social, popular: milhões de pessoas participaram das Marchas da Família com Deus pela Liberdade, que, iniciadas em 19 de março, prolongaram-se festivamente até setembro de 1964. Em todas as capitais dos estados e em muitas cidades médias e pequenas, pessoas marcharam saudando e se congratulando com a vitória do golpe, segundo trabalho de Aline Presot até hoje não publicado.

A participação civil também envolveu instituições políticas, econômicas e culturais. Um estudo sobre a Aliança Renovadora Nacional, a Arena, partido da ditadura, mostrou suas extensas ramificações em todo o território nacional: em 1978, quando já era imenso o desgaste do regime, esse partido teve ainda cerca de 40% dos votos. Outros estudos revelaram o que pouca gente sabe: a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tidas com justiça como atores importantes das lutas democráticas, saudaram o golpe. Só mais tarde, migraram para o campo das oposições, denunciando os abusos de um regime que tinha a tortura como política de Estado.

Outras pesquisas, envolvendo o futebol, a música sertaneja, a multiplicação dos sindicatos e outros temas, vêm acumulando evidências quanto à participação civil, direta ou indireta, na construção da ditadura e das complexas relações que se estabeleceram entre diferentes setores da sociedade e os governos ditatoriais.

Nunca houve unanimidade em favor da ditadura. Sempre houve oposições, moderadas e radicais, que adotavam diferentes formas de luta

Cabe enfatizar que nunca houve unanimidade em favor da ditadura. Sempre houve oposições, moderadas e radicais, que adotavam diferentes formas de luta. Entretanto, só a partir de 1974 as oposições moderadas, cada vez mais reforçadas por ex-apoiadores do regime, conseguiram maior audiência social.

Por outro lado, no campo contraditório e heterogêneo dos que apoiavam a ditadura, o processo não foi simples nem linear. Houve idas e vindas, deserções, mudanças de lado, sem contar as expectativas frustradas de lideranças civis de direita como Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Adhemar de Barros, e mesmo de políticos centristas, como Juscelino Kubitschek e Ulysses Guimarães: apoiaram o golpe, esperando uma intervenção brutal, mas rápida, cujos resultados os beneficiariam. Não foi o caso. Muitos acabaram marginalizados, condenados a papéis secundários, ou foram cassados, expulsos da vida política, como Lacerda, Ademar e JK.

Também não é possível esquecer que muita gente ficou em cima do muro, ou subiu nele quando julgou conveniente. Outros tantos, por alegado medo, cruzavam os braços, ou nem cogitavam a existência do regime político. Queriam trabalhar, constituir família, ter sucesso. Alguns lamentavam os ‘excessos’ dos agentes da ordem pública, mas aquilo lhes parecia uma contingência quase inevitável. Mais importante é que o país crescia, progredia – quem não gostasse que se retirasse.

Toda essa história precisa ser conhecida, estudada. Não para crucificar os apoiadores da ditadura, algo inviável e inútil, mas para compreender melhor as bases sociais e históricas de um regime ditatorial que se instaurou quase sem resistência e se retirou em boa ordem, sem levar nenhuma pedrada. O mesmo já acontecera com o Estado Novo, entre 1937 e 1945, coberto pelo manto da memória conciliadora.

Fazer dos ‘milicos’ bodes expiatórios pode ser uma operação simples e fácil: um outro manto. Economiza pesquisa e reflexão, mas não prepara a sociedade brasileira para lidar, no futuro, com novos surtos de autoritarismo. Fonte: Revista Ciência Hoje / Edição 313- Daniel Aarão Reis - Departamento de História
Universidade Federal Fluminense