sexta-feira, 4 de abril de 2014

Forte terremoto no norte do Chile

Um forte terremoto de magnitude 8,2 que sacudiu a região norte do Chile no começo da noite desta terça-feira, 1 de abril de 2014. O tremor, o maior registrado no mundo neste ano, provocou  dezenas réplicas até o momento e gerou um alerta de tsunami.

O terremoto  ocorreu em uma região histórica de quietude sísmica – denominada laguna sísmica Iquique. Os registros históricos indicam um terremoto de magnitude 8,8 ocorreu na estrutura geológica  Iquique em 1877, que foi precedida imediatamente ao norte por um terremoto de magnitude 8,8  em 1868. Em março houve aumento da taxa de sismicidade na região.

A estrutura geológica conhecida como 'laguna sísmica devido ao impacto teria se subdividida em três partes que a partir de agora, devem apresentar atividades sísmicas separadamente.

Ondas de mais de dois metros, no entanto, atingiram algumas partes do litoral, provocando deslizamentos de terra que bloquearam estradas próximas à cidade de Arica. Segundo informações dos Comitês Regionais de Operações de emergência, cerca de 900 mil pessoas foram evacuadas da costa chilena.

Imagens da TV chilena mostraram a população abandonando as regiões costeiras, de forma ordenada, formando longas filas de automóveis. Prédios foram destruídos e milhares de pessoas ficaram sem luz. Em um supermercado, produtos desabaram das prateleiras e os clientes tiveram de sair às pressas. Incêndios foram registrados em Iquique.

Epicentro no mar : O terremoto foi registrado às 20h46 (19h46 de Brasília), durou dois minutos e teve seu epicentro no mar, a 20 quilômetros de profundidade e a 85 km ao sudoeste de Cuya, próximo à cidade de Iquique, onde foram registradas ao menos duas ondas com mais de dois metros e o aeroporto foi fechado.

O sismo pode ser sentido no Peru e na Bolívia, onde prédios chegaram a balançar por alguns segundos.

Situado no Cinturão de Fogo do Pacífico, onde ocorrem 80% dos terremotos do mundo, o Chile tem atividades sísmicas frequentes. A região já estava em alerta por uma série de terremotos de intensidade média nas últimas semanas. Em março, uma evacuação já havia sido ordenada depois que um terremoto com 6,4 de magnitude atingiu a mesma região do país, e 100 mil pessoas tiveram que deixar a área. 

Informações gerais: De acordo com as ultimas informações do governo;  foram evacuadas  972.457 pessoas, seis mortes, oito estradas interrompidas.

Balanço de 4 de abril da zona de emergência: regiões de Arica, Parinacota e Tarapacá

1-Arica e Parinacota: 9 abrigos em funcionamento, 46 pessoas abrigas

Serviços básicos: 30% da população sem energia elétrica; 105 da população sem água potável

2-Tarapacá: 8 abrigos em funcionamento, 1.313 pessoas abrigadas

Serviços básicos: 28%  da população sem energia elétrica, especialmente em Alto Hospicio e interior, 33% sem água potável. Fontes: Emol e UOL 04/04/2014

Fotos do terremoto: 


Vídeo: Animação em tempo real do PTWC (Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico) para o tsunami do norte do Chile na região. A animação mostra a propagação da onda tsunami simulada por 30 horas, seguido de um "mapa de energia", mostrando as alturas máximas em mar aberto das ondas ao longo desse período e a previsão do incremento das alturas das ondas atingidas na costa litorânea.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

TV da Nicarágua noticia alerta de tsunami na Bolívia

O canal de TV Multinoticias, da Nicarágua, virou alvo de piadas no Twitter depois de ter noticiado que a Bolívia estaria em alerta para uma tsunami após o terremoto desta terça-feira no Chile. O território boliviano não só é fechado para o mar, como o país reivindica desde o fim do século XIX a recuperação de seu litoral, perdido justamente para o Chile na Guerra do Pacífico (1879-1883).

O canal da Nicarágua não foi o único a esquecer que a Bolívia não tem litoral. Um apresentador da TV pública argentina também noticiou um alerta de tsunami para o país andino, e a atriz e cantora mexicana Lucero chegou a recorrer ao Twitter, onde é seguida por mais de 3 milhões de pessoas, para enviar pensamentos positivos aos bolivianos pelo “perigo” de uma grande onda.

Sucessivos governos da Bolívia buscam retomar a saída do país para o mar, pressão que foi reforçada desde a chegada de Evo Morales à presidência, em 2006. Todo dia 23 de março, o país celebra o Dia do Mar, no qual lembra a perda de 400 quilômetros de costa e 120 mil quilômetros quadrados de terras. O governo boliviano enfrenta o Chile na Corte Internacional de Justiça, em Haia (Holanda), na tentativa de retomar seu litoral. Fonte: O Globo- Publicado: 02/04/2014

Comentário: É a única maneira da Bolívia sentir o mar?

domingo, 30 de março de 2014

Esquerda tinha ditaduras como modelo

Durante a ditadura, a oposição de esquerda transformou a experiência dos países socialistas em referência de democracia. A ditadura do proletariado foi exaltada como o ápice da liberdade humana e serviu como contraponto ao regime militar. A falácia tinha uma longa história. Desde os anos 1930 brasileiros escreveram libelos em defesa do sistema que libertava o homem da opressão capitalista.

Tudo começou com URSS, Um Novo Mundo, de Caio Prado Júnior, publicado em 1934, resultado de uma viagem de dois meses do autor pela União Soviética. Resolveu escrevê-lo, segundo informa na apresentação, devido ao sucesso das palestras que teria feito em São Paulo descrevendo a viagem. À época já se sabia do massacre de milhões de camponeses (a coletivização forçada do campo, 1929-1933) e a repressão a todas os não bolcheviques.

Prado Júnior justificou a violência, que segundo ele "está nas mãos das classes mais democráticas, a começar pelo proletariado, que delas precisam para destruir a sociedade burguesa e construir a sociedade socialista". A feroz ditadura foi assim retratada: "O regime soviético representa a mais perfeita comunhão de governados e governantes". O autor regressou à União Soviética 27 anos depois. Publicou seu relato com o título O Mundo do Socialismo. Logo de início escreveu que estava "convencido dessa transformação (socialista), e que a humanidade toda marcha para ela".

Em 1960, Caio Prado não poderia ignorar a repressão soviética. A invasão da Hungria e os campos de concentração stalinistas estavam na memória. Mas o historiador exaltava "o que ocorre no terreno da liberdade de expressão do pensamento, oral e escrito", acrescentando: "Nada há nos países capitalistas que mesmo de longe se compare com o que a respeito ocorre na União Soviética". E continua escamoteando a ditadura: "Os aparelhos especiais de repressão interna desapareceram por completo. Tem-se neles a mais total liberdade de movimentos, e não há sinais de restrições além das ordinárias e normais que se encontram em qualquer outro lugar."

Seguindo pelo mesmo caminho está Jorge Amado, Prêmio Stalin da Paz de 1951. Isso mesmo: o tirano que ordenou o massacre de milhões de soviéticos dava seu nome a um prêmio "da paz". Antes de visitar a União Soviética e publicar um livro relatando as maravilhas do socialismo - o que ocorreu em 1951 -, Amado escreveu uma laudatória biografia de Luís Carlos Prestes. A União Soviética foi retratada da seguinte forma: "Pátria dos trabalhadores do mundo, pátria da ciência, da arte, da cultura, da beleza e da liberdade. Pátria da justiça humana, sonho dos poetas que os operários e os camponeses fizeram realidade magnífica".

A partir dos anos 1970, o foco foi saindo da União Soviética e se dirigindo a outros países socialistas. Em parte devido aos diversos rachas na esquerda brasileira. Cada agrupamento foi escolhendo a sua "referência", o país-modelo. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) optou pela Albânia. O país mais atrasado da Europa virou a meca dos antigos maoistas, como pode ser visto no livro O Socialismo na Albânia, de Jaime Sautchuk. O jornalista visitou o país e não viu nenhuma repressão. Apresentou um retrato róseo. Ao visitar um apartamento escolhido pelo governo, notou que não havia gás de cozinha. O fogão funcionava graças à lenha ou ao carvão. Isso foi registrado como algo absolutamente natural.

O culto da personalidade de Enver Hoxha, o tirano albanês, segundo Sautchuk, não era incentivado pelo governo. Era de forma natural que a divinização do líder começava nos jardins de infância onde era chamado de "titio Enver". As condenações à morte de dirigentes que se opuseram ao ditador foram justificadas por razões de Estado. Assim como a censura à imprensa.

Com o desgaste dos modelos soviético, chinês e albanês, Cuba passou a ocupar o lugar. Teve papel central neste processo o livro A Ilha, do jornalista Fernando Morais, que visitou o país em 1977. Quando perguntado sobre os presos políticos, o ditador Fidel Castro respondeu que "deve haver uns 2 mil ou 3 mil". Tudo isso foi dito naturalmente - e aceito pelo entrevistador.

Um dos piores momentos do livro é quando Morais perguntou para um jornalista se em Cuba existia liberdade de imprensa. A resposta foi uma gargalhada: "Claro que não. Liberdade de imprensa é apenas um eufemismo burguês". Outro jornalista completou: "Liberdade de imprensa para atacar um governo voltado para o proletariado? Isso nós não temos. E nos orgulhamos muito de não ter". O silêncio de Morais, para o leitor, é sinal de concordância. O pior é que vivíamos sob o tacão da censura.

O mais estranho é que essa literatura era consumida como um instrumento de combate do regime militar. Causa perplexidade como os valores democráticos resistiram aos golpes do poder (a direita) e de seus opositores (a esquerda). Fonte: Estadão-28 de março de 2014 - Marco Antonio Villa-Historiador, é autor, entre outros livros, de ditadura à brasileira. 1964-1985. A democracia golpeada à esquerda e à direita.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Caça às bruxas: 31 de março

Essa semana as viúvas  socialistas estão em evidência. O museu de 64 abriu as portas para desenterrar o passado,  os antropólogos socialistas desenterraram as ossadas e traçam os perfis dos caçadores da esquerda. As viúvas socialistas ainda vivem na Terra do Nunca.

Esquecendo  a semana do museu arqueológico socialistas, a esquerda nunca comenta o que a revolução deixou para a sociedade.

Nesse período  o Brasil se modernizou do ponto de vista econômico, tecnológico e industrial.

O legado deixado pela revolução de 1964 no campo de ensino, tecnológico, desenvolvimento, etc.

Embrapa-Em 7 de dezembro de 1972, o então presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, sancionou a Lei nº  5.851, que autorizava o Poder Executivo a instituir empresa pública, sob a denominação de Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura.

Nuclebras e subsidiária; criação dezembro de 1974, Programa Nuclear Brasileiro de busca por autonomia energética, Usina Angra I e Angra II;

Embratel-A criação da Embratel em 16 de setembro de1965  para prestação de telefonia interestadual e internacional.

Telebras - criação através da lei nº 5.792, de 11 de julho de 1972, sendo instalada em 9 de novembro de 1972, no auge do regime militar instituído pelo golpe de 1964. Sua incumbência foi centralizar, padronizar e modernizar as diversas empresas de telecomunicações concessionárias de serviços públicos que existiam no Brasil.2

Embraer - Fundada no ano de 1969 como uma sociedade de economia mista vinculada ao então Ministério da Aeronáutica, iniciativa do governo brasileiro dentro de um projeto estratégico para implementar a indústria aeronáutica no país.

Pró-álcool - 14 de Novembro de 1975 o decreto n° 76.593 cria o Pró álcool, programa de motores à álcool.

Criação da EBTU; criada através da lei nº 6.261 de 14 de novembro de 1975;Implementação do Metrô em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza;

PIS/PASEP - O PIS foi criado pela Lei Complementar 07/1970 (para beneficiar os empregados da iniciativa privada), enquanto o PASEP foi criado pela Lei Complementar 08/1970 (para beneficiar os servidores públicos). 

FGTS- O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), foi instituído em 1966

INPS- O Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) do Brasil foi criado no ano de 1966, originando-se da fusão de todos os Institutos de Aposentadoria e Pensões existentes à época.

FINEP- Foi criada em 24 de julho de 1967, como uma empresa pública brasileira de fomento à ciência, tecnologia e inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas.

CORREIO- A ECT(Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) foi criada a 20 de março de 1969, como empresa pública vinculada ao Ministério das Comunicações.

INFRAERO- A Infraero (sigla para Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) é uma empresa pública federal brasileira de administração indireta vinculada à Secretaria de Aviação Civil. Criada pela Lei 5 862 em 12 de dezembro de 1972,1 a empresa é responsável pela administração dos principais aeroportos do país.

POLO PETROQUIMICO DO SUL - Sua implementação no extremo sul do Brasil ocorreu no início da década de 1980, e tinha como objetivo a retomada da industrialização no estado do Rio Grande do Sul.

POLO INDUSTRIAL DE CAMAÇARI- O polo iniciou suas operações em 1978. Fica localizado no município de Camaçari, no estado da Bahia, no Brasil. É o maior polo industrial do estado, abrigando diversas indústrias químicas e petroquímicas.

POLO PETROQUÍMICO DE PAULÍNIA – Iniciou a  operação em 2 de fevereiro de 1972

BANCO CENTRAL - O Banco Central foi criado em 31 de dezembro de 1964 pela da Lei nº 4.595.

ZONA FRANCA DE MANAUS – Foi criada em 1967 pelo governo federal para impulsionar o desenvolvimento econômico da Amazônia Ocidental.

CURSO SUPERIOR - A Reforma de 1968, abertura do ensino privado.

UNIVERSIDADES PÚBLICAS – Reforma de 68, modernizou as universidades públicas, incentivou  as instituições a articular as atividades de ensino e de pesquisa.

Aboliram-se as cátedras vitalícias, introduziu-se o regime departamental, institucionalizou-se a carreira acadêmica, a legislação pertinente acoplou o ingresso e a progressão docente à titulação acadêmica. Para atender a esse dispositivo, criou-se uma política nacional de pós-graduação, expressa nos planos nacionais de pós-graduação e conduzida de forma eficiente pelas agências de fomento do governo federal. A pós-graduação tornou-se um instrumento fundamental da renovação do ensino superior no país

CULTURA E ESPORTE - 15 de março de 1974 a 30 de maio de 1978 foram criados o Crédito Educativo, o Fundo de Assistência ao Atleta Profissional, o Conselho Nacional de Direitos Autorais, a Lei do Estágio, o Concine, a Funarte e diversos incentivos às artes e cultura brasileiras, com total reconhecimento do meio artístico nacional.

PROJETO RONDOM - Criado em 11 de julho de 1967. O projeto promovia atividades de extensão universitária levando estudantes voluntários às comunidades carentes e isoladas do interior do país, onde participavam de atividades de caráter notadamente assistencial, organizadas pelo governo. Entre 1967 e 1989, quando foi extinto, o projeto envolveu mais de 370 mil estudantes e professores de todas as regiões do País.

MOBRAL - O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL)  criado pela Lei n° 5.379, de 15 de dezembro de 1967, e propunha a alfabetização funcional de jovens e adultos, visando "conduzir a pessoa humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições de vida.

HIDRELÉTRICAS – No período  de 1964 a 1985 foram construídas 17 grandes usinas

ESTRADA DE RODAGEM - De 1964 a 1985 houve  expansão da malha rodoviária, favorecida pela crescente urbanização das cidades. Com o objetivo de ocupar e desenvolver as regiões Norte e Centro-Oeste do país, concluíram-se as rodovias Cuiabá-Santarém e a Transamazônica em 1970. Outras grandes obras de engenharia rodoviária que visavam ligar o País de Norte a Sul foram a Via Anchieta (entre São Paulo e Santos), a rodovia Cuiabá-Porto Velho (1966), a ponte sobre o Rio São Francisco em Alagoas (1972), a rodovia dos Imigrantes(1976), Ponte Rio-Niterói(1974).

Meio século após a Revolução de 64 e o País continua vivendo o passado e é o meio em que as carpideiras socialistas sobrevivem.

terça-feira, 25 de março de 2014

Ditadura civil-militar:o lado oculto

É um artigo resumido,  interessante pois foge um pouco da revisão distorcida da esquerda em relação a revolução de 1964. A esquerda com sua fé inabalável no socialismo não percebe que os fatos e dados históricos apontam que a sociedade apoiou a revolução. As viúvas do socialismo não percebem isso. As viúvas, talvez estão aguardando o socialismo do século XXI, saudosos e esperançosos para mais um fracasso.

O que fica evidente  é que o processo que levou à ditadura não foi um processo que apenas mobilizou os militares, ao contrário, foi um processo que articulou ativamente setores civis consideráveis, justificando-se, a partir daí, chamar-se a ditadura de ditadura civil-militar, e não mais de ditadura militar, porque esse último nome acaba encobrindo, e fazendo esquecer, os civis que participaram do processo. Os militares  têm razão em um ponto, é que as lideranças civis que foram importantíssimas no período anterior ao golpe, preparando o golpe, e durante a ditadura, os grandes capitalistas deste país, que tiveram extraordinários lucros durante a ditadura, escaparam incólumes do processo, e esse termo ditadura militar encobre completamente a participação dessa gente toda no processo.

Em parte, isso se tornou possível porque essas lideranças políticas migraram da ditadura para a democracia, com grande desenvoltura, e não só políticos, mas também lideranças empresariais, por exemplo, O Globo e a Folha de São Paulo, dois jornais que, ao longo dos anos 80, passaram por uma mudança de pele absolutamente fantástica, que ainda não foi estudada da forma como merecia. A Folha de São Paulo e O Globo foram jornais de choque durante o processo que levou em 1964 à instauração da ditadura, esses jornais foram sustentáculos da ditadura ao longo de todo o período, O Globo tornou o centro de um império monopolista das comunicações que não existe em lugar nenhum no mundo, mesmo no mundo capitalista avançado não existe, beneficiado, apoiando e apoiado pela ditadura.

Pois bem, ao logo do tempo, O Globo e a Folha de São Paulo foram mudando gradativamente de pele, sem nunca ter formulado nenhuma avaliação crítica sobre o período em que apoiaram abertamente a ditadura, e conseguiram essa proeza camaleônica.

Outro exemplo edificante: quando se instaurou a ditadura, em 1964, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apoiou a ditadura, com uma nota, abençoou o  movimento vitorioso que resultou na ditadura, a ditadura vinha salvar o Brasil do caos e da baderna, e do comunismo ateu, e por isso merecia ser apoiada. É verdade que alguns segmentos da Igreja se rebelaram desde o início, e inclusive apoiaram as movimentações estudantis, oferecendo conventos e seminários para reuniões e eventos clandestinos. Mas, de um modo geral, a hierarquia católica apoiou a ditadura, a instauração da ditadura. Posteriormente, sabemos que a CNBB evoluiria e se tornaria, ainda nos anos 70, sobretudo na segunda metade dos anos 70, uma poderosa força contrária à ditadura civil-militar, e de tal forma ela atuou nesse sentido que, conscientemente ou não, a memória foi se apagando a propósito da atividade que ela exercera a favor da instauração do processo.

E a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)? Quem é que não associa a OAB à luta pela liberdade, e à luta pela democracia no Brasil? No entanto, o conselho diretor da Ordem dos Advogados do Brasil também formulou voto de louvor à instauração da ditadura em 64. Com o tempo, a OAB mudaria igualmente de pele e passaria à oposição. Se formos aprofundar mais o estudo, veremos que a ditadura, no momento de sua instauração, foi apoiada por grandes movimentos de massa no Brasil, as chamadas Marchas da Família com Deus pela Liberdade. Essas marchas só foram organizadas contra o grande comício organizado pelas esquerdas pelas reformas de base, em 13 de março de 1964, realizado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em frente ao Ministério da Guerra. No comício de 13 de março,  havia 350 mil pessoas na Praça Duque de Caxias, na Central do Brasil. Uma semana depois, no dia 19 de março, em São Paulo, houve a primeira Marcha da Família com Deus pela Liberdade, quando se reuniram 500 mil pessoas.

Depois da vitória do golpe, houve uma outra Marcha da Família com Deus pela Liberdade no Rio de Janeiro, reunindo cerca de 1 milhão de pessoas. Antes disso já tinha havido outras no interior de São Paulo, e depois haveria dezenas e dezenas de marchas da família com Deus pela liberdade, houve gente marchando até setembro de 64. Outro exemplo: a ditadura, em 1965, criou um partido para apoiar o novo regime, a ditadura, chamado Aliança Renovadora Nacional, a Arena. Esse partido ganhou quase todas as eleições que se realizaram no período ditatorial.  Prosseguindo, além de ter sido civil-militar, é, assim, evidente que a ditadura foi apoiada por grandes seções da sociedade brasileira. Precisamos discutir por que essas questões não são devidamente debatidas, por que a sociedade resiste a refletir sobre este passado. Por que prefere insistir em falar de ditadura militar, associando apenas os militares à ditadura, e, em relação aos militares, transmitindo deles uma visão de pessoas boçais, truculentas, imbecis. 

Entretanto, o estereótipo não elucida os tempos que o Brasil viveu. Com efeito, quem dirigiu o Brasil, quem mandou neste país não foram boçais, não foram energúmenos chapados, não foram gorilas, foram intelectocratas, como eu os chamo, intelectuais do poder, e mais empresários, capitalistas, lideranças políticas, militares, empresariais, religiosas, impregnadas de um projeto modernista conservador, que, ao contrário do que aconteceu na Argentina – onde a ditadura desindustrializou o país, levou o país para baixo – , no Brasil, ao contrário, a ditadura levou o capitalismo para um patamar mais elevado e o Brasil conheceu tempos de grandes mutações, e se transformou em um país integrado em termos de comunicações, com uma indústria sólida, das mais importantes em termos do mal chamado Terceiro Mundo. O Brasil, entre a segunda metade dos anos 60 e os anos 70, apresentou um índice de mobilidade social e geográfica espantoso, era um país em mutação, era um país que prosperava, e isso empolgava. Todas essas considerações têm um sentido, o de chamar a atenção para o fato de que, ao contrário do que aparece nas comemorações realizadas depois que a ditadura passou, ao contrário da ideia de que a ditadura foi um corpo estranho à sociedade, do qual a gente se livrou, felizmente, é preciso reconhecer que a ditadura foi uma construção social e histórica da sociedade brasileira.

Insisto que esta é uma questão fundamental, estudar melhor as relações complexas entre sociedade e ditadura, para compreender as tendências profundas da nossa história, porque a ditadura, afinal de contas, foi à expressão de tendências autoritárias do País, tendências conservadoras e que inclusive podem ser perfeitamente associadas à mudança. Os conservadores nem sempre são reacionários, no sentido próprio da palavra, passadistas, arcaizantes, eles, às vezes, são modernizantes, e a ditadura civil-militar brasileira modernizou o País. Esse é um primeiro convite à reflexão que faço, a necessidade de estudar melhor às direitas, focar os vencedores, para que se possa compreender porque venceram. Se venceram, é porque tiveram apoio da sociedade, então esse é o primeiro ponto.

Antes de 1964, estavam em um movimento de radicalização, apontando para reformas profundas no País que levariam à superação e à destruição do capitalismo, à instauração de uma ditadura revolucionária. É muito difícil encontrar na documentação das esquerdas revolucionárias do Brasil elogios à democracia. As organizações queriam destruir o capitalismo, as forças armadas e instaurar uma ditadura revolucionária, como era o padrão do socialismo revolucionário do século XX. Com efeito, as grandes revoluções socialistas do século XX desembocaram em ditaduras revolucionárias, aconteceu na URSS, na China e em Cuba. Então, nada mais razoável, coerente, congruente que essas esquerdas revolucionárias raciocinassem nesses termos. Foram então à luta numa perspectiva ofensiva, revolucionária.

Fonte: Daniel Aarão Reis Filho - Ditadura militar e revolução socialista no Brasil- historiador e professor titular de História Contemporânea na Universidade Federal Fluminense (UFF). Possui diversos livros e artigos publicados sobre a história da esquerda no Brasil bem como sobre a história da experiência socialista no século XX.

Comentário: Na época os políticos Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Adhemar de Barros,  Ulysses Guimarães e Juscelino Kubitschek, também apoiaram a revolução pensando que ela fosse passageira, com a função apenas de  eliminar as organizações da esquerda e posteriormente voltaria o jogo político.

domingo, 23 de março de 2014

Brasil tem 16 cidades entre as 50 mais violentas do mundo

Com 16 municípios, o Brasil é o país com o maior número de cidades entre as 50 mais violentas do mundo, de acordo com pesquisa da ONG (organização não governamental) Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, do México. O estudo utiliza taxas de homicídio do ano de 2013 para classificar as cidades como mais ou menos violentas.





Cidades mais violentas no Brasil


Ranking
Cidade
Taxa de homicídios
Maceió (AL)
79,76
Fortaleza (CE)
72,81
João Pessoa (PB)
66,92
12º
Natal (RN)
57,62
13º
Salvador (BA)
57,61
14º
Vitória (ES)
57,51
15º
São Luís (MA)
57,39
23º
Belém (PA)
48,23
25º
Campina Grande (PB)
46
28º
Goiânia (GO)
44,56
29º
Cuiabá (MT)
43,95
31º
Manaus (AM)
42,53
39º
Recife (PE)
36,82
40º
Macapá (AP)
36,59
44º
Belo Horizonte (MG)
34,73
46º
Aracaju (SE)
33,36
 
 Cidades mais violentas
1-Lidera o ranking como mais violenta a cidade hondurenha de San Pedro Sula. É o terceiro ano consecutivo que o município da América Central ocupa a primeira colocação. A cidade tem uma taxa de 187,14 por 100 mil habitantes.

2-Com uma taxa de 134,36, Caracas, na Venezuela, é considerada a segunda cidade mais violenta.

3-A terceira é Acapulco, no México, com uma taxa de 112,80, segundo a pesquisa.

A maioria das cidades fica na América Latina. Das 50 cidades, nove estão no México, seis na Colômbia, cinco na Venezuela, quatro nos Estados Unidos, três na África do Sul, dois em Honduras e um em El Salvador, na Guatemala, Jamaica e Porto Rico.

Os Estados Unidos aparecem com quatro cidades; Detroit (ranking 24o, taxa de 47 ); New Orleans (26o; taxa de 45); Baltimore (36o, taxa de 38) e St. Louis (45o, taxa de 34). 

A cidade que ocupa a 50ª colocação do ranking é Valencia, na Venezuela, cuja taxa é 30,04.

O estudo utiliza índices de população e de homicídios de estatísticas oficiais dos governos locais de cidades com mais de 300 mil habitantes. Fonte: UOL - 17/01/2014

Comentário: Parece que as leis de restrição de armas não fazem muito para conter a violência nas grandes cidades. Veja o exemplo: Nos Estados Unidos a comercialização de armas, tem certa liberdade, enquanto no Brasil existe controle e restrição de venda de armas. A proibição sobre a posse de armas não afetam os criminosos que utilizam o mercado negro para sua aquisição. 

No Brasil no período  de 1980 a 2010, morreram 670.946 vítimas por arma de fogo. Sendo 58% de jovens na faixa de 15 anos a 29 anos. Em 2010, dado mais recente, foram 36.792 vítimas. Em dez anos de guerra no Afeganistão houve 13 mil mortes entre civis e militares.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Filho de Bachelet assumirá funções de primeira-dama

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, que tomou posse na última semana, anunciou que seu filho mais velho, o cientista político Sebastián Dávalos, assumirá sem receber remuneração sete fundações sociais lideradas tradicionalmente pela figura da primeira-dama.

Dávalos, de 35 anos e cientista político, trabalhou antes na Direção de Relações Internacionais da chancelaria chilena (Direcon).

"(Ele) só busca me acompanhar e demonstrar seu apoio", disse Bachelet, divorciada e mãe de três filhos, neste domingo em uma entrevista ao jornal El Mercurio de Santiago.

Em sua administração anterior, este cargo foi assumido por uma de suas assessoras mais próximas, María Eugenia Hirmas.

Em maio do ano passado, Sebastián Dávalos começou a ser investigado pelo Serviço de Impostos Internos do Chile por suposta evasão fiscal, depois de comprar quatro veículos Lexus com sociedades que matinha junto a sua esposa dedicadas à assessoria de empresas no Chile e na Ásia, dos quais supostamente fazia uso pessoal.

bligo-EstouVolta.jpgOs três filhos de Bachelet mantém a discrição e se esquivam da imprensa. Sua filha mais nova, Sofía Henríquez, estuda psicologia em Santiago, enquanto Francisca Dávalos trabalha como antropóloga em Buenos Aires.

Em dezembro de 2012, antes que Bachelet aceitasse ser candidata novamente, seu filho mais velho apareceu diante de sua casa, onde dezenas de jornalistas aguardavam, em um chamativo Lexus preto, avaliado em mais de 50.000 dólares.

Após esta aparição, a imprensa começou a investigar suas atividades comerciais.

Bachelet, de 62 anos, foi empossada na terça-feira para um novo período presidencial de quatro anos. Fonte: UOL Noticias - 16/03/2014

Comentário: Se fosse da direita era enriquecimento ilícito ou não poderia exercer o cargo, mas como é da esquerda, a famosa esquerda caviar, ou melhor, gauche caviar, trabalhou como capitalista e talvez pensando na distribuição para os necessitados, como dividendos.

A mão  direita capitalista e  a mão esquerda socialista. O socialismo usa muito o provérbio bíblico; "Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita"