As críticas que setores militares fazem à Comissão Nacional da Verdade e à presidente Dilma Rousseff não se restringem à velha guarda, hoje na reserva e com idade entre 70 a 80 anos. Há uma outra geração de oficiais de alta patente, que há dois, três anos estavam na ativa, para quem a comissão é revanchismo de esquerda.
O incômodo desses militares ficou claro no depoimento do coronel Brilhante Ustra, semana passada, quando dois generais tomaram as dores do ex-chefe do DOI-Codi de São Paulo. O general Luiz Adolfo Sodré de Castro, que até 2011 era o Comandante Militar do Planalto, protestou contra a intervenção do torturado Gilberto Natalini, vereador em São Paulo pelo PV. E reagiu, exaltado, quando Natalini pediu para não ser chamado de terrorista.
— E vai fazer o que comigo? Vai me matar? — respondeu Sodré, gritando.
Revanchismo aparece até nas novas gerações
O general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva, figura de destaque no Exército, também acompanhou a reunião da Comissão da Verdade na semana passada. Até 2007, ele era comandante da Escola de Comando do Estado Maior do Exército e foi também secretário-geral do Comando do Exército. Paiva tem 62 anos e, dessa geração, é o mais crítico à instalação da comissão.
Na véspera da sessão que ouviu Ustra, Paiva participou de uma audiência pública na Câmara, que discutiu projeto da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) que pretende rever a Lei de Anistia e prega a punição para os militares que atuaram na ditadura.
— Não houve terrorismo de Estado, mas defesa do Estado contra a ameaça de modelos que vinham de Pequim, Moscou e Havana. Deveria ser feita a reconstituição de graves violações e prestada assistência às 120 vítimas dos que estavam do outro lado. Não são cidadãos de segunda — disse o general.
Aos 56 anos, o coronel da Aeronáutica Miguel Angelo Braga Grillo, da reserva, diz que não só militares que recentemente foram para reserva têm esse entendimento de revanchismo, mas também os da ativa, que não podem se manifestar.
— O militar, de maneira geral e felizmente, tem um bom padrão de formação e está informado das coisas. Todos nós sabemos que a Comissão da Verdade é visivelmente distorcida e tem uma visão caolha, monocular. Só enxerga o que interessa. A sociedade vê a comissão como algo unilateral, mas é acomodada. Fica assistindo novela — disse o coronel Braga, que vive no Rio.
O coronel do Exército Guilherme Henrique dos Santos Hudson, de 59 anos, também critica com veemência a comissão e diz que há um sentimento revanchista.
— A comissão é composta por indicados por uma pessoa (Dilma) que deveria estar sentada no banco dos réus porque cometeu atos terroristas no passado. São sete que estão do lado que perdeu a revolução. Os derrotados — disse o coronel, que mora no Espírito Santo.
Ex-preso político e atual Coordenador do projeto Direito à Memória e à Verdade da Secretaria Especial de Direitos Humanos, da Presidência da República, Gilney Viana afirma que há esse sentimento na nova geração de militares:
— Recentemente uma turma que se formou na Aman (Academia Militar de Agulhas Negras) foi batizada de Médici (terceiro presidente da ditadura). Instrutores e os manuais militares ainda têm outra visão da História e ensinam o seu lado. Fonte: O Globo- 18/05/13
Comentário: A Comissao de Verdade é o tribunal de Inquisição que busca a verdade relativa. Não procura analisar a ditadura no contexto da época, da Guerra Fria.
O que é a verdade?
1. Aquilo que corresponde à realidade; Exatidão
2. Aquilo que é real, verdadeiro:
Buscar a realidade em si, significa muito pouco para o conhecimento, a não ser correlacionar com outros fatos dessa realidade, colocando em destaque o seu significado.
O que era a Guerra Fria?
Guerra Fria é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Em resumo, foi um conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência. Fonte:Wikipedia
O que queria a esquerda armada brasileira? Voltamos um pouco ao tempo
Em abril de 1922 realizou-se o I Congresso Comunista do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. O resultado desse Congresso foi a unificação dos grupos comunistas esparsos pelo País, com a fundação do Partido Comunista do Brasil - Secção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC).
Em 1935, com a Intentona Comunista, houve a primeira tentativa da esquerda revolucionária brasileira tomar o poder pela não-violência. O levante, alegadamente mal planejado e executado, só serviu para abalar as frágeis instituições democráticas e preparar o caminho para que o presidente nacionalista Getúlio Vargas instaurasse o Estado Novo.
Mesmo tendo sido derrotados em 1935, alguns dos militantes comunistas continuavam acalentando o sonho da Revolução popular e da tomada do poder pelas classes humildes e oprimidas do Brasil. Segundo alguns dos comunistas, depois da Revolução Russa e da Revolução Chinesa, o Brasil estava destinado a ser o palco da terceira grande Revolução Socialista do século.
Revolução de 1964
Com a tomada do poder pelos militares em 1964 e o combate cada vez maior dos militares contra o terrorismo praticado pela esquerda radical, grupos dissidentes dos partidos comunistas iniciaram as atividades de guerrilha armada urbana ou rural com vista a derrubar a ditadura militar e estabelecer um governo ditatorial comunista subordinado à União Soviética.
As organizações esquerdistas deram origem a grupos cada vez mais radicais de "resistência", praticando assassinatos políticos, sequestros de embaixadores para troca de prisioneiros políticos, assaltos a bancos e supermercados, para financiar as lutas armadas contra o regime militar. Fonte: Wikipédia
Essa é a história que a Comissão da Verdade não conta para analisar o contexto daquela época, quando os militares combatiam as organizações da esquerda. A Comissão quer reescrever a história na visão do socialismo/comunismo.