segunda-feira, 13 de maio de 2013

Faltam alimentos na Venezuela

Por falta de farinha, venezuelano faz fila e marca braço com caneta

Escassez é a maior em cinco anos e inflação de abril chega a 4,3%

Marcar no braço, a caneta, um número de controle se tornou uma das únicas formas de obter farinha de milho em Barquisimeto, uma das maiores cidades da Venezuela, no Estado de Lara (centro).

Fotos com as longas filas de consumidores com o braço marcado para comprar o produto --ingrediente da arepa, quitute base da dieta do país-- se tornaram nesta semana o símbolo da escassez de produtos na Venezuela, que chegou ao maior patamar dos últimos cinco anos, segundo medição feita pelo Banco Central.

Há outro dado preocupante para o presidente Nicolás Maduro, divulgado nesta semana: a inflação de abril foi 4,3%, contra 2,8% de março. O acumulado dos últimos 12 meses é 29,4%. Além da farinha de milho, cujo nível de escassez é o dobro do geral faltam farinha de trigo, frango, leite em pó, açúcar e papel higiênico.

O governo atribui a alta de preços e o desabastecimento à especulação de empresários que querem dar um "golpe econômico" em Maduro.  Para analistas, os problemas são fruto da queda da produção (desestimulada em parte pelos tabelamento dos de preços), do aumento da demanda e da paralisação nas importações pelo atraso na entrega de divisas oficiais.

Durante visita a Brasília, anteontem, Maduro disse que o Brasil vai ajudar seu país a "conseguir o objetivo de curtíssimo prazo" de aumentar a produção alimentícia local.

"O problema não se resolve pedindo cacau [ajuda] a países amigos', mas estimulando o investimento", criticou Luis Vicente León, do instituto Datanálisis ontem. "Podem passar horas de discursos, ataques, mas sem abastecimento as pessoas se irritam. E não haverá sem empresas, preços e divisas", declarou o analista. Fonte: Folha de São Paulo - sábado, 11 de maio de 2013 

Comentário: Deve ser mais uma mentira dos meios de comunicação? O que existe na Venezuela é uma escassez geral de produtos e alimentos.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Os ex-comunistas e o capitalismo

O ranking dos 10 mais da lista dos anistiados políticos soma R$ 25.439.875,94 em indenizações. A quantia é suficiente para instalar 26 mil computadores em escolas públicas, equipar 31 hospitais com aparelhos de tomografia e distribuir exemplares do livro ‘Técnicas de interrogatório sem violência’ entre 392 mil militares. As cifras aparecem na folha de pagamento do Ministério do Planejamento. A identificação dos beneficiários exige uma demorada busca na coleção do Diário Oficial da União.

Todas as indenizações foram aprovadas pela Comissão de Anistia, mas nenhum integrante do ranking recebeu integralmente o dinheiro pago em parcelas. Enquanto esperam, recebem pontualmente as pensões mensais fixadas na mesma decisão que calculou o valor da indenização.

1) José Carlos da Silva Arouca

Indenização: R$ 2.978.185,15

Pensão mensal: R$ 15.652,69.

Relator: Márcio Gontijo

2) Antonieta Vieira dos Santos

Indenização: R$ 2.958.589,08

Pensão mensal: R$ 15.135,65.

Relator: Sueli Aparecida Bellato

3) Paulo Cannabrava Filho

Indenização: R$ 2.770.219,00

Pensão mensal: R$ 15.754,80.

Relator: Márcio Gontijo

4) Renato Leone Mohor

Indenização: R$ 2.713.540,08

Pensão mensal: R$ 15.361,11.

Relator: Hegler José Horta Barbosa

5) Osvaldo Alves

Indenização: R$ 2.672.050,48.

Pensão mensal: R$ 18.095,15.

Relator: Márcio Gontijo

6) José Caetano Lavorato Alves

Indenização: R$ 2.541.693,65

Pensão mensal: R$ 18.976,31.

Relator: Márcio Gontijo

7) Márcio Kleber Del Rio Chagas do Nascimento

Indenização: R$ 2.238.726,71

Pensão mensal: R$ 19.115,17.

Relator: Márcio Gontijo

8 ) José Augusto de Godoy

Indenização: R$ 2.227.120,46

Pensão mensal: R$ 12.454,77.

Relator: Sueli Aparecida Bellato

9) Fernando Pereira Christino

Indenização: R$ 2.178.956,71

Pensão mensal: R$ 19.115,19.

Relator: Márcio Gontijo

10) Hermano de Deus Nobre Alves

Indenização: R$ 2.160.794,62

Pensão mensal: R$ 14.777,50.

Relator: Vanda Davi Fernandes de Oliveira

Os pedidos de anistia com repercussão econômica custaram aos cofres públicos, nesses 10 anos, mais de 4 bilhões de reais. Fonte: Veja - 02/08/2010

Comentário: São os comunistas de coração e  neo-marxista-capitalista no bolso. Coitado do trabalhador que se aposenta com salário mínimo.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Atraso da América Latina é de 100 anos, afirma o BID

A América Latina irá demorar um século para alcançar o nível dos países desenvolvidos, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A instituição recomenda, em seu relatório anual, que os países da região reduzam as diferenças de competitividade e produtividade que os separa dos países desenvolvidos, com o objetivo de aumentar os investimentos na América Latina.

O BID apontou a educação secundária e a baixa qualidade das instituições públicas como as duas áreas críticas, que exigem um fortalecimento acentuado, para que os países latino-americanos aumentem sua competitividade.

O relatório da instituição informa que, na região, somente 20% da população com idade para trabalhar tem educação secundária. O estudo ressalta que, apesar da melhora na década de 1990, os índices de competitividade e produtividade da região estão abaixo dos registrados pelas economias mais dinâmicas da Ásia, Oriente Médio e Leste Europeu. Fonte: DGABC-domingo, 14 de outubro de 2010

Comentário: É a região que tem mais paleontólogos marxistas.É a pura realidade. Os governos da esquerda sempre fizeram opções; pelos pobres, miseráveis, pelos necessitados, pelos excluídos, etc.

A estratégia da esquerda lembra o caranguejo, ele anda para trás quando os outros países andam para frente. Recua enquanto os outros avançam.

Pablo Neruda tinha câncer avançado na época em que morreu

Restos mortais do poeta chileno foram exumados após seu motorista afirmar que ele havia sido envenenado

No Chile, os testes preliminares feitos nos restos mortais do poeta Pablo Neruda (morto em setembro de 1973) mostraram que ele sofria de câncer de próstata em estado avançado. A conclusão inicial é de analistas forenses chilenos.

Vencedor do Prêmio Nobel, Neruda morreu duas semanas depois do golpe militar liderado pelo general Augusto Pinochet (1973-1990). Os restos mortais de Neruda foram exumados depois que seu ex-motorista e assistente Manuel Araya disse que o poeta havia sido envenenado por agentes de Pinochet.

Até o momento, as descobertas parecem sustentar a tese oficial: Neruda morreu de causas naturais. Representantes do Partido Comunista Chileno, no entanto, consideram essas conclusões ainda insuficientes. Os restos mortais do poeta foram exumados no último dia 8.

As escavações foram feitas em um dos pátios da casa-museu do poeta no balneário de Isla Negra. As investigações começaram há dois anos, com base em alegações do Partido Comunista, ao qual Neruda pertencia, e do ex--motorista, de que ele foi envenenado quando passou mal e foi levado para a Clínica Santa Maria, em Santiago. Fonte: Zero Hora - 03/05/2013

Comentário: O fantasma dos restos mortais do  Pablo Neruda ronda a esquerda paleontólica, mas ela não descobriu nada que incriminasse a direita. A esquerda latina sempre a procura de mais um mártir, talvez mais um Pajarito? A esquerda está sempre cheia de carpideiras, aguardando a chegada dos mitos. Até o momento  temos apenas o Pajarito Chávez. Como a esquerda gosta de um partido monolítico, talvez, coloque o Pajarito Chávez numa gaiola para cantar. Eta Pajarito democrático.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Pablo Neruda: Oda a Stalin

Camarada Stalin, yo estaba junto al mar en la Isla Negra, descansando de luchas y de viajes, cuando la noticia de tu muerte llegó como un golpe de océano.

Fue primero el silencio, el estupor de las cosas, y luego llegó del mar uma ola grande.

De algas, metales y hombres, piedras, espuma y lágrimas estaba hecha esta ola.

De historia, espacio y tiempo recogió su matéria y se elevó llorando sobre el mundo hasta que frente a mí vino a golpear la costa y derribó a mis puertas su mensaje de luto con un grito gigante como si de repente se quebrara la tierra.

Era en 1914.

En las fábricas se acumulaban basuras y dolores.

Los ricos del nuevo siglo se repartían a dentelladas el petróleo y las islas, el cobre y los canales.

Ni una sola bandera levantó sus colores sin las salpicaduras de la sangre.

Desde Hong Kong a Chicago la policía buscaba documentos y ensayaba las ametralladoras en la carne del pueblo.

Las marchas militares desde el Alba mandaban soldaditos a morir. Frenético era el baile de los gringos en las boîtes de París llenas de humo.

Se desangraba el hombre.

Una lluvia de sangre caía del planeta, manchaba las estrellas.

La muerte estrenó entonces armaduras de acero.

El hambre en los caminos de Europa fue como un viento helado aventando hojas secas y quebrantando huesos.

El otoño soplaba los harapos.

La guerra había erizado los caminos.

Olor a invierno y sangre emanaba de Europa como de un matadero abandonado.

Mientras tanto los dueños

del carbón,

del hierro,

del acero,

del humo,

de los bancos,

del gas,

del oro,

de la harina,

del salitre,

del diario El Mercurio,

los dueños de burdeles,

los senadores norteamericanos,

los filibusteros

cargados de oro y sangre

de todos los países,

eran también los dueños

de la Historia.

Allí estaban sentados

de frac, ocupadísimos

en dispensar condecoraciones,

en regalarse cheques a la entrada

y robárselos a la salida,

en regalarse acciones de la carnicería

y repartirse a dentelladas

trozos de pueblo y de geografía.

Entonces con modesto

vestido y gorra obrera,

entró el viento,

entró el viento del pueblo.

Era Lenin.

Cambió la tierra, el hombre, la vida.

El aire libre revolucionario

trastornó los papeles

manchados. Nació una patria

que no ha dejado de crecer.

Es grande como el mundo, pero cabe

hasta en el corazón del más

pequeño

trabajador de usina o de oficina,

de agricultura o barco.

Era la Unión Soviética.

Junto a Lenin

Stalin avanzaba

y así, con blusa blanca,

con gorra gris de obrero,

Stalin,

con su paso tranquilo,

entró en la Historia acompañado

de Lenin y del viento.

Stalin desde entonces

fue construyendo. Todo

hacía falta. Lenin recibió de los zares

telarañas y harapos.

Lenin dejó una herencia

de patria libre y ancha.

Stalin la pobló

con escuelas y harina,

imprentas y manzanas.

Stalin desde el Volga

hasta la nieve

del Norte inaccesible

puso su mano y en su mano un hombre

comenzó a construir.

Las ciudades nacieron.

Los desiertos cantaron

por primera vez con la voz del agua.

Los minerales

acudieron,

salieron

de sus sueños oscuros,

se levantaron,

se hicieron rieles, ruedas,

locomotoras, hilos

que llevaron las sílabas eléctricas

por toda la extensión y la distancia.

Stalin

construía.

Nacieron

de sus manos

cereales,

tractores,

enseñanzas,

caminos,

y él allí,

sencillo como tú y como yo,

si tú y yo consiguiéramos

ser sencillos como él.

Pero lo aprenderemos.

Su sencillez y su sabiduría,

su estructura

de bondadoso pan y de acero inflexible

nos ayuda a ser hombres cada día,

cada día nos ayuda a ser hombres.

¡Ser hombres! ¡Es ésta

la ley staliniana!

Ser comunista es difícil.

Hay que aprender a serlo.

Ser hombres comunistas

es aún más difícil,

y hay que aprender de Stalin

su intensidad serena,

su claridad concreta,

su desprecio

al oropel vacío,

a la hueca abstracción editorial.

Él fue directamente

desentrañando el nudo

y mostrando la recta

claridad de la línea,

entrando en los problemas

sin las frases que ocultan

el vacío,

derecho al centro débil

que en nuestra lucha rectificaremos

podando los follajes

y mostrando el designio de los frutos.

Stalin es el mediodía,

la madurez del hombre y de los pueblos.

En la guerra lo vieron

las ciudades quebradas

extraer del escombro

la esperanza,

refundirla de nuevo,

hacerla acero,

y atacar con sus rayos

destruyendo

la fortificación de las tinieblas.

Pero también ayudó a los manzanos

de Siberia

a dar sus frutas bajo la tormenta.

Enseñó a todos

a crecer, a crecer,

a plantas y metales,

a criaturas y ríos

les enseñó a crecer,

a dar frutos y fuego.

Les enseñó la Paz y así detuvo

con su pecho extendido los lobos de la guerra.

Frente al mar de la Isla Negra, en la mañana, icé a media asta la bandera de Chile.

Estaba solitaria la costa y una niebla de plata se mezclaba a la espuma solemne del océano.

A mitad de su mástil, en el campo de azul,la estrella solitaria de mi pátria parecía una lágrima entre el cielo y la tierra.

Pasó un hombre del pueblo, saludó comprendiendo,y se sacó el sombrero.

Vino un muchacho y me estrechó la mano.

Más tarde el pescador de erizos, el viejo buzo y poeta, Gonzalito, se acercó a acompañarme bajo la bandera.

«Era más sabio que todos los hombres juntos», me dijo mirando el mar con sus viejos ojos, con los viejos ojos del pueblo.

Y luego por largo rato no dijimos nada.

Una ola estremeció las piedras de la orilla.

«Pero Malenkov ahora continuará su obra», prosiguió levantándose el pobre pescador de chaqueta raída.

Yo lo miré sorprendido pensando: ¿Cómo, cómo lo sabe?

¿De dónde, en esta costa solitaria?

Y comprendí que el mar se lo había enseñado.

Y allí velamos juntos, un poeta, un pescador y el mar

al Capitán lejano que al entrar en la muerte dejó a todos los pueblos, como herencia, su vida.

Pablo Neruda


Comentario: Debe ser elogio de la locura?

La peor represión nunca conocida antes en un país en tiempos de paz, el Grande Expurgo, también conocido como el Gran Terror, entre 1936 y 1939 resultó en la ejecución de 680.000 personas y la deportación de centenares de miles.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

A revolução bolivariana exposta



Todo sábado, levo meu automóvel a um posto de gasolina.

Pelo câmbio oficial, encher o tanque custa menos de US$ 0,50. Pela taxa do mercado negro, custa apenas US$ 0,08.

Mas, em alguns dias, vou ao supermercado e não encontro alimentos básicos -leite, farinha ou arroz. Se os consigo em outro lugar, eles já aumentaram de preço, já que a Venezuela tem um dos índices de inflação mais altos do mundo, cerca de 20%.

A Venezuela não é um típico país latino-americano, mas, sim, uma fantasia petroleira peculiar. Talvez, em um futuro não muito remoto, essa ficção estoure em nossas mãos, já que o preço do barril de petróleo, depois de subir durante anos, caiu abaixo de US$ 90 nos últimos meses.

Tanto a dívida externa como a interna continuaram crescendo e chegaram ao equivalente a 70% do PIB. As exportações caíram, enquanto na última década as importações aumentaram de US$ 13 bilhões ao ano para mais de US$ 50 bilhões anuais.

A Venezuela chegou a ser o quinto exportador de café do mundo, mas hoje importa café da Nicarágua.

Há um exemplo ainda mais paradoxal: o país importa 100 mil barris de gasolina por dia. A "revolução bolivariana" que o falecido presidente Chávez proclamou não depende de seus postulados políticos nem de sua relação com a Cuba de Fidel Castro. Sua verdadeira ideologia é o preço do petróleo.

Chávez ressuscitou o sonho da riqueza nacional e contou com um ciclo de bonança petrolífera para apoiá-lo. Não é a primeira vez que isso acontece. Durante o primeiro governo de Carlos Andrés Pérez (1974-1979), o país viveu uma euforia econômica baseada no enorme ingresso de dinheiro proveniente do aumento do preço do petróleo cru.

Os conflitos no Oriente Médio -a queda do xá e a guerra entre Irã e Iraque- adiaram a explosão da crise até 1983, quando o preço do petróleo, ajustado pela inflação, caiu de um máximo de US$ 105 o barril, em 1979, para US$ 70.

Chávez ofereceu aos venezuelanos um relato diferente, uma nova visão do futuro. Usando seu carisma pessoal e uma grande indústria propagandística, transformou-se em uma nova versão de governante. Encarnou o Estado, ditou a política como um exercício pessoal e tentou criar uma nova identidade nacional. Reviveu a tentadora ilusão de que não precisamos produzir riqueza, simplesmente temos que saber distribuí-la.

Certamente Chávez conseguiu um novo esquema de distribuição da renda do petróleo. Ele pôs a pobreza no centro da agenda e do debate do país e deu visibilidade e consciência aos pobres e excluídos. No entanto, não governou com eficácia nem resolveu os problemas da renda da população. Dedicou-se a concentrar poder e a garantir sua permanência.

Por fim, acabou administrando as esperanças dos pobres, em vez de suas finanças. Seu legado é um país em crise. As eleições de 14 de abril, para eleger seu sucessor, depois que Chávez morreu de câncer, demonstram que houve uma mudança política.

Desde a eleição de 2006 até a de 2012, quando Chávez foi eleito para um terceiro mandato, a oposição obteve quase 2,3 milhões de novos votos, quase o triplo que o governo. Durante esses seis anos, a margem de vitória de Chávez caiu mais de 15 pontos percentuais. Sem Chávez, essa tendência se aprofundou. Nicolás Maduro, o sucessor que Chávez escolheu, ganhou por uma margem mínima.

Para enfrentar a difícil situação econômica, ele será obrigado a tomar medidas impopulares, como já teve que fazer em fevereiro, ao desvalorizar a moeda. Os venezuelanos estão convencidos de que nenhum político poderá aumentar o preço da gasolina. Essa lenda nasceu em fevereiro de 1989, quando, em seu segundo governo, Carlos Andrés Pérez tentou aumentar de maneira gradual o preço do combustível.

De imediato, houve uma revolta popular, com saques e muitos mortos. O novo governo terá de enfrentar esse desafio.

O Estado petroleiro ficou sem recursos e sem máscara. Não há mais discursos ou cantos do Comandante. A fantasia petroleira que ele criou para seduzir o país talvez seja finalmente exposta. É provável que o mito de Chávez sobreviva à crise, mas os venezuelanos continuarão sofrendo. Fonte: Folha de São Paulo - segunda-feira, 29 de abril de 2013

Comentário: O que os governos latinos fazem muito bem  é a eterna  caridade. Oferecem renda mínima para os pobres, para que saiam da estatística da pobreza. É o mote político.

Numa simulação hipotética se os governos o oferecessem renda mínima para todos os pobres, não existiriam mais pobres nas estatísticas. Isso seria verdade? Como pode erradicar a pobreza sem educação? Como pode uma família pobre andar pelas próprias pernas, sem auxílio do governo, sem educação mínima para arrumar emprego? Onde fica o planejamento familiar dos pobres no contexto da renda mínima? Não se deve dar o peixe aos pobres, mas ensiná-los a pescar.

Um pouco de história:Vanguarda Popular Revolucionária experiênciaguerrilheira no Vale de Ribeira

MANIFESTO DA VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR) SOBRE A EXPERIÊNCIA GUERRILHEIRA NO VALE DO RIBEIRA

Fecha: 1970 09 01
Grupo: Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
País: Brasil
Categoria : Comunicado

Manifesto da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) sobre a experiência guerrilheira no Vale do Ribeira

Do Vale do Jucupiranga ao Vale do Ribeira.
Delatada por Massafuni e Lungareti*, a área de treinamento de guerrilha da VPR sofreu ataque das forças armadas a partir de 21 de abril, enquanto os agentes do Dops e Oban já estavam em Jacupiranga desde o dia 19.
Dividimo-nos em dois grupos para evacuação da área; um dos grupos acompanhou os movimentos das tropas do Exército de 14h 45min do dia 21 até a´17h do dia 22, quando iniciou a marcha para o vale do Ribeira.

As forças armadas atuaram com helicópteros, aviões caças e bombardeios, tropas a pé e motorizada, patrulhas fluviais, além de agentes à paisana, num total de cerca de 20 mil homens.

Antes de iniciarmos a marcha, perdemos dois companheiros que caíram numa emboscada, quando iam ocupar um posto de observação - eram os combatentes Darcy Rodrigues e José Lavecchia, que sofreram as mais vis torturas em Registro e em São Paulo.

Diante da incapacidade das forças armadas, lenta e tranqüilamente atravessamos a serra e atingimos o vale do Ribeira, na localidade de nome Barra do Areado, onde o rio deste nome encontra o rio Batatais que é afluente do rio Ribeira. Era 8 de maio quando chegamos, ali deixamos os equipamentos e vestimos roupas comuns - conversamos apenas o armamento e a munição. Alugamos um caminhão para nos transportar a Eldorado Paulista.

Chegamos a Eldorado às 19 horas do dia 8 de maio. Ali existia um bloqueio da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que atacamos, derrubando cerca de 6 policiais e pondo a correr os demais - tudo presenciado pela população local. Os mortos naquele combate não tiveram seus nomes anunciados na imprensa, nem houve exploração sentimental nos seus enterros - as forças armadas consideraram aquela derrota uma vergonha que não podia ser declarada.

Tomamos rumo a Sete Barras, esperávamos o encontro com as forças repressoras no caminho. Isto se deu às 21 horas, o pelotão inimigo era composto de 17 homens (1 tenente, 2 sargentos, 2 cabos e 12 soldados). Éramos 7 num caminhão. O inimigo vinha com uma caminhonete e uma viatura militar. Dru um combate de encontro, e não uma emboscada; num rápido envolvimento cercamos o inimigo. Houve um tiroteio intenso, nos seus intervalos os gritos dos inimigos feridos prenunciavam a derrota iminente. Após cinco minutos exigimos a rendição, que foi aceita incontinente, sem exigências. O herói que querem fazer do tenente Mendes, não existiu - para restabelecer a verdade, só um inimigo avançou, foi o sargento Lino, que caiu ferido com três tiros, e só um soldado fugiu para Sete Barras.

Nós, revolucionários, cuidamos dos feridos, explicamos a nossa luta aos soldados, expropriamos três metralhadoras, um fuzil e munição.

Decidimos libertar os prisioneiros sob a condição de ser levantado o bloqueio. Conduzimos o tenente Mendes e os feridos até junto à tropa que bloqueava Sete Barras. O tenente Mendes declarou que estava suspenso o bloqueio. Libertamos os prisioneiros e conduzimos conosco o tenente na direção de Sete Barras. Ali constamos que o bloqueio não havia sido levantado - havia uma emboscada.

Desbordamos a emboscada - o inimigo percebeu e , utilizando-se dos faróis de suas viaturas, tentava nos localizar no matagal, e executava milhares de tiros a esmo. Naquela ocasião, a tropa inimiga que vinha pela estrada, na mesma direção que vínhamos antes, caiu na emboscada que havia sido montada para nós. Enquanto isto, nos afastamos, conduzindo o tenente preso. Ali os companheiros José Nóbrega e Edmauro Guerra se perderam, na escuridão, foram presos dias depois e selvagemente torturados. Marchamos dois dias e duas noites sem dormir, o tenente não agüentava mais andar, por isso paramos (dia 10 de maio). Fizemos várias perguntas ao tenente; ele considerava a derrota como culpa dos soldados, que usavam a farda como meio de vida, que não tinham amor à farda - sobre o seu procedimento no tempo em que serviu no Presídio Tiradentes, declarou que os presos não são gente - sobre a emboscada que montara, quebrando a palavra empenhada, dizia-se traído pelos seus superiores - perguntado por que a Polícia Militar espancava operários e massacrou operários na greve de Osasco, respondeu que grevistas e desempregados são vagabundos, e não respondeu quando perguntamos sobre a miséria que tinha visto no campo, e particularmente no nordeste.

Foi julgado e condenado por ser um repressor consciente, que odiava a classe operária - por ter conduzido à luta seus subordinados que não tinham consciência do que faziam, iludidos em seus idealismos de jovens, utilizados como instrumento de opressão contra o seu próprio povo, iludindo os jovens, ensinando-os a amar a farda, quando deveriam amar o povo - por ter rompido com a palavra empenhada em presença de seus subordinados - por ter tentado denunciar a nossa posição.

A sentença de morte de um Tribunal Revolucionário deve ser cumprida por fuzilamento. No entanto, nos encontrávamos próximo ao inimigo, dentro de um cerco que pode ser executado em virtude da existência de muitas estradas na região. O tenente Mendes foi condenado a morrer à coronhadas de fuzil, e assim o foi, sendo depois enterrado. Não sofreu qualquer violência ou ameaça antes do justiçamento, nem teve as mãos amarradas.

Depois de ser preso em São Paulo e ser violentamente torturado durante 15 dias, o companheiro Ariston - filho de Antônio Raimundo de Lucena - conduziu a Polícia Militar ao local do justiçamento. Consta que Ariston esteja aleijado, e ao mesmo tempo em que a repressão fazia o enterro do tenente, torturava Ariston.

Do dia 10 ao dia 18 de maio controlamos os deslocamentos da tropa que vasculhava a região de Areado (próximo a Sete Barras), Assistíamos os roubos que a tropa fazia nas plantações, e as humilhações por que passavam os trabalhadores da região.

Continuamos a marcha no dia 19, driblando facilmente as tropas do exército, que demonstrou capacidade, apenas, de aterrorizar a população. No dia 22 de maio o exército aprisionou dois camponeses, que foram fazer compras para nós, torturou-os e matou-os, e para justificar estes crimes, passaram com uma viatura sobre os cadáveres mutilados, para dar a impressão de que tinham sido acidentalmente atropelados.

Temendo que a população nos apoiasse, passaram a bombardear e queimar com napalm grandes regiões, aterrorizando assim a população que passou a abandonar a área. Vôos rasantes foram executados sobre míseras choupanas, e o matraquear das metralhadoras eram constantes. Afastamo-nos da região, evitando o combate, para a população não sofrer represálias.

Ultrapassamos os diversos cercos até o dia 29, no dia 31 montamos uma emboscada e aprisionamos um sargento e quatro soldados do exército, que se deslocavam numa viatura. Vestimos os seus uniformes e nos deslocamos com a viatura para São Miguel Arcanjo, onde havia um bloqueio que foi ultrapassado. Chegamos a São Paulo, sem dificuldades, às 21 hora, e abandonamos os militares amarrados dentro da viatura.

As forças armadas têm à sua disposição toda imprensa que é dominada pelos americanos, e mantém diariamente para enganar o povo. Falam em segurança, mas não conseguem fazer a própria segurança - já mataram 18 pessoas que passavam em frente aos seus quartéis. Falam na Pátria e a entregam aos americanos. Conduzem para a luta os soldados, iludindo nossos jovens filhos de trabalhadores, fazendo-os de escudo dos oficiais traidores da Pátria, inimigos da classe operária. Fazem propaganda, enquanto gastam 40% da renda nacional, e enriquecem com o sofrimento do povo.

Em nossa Pátria os parasitas é que têm valor: um policial ganha cinco vezes mais que um operário, um cabo das Forças Armadas ganha três vezes mais que uma professora, um oficial inculto ganha mais que um médico, qualquer general idiota ganha mais que um cientista - a injustiça impera em nossa Pátria.

Somente pela luta armada modificaremos isto, fazendo com que as fábricas sejam dirigidas pelos operários, que a produção da lavoura seja de quem trabalha na terra e não aos donos de títulos de propriedade.

Iniciamos o processo de união das organizações revolucionárias, e a união com o povo também está em marcha. Com o povo faremos a revolução que criará um Brasil justo.

OUSAR LUTAR - OUSAR VENCER

Vanguarda Popular Revolucionária - VPR

Setembro de 1970

Fonte:Cedema.org - CENTRO DE DOCUMENTACION DE LOS MOVIMIENTOS ARMADOS