O melhor amigo do homem costuma acompanhá-lo por toda parte –
de parques a restaurantes –, mas tem uma vida bem regrada no país.
Adestramento, impostos e seguros para cachorros fazem parte da rotina dos
donos.
Eles estão em toda parte. Não apenas nas ruas e parques, mas
em lojas, livrarias e restaurantes. Na Alemanha, o melhor amigo do homem não se
restringe ao ambiente caseiro, e sua presença é permitida em diversos
estabelecimentos.
Em restaurantes, os cachorros deitam respeitosamente aos pés
dos donos e aguardam o fim da refeição. Nos parques e ruas, muitos correm sem
coleira.
A VIDA DE CÃO É REGRADA NO PAÍS, E EXISTEM INCLUSIVE LEIS
BEM ESPECÍFICAS PARA ELES.
1-Para começar, há o adestramento. Mesmo que não seja
obrigatório colocar os animais numa escola para cachorros, cerca de 25% dos
cães frequentam esses estabelecimentos, de acordo com uma pesquisa da
Universidade de Göttingen. Existem aproximadamente 2.300 deles no país.
2- Os que ficam de fora das escolas também costumam ser
muito bem treinados – em casa mesmo, pelos próprios donos. Mais do que sentar e
dar a pata, eles aprendem a respeitar a autoridade do dono, agir de maneira
discreta em público, não desviar o caminho quando uma pessoa, bicicleta ou
outro animal passam perto.
3-Ter cães bem treinados é algo natural no país. Para além
da cultura em torno do adestramento, trata-se de uma questão de lei. Em muitos
estados alemães, o dono precisa comprovar que o cão é obediente e que pode ser
controlado.
LEI CANINA, SEGURO, CHIP DE IDENTIFICAÇÃO: Na Renânia do
Norte-Vestfália, por exemplo, os cachorros são divididos em três categorias. Os
pequenos, com menos de 40 centímetros ou menos de 20 quilos, não precisam de
treinamento específico. Aqueles que ultrapassam essas medidas são considerados
grandes, e é necessário comprovar que são adestrados.
"Isso pode acontecer por meio de testes com
veterinários ou com o próprio treinador", explica o representante do Clube
Canino Alemão (VDH), Udo Kopernik. Há ainda os cães de raças consideradas
agressivas, para os quais os treinos são ainda mais rigorosos.
Na Baixa Saxônia, as regras são ainda mais rígidas.
"Todos os donos e cães devem fazer um teste quando o animal tem um
ano", diz Kopernik. Em alguns estados, também pode ser exigido um seguro,
que cobre todos os custos caso o animal cause danos materiais ou ataque alguém.
A regra geral é que os cães tenham chips de identificação e
que seja pago um imposto sobre eles. Esse é um dos poucos tributos municipais
do país, e todas as cidades o mantêm.
IMPOSTOS: Em 2013, cerca de 300 milhões de euros foram
arrecadados com o imposto canino. O custo fica entre 60 e 120 euros anuais para
o primeiro cachorro, subindo para até 270 euros a partir do segundo. Já para
raças perigosas, o valor pode chegar a até mil euros. Cães que acompanham cegos
ou que são usados em operações de busca e resgate costumam ter descontos ou
isenção.
MERCADO DE ANIMAIS LUCRATIVO: Além dos impostos, os cães
também movimentam um mercado lucrativo. O setor de animais de estimação
movimenta cerca de 9,1 bilhões de euros por ano no país, 0,3% do PIB alemão,
segundo a pesquisa da Universidade de Göttingen. E os cães representam a maior
parcela desse mercado, com 50% do valor dos negócios: são 4,6 bilhões de euros
por ano gastos apenas com eles.
POSTOS DE TRABALHO: Juntos, os animais de estimação geram de
185 mil a 200 mil postos de trabalho, dos quais de 95 a 100 mil são dedicados
apenas a cachorros. Em 2013, havia cerca de 6,9 milhões cães na Alemanha,
aponta a pesquisa.
PAÍSES COM MAIS CACHORROS: A Polônia está no topo da lista
de amantes caninos, com uma média de 19,2 cães para cada 100 habitantes. Na
sequencia vem Portugal, com 17,1. A Alemanha surge apenas na oitava colocação,
com uma média de 8,4 cachorros para cada 100 habitantes.
"Apesar de eles serem bem vistos, ainda temos uma
proporção pequena de cachorros por pessoa. Acho que poderia ser bom para nossa
sociedade se tivéssemos, sim, mais cachorros", diz Kopernik.
NÃO É PARA TODOS: Quando se mudou para a Alemanha há três
anos, a brasileira Débora Leite Otte trouxe na bagagem sua shitsu Polly. Mas em
uma semana a cadela embarca novamente para o Brasil, onde ficará aos cuidados
da mãe de Débora.
Além do rol inesperado de normas com as quais a brasileira
se deparou, que vão do imposto ao fato de, em alguns casos, cachorros terem de
pagar passagem nos trens, ela encontrou pouca simpatia por parte de
proprietários de imóveis. "Não consigo um apartamento que aceite
cachorros", lamenta. Fonte: Deutsche Welle - 24.11.2015
Comentário: País organizado é outra coisa. No Brasil o IBGE estimou a população de
cachorros em domicílios brasileiros em 52,2 milhões, o que dá uma média de 1,8
cachorro por domicílio que tem pelo menos um cão.
A população de gatos em domicílios brasileiros foi estimada
em 22,1 milhões, o que representa aproximadamente 1,9 gato por domicílio que
tem esse animal.
A Organização Mundial da Saúde estima que só no Brasil
existem 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães abandonados nas ruas.
Os consumidores brasileiros desembolsaram R$ 16,7 bilhões no
ano passado com produtos e serviços para os bichos de estimação, segundo dados
da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de
Estimação).
Os números colocam o Brasil como segundo maior mercado pet
do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que lideram disparados (US$ 30,4
bilhões). Em seguida, aparecem Reino Unido, França, Alemanha e Japão. O mercado
pet representa 0,38% do PIB.
Ainda tem plano de saúde para animal, hotel e creche para
cachorro. Coitado dos cães e gatos sem teto. Talvez exclusão social?