sábado, 22 de março de 2025

De quanta água o organismo precisa e para quê?

 O ser humano pode passar três minutos sem oxigênio, 30 dias sem comida, porém apenas três dias sem ingerir líquido. Sem água, o corpo não funciona. Mas o excesso também pode ser fatal.

O corpo de um recém-nascido consiste em cerca de 80% de água. À medida que o ser humano envelhece, o conteúdo de água do corpo diminui para cerca de 60%.

As células gordurosas têm um teor de água mais baixo do que as demais. Assim, quem tem sobrepeso possui um percentual de água menor do que os magros, e o percentual de água é menor nas mulheres do que nos homens. Para todos, no entanto, é essencial para a sobrevivência fornecer regularmente líquido ao organismo.

Entre os órgãos que contêm uma quantidade extremamente grande de água está o olho, cujo corpo vítreo é até 99% líquido. Os músculos também têm alto teor de fluido, de cerca de 80%. Para abastecer o corpo com líquido suficiente, é, acima de tudo, necessário beber bastante.

PERIGO DE COMA

O organismo humano perde cerca de dois litros de líquido por dia, acima de tudo através da pele, que assim regula a temperatura corporal. Isto acontece especialmente em períodos de calor. Mas o ar seco do sistema de calefação também pode ressecar. Os rins, que livram o corpo de toxinas, excretam fluido sob a forma de urina.

A urina de quem não bebe o suficiente tem uma cor amarela intensa.A cor marrom é um sério sinal de que algo está errado. Nos intestinos, líquidos são expelidos com as fezes, e também se perde água na forma de gotículas ao respirar.

Para compensar essas perdas, é preciso consumir de 1,5 a 2 litros de líquido por dia. A necessidade aumenta com esforço físico, prática de esporte, temperaturas altas, febre, vômito e diarreia. No entanto, nem sempre tem que ser água: sopas, frutas e vários tipos de vegetais também ajudam a manter as reservas de líquido.

Isso é absolutamente necessário, pois uma deficiência de 1% a 2% já resulta em sintomas físicos. A perda de 7% de líquido já representa perigo, levando à aceleração do pulso e confusão mental, pois todas as reações e processos químicos precisam de líquido. Um déficit de 12% pode levar a complicações: no pior dos casos a estado de choque ou mesmo coma.

ÁGUA PROTEGE O CÉREBRO

O cérebro e a medula espinhal tampouco funcionam sem líquido. O líquido cerebroespinhal – também chamado de líquido cefalorraquidiano ou ainda líquor – são 140 mililitros um fluido transparente no qual o cérebro praticamente flutua dentro do crânio, ficando protegido de choques. Todos os dias o corpo produz cerca de meio litro desse fluido, que se decompõe, naturalmente, precisa ser substituído.

Os primeiros sinais de que se precisa urgentemente de água são dores de cabeça e tonturas, mucosas secas na boca e garganta, e possivelmente dificuldade de engolir. Sente-se cansaço e falta de disposição, que de início não se associa à falta de fluidos.

No calor e com a perda adicional através do suor, o sistema circulatório pode entrar em colapso, resultando em desmaio. O corpo diz inequivocamente que é urgente beber, pois a pressão arterial também sobe. Sem líquido suficiente, o sangue se torna mais espesso e não pode mais manter a circulação normal.

QUANDO MAIS LÍQUIDO É NECESSÁRIO

Também não é raro os mais idosos simplesmente esquecerem de beber o suficiente. O resultado pode ser vertigem, confusão mental, distúrbios de consciência ou inconsciência, entre outros. Em casos de extrema falta de fluidos, os médicos têm recorrer à infusão de soro.

Alguns se abstêm deliberadamente de beber o suficiente devido à dificuldade de controlar a micção ditada pela idade. Por medo de perder o controle ou de ter que urinar com frequência à noite, bebem muito pouco ou nada. Porém isso não é solução em nenhum caso e em nenhuma idade.

Em caso de diarreia ou vômitos, o mínimo de 1,5 litro por dia não basta. Se o equilíbrio hídrico não for restaurado o mais rápido possível, o corpo se desidrata, podendo resultar em colapso circulatório ou uma inconsciência.

Também é necessário beber bastante quando se tomam certos medicamentos. Diuréticos desidratam o corpo a fim de, por exemplo, evitar edemas, ou seja, retenção de líquido.

TUDO UMA QUESTÃO DE MEDIDA

Bebidas alcoólicas igualmente têm efeito diurético, em especial a cerveja. Os rins tentam expelir as substâncias tóxicas do corpo, forçando a ida ao banheiro.

O álcool também inibe a liberação no hipotálamo da vasopressina, hormônio antidiurético que regula o equilíbrio hídrico dos rins. Em caso de escassez desse hormônio, os rins excretam água demais, e o equilíbrio hídrico é perturbado.

Beber cinco litros ou mais em poucas horas também implica risco de morte por hiperidratação. Os rins então não conseguem mais regular e excretar a grande quantidade de fluido e, no pior dos casos, a consequência pode ser um edema cerebral.

Assim, concursos do tipo "quem bebe mais" podem sobrecarregar totalmente organismo dos participantes. Não só os rins não conseguem mais fazer seu trabalho: também o equilíbrio de sal é afetado. Como um organismo lida com tudo isso dependerá da idade, do peso e do estado geral de saúde. Fonte: DW - Publicado 01/06/2022

quarta-feira, 5 de março de 2025

Coronavírus: Situação do Brasil até 3 de março de 2025

 

O último navio brasileiro afundado pelos nazistas

 Foi durante a noite do dia 19 julho de 1944 que um submarino alemão afundou o navio militar brasileiro, Vital de Oliveira, a cerca de 65 quilômetros da costa de Macaé, no estado do Rio de Janeiro.

A explosão causada pelos torpedos rachou a popa do navio, colapsando a estrutura da embarcação em menos de três minutos.

Junto com os destroços, mais de 270 tripulantes foram jogados ao mar. Desses, 99 não conseguiram se salvar.

Pertencente ao Primeiro Escalão da Força Expedicionária Brasileira, o Vital de Oliveira era responsável pelo transporte de tropas e cargas durante a Segunda Guerra Mundial. E foi uma das muitas embarcações vítimas de ataques nazistas durante o período.

Somente 80 anos depois do naufrágio, o casco do navio foi encontrado no fundo do oceano – mais especificamente a 55 metros de profundidade. A divulgação da descoberta aconteceu no final de  janeiro deste ano e foi confirmada oficialmente pela Marinha do Brasil.

NAVIOS BRASILEIROS NA MIRA DA ALEMANHA NAZISTA

Contabilizando o Vital de Oliveira, a Alemanha nazista foi responsável pelo ataque a outras 30 embarcações brasileiras – mercantis e militares – entre os anos de 1942 e 1944. O que causou a morte de pelo menos mil pessoas.

O naufrágio do Vital de Oliveira fora o último sucesso alemão no litoral brasileiro durante a guerra. Já a primeira investida nazista contra o país acontecera na costa do Nordeste, em 1942, quando apenas um submarino alemão, o U-507, afundou seis navios brasileiros, matando mais de 600 pessoas. Especialistas afirmam que esse ataque ‘empurrou' de vez o Brasil para o centro do confronto. Dias depois,  o ditador brasileiro Getúlio Vargas anunciou um "estado de beligerância", praticamente declarando guerra contra o Eixo.

Mapa de navios naufragados durante a Segunda Guerra no Atlântico Sul. 

SUBMARINOS ALEMÃES  NA COSTA DO BRASIL

Documentos oficiais dão conta que dezenas de submarinos alemães operaram na costa do Brasil durante a guerra, com aval de Karl Dönitz, um dos principais comandantes da Kriegsmarine (marinha de guerra alemã). Entre eles, estava o submarino U-861, comandado pelo capitão Jürgen Oestern, responsável por afundar o Vital de Oliveira.

"O submarino U-861 foi fabricado em 1943, então era um equipamento relativamente novo quando torpedeou e abateu o Vital de Oliveira. Logo depois, ele foi enviado ao Oceano Índico para auxiliar os japoneses contra a campanha ofensiva norte-americana", explicou à DW Fernando Loureiro, especialista em história militar.

De acordo com ele, os alemães tinham como missão cortar as linhas de suprimento entre o Brasil e os países aliados.

"Os submarinos da Alemanha possuíam a melhor tecnologia da época, quase imperceptíveis pelos radares. Durante um tempo, a estratégia funcionou, tendo êxito em estrangular a linha de suprimento que saía do Brasil em direção aos países aliados. Mas precisamos levar em consideração que o litoral brasileiro é imenso", acrescenta Loureiro.

OBJETIVOS

A relevância dos submarinos para os nazistas na guerra também foi destacada pelo historiador e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Francisco Carlos.

"Na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha utilizou os submarinos apenas na Europa e no norte da África. Já na Segunda Guerra, esses equipamentos foram fundamentais para o esforço nazista no continente americano. Eles tinham a missão de cobrir grande parte da costa brasileira, com destaque para Belém, Natal, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Santos”, disse.

Francisco Carlos ressalta ainda que Hitler ordenara um número ainda maior de submarinos em águas brasileiras para um ‘tremendo ataque'. A ordem do ‘führer' aparece em documentos oficias da Kriegsmarine.

A possibilidade de um ataque ainda mais sangrento também é mencionada no livro Operação Brasil, do escritor Durval Lourenço Pereira. Segundo o autor, os portos das principais cidades do país seriam torpedeados pelos alemães em represália à aproximação brasileira com os Estados Unidos, a partir de 1942.

Como justificativa ao plano, a Kriegsmarine afirma que o Brasil "colocou não apenas as forças econômicas do país, mas também seu território à disposição do inimigo, de onde parte ataques contra o Eixo”.

À DW, Durval Lourenço Pereira afirma que uma ofensiva mais incisiva foi abortada mais tarde por Hitler, já que um ataque poderia afetar a relação da Alemanha com os outros países da América Latina. Para os submarinos, o alto comando nazista manteve apenas a ordem de patrulhamento e abate de navios brasileiros tentando chegar aos Estados Unidos.

"Caso o plano fosse posto em prática, poderíamos ter presenciado uma Pearl Harbor brasileiro, com centenas de navios afundados e portos destruídos. Felizmente, os ataques não aconteceram”, finaliza Durval. Fonte: DW - 28/02/202528 de fevereiro de 2025

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Ranking de percepção da corrupção deixa Brasil na pior posição desde 2012

 O Brasil registrou em 2024 sua pior posição e nota no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da Transparência Internacional desde 2012, o começo da série histórica.

De 2023 para 2024, o país caiu de 104º para 107º, com uma pontuação de 34 no índice, cuja escala vai de 0 a 100 —quanto maior a nota, maior a percepção de integridade do país. O Brasil fica ainda 9 pontos abaixo da média global (43) e 8 abaixo da média das Américas (42).

Argélia, Nepal, Tailândia, Maláui e Níger estão empatados com o Brasil no dado mais atualizado. Há dez anos, de acordo com a Transparência Internacional, o país estava empatado com Bulgária, Grécia, Itália, Romênia, Senegal e Essuatíni.

O IPC é construído a partir da padronização de 13 outros índices construídos por instituições internacionais, como o Banco Mundial e o Fórum Econômico Mundial. Estes, por sua vez, analisam a percepção de corrupção a partir de pesquisas com especialistas e executivos, além de dados quantitativos. Fonte: Folha de São Paulo - 11.fev.2025 

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

A dura pergunta sobre Auschwitz que permanece sem resposta após 80 anos

 O dia 27 de janeiro foi declarado Dia da Memória do Holocausto por uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas de 2005.

Mas a forma como nos lembramos do Holocausto evoluiu ao longo das décadas e, mesmo agora — 80 anos depois — a história da lembrança ainda está inacabada.

"Querido garoto", começa a curta nota manuscrita de 1942, "Fiquei encantado com sua mensagem de maio. Estou saudável. Espero poder ficar aqui e vê-lo novamente. Continuo esperançoso. Por favor, escreva. Saudações, seu pai."

A nota é um dos milhares de documentos mantidos pela Biblioteca do Holocausto de Wiener em Londres, um dos maiores arquivos do Holocausto do mundo.

O judeu que a escreveu se chamava Alfred Josephs e a estava enviando para seu filho adolescente Wolfgang, que havia escapado com sua mãe para a Inglaterra. Alfred havia sido preso e estava detido no campo de detenção de Westerbork, na Holanda.

Ele ainda conseguia, na época, passar mensagens curtas através da Cruz Vermelha.

O que Alfred não sabia era que Westerbork era um campo cujos internos seriam transportados para Auschwitz. Wolfgang nunca mais ouviria de seu pai.

A princípio, Auschwitz foi usado pelos alemães para abrigar prisioneiros de guerra poloneses.

Depois que a Alemanha nazista atacou a União Soviética, tornou-se um campo de trabalho, onde muitos internos trabalhavam até morrer.

Os nazistas chamavam isso de "aniquilação pelo trabalho".

Mas em 1942 Auschwitz se tornou aquilo que ficou em nossa memória coletiva para sempre: um campo de extermínio, cujo principal propósito era o assassinato em massa.

Uma reportagem filmada pelos aliados após a libertação da Europa mostra civis alemães sendo forçados a visitar os campos pelas tropas.

"Era apenas uma curta caminhada de qualquer cidade alemã até o campo de concentração mais próximo", diz a voz americana.

O filme mostra alemães relaxados e elegantemente vestidos rindo e conversando enquanto caminham.

Eles passam por cadáveres, pilhas de homens e mulheres — que podem até ter sido seus vizinhos, colegas, amigos no passado. A câmera que havia capturado seus sorrisos relaxados antes de entrarem nos campos agora registra seu horror.

O choque está estampado em seus rostos. Alguns choram. Outros balançam a cabeça, cobrem o rosto com lenços e desviam o olhar.

A Europa do pós-guerra olhou para esse horror e reconheceu a profundidade do sofrimento. Mas como a Europa do pós-guerra tratou os perpetradores?

Quando falamos de matança industrializada, não queremos dizer apenas a escala dela, por mais vasta que fosse.

Também queremos dizer a sofisticação de sua organização: a divisão do trabalho, a alocação de tarefas especializadas, a eficiente mobilização de recursos, o planejamento meticuloso que era necessário para manter as rodas da máquina de matar girando.

Essas mesmas reportagens mostram guardas nazistas bem alimentados — homens e mulheres agora sob custódia dos aliados.

Qual foi a natureza do colapso moral que transformou esse horror em uma normalidade para os nazistas que comandavam esses campos — uma normalidade na qual o assassinato em massa se tornou, para eles, apenas um dia de trabalho? Fonte: BBC News-27 janeiro 2025