quarta-feira, 28 de dezembro de 2022
segunda-feira, 26 de dezembro de 2022
Ucrânia : O que foi o Holodomor?
A palavra ucraniana Holodomor significa "morte por inanição" e se refere ao período da grande fome vivenciada entre os anos de 1932 e 1933 na então República Socialista Soviética da Ucrânia.
As causas da tragédia estão
na coletivização da agricultura, na introdução de cotas inalcançáveis de
entrega da produção ao Estado e na perseguição aos agricultores, sobretudo os
antigos culaques, no regime do ditador comunista Josef Stalin, durante os
primeiros anos do comunismo, no âmbito do que o próprio Stalin chamaria depois
de "revolução a partir de cima".
Um número entre 3,5 milhões e
3,9 milhões de pessoas morreram de fome na Ucrânia, que tinha então uma
população em torno de 30 milhões. Em toda a União Soviética, o número de mortos
pela fome ficou entre 6 milhões e 8 milhões.
Na Ucrânia, as áreas mais
atingidas foram as então regiões de Kiev e Kharkiv, bem como a Moldávia, então
uma república autônoma.
COLETIVIZAÇÃO DA AGRICULTURA
As origens do Holodomor estão
na violenta transformação da agricultura na União Soviética, que havia começado
já em 1929, com a coletivização forçada das propriedades rurais. Surgiram os
chamados colcoses (colcoz, no singular), as propriedades rurais coletivas do
regime comunista soviético.
Muitos agricultores
resistiram à coletivização, que acabou sendo feita à força pelo regime soviético.
Entre os que resistiram estavam os culaques, agricultores ricos que os
comunistas viam como um bastião do capitalismo. Milhares deles foram detidos e
enviados para prisões na Sibéria.
Depois de uma safra boa no
ano de 1930, a colheita ruim do ano seguinte logo deixaria claro o que
significava, na prática, a coletivização agrícola no comunismo soviético.
O regime em Moscou continuou
cobrando dos agricultores uma cota fixa de produção, sem considerar se a
colheita era boa ou ruim, apelando até mesmo para o confisco de sementes e de
cereais forrageiros.
Essa situação se agravou
ainda mais em 1932, com uma nova colheita abaixo da média. Se os agricultores
não entregassem a cota de produção para Moscou, comandos armados iam até eles
para retirar a produção à força.
Mas, mesmo com toda a rigidez
aplicada pelo regime para a cobrança, na ampla maioria dos colcoses a cota de
produção não podia ser alcançada. Moscou acusava os agricultores de sabotagem
e, a partir de 1932, instituiu o terror entre a população rural, com confisco
de alimentos, isolamento de regiões inteiras e impedindo, de forma violenta,
que a população faminta deixasse o campo rumo às cidades.
Correspondências entre
lideranças comunistas mostram que o regime, ciente das mortes por inanição, não
apenas nada fazia para impedi-las como ainda as via como medida disciplinatória
necessária para que os agricultores aceitassem o trabalho nas fazendas
coletivas, que haviam sido criadas à força.
A propaganda do regime
afirmava que os agricultores boicotavam o trabalho nos colcoses, escondiam a
produção e a vendiam ilegalmente a preços elevados. Assim justificava-se o
envio dos comandos armados para o confisco. Estes levavam todos os produtos
alimentícios que encontrassem nos vilarejos.
A polícia secreta GPU chegava
de surpresa nos vilarejos e inspecionava os galpões. Se algo fosse encontrado,
os acusados eram submetidos a um processo sumário e condenados à cadeia ou até
mesmo à morte.
Na verdade, o que
eventualmente se encontrava eram alimentos que os agricultores haviam escondido
para garantir a própria subsistência. Quando também estes eram confiscados, o
que restava era morrer de fome.
EM ESPECIAL, A UCRÂNIA
Não só a Ucrânia foi
atingida. Também o Cáucaso Norte, a região do rio Volga e a República Soviética
do Cazaquistão sofreram com a fome. Um quarto da população do Cazaquistão, ou
em torno de 2 milhões de pessoas, morreu.
Mas o terror stalinista
atingiu sobretudo a República Soviética da Ucrânia. Por exemplo por meio do
isolamento de vilarejos em meio à fome, o que foi ordenado por Stalin apenas
para a Ucrânia e para o Cáucaso Norte.
Stalin temia a resistência
dos ucranianos à política de coletivização. Numa carta de agosto de 1932, ele
escreveu que o Partido Comunista da Ucrânia era cheio de "elementos
podres" que estavam apenas aguardando o momento para atacar Moscou.
"Se não colocarmos agora a situação na Ucrânia em ordem, arriscaremos
perder a Ucrânia", afirmou.
Ainda em 1932, Stalin ordenou
uma "limpeza" no aparato do partido comunista na Ucrânia e a
perseguição de supostos nacionalistas. Alguns historiadores falam em
"guerra de Stalin contra a Ucrânia". Inúmeros intelectuais,
escritores, artistas, professores e cientistas foram vítimas dessa perseguição,
cujo apogeu foi em 1933. Todos eram suspeitos de defender uma maior autonomia
para a Ucrânia e, talvez, até mesmo querer a separação da Ucrânia da União
Soviética.
UM TABU NA UNIÃO SOVIÉTICA
Na União Soviética, o
Holodomor se tornou um tabu. Declarações públicas eram proibidas. O tema
simplesmente não era abordado. Mesmo na época de Nikita Kruschev, quando alguns
crimes stalinistas foram tematizados, o Holodomor continuou sendo um tabu.
Somente no fim dos anos 1980, com Mikhail Gorbatchov, essa situação começou a
mudar.
Na historiografia da Ucrânia,
o Holodomor ocupa uma posição central desde a independência do país, em 1991.
Em muitas cidades foram erguidos monumentos às vítimas, incluindo a capital,
Kiev.
Em 2006, na presidência de
Viktor Yushchenko, o Holodomor foi declarado um genocídio, e negá-lo é crime.
Pesquisas mostram que a maioria dos ucranianos concorda que o Holodomor foi um
genocídio.
O DEBATE SOBRE GENOCÍDIO
Durante muitos anos se
debateu se o Holodomor foi ou não foi um genocídio, e mesmo hoje não há
consenso entre especialistas. Consenso existe, porém, de que ele foi causado
pelo regime comunista de Stalin.
A Convenção para a Prevenção
e a Repressão do Crime de Genocídio, das Nações Unidas, define genocídio como
"atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo
nacional, étnico, racial ou religioso".
Isso implica, no caso da
Ucrânia, que deve ser demonstrável que o terror stalinista se voltava contra a
etnia ucraniana e tinha a intenção de exterminá-la, no todo ou ao menos em
parte.
Os que argumentam contra o
genocídio lembram que entre as vítimas não há apenas ucranianos e que também em
outras regiões, além da Ucrânia, ocorreram mortes por inanição naqueles anos.
Além disso, afirmam, não há
nenhum documento no qual Stalin ordene o extermínio dos ucranianos.
Os que argumentam a favor
lembram que a convenção da ONU não fala no extermínio da totalidade de um grupo
nacional ou étnico e que basta, para o crime de genocídio, que apenas uma parte
dos ucranianos (no caso, os agricultores) tenha sido propositalmente atingida.
Além disso, o fato de que
outros grupos estejam entre as vítimas não enfraquece a tese de genocídio, pois
esta não requer exclusividade. Também no Holocausto não foram mortos apenas
judeus.
E, sobre a intenção, mesmo
reconhecendo não haver qualquer documento de Stalin ordenando um extermínio, os
partidários da tese afirmam que medidas adotadas, e documentadas, como o
confisco de todos os alimentos ou o isolamento de vilarejos em fome, equivalem
a uma ordem para matar.
Em 30 de novembro de 2022, o
Bundestag (Parlamento da Alemanha) reconheceu o Holodomor como genocídio. Fonte: Deutsche Welle – 21.12.2022
sábado, 24 de dezembro de 2022
terça-feira, 20 de dezembro de 2022
História: 1916: Alemães suspendem mais sangrenta batalha da 1ª Guerra
Em 15 de dezembro de 1916, depois de quase dez meses de batalha, os militares alemães suspenderam a grande ofensiva de Verdun, cujo número de mortos é estimado em mais de 600 mil.
Quando, em meados de dezembro
de 1916, as detonações de granadas e canhões cessaram no campo de batalha de
Verdun, no nordeste da França, chegavam ao fim 300 dias e noites de luta entre
alemães e franceses.
Não há dados exatos sobre o número de mortos nas batalhas de Verdun, nos combates para tomar o Forte Douaumont e os povoados de Fleury, Vaix, Froideterre e Vauxquois, mas se estima que tenha ultrapassado os 600 mil. Hoje, o cemitério militar de Douaumont tem afixadas 15 mil cruzes, enquanto no ossário estão os restos mortais de mais de 100 mil mortos nas batalhas.
A Batalha de Verdun havia
começado no dia 21 de fevereiro de 1916. A artilharia alemã, chefiada pelo
general Erich von Falkenhayn, abriu fogo contra as fortificações francesas em
torno de Verdun, no lado direito do rio Mosa. Os 1,5 mil canhões lançavam
projéteis ininterruptamente contra os inimigos. Depois de poucos dias de
ofensiva, o plano de desgastar o contingente francês revelou-se um fracasso.
Impiedosa guerra de
trincheiras
Apesar de alguns avanços, os
alemães não conseguiram penetrar nas linhas francesas. O marechal Joffre e o
general Petain barraram a ofensiva de Falkenhayn. Começou aí uma impiedosa
guerra de trincheiras, com a explosão de 60 milhões de granadas e o uso de
gases tóxicos. Jovens soldados de baionetas em punho enfrentaram rajadas de
metralhadoras e desafiaram a morte nas lutas corpo a corpo.
No final de 1916, ficou
evidente que a guerra não seria decidida pela conquista de alguns quilômetros
quadrados. Tanto os invasores alemães como as tropas francesas haviam sofrido
perdas enormes. Também não houve conquistas significativas nas batalhas
seguintes da Grande Guerra, como os franceses ainda chamam o conflito, enquanto
os alemães dizem Primeira Guerra Mundial.
O fator decisivo foi o ingresso dos Estados Unidos, depois que um submarino de guerra alemão bombardeou navios americanos. No dia 11 de novembro de 1918, finalmente, depois de 8,5 milhões de mortos, o Deutsches Reich reconheceria oficialmente a derrota. Fonte: 15 de dezembro de 2022









