domingo, 27 de outubro de 2019
Entenda a onda de protestos no Chile
Quase 10 mil integrantes das Forças Armadas foram
mobilizados para atuar contra os protestos.
O presidente do Chile, Sebastian Piñera, solicitou neste
sábado (26) que ministros coloquem cargos à disposição. O anúncio foi feito
após uma semana de protestos. Na sexta-feira (25), cerca de 1 milhão foram às
ruas, no maior ato desde a ditadura.
A capital chilena viveu o terceiro dia de distúrbios no
domingo (20) com confrontos violentos entre manifestantes e policiais. Os
protestos pela suspensão do aumento nas passagens de metrô seguiram após o
presidente anunciar no sábado (19) sua revogação.
Na noite de sábado (19), manifestantes atacaram vidraças de
prédios, destruíram semáforos, queimaram ônibus e invadiram e incendiaram um
supermercado. Ao menos 19 pessoas morreram desde semana passada devido a
incêndios em estabelecimentos, atropelamentos e confrontos com forças de
segurança.
ENTENDA OS DISTÚRBIOS NO CHILE EM SEIS PONTOS:
·
Governo anunciou um aumento de 30 pesos na
tarifa do metrô, equivalente a 20 centavos de real
·
Violência aumentou nos protestos a partir de
sexta (18);
·
Chile decreta no sábado "Estado de
Emergência" e Exército vai às ruas pela 1ª vez desde a ditadura;
·
Presidente chileno suspendeu o aumento na tarifa
do metrô, mas os protestos prosseguiram;
·
Metrô de Santiago foi fechado e o aeroporto da
capital chilena teve voos suspensos;
·
Na sexta-feira (25), cerca de 1 milhão foram às
ruas. O presidente solicitou que ministros coloquem cargos à disposição.
1. AUMENTO DA TARIFA DO METRÔ
O preço da passagem do metrô de Santiago nos horários de
pico subiu para 830 pesos – equivalente a R$ 4,80 –, aumento de 3,75%. Não
havia aumento nessa proporção desde 2010. O reajuste não afetou o valor das
passagens para estudantes e idosos, mas se soma ao aumento geral de 20 pesos
nas tarifas decretadas em janeiro passado.
2. ESCALADA DA VIOLÊNCIA
Os protestos, que começaram há cerca de 15 dias, tornaram-se
violentos a partir de sexta. Houve confrontos entre manifestantes e policiais.
Houve registro de incêndios que deixaram mortos em um supermercado e uma
fábrica. O balanço oficial indica que 11 pessoas morreram e 1.462 foram detidas
no país.
Manifestantes provocaram danos em 78 estações e trens. A
empresa estatal que administra o serviço do metrô avalia que o prejuízo deve
chegar a mais de US$ 300 milhões.
3. ESTADO DE EMERGÊNCIA E TOQUE DE RECOLHER
O aumento da violência nos protestos fez o governo enviar
tropas do Exército às ruas de partes de Santiago. Foi a primeira vez que isso
ocorreu desde 1990, quando o Chile voltou à democracia após a ditadura de
Augusto Pinochet.
Mais 9.500 integrantes das Forças Armadas foram mobilizados
para atuar contra os protestos para controlar pontos estratégicos como centrais
de abastecimento e estações de metrô, que são alguns dos alvos mais visados
pelos manifestantes.
O governo do país andino decretou estado de emergência por
15 dias na capital e na região metropolitana.
O general Javier Iturriaga decretou toque de recolher duas
noites consecutivas, no sábado e no domingo. A medida atingiu a região
metropolitana de Santiago, Valparaíso (centro), Coquimbo, Biobío e Antofagasta,
entre outras regiões.
4. SUSPENSÃO NA ALTA DA TARIFA
Os protestos contra o aumento nas passagens de metrô
seguiram mesmo após o presidente Sebastián Piñera anunciar no sábado (19) a suspensão
do aumento de 30 pesos (R$ 0,17), que foi o estopim dos protestos.
"Escutei com humildade a voz de meus compatriotas e não
terei medo de seguir escutando esta voz. Vamos suspender o aumento nas
passagens do metrô", disse o presidente em uma transmissão.
No entanto, a medida não acalmou os manifestantes, que
continuaram nas ruas com gritos de "basta de abusos" e com o lema
"Chile acordou".
As manifestações não têm um líder definido nem uma lista
precisa de demandas. Até o momento aparece como uma crítica generalizada a um
sistema econômico neoliberal que, por trás do êxito aparente dos índices
macroeconômicos, esconde um profundo descontentamento social.
No Chile, o acesso à saúde e à educação é praticamente
privado, a desigualdade social é elevada, os valores das pensões estão
reduzidos e os preços dos serviços básicos estão em alta, de acordo com a
France Presse.
5. VOOS SUSPENSOS
No aeroporto da capital chilena, centenas de pessoas ficaram
retidas - muitas dormiram no chão - com o cancelamento ou adiamento de voos.
Os voos operados pelas maiores companhias aéreas do Chile, a
Latam e a Sky Airline, foram suspensos por causa do toque de recolher.
A Latam Chile disse em uma rede social que, devido à
situação da ordem pública, seus voos para dentro e fora de Santiago estavam
sendo afetados.
6. UM MILHÃO NAS RUAS
O presidente do Chile, Sebastian Piñera, solicitou neste
sábado (26) que ministros coloquem cargos à disposição. "Pedi a todos os
ministros para colocar seus cargos à disposição para poder estruturar um novo
gabinete para poder enfrentar essas novas demandas", afirmou no final da
manhã em pronunciamento no Palácio da Moeda, sede do Executivo do país.
O anúncio foi feito um dia depois de cerca de 1 milhão irem
às ruas na que é considerada pela imprensa local como maior manifestação desde
o período da ditadura de Augusto Pinochet, que terminou em 1990. Fonte: Por
G1-20/10/2019
Comentário: É a Primavera Chilena
Consequências: Lado obscuro do protesto: Saques, vandalismos,
etc
■Comércio chileno calcula perdas de mais de US$ 1,4 bilhão
A CCS, que representa as principais empresas do país, estima
os prejuízos em prejuízos de US$ 900 milhões e a falta de vendas em outros US$
500 milhões.
Dos prejuízos estimados, US$ 900 milhões seriam apenas em danos
causados por saques e destruição de lojas, mais US$ 500 milhões mais pela falta
de vendas por roubo de espécies e pelos dias em que as lojas estavam fechadas.
■O setor estima que as instalações afetadas por incêndios,
pilhagem ou destruição excedam 25.000. Estimativas do CCS, que representa as
principais empresas do país, estimam que o número de instalações afetadas
nacionalmente por incêndios, saques ou destruição ultrapassa 25.000, das quais
10.000 pertencem a pequenas e médias empresas.
■Prejuízo milionário para Metrô de Santiago - A empresa Metro
confirmou que terá de enfrentar com o
seu património os danos milionários deixados nelas pelo vandalismo que ocorreu
no início da explosão social que abalou o país desde sexta-feira, 18 de Outubro.
Dessa forma, a maior parte dos US$300 milhões em que as perdas causadas pelos
abusos e significarão uma dura diminuição para a empresa.
Das 136 estações da rede do Metrô, 79 estão danificadas.
Destes, dez foram completamente destruídos por incêndios e outros atos de
vandalismo. A estes se somam 11 parcialmente danificados, 41 com danos
múltiplos e 17 que requerem pequenos reparos. Quanto aos trens, há seis que têm
algum tipo de dano causado pela violência dos protestos. Fontes: Cooperativa - 26 de Outubro de 2019 , CIPER -
24.10.2019
sábado, 26 de outubro de 2019
Mancha de petróleo no litoral do nordeste
Resumo
·
No dia 30 de agosto foram registradas as
primeiras manchas de óleo nas praias de Conde e Pitimbu, na Paraíba.
·
Até o momento, 1.027 toneladas de resíduos foram
coletadas, em uma faixa de 2,5 mil quilômetros da costa brasileira.
·
Os resíduos já foram encontrados no Maranhão,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
·
Autoridades e especialistas em saúde alertam
para a necessidade de evitar o contato direto com o material. Isso porque o
óleo pode causar irritações e alergias na pele. Todos os voluntários devem
fazer o uso de materiais de proteção (botas, luvas, máscaras e óculos) no
momento de recolher os resíduos.
·
Órgãos envolvidos nas ações; Marinha, Ibama,
Petrobras, FAB, Exército Brasileiro, Defesa Civil, ICMBio, Polícia Federal,
Ministério do Meio Ambiente, instituições e agências federais, estaduais e
municipais, além de empresas e universidades.
·
O que é esse óleo: Análise feita pela Marinha e
pela Petrobras aponta que a substância encontrada nos litorais do Nordeste é
petróleo cru. Ou seja, não se origina de nenhum derivado de óleo. Trata-se de
hidrocarboneto, mais conhecido como piche. Em águas profundas, essas “placas”
densas de óleo ficam submersas. Em locais mais rasos, elas aparecem na
superfície e se partem em pedaços menores com a rebentação das ondas.
·
Áreas atingidas; Monitoramento do Ibama revela
que as manchas de óleo já foram encontradas em 2,5 mil quilômetros da costa
brasileira. Mais de 120 praias já foram atingidas, em uma faixa que envolve
todo o litoral nordestino.
·
Possíveis causas; A origem desse acidente
ambiental ainda é desconhecida. Investigações sigilosas sobre as possíveis
causas estão sendo conduzidas pela Marinha, enquanto a investigação criminal é
objeto da Polícia Federal. Análises preliminares da Petrobras indicam que foram
encontradas amostras com a mesma “assinatura” do óleo da Venezuela. Quanto ao
local onde surgiu o derramamento, é provável que seja em uma área entre 600 km
e 700 km da costa brasileira.
Em 25 de outubro a Petrobras confirma que petróleo que
chegou ao Nordeste foi produzido na Venezuela. A conclusão veio depois da
análise de 30 amostras recolhidas nas praias do Nordeste. Na entrevista
coletiva, a Petrobras afirmou que o petróleo vem de três campos de exploração
venezuelanos, mas disse que isso não significa que a Venezuela seja responsável
pelo derramamento. Segundo a Marinha, a hipótese mais provável é a de um
acidente com um navio-tanque fantasma, que navegava sem registro oficial e com
o equipamento de localização em tempo real desligado. Fonte: Ibama
Comentário: Parece que é o navio fantasma Holandês Voador?
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Farinelli Il Castrato
Farinelli é um filme de drama biográfico ítalo-franco-belga
de 1994 dirigido por Gérard Corbiau. Foi indicado ao Oscar de melhor filme
estrangeiro na edição de 1995, representando a Bélgica.
No filme, o ator Stefano Dionisi, que interpreta o
protagonista, é dublado nas partes cantadas. Para reproduzir a particularíssima
voz de um castrato, foram gravadas em separado e depois mixadas eletronicamente,
as vozes da soprana polonesa Ewa
Małas-Godlewska e do contratenor americano Derek Lee Ragin. Apenas em Lascia
ch'io pianga, de George Frideric Handel, a voz é de Małas-Godlewska, apenas,
sem mixagem.
Carlo Maria Michelangelo Nicola Broschi, conhecido pelo
pseudônimo de Farinelli (Andria, 24 de janeiro de 1705 — Bolonha, 15 de julho
de 1782), foi um lendário castrato do século XVIII, o mais popular e bem pago
cantor de ópera da Europa em sua época.
Castrato (termo extraído do idioma italiano, cuja tradução
lusófona trata-se literalmente de "castrado") é o nome pelo qual eram
conhecidos os cantores masculinos que, a fim de terem preservada, ainda na fase
adulta, a tessitura vocal da infância (cuja extensão vocal é quase idêntica
àquela própria das tessituras vocais femininas, sejam de soprano, de
mezzo-soprano ou de contralto), eram submetidos a uma operação cirúrgica de
corte dos canais provenientes dos testículos, a partir da qual a chamada
"mudança de voz" não ocorria.
A prática de castração de jovens cantores teve início no
século XVI (tendo surgido a partir da necessidade de vozes agudas nos grupos
corais das igrejas da Europa Ocidental, já que a Igreja Católica Apostólica
Romana não aceitava mulheres no coro de suas igrejas)[carece de fontes],
atingindo seu auge nos séculos XVII e XVIII (de tal sorte que, nas óperas do
compositor barroco alemão Georg Friedrich Händel, por exemplo, o papel do herói
era frequentemente escrito para castrato).
Muitos dos rapazes que eram submetidos à castração
tratava-se de crianças órfãs ou abandonadas. Algumas famílias pobres, incapazes
de criar a sua prole numerosa, entregavam um filho para ser castrado. Em
Nápoles, recebiam a sua instrução em conservatórios pertencentes à Igreja, onde
lecionavam músicos de renome. Algumas fontes referem que muitas barbearias
napolitanas tinham, à entrada, um dístico com a indicação "Qui si castrano
ragazzi" ("Aqui castram-se rapazes").
Na segunda metade do século XVIII, com a chegada do verismo
na ópera, a popularidade dos castrati entrou em declínio. Durante alguns anos,
é verdade, ainda houve desses cantores na Itália, mas, com o decorrer do tempo,
esses papéis foram transferidos aos contratenores e, por vezes, às sopranos.
Foi só em 1870, não obstante, que o castratismo destinado a
este fim foi terminantemente proibido na Itália (o último país onde ainda era
efetuado). E, em 1902, o papa Leão XIII proibiu definitivamente a utilização de
castrati nos coros das igrejas.
O último castrato a abandonar o coro da Capela Sistina foi
Alessandro Moreschi (1858-1922), no ano de 1913. Há alguns registros
fonográficos da voz deste castrato, que, entre 1902 e 1904, gravou exatos dez
discos. Fonte: Wikipedia
terça-feira, 22 de outubro de 2019
Händel-Lascia Chio Pianga
Rinaldo (HWV 7) é uma ópera em três atos escrita pelo
compositor alemão naturalizado britânico Georg Friedrich Händel (1685-1759)
apresentada pela primeira vez em Londres em 1711. O libreto é de Aaron Hill
(1685-1750) e se baseia no poema de Torquato Tasso (1544-1595) Gerusalemme
Liberata, de 1580.
O texto foi traduzido para o italiano por Giacomo Rossi.
Rinaldo foi a primeira ópera londrina de Händel e a primeira ópera italiana
composta especialmente para os palcos daquela cidade.
Rinaldo contém algumas das árias mais famosas de Händel,
executadas isoladamente em diversas versões mesmo antes do completo resgate da
obra operística do autor. Exemplos inquestionáveis são Cara sposa, Venti
turbini (Rinaldo) e Lascia che io pianga (também de "Rinaldo").
Fonte: Wikipedia
Cinco belas vozes e interpretações diferentes
domingo, 20 de outubro de 2019
Como aprendemos a comer plantas tóxicas como mandioca
A mandioca é muito perigosa se não for preparada
adequadamente, então como as pessoas desenvolveram e compartilharam esse
conhecimento?
Em 1860, os exploradores Robert Burke e William Wills
lideraram a primeira famosa expedição europeia pelo interior desconhecido da
Austrália. Mas a sorte não esteve ao lado deles. Devido a uma combinação de
falta de comando, mau planejamento e azar, Burke, Wills e um terceiro
integrante, John King, ficaram sem comida na viagem de volta.
Burke e Wills ficaram presos às margens do rio Cooper's
Creek, e não conseguiram pensar em um jeito de transportar consigo água
suficiente para atravessar um trecho de deserto até o posto de controle
colonial mais próximo, no Mount Hopeless.
As adversidades enfrentadas pelo trio, contudo, não pareciam
afetar o cotidiano do povo nativo, os yandruwandha. Os yandruwandha deram aos
exploradores bolos feitos a partir de vagens esmagadas de uma samambaia chamada
nardoo. Burke brigou com eles e, imprudentemente, os afastou ao disparar sua
pistola.
Mas talvez o trio já tivesse aprendido o suficiente para
sobreviver? Eles encontraram nardoo fresco e decidiram fazer seus próprios
bolos. No começo, tudo parecia correr bem. Os bolos nardoo satisfaziam seu
apetite, mas eles se sentiam cada vez mais fracos.
Dentro de uma semana, Wills e Burke estavam mortos. Acontece
que o nardoo requer um preparo complexo. O nardoo, um tipo de samambaia, é
coberta por uma enzima chamada tiaminase, que é tóxica para o corpo humano. A
tiaminase impede a absorção pelo corpo da vitamina B1, que tem entre suas
principais funções o metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas e a
estimulação de nervos periféricos.
Em outras palavras: embora tivessem comido, Burke, Wills e
King continuavam desnutridos.
Os yandruwandha, por outro lado, recorriam a um longo
preparo para tornar a tiaminase menos tóxica.
Praticamente morto, King buscou ajuda dos yandruwandha, que
o mantiveram vivo até a chegada da ajuda de outros exploradores europeus meses
depois. Ele foi o único membro da expedição que sobreviveu.
Como comida, a nardoo é mais uma curiosidade. O que não é o
caso da mandioca, que é uma fonte vital de calorias em várias regiões do mundo,
em particular na África e na América Latina.
À rigor, há dois tipos de mandioca, a mandioca mansa, também
chamada de mandioca de mesa (conhecida também no Brasil pelos nomes de
macaxeira e aipim), e a mandioca brava, conhecida como mandioca de indústria.
As duas são extremamente parecidas, mas a mandioca brava é altamente tóxica - e
requer um procedimento industrial ou um ritual de preparação tedioso e complexo
para torná-la um alimento seguro. Ela libera cianeto de hidrogênio.
Nos centros urbanos, a mandioca comercializada como alimento
é sempre a mansa. Mas em zonas rurais, em lugares mais remotos na África, a
mandioca mais comum pode ser a brava, e, por isso, se não fora preparada
adequadamente, pode causou sérios problemas de saúde.
Um deles é uma condição chamada konzo, com sintomas que
incluem paralisia súbita das pernas.
Em 1981, em Nampula, Moçambique, um jovem médico sueco
chamado Hans Rosling não sabia disso. Como resultado, passou por uma situação
profundamente intrigante.
Mais e mais pessoas batiam à porta de sua clínica com
paralisia nas pernas. Poderia ser um surto de poliomielite? Não. Os sintomas
não estavam descritos em nenhum livro.
Com o início da guerra civil em Moçambique, poderiam ser
armas químicas?
A mulher e os filhos de Rosling deixaram o país, mas ele
decidiu continuar suas investigações in loco.Foi uma colega de Rosling, a
epidemiologista Julie Cliff, que acabou descobrindo o que estava acontecendo.
As refeições de mandioca que eles ingeriam haviam sido
processadas de forma incompleta. Já com fome e desnutridos, não podiam esperar
tempo suficiente para tornar a mandioca segura. E, como resultado,
desenvolveram o konzo.
Plantas tóxicas estão por toda parte. Às vezes, processos
simples de cozimento são suficientes para torná-las comestíveis. Mas como
alguém aprende a elaborada preparação necessária para a mandioca ou o nardoo?
Para Joseph Henrich, professor de biologia evolucionária
humana na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, esse conhecimento é
cultural, e nossas culturas evoluem por meio de um processo de tentativa e erro
análogo à evolução em espécies biológicas.
Assim como a evolução biológica, a evolução cultural pode -
com tempo suficiente - produzir resultados impressionantemente sofisticados.
Funciona assim, segundo Henrich: em algum momento, alguém
descobre como tornar a mandioca menos tóxica. Com o passar do tempo, outras
descobertas são feitas. Esses rituais complexos podem, assim, evoluir, cada um
ligeiramente de forma mais eficaz que o anterior.
Na América do Sul, onde humanos comem mandioca há milhares
de anos, as tribos aprenderam os muitos passos necessários para desintoxicá-la
completamente: raspar, ralar, lavar, ferver o líquido, deixar a massa repousar
por dois dias e depois assar.
Quando questionados sobre por que fazem isso, poucos vão
dizer que se trata de cianeto de hidrogênio. Eles simplesmente vão dizer
"esta é a nossa cultura".
Na África, a mandioca foi introduzida apenas no século 17.
Não veio com um manual de instruções. O envenenamento por cianeto ainda é um
problema ocasional; as pessoas recorrem a técnicas porque o aprendizado
cultural ainda está incompleto.
Henrich argumenta que a evolução cultural é muitas vezes
muito mais inteligente do que nós.
Seja construindo um iglu, caçando um antílope, acendendo uma
fogueira, fazendo um arco longo ou processando mandioca, aprendemos não porque
entendemos os princípios básicos, mas imitando.
Em 2018, um estudo desafiou os participantes a colocar pesos
nos raios de uma roda para maximizar a velocidade com que ela descia uma
ladeira.
Os conhecimentos adquiridos eram passados para o próximo
participante, que, assim, se saíam muito melhor. No entanto, quando
questionados, eles não mostraram nenhum sinal de realmente entender por que
algumas rodas rodavam mais rápido que outras.
Estudos realizados posteriormente mostram que o
comportamento de imitar é instintivo entre humanos.
Testes revelam que chimpanzés de dois anos e meio e humanos
têm capacidades mentais semelhantes - a menos que o desafio seja aprender a
imitar alguém. Crianças são muito melhores em imitar do que os chimpanzés.
E os humanos imitam de uma maneira ritualística que os
chimpanzés não seguem. Os psicólogos chamam isso de superimitação.
Pode parecer que os chimpanzés são mais inteligentes. Mas se
você estiver processando raízes de mandioca, a superimitação é de extrema
importância.
Se Henrich estiver certo, a civilização humana se baseia
menos em inteligência bruta do que em uma capacidade altamente desenvolvida de
aprender um com o outro.
Ao longo das gerações, nossos ancestrais acumularam ideias
úteis por tentativa e erro, que foram copiadas pelas gerações seguintes.
Sem dúvida, algumas ideias menos úteis foram misturadas com
elas, como a necessidade de uma dança ritual para fazer as chuvas chegarem, ou
a convicção de que sacrificar uma cabra fará com que um vulcão não entre em
erupção.
Mas no geral, aparentemente, fizemos melhor copiando sem
questionar do que supondo, como os chimpanzés, que éramos suficientemente
inteligentes para dizer quais etapas poderíamos ignorar com segurança.
É claro que a evolução cultural pode nos levar até um
determinado patamar. Agora temos o método científico para nos dizer que sim,
realmente precisamos deixar a mandioca descansar por dois dias, mas, não, o
vulcão não se importa com as cabras.
Quando entendemos os princípios básicos, podemos evoluir
mais rapidamente do que por tentativa, erro e imitação. Mas não devemos
menosprezar o tipo de inteligência coletiva que salvou a vida de King.
Foi o que tornou possível a civilização - e uma economia em
funcionamento. Fonte: UOL Noticias - 10/09/2019
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
Arthur Nory é campeão mundial de ginástica
Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos, Arthur Nory agora
é também um campeão mundial. No domingo (13), ele faturou, na última prova
do Mundial de Stuttgart (Alemanha), a primeira e única medalha da seleção
brasileira: um ouro, na barra fixa. Momentos antes, Flávia Saraiva foi quarta
colocada no solo, ficando sem medalha por detalhes, e, antes ainda, sexta na
trave de equilíbrio. Também, Bia Ferreira foi campeã mundial de boxe.
Nory, que na Olimpíada do Rio foi bronze no solo, chegou ao
Mundial cotado para uma medalha na barra fixa, mas não era nem o principal
favorito entre os brasileiros. Chico Barretto ganhou o ouro nos Jogos
Pan-Americanos, com nota 14,566, logo à frente do próprio Nory. Nas
eliminatórias do Mundial, porém, Chico caiu do aparelho e não conseguiu vaga na
final.
No domingo, o ginasta do Pinheiros se superou. Depois de
receber nota 14,600 nas eliminatórias, ele melhorou 0,3 em execução e subiu
para 14,900. Quinto a se apresentar, assumiu a primeira colocação e passou a
torcer para que os adversários não o superassem. Deu certo. Daiki Hashimoto, do
Japão, teve várias falhas, e Tyson Bull, da Austrália, teve uma queda. Samuel
Mikulak, estrela da ginástica norte-americana, também não brilhou, e deixou o
ouro com Nory.
Com a medalha, Nory entra em um seletíssimo hall da
ginástica brasileira. Antes dele, só Arthur Zanetti (um ouro e três pratas) e
Diego Hypolito (dois ouros, uma prata e dois bronzes), entre os homens, haviam
ganhado medalhas em Campeonatos Mundiais. No feminino também já foram ao pódio
Jade Barbosa (dois bronzes, em 2007 e 2010), Daiane dos Santos (ouro em 2003) e
Daniele Hypolito (prata em 2001).
No sábado (12), Zanetti não conseguiu cravar a chegada de sua
apresentação na final das argolas, deu um passo a mais, e isso o tirou do
pódio. Com nota 14,700, o brasileiro terminou apenas na quinta colocação, a
0,208 da medalha de ouro. O passo a mais lhe tirou 0,3.
MEDALHAS DO BRASIL EM MUNDIAIS
Ouro
Daiane dos Santos (solo) 2003
Diego Hypólito (solo) 2005 e 2007
Arthur Zanetti (argolas) 2013
Arthur Nory (barra fixa) 2019
Prata
Daniele Hypólito (solo) 2001
Diego Hypólito (solo) 2006
Arthur Zanetti (argolas) 2011, 2014 e 2018
Bronze
Jade Barbosa (individual geral) 2007
Jade Barbosa (salto) 2010
Diego Hypólito (solo) 2011 e 2014
UOL Noticias - 13/10/2019
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