quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Discurso de Greta Thunberg nas Nações Unidas

Minha mensagem para os líderes internacionais é de que nós estaremos de olho em vocês.
Isto está completamente errado. Eu não deveria estar aqui. Eu deveria estar na minha escola, do outro lado do oceano.

E vocês vêm até nós, jovens, para pedir esperança. Como vocês ousam? Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias. E ainda assim, eu tenho que dizer que sou uma das pessoas com mais sorte (nesta situação).

As pessoas estão sofrendo e estão morrendo. Os nossos ecossistemas estão morrendo.
Nós estamos vivenciando o começo de uma extinção em massa. E tudo o que vocês fazem é falar de dinheiro e de contos de fadas sobre um crescimento econômico eterno.

Como vocês se atrevem?

Por mais de 30 anos, a ciência tem sido muito clara. Como vocês se atrevem a continuar ignorando isto?

E como se atrevem a vir aqui e dizer que estão fazendo o suficiente? Quando sabemos que as políticas e as soluções necessárias não são sequer vistas?

Vocês dizem que estão nos escutando e que compreendem a urgência (deste tema).

Mas não importa tão triste e furiosa eu esteja, eu não quero acreditar no que dizem. Se vocês realmente entendem o que está acontecendo e continuam falhando em agir, vocês seriam um mal. E eu me recuso a acreditar nisso.
A proposta de cortar as nossas emissões pela metade em 10 anos, apenas nos dá uma chance de 50% de ficar abaixo da marca de 1.5ºC e existe um risco de desencadear reações irreversíveis em cadeia que fogem do controle humano.

50% pode ser aceitável para vocês. Mas estes números não incluem outros pontos como feedback, lacunas e um aquecimento adicional causado pela poluição tóxica do ar ou aspectos de equidade e justiça climáticos. Estes números também fazem com que a minha geração seja obrigada a ter que retirar centenas de bilhões toneladas de dióxido de carbono do ar, causadas por vocês, e usando tecnologia que sequer existem. Então, 50% simplesmente não são aceitáveis. Nós teremos que viver com as consequências.

Para ter uma chance de 67% de continuar abaixo da marca de 1.5ºC do aumento global temperatura, no melhor cenário do (relatório) do IPCC, o mundo teria ainda 420 toneladas giga de emissões de dióxido de carbono para emitir, em 1 de janeiro de 2018. Hoje, este número já caiu para 350 toneladas giga.
Como vocês se atrevem a pensar que isto pode ser resolvido sem mudar nada? Ou através de algumas soluções técnicas? Com os níveis atuais de emissões de hoje, o orçamento de emissões de dióxido de carbono acabaria inteiramente em apenas 8 anos e meio.

Não haverá nenhuma solução ou planos apresentados com base nestes números que trago aqui hoje. Porque estes números são bem desconfortáveis e vocês não têm a maturidade suficiente para abordar este tema como ele realmente é.

Vocês estão falhando conosco. Mas os jovens já começaram a entender sua traição.

Os olhos de uma geração futura inteira estão sobre vocês.
E se vocês escolherem fracassar. Eu lhes digo: nós jamais perdoaremos vocês.
Nós não vamos deixar vocês fazerem isso.

É aqui e agora, que nós colocamos um limite. O mundo está despertando. E a mudança está chegando, quer vocês queiram ou não.
Obrigada.

Fonte: ONU News - 23 setembro 2019

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Parlamento dos Chimpazés

Em resposta à situação confusa de Brexit, o Museu de Bristol mais uma vez coloca em exposição "Devolved Parliament" pelo artista britânico Banksy apenas a tempo para o dia de Brexit. O "Parlamento Descentralizado" retrata os políticos da Câmara dos Comuns como chimpanzés argumentando.

Embora tenha sido criado há dez anos no contexto da exposição "Banksy versus Bristol Museum", a pintura "Parlamento Descentralizado" parece refletir perfeitamente o impasse do Brexit. Na quarta-feira, 27 de março de 2019, a Câmara dos Comuns britânica quis chegar a uma decisão sobre como proceder com o Brexit. O objetivo era realmente dar ao governo alguma direção. Eles não podiam decidir sobre um cenário do Brexit. E apesar de sexta-feira fosse o dia em que a Grã-Bretanha e a UE se separariam para sempre, nada aconteceu.

Em 2009, Banksy exibiu sua maior pintura até hoje no Museu de Bristol e Galeria de Arte: "Devolvef Parliament". Ele preencheu a sala de reuniões da Câmara dos Comuns com chimpanzés. "Eu desenhei 100 chimpanzés e eles ainda me chamam de artista guerrilheiro", disse Banksy quando o quadro em 2009. A mensagem do quadro é tão atual na época quanto hoje: os políticos do parlamento britânico estão perdendo o controle.

O título "Devolved  Parliament " referia-se originalmente a uma evolução na Constituição do Reino Unido, que permitiu aos parlamentos regionais da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte decidissem  sobre questões regionais em 1998. Antes disso, todas as leis passavam pelo parlamento em Westminster. A reinterpretação da pintura à luz do debate sobre o Brexit expõe a ambiguidade do quadro.

Embora a porta-voz de Banksy tenha chamado a peça de "enorme relevância" para o clima político atual do Parlamento, ela observou que seu ressurgimento não é "um comentário sobre o Brexit por Banksy por qualquer meio, mas é uma revelação oportuna do museu tê‑lo exposto". Fonte: Hype Blaze - APRIL 4, 20192 

Comentário: Lembra também o congresso de um país abaixo da linha do equador?

QUEM É BANKSY
Banksy é um veterano artista de rua britânico, cujos trabalhos  em estêncil são facilmente encontrados nas ruas da cidade de Bristol, mas também em Londres e em várias cidades do mundo.
Banksy é o pseudônimo de um artista pintor de graffiti, pintor de telas, ativista político e diretor de cinema britânico. A sua arte de rua satírica e subversiva combina humor negro e graffiti feito com uma distinta técnica de estêncil. Seus trabalhos de comentários sociais e políticos podem ser encontrados em ruas, muros e pontes de cidades por todo o mundo.

O trabalho de Banksy nasceu da cena alternativa de Bristol, e envolveu colaborações com outros artistas e músicos. De acordo com o designer gráfico e autor Tristan Manco, Banksy nasceu em 1974 em Bristol (Inglaterra), onde também foi criado. Filho de um técnico de fotocopiadora,
Começou  com graffiti durante o grande boom de aerossol em Bristol no fim da década de 1980. Observadores notaram que seu estilo é muito similar a Blek le Rat, que começou a trabalhar com estênceis em 1981 em Paris, e à campanha de graffiti feita pela banda anarco-punk Crass no sistema de metro de Londres no fim da década de 1970.

Conhecido pelo seu desprezo pelo governo que rotula graffiti como vandalismo, Banksy expõe sua arte em locais públicos como paredes e ruas, e chega a usar objetos para expô-la. Banksy não vende seus trabalhos diretamente, mas sabe-se que leiloeiros de arte tentaram vender alguns de seus graffitis nos locais em que foram feitos e deixaram o problema de como remover o desenho nas mãos dos compradores. Fonte: Wikipédia

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Dia da árvore, 21 de setembro: Em São Paulo, selva de pedras

Pode até ser clichê, mas não é à toa que São Paulo é vista como uma selva de pedras. Considerando a malha da cidade, sem contar os bolsões de mata ao sul e ao norte da capital nem seus parques, o índice médio de cobertura verde no viário urbano é de só 11,7%.
O dado foi revelado em uma pesquisa do Laboratório Senseable City, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que já calculou, com o auxílio do Google Street View, a cobertura verde de 23 cidades do mundo. Na lista, São Paulo, o único município brasileiro analisado, fica na terceira pior posição, só à frente de Quito, no Peru, (10,8%) e Paris, na França, (8,8%), a pior colocada.

OBJETIVO
Os organizadores do projeto, apelidado de Treepedia, explicam que a ideia não é criar um ranking para que as cidades compitam em uma “olimpíada verde”, mas gerar reflexões entre os tomadores de decisão sobre onde é preciso agir para melhorar esses índices. E também servir como uma ferramenta para ajudar a decidir onde essa ação tem de ser priorizada.
O objetivo da Treepedia é quantificar e caracterizar como os cidadãos veem e experimentam a paisagem de uma cidade e seu verde. Como as ruas são a unidade primária pela qual as pessoas se movem e experimentam a cidade, nos concentramos nelas. E, considerando os muitos serviços que fornecem, como o resfriamento e a retenção da água das chuvas, as árvores das ruas são fundamentais..

MAPEAMENTO
O mapeamento não só quantifica a cobertura das cidades, mas também a distribuição de árvores. No caso paulistano, ele revelou nossa desigualdade verde. Enquanto a zona oeste é bem arborizada, a leste padece sem sombras. Em alguns poucos cantos, a cobertura supera a média das cidades que aparecem com melhor desempenho, como Vancouver, no Canadá,(25,9%) e Cingapura, na Ásia, (29,3%). Algumas ruas do Alto de Pinheiros chegam a ter 46%, enquanto vias na Mooca têm menos de 3%.

ÁRVORE É SAÚDE
Pesquisas científicas têm apontado, porém, que os benefícios associados a uma boa arborização vão muito além do conforto térmico.
Árvores removem poluentes da atmosfera e umidificam o ar. Estima-se que uma única árvore de grande porte pode transpirar 150 mil litros de água em um ano – 400 litros por dia. Estudos em cidades da Europa e dos Estados Unidos também já apontaram para uma redução da depressão, do risco de morte por doenças cardiorrespiratórias e melhora geral do bem-estar em quem vive em áreas urbanas mais verdes.

IMPACTO NO CLIMA
Num futuro cada vez mais quente por causa das mudanças climáticas, a arborização urbana assume importância fundamental, afirma o biólogo Marcos Buckeridge, da USP, que compõe o grupo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) que analisa os cenários em torno da meta de conter o aquecimento a 1,5°C definida pelo Acordo de Paris.
“Arborização urbana aparece como umas das principais estratégias para amenizar ao máximo um aquecimento médio acima de 1,5°C, que podemos sentir já a partir de 2030. Árvores serão o guarda-chuva verde que vai proteger as pessoas”, diz. Fonte: Fonte: O Estado de São Paulo - 30 jul 2017

COMENTÁRIO:
O ultimo mapeamento de arvores realizado pela prefeitura foi em 2014 e foram catalogadas 650 mil árvores em ruas e praças. São Paulo  com 12,2 milhões de habitantes, conforme dados de 2018 e a estimativa do número de árvores por 100 habitantes é de 5,3..
Atualmente a cidade de São Paulo conta com
· mais de 100 parques municipais,
· 8 parques urbanos estaduais, aproximadamente 5 mil praças,
· 2 Áreas de Proteção Ambiental (APA) Municipais,
· 3 APA’s Estaduais e 2 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), que são Unidades de Conservação de Uso Sustentável,
· 6 Parques Naturais Municipais e
· 6 Parques Estaduais, todos Unidades de Conservação de Proteção Integral, e 17.800km de vias públicas.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Catedral Rodez: Show de luzes leva supernova para catedral gótica

Miguel Chevalier trabalha com arte digital há cerca de 40 anos e é considerado um dos pioneiros na área. Na exposição "Supernova Digital", o artista projetou a simulação de uma supernova no teto da catedral de Rodez, na França. Uma supernova é o estágio final da evolução de algumas estrelas, e se caracteriza por uma explosão gigantesca de luz e cores. Miguel trabalhou em colaboração com o astrofísico Fabio Acero, ex-funcionário da NASA, e usou fotos inéditas para formar a base da instalação. Fonte: Deutsche Welle - Data 17.09.2019

Escândalo da Talidomida

Em 27 de novembro de 1961 o sedativo Contergan foi retirado do mercado depois de serem divulgadas suspeitas de que causava deformações em fetos quando ingerido por gestantes.
   
Em pouco tempo, o caso Contergan transformou-se no maior escândalo envolvendo medicamentos na Alemanha, com mais de 2.600 vítimas.

Em meados da década de 1950, a empresa alemã Chemie Grünenthal começou a produzir, perto da cidade de Aachen, a substância chamada talidomida. Mais tarde, o produto serviu de base para a fabricação do medicamento sedativo Contergan. Na época, foi indicado principalmente para mulheres grávidas, já que "não provocava efeitos colaterais nem se ingerido em doses excessivas".

A partir de 1959, entretanto, começaram a se levantar vozes críticas que relacionavam o prolongado uso de Contergan por gestantes com o nascimento de crianças portadoras de problemas neurológicos e deficiências físicas, principalmente nos braços e nas pernas. Nos Estados Unidos, por exemplo, já em 1960 foi engavetado o pedido de licença para a fabricação da talidomida. Porém em muitos outros países o produto foi vendido sob os mais variados nomes.

As acusações foram apresentadas numa conferência médica na Alemanha em 1961 pelo professor Widukind Lenz e confirmadas por outro médico, pai de um portador de deficiência. A reação da fábrica restringiu-se à inclusão de uma frase de advertência para gestantes no pacote do medicamento. A retirada do mercado só aconteceu alguns dias depois do simpósio médico, quando a imprensa começou a publicar reportagens sobre o assunto.

Retirada de circulação
Em 27 de novembro de 1961, a Chemie Grünenthal retirou todos os medicamentos do mercado, e ao mesmo tempo o governo alemão iniciou testes com o princípio ativo. Cada vez mais pais de crianças portadoras de deformações abriram processo contra a fábrica, até que cinco anos mais tarde sua diretoria foi obrigada a assumir responsabilidades.
Em 1968, na abertura do inquérito, a Promotoria Pública destacou que, já nos testes com cobaias, as macacas grávidas geraram filhotes deficientes. A fábrica, entretanto, tentou ganhar tempo. Só dois anos mais tarde ofereceu um auxílio no valor de 100 milhões de marcos às famílias atingidas, sob a condição de que desistissem de novos processos.
Temendo que o caso ainda se arrastasse por diversas instâncias e por tempo indeterminado, os pais aceitaram a indenização e o processo foi encerrado em dezembro de 1970. Deutsche Welle-27.11.1961

domingo, 15 de setembro de 2019

Internet das Coisas

Embora mais conhecido entre técnicos, empresas e pesquisadores, o termo Internet das Coisas vem ganhando visibilidade na sociedade. As coisas, neste caso, são todo tipo de equipamento, que pode ser conectado de distintas formas, de um caminhão para acompanhamento do deslocamento de frotas de transporte de produtos a microssensores que monitoram o estado de pacientes à distância em hospitais ou fora deles.

Na Internet das Coisas (IdC) - também tratada pela sigla em inglês IoT (Internet of Things) - novas aplicações permitem o uso coordenado e inteligente de aparelhos para controlar diversas atividades, do monitoramento com câmeras e sensores até a gestão de espaços e de processos produtivos. As regras para este ambiente tratam tanto da conexão como da coleta e processamento inteligente de dados.

O ecossistema da IdC envolve diferentes agentes e processos, como módulos inteligentes (processadores, memórias), objetos inteligentes (eletrodomésticos, carros, equipamentos de automação em fábricas), serviços de conectividade (prestação do acesso à Internet ou redes privadas que conectam esses dispositivos), habilitadores (sistemas de controle, coleta e processamento dos dados e comandos envolvendo os objetos), integradores (sistemas que combinam aplicações, processos e dispositivos) e provedores dos serviços de IdC.

CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA
A IdC pode ser entendida como uma "convergência" de tecnologias já existentes, mas gerando "um salto qualitativo", diz Eduardo Kaplan, economista do setor de tecnologias da informação do BNDES.
"A IdC traz mudanças tanto no desenvolvimento de uma conectividade mais pervasiva, quanto no aumento do processamento dos dados e barateamento e refinamento dos sensores que permitem a coleta de dados em diversos ambientes e com diferentes atuadores. Tudo isso associado a alguma solução prática, algum uso que permite aumento de eficiência, redução de intervenção humana, novos produtos ou novos modelos de negócios," explicou.

A conectividade em diversas atividades já ocorre há vários anos, como é o caso de processos de automação, mas a diferença da IdC está na quantidade de dispositivos conectados e nas transformações que esse tipo de recurso pode gerar em diversas áreas.
Um exemplo é o uso de sensores em tratores que medem a situação do solo e enviam dados para sistemas responsáveis por processar essas informações e fazer sugestões das melhores áreas ou momentos para o plantio. Outro é a adoção de dispositivos em casa, como termômetros, reguladores de consumo de energia ou gestores de eletrodomésticos, que permitem ao morador da residência controlar esses equipamentos à distância.

O OUTRO LADO
Para a professora Fernanda Bruno, coordenadora do Medialab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, esse novo ecossistema traz uma ampliação da vigilância da vida das pessoas, que hoje já existente nos celulares, mas com potencial de crescimento por meio da disseminação de sensores em todo tipo de equipamento, como veículos, eletrodomésticos, postes e edifícios.
Esse processo, continua a professora, não é apenas um aumento quantitativo desse monitoramento do cotidiano, mas também qualitativo, uma vez que a captura dos dados é mais sutil e silenciosa, muitas vezes sem a consciência por parte dos indivíduos de que estão sendo objeto de tal monitoramento.

"Enquanto a Internet 'tradicional' foi marcada pela interatividade, a IdC está incorporada aos objetos e captura os nossos dados enquanto usamos tais objetos ou frequentamos certos espaços e ambientes. Mas é preocupante pensarmos que quantidades imensas de dados extremamente relevantes e sensíveis sobre nossos hábitos e comportamentos estão sendo coletados de forma contínua sem que seja necessária a nossa percepção e consciência deliberada disso," observa Fernanda Bruno. Fonte: Agência Brasil - 09/09/2019 

sábado, 14 de setembro de 2019

A evolução do trabalho ao longo da história

ÓCIO COMO IDEAL
Entre os pensadores da Grécia Antiga, trabalhar era malvisto. Aristóteles colocava o trabalho em oposição à liberdade e Homero via na ociosidade da antiga nobreza grega um objetivo desejável. O trabalho pesado era para mulheres, servos e escravos.

QUEM FAZ FESTA NÃO TRABALHA
Na Idade Média, trabalhar na agricultura era uma tarefa árdua. Quem era obrigado a trabalhos forçados por seus patrões, não tinha escolha. Mas, quem a tinha, preferia fazer festa e não se preocupar com o amanhã. Pensar em algum tipo de lucro era considerado vício. Uma cota de até cem dias livres por ano servia para garantir que o trabalho não ficasse em primeiro plano.

TRABALHO COMO ORDEM DIVINA
No século 16, Martinho Lutero declarou a ociosidade um pecado. O homem nasce para trabalhar, escreveu Lutero. Segundo ele, o trabalho é um "serviço divino" e ao mesmo tempo "vocação". No puritanismo anglo-americano, o trabalho é visto como um sinal de que quem o executa foi escolhido por Deus. Isso acelerou o desenvolvimento do capitalismo.

A SERVIÇO DAS MÁQUINAS
No século 18, começou a industrialização na Europa. Enquanto a população crescia, diminuía o espaço cultivável. As pessoas migraram para as cidades em busca de trabalho em fábricas e fundições. Em 1850, muitos ingleses trabalhavam 14 horas por dia, seis dias por semana. Os salários mal davam para sobreviver. Descobertas como a máquina a vapor e o tear mecânico triplicaram a produção.

OTIMIZAÇÃO DA LINHA DE MONTAGEM
No início do século 20, Henry Ford aperfeiçoou o trabalho na linha de montagem da indústria automobilística, estabelecendo padrões para a indústria em geral. Com isso, a produção do Ford modelo T foi facilitada em oito vezes, o que baixou o preço do veículo e possibilitou salários mais altos aos funcionários.

SURGE UMA NOVA CLASSE
Com as fábricas surge uma nova classe: o proletariado. Para Karl Marx, que cunhou este termo, o trabalho é a essência do homem. O genro de Marx, o socialista Paul Lafargue, constatou em 1880: "Um estranho vício domina a classe trabalhadora em todos os países (...) é o amor ao trabalho, um vício frenético, que leva à exaustão dos indivíduos". O cartaz acima diz: "Proletários do mundo, uni-vos"

PRODUÇÃO BARATEADA
Ao longo do século 20, aumentaram significativamente os custos sociais com os trabalhadores nas nações mais ricas do mundo. Como resultado, as empresas transferiram a produção para onde a mão de obra é mais barata. Em muitos países pobres prevalecem até hoje circunstâncias que lembram o início da industrialização na Europa: trabalho infantil, salários baixos e falta de segurança social.

NOVAS ÁREAS DE TRABALHO
Enquanto isso, são criados na Europa mais empregos no setor de prestação de serviços. Cuidadores de idosos são procurados desesperadamente. Novos campos de trabalho estão se abrindo como resultado das transformações sociais e dos avanços tecnológicos. Com o passar do tempo, a jornada de trabalho foi reduzida e o volume de trabalho per capita diminuiu 30% entre 1960 e 2010.

TRABALHAR, NUNCA MAIS?
Eles não fazem greve, não exigem aumento salarial e são extremamente precisos: os robôs industriais estão revolucionando o mundo do trabalho. O economista americano Jeremy Rifkin fala até de uma "terceira revolução industrial" que irá acabar com salário assalariado.

ROBÔS VÃO NOS SUBSTITUIR?
Esta pergunta já é feita há 40 anos, desde que a automação chegou às fábricas, mas agora a situação parece se acirrar. Com o avanço da digitalização, da Internet das Coisas e da Indústria 4.0, muitas ocupações estão se tornando obsoletas – e não só na indústria.

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO (DO TRABALHO)
As máquinas fazem o trabalho e as pessoas têm tempo para o essencial, segundo a utopia. A proteção ambiental, o atendimento de idosos e doentes e o apoio aos necessitados são tarefas no momento executadas primordialmente por voluntários. No mercado de trabalho do futuro, a vocação pode voltar a se transformar em carreira. Fonte: Deutsche Welle – 07.08.2019